76° Edição dos Jogos Vorazes escrita por Mad


Capítulo 9
Irão se sugar em desespero?


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, admito que só fiz esse capítulo por pedido de uma leitora.
Sabe quando bate aquele desânimo? Quando parece que você só está perdendo tempo? Bem, a leitora Little Liar me fez continuar.
Obrigada!



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– Uau. – Josh deixa escapar, observando Rain.
A garota parecia uma ceifadora de almas muito sexy.
Sua pele morena em contraste com a neve branca, sua imagem pequena, mas rígida e poderosa, segurando a foice de aparência pesada como se fosse uma pluma.
– O que foi? – Ela diz, olhando para os lados, para ver o porquê do suspiro de admiração de Josh.
– Você. Está tão... Tão... Durona.
A garota sente o rosto enrubescer.
– Ah... Obrigada... Eu acho...
– Veja! – Josh aponta para frente.

Lá estavam as folhas, laranjas como o pôr do sol, convidativas.
Josh acelera o passo, entrando para dentro do local.
– Bem, não vejo nada de anormal por aqui.
– É.... Sei lá, parece meu distrito no Outono.
– Parece qualquer distrito no Outono.
– Ah, cale a boca.
Josh ri baixinho.

– Bem, tem ideia de algo que possamos comer? Não vejo nenhum tipo de animal ou fruto que possamos meter pra dentro.
– Nossa Josh, seu vocabulário me dá câncer. – A garota chuta algumas folhas secas – E não, não tenho a mínima ideia do que poderia... Josh?
A garota havia se distraído por alguns momentos, olhando para seus pés, e um barulho de sucção rompera seus pensamentos. Josh não estava mais ali.
– Josh? JOSH? – Ela começa a se desesperar.

Rain sente algo molhado atravessar suas roupas, tocando sua pele. Ao olhar para baixo a garota percebe que está com a água até as canelas, na borda de um pequeno lago redondo.
– Josh? – Ela grita mais alto – JOSH?!
Então ela o vê.
Boiando, com os olhos fechados, indo para o centro do rio.
– Não. Não. – Ela sussurra.
Josh parecia não respirar. Ele não se movia, não expressava reação.
Josh estava... Morto.
Rain começa a se aproximar, sentindo-se sem chão.
Ela o toca e....
– AAAAAAARGH! – O garoto morde a mão dela em um movimento rápido.
– Kyyyyyaaaaaaahh! – Rain grita, dando alguns passos para trás, afundando na água.
Josh ri como louco, jogando água para todas as direções.
Rain encara-o, se levantando e voltando para a terra, perplexa, coração dançando descontroladamente em seu peito.
– Eu pensei que você estivesse...
– Morto? – Uma risada.
– SEU IDIOTA, NOGENTO, SEU RETARDADO MENTAL, IMBECIL, VOCÊ QUASE ME MATOU DE SUSTO, VOCÊ...
– Shiu, eu tenho outra maneira de ficar morto.
Josh mergulha, e quando boia, está de costas, com a cabeça imersa na água.
Rain não consegue se conter, e solta uma gargalhada. Ele realmente parecia morto, poderia até mesmo enganar algum outro tributo e....
– ASSASSINA! – O grito agudo e dolorido corta o ar.
Rain encara os lados, confusa e nervosa, até que consegue ver.
Carly estava na beira do lago, no lado oposto ao dela. Ela tinha um olhar homicida, e parecia querer vir em sua direção, mas as mãos de Luka seguravam firmemente seus ombros.
– VOCÊ O MATOU! SUA VAGA...
– O que? – Rain sente um nó se formar no cérebro. Ela olha do Josh falsamente morto para Carly, para Luka e depois para o Josh falsamente morto.
Carly achava... Que ela havia o matado?!
– Eu não... – Rain começa.
Carly cai ajoelhada, chorando desesperadamente, cobrindo o rosto com as mãos.
Rain a encara, ela parecia estar tendo um ataque.
Luka se ajoelha ao seu lado.
– Hey, Carly, olhe para mim...
– NÃO! EU VOU MATÁ-LA, EU TENHO QUE MATÁ-LA, ELA MATOU O JOSH! – Carly começa a estapear o ar, tremendo, parecendo prestes a explodir.
– Luka, eu não... – Rain começa.
– Carly, olhe para mim! Se acalme, você precisa se acalmar!
– NÃO! NÃO, NÃO, NÃO! – A garota protesta, se debatendo.

Luka estava se sentindo inútil. Vê-la daquela maneira estava o destruindo.
Ele sentia um misto de ódio por ela estar berrando por Josh, junto com um desespero da vontade de fazê-la parar de chorar.
Luka segura o rosto de Carly delicadamente, que a garota quase nem percebe.
Ele fecha os olhos, e se aproxima, fazendo algo que faz seu coração acelerar, sua cabeça doer.
Ele encosta seus lábios nos dela, que finalmente para, em uma mistura de confusão e incredulidade, de se debater.

Rain ainda estava ali, encarando-os, boquiaberta.

Primeiro Carly achara que Rain matara Josh, depois ameaçara ela de morte e agora eles estavam se beijando. Certo, estava tudo muito confuso.
É naquele momento que Josh ressurge, se erguendo da água com um movimento agressivo, roxo e arfante, pegando ar com violência.
– UHUL! EU CONTEI RAIN, EU CONTEI! FORAM SESSENTA E OITO SEGund...
Ele encara o rosto apavorado da garota, e olha na mesma direção que ela. Um ódio – Uma sensação sobrenatural de raiva, com vontade irracional de socar caras e traseiros – queima seu peito, seus punhos se cerram, seus dentes trincam.
– QUE MERDA. ESTÁ. ACONTECENDO. AQUI?! – Ele berra.
Carly se afasta de Luka violentamente, encarando Josh como se pensasse que ele deveria estar morto. O que era verdade.
– Josh! Oh meu Deus, Josh, você está VIVO!

Josh, confuso, vira a atenção para Rain, seu olhar buscando por explicações.
– Eles chegaram... – Ela murmura, fraco – Me viram rindo e pensaram que eu tinha te matado... Ai ela começou a berrar e....
– Espera. Você pensou que eu estivesse morto? – Josh pergunta, pasmo, para Carly.
– Sim, Josh, você parecia morto, e Rain estava rindo, pensei que ela tinha te matado, e.... – Carly tenta explicar.
– Você pensou que eu estivesse morto... E por isso beijou esse ai? – Ele gesticula com nojo absoluto para um Luka nas nuvens.
– Não! EU ESTAVA EM PÂNICO, ELE ME BEIJOU E....
– E VOCÊ RETRIBUIU? EU VI, CARLY!

Carly se sentia atônita. Uma hora Josh estava morto, outra Luka a beija e agora Josh está vivo.
“Socorro”, ela pensava.
Josh agora estava transtornado. Havia se ajeitado em uma posição desafiadora, sua expressão estava dura e fria, sua voz soava superior e arrogante.
– Então é isso? – Uma risada sarcástica – Quando eu morrer irão se sugar em desespero? Me sinto honrado.
– Josh, eu... – Carly tenta explicar.
– ARRUMEM-SE AI, E JUNTEM SUAS COISAS, TEMOS QUE CONTINUAR A PROCURAR COMIDA. – Josh anuncia, como se Carly nunca tivesse falado.

Luka estava nas nuvens. Ela havia retribuído o beijo.
Por toda a sua vida ele procurara pela garota ideal, enquanto todas as meninas davam em cima dele, e naquele momento ele percebeu que finalmente tinha encontrado.
Ele ouve o anúncio de Josh, não havia escutado nada antes disso, apenas um burburinho.
– Hey, acho melhor ficarmos aqui. Veja, o local é fresco e agradável, temos água e....
– Faça o que você quiser, albino – Josh diz, irritado – Eu e Rain vamos continuar caçando.
Luka franze o cenho com o “albino”.
Rain intervém.
– Mas eu estou cans...
O olhar de Josh era um apelo. Por favor.
Rain segura com força o cabo da foice e segue o garoto.
–----

Josh não tinha um rumo específico. Ele só andava.
Ele ouvia os passos de Rain logo atrás dele, e se sentia extremamente grato por tê-la perto. Ao mesmo tempo em que ele queria ser consolado por ela, se perguntava do porquê ficara tão abalado com o beijo de Carly e Luka.
Afinal, ele não tinha nenhuma relação íntima com nenhum dos dois. Talvez seja porque eles se beijaram quando ele estava morto...
Não. Não era só por esse motivo.

– Josh! Dá pra ir mais devagar? Você sabe que eu tenho pernas curtas! – Rain o tira de seu transe.
Quando Josh repara, está no meio de uma floresta de uma coloração estranhamente tosca de amarelo e rosa.
Ele encara Rain. Na verdade acima dela.
– O que é aquilo? – Ele aponta para a coisa pendurada em um galho.
Rain observa.
– Parece algum tipo de fruto.
Josh pula duas vezes, até que consegue agarrar a coisa. Era do tamanho da sua mão, estranhamente pesada, de uma coloração azul e verde.
– Tem cheiro de carambola. – Rain murmura.
– De cara o que?
Rain pega o fruto nas mãos e o abre com os dedos.
– Não parece ser venenoso...
– Nem pense em por isso na boca. E se tiver...
– Eu acabei de dizer que não parece venenoso.
– Não parecer não é não ter.
– Josh!
– Eu não vo....
Rain enfia um pedaço da coisa na boca, engolindo-o rapidamente.
– NÃO, GAROTA MALUCA!
Rain mostra a língua, que possuía um estranho tom de azul, como aqueles pirulitos de criança pinta-línguas.
– Viu, eu não morri. – Ela sorri.

Nesse momento algo cruza o céu, com um piriri e uma luzinha vermelha piscando.
O objeto cai nas mãos de Josh, em perfeita sintonia.
Uma oferenda de paraquedas.
Josh arqueia uma sobrancelha. Mais rápido do que ele havia esperado.
Ao abri-lo, há um cartão. Nele, apenas duas letras com uma caligrafia muito bem traçada.

P.S.
Presidente Snow.

Dentro do pote havia dezenas – Se não centenas – De punhados de um tipo de semente estranha.
Rain arfa, e Josh percebe que a garota conhecia.
– Sementes de girassol! – Ela diz, feliz. – Devem ter vindo do meu distrito!
– Ah sim, vai por essa. – Josh se pega murmurando.
– Como assim?
– Esquece. Vamos voltar.

Chegando à beira do lago, o cobertor está esticado no solo ao cumprido. As mochilas estão fechadas, arrumadas em um canto, Luka está sentado com a cabeça de Carly sobre seu colo, a mesma dormindo, com o rosto vermelho e inchado. Josh tenta não sentir ódio.
– Encontramos alguns frutos esquisitos da área rosa, mas não acho que sejam totalmente confiáveis. Mas recebemos isso. – Joga o pote de metal com as sementes dentro para Luka.
– O que é isso? – Luka pergunta, experimentando uma.
– Sementes de girassol.
– Não tem gosto de nada. – Luka diz, infeliz.
– Vai evitar que você morra de fome, então sinta-se grato.
– O que eu fiz pra você?

Josh se pergunta a mesma coisa.
O que Luka havia feito para ele?
–----

Josh acorda com o barulho de canhão
Deveria ter pego no sono enquanto fazia seu turno para Luka, Carly e Rain dormirem.
Ao abrir os olhos, Luka está acordado, observando em volta.
Ainda é noite, as garotas dormiam tranquilamente.
– Quem você acha? – Luka pergunta, fitando o céu estrelado.
– Alguém que não tinha a nossa sorte.

O hino de Panem soa, e um holograma com o símbolo de Panem aparece no céu
Os mortos passam na tela.
A mulherzona do Distrito 2, que agora tinha o nome de Bárbara.
A garota do distrito 4, Clarisse.
O menino do distrito 3, Jonas.
Um garoto do 6, Joel.
Uma garota do 5, Suzanna.

Eram sete sobreviventes.
Josh, Luka, Carly, Rain.
A garotinha do 1, pelo visto, continuava viva, assim como o homenzarrão do 11, e mais o menino cruel do distrito 10.
Josh se perguntou quando apareceria no céu, e quem estaria vivo para vê-lo.
–----

– Josh. Acorda. Tem algo de errado com Rain.
A voz graciosa de Carly faz carinho em seus ouvidos.
Apenas sua mensagem não fora confortante.
Josh se senta rapidamente.
– O que aconteceu com ela?! – Josh diz, com uma mistura de sono e terror.
– V-Veja você mesmo.

Josh encara Rain.
Ou pelo menos onde ela estava dormindo antes.
Em seu lugar havia outra garota.
Sua pele era tão pálida que as veias azuis saltavam para fora. Seu cabelo era liso e em um tom de castanho claro, havia sardas em seu rosto.
Mas, ao mesmo tempo, Josh conseguia ver a semelhança. O mesmo rosto triangular, as mesmas pernas curtas e o porte fino e minúsculo.
Josh se aproxima, temeroso, e toca o rosto da garota.
– Rain?
A garota abre os olhos, de uma tonalidade azul assustadoramente perfeita.
– Oi, Josh? Já é de manhã?

Os queixos de Carly e Josh caem em uníssono.


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Notas finais do capítulo

Foi o fruto gente. Ela teve sorte de ter escolhido um fruto metamorfósico, não um fruto letal!



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