76° Edição dos Jogos Vorazes escrita por Mad


Capítulo 10
Precisamos Conversar


Notas iniciais do capítulo

Na imagem seria Rain e Josh, ok?



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– R-Rain... Co-Como se sente? – Josh pergunta, com a voz trêmula.

Rain não entendia o que havia de errado. Ela olha para os lados, mas tudo parecia perfeitamente normal.

– Estou bem... Dá pra alguém dizer o que está acontecendo?
– Você... Mudou... – Carly balbucia.

Josh se levanta e vai até as mochilas, abrindo-as, e jogando o conteúdo no chão por cima de Luka, que acorda em um salto, chutando e berrado “MORRAM CAPILISTAS!”. Poderia até ter sido engraçado se ela não estivesse tão nervosa.
Por fim, Josh retira uma faca média da mochila, brilhando com um brilho prateado, e começou a caminhar até ela. O garoto aponta a faca para seu rosto. Rain o encara, abismada. Ele revira os olhos, visivelmente nervoso.
– Olhe. – Ele diz.
– Olhar o que? – Rain retruca.
– Argh, olhe o seu maldito reflexo. – Ele diz, impaciente.

Rain arranca a faca da mão de Josh, irritada, e fita seu próprio reflexo na lâmina.
Um grito escapa de sua garganta.

A garota do reflexo tinha cabelos castanhos claros, uma pele extremamente pálida, sardas salpicadas no rosto e um par de pedras esmeralda no lugar dos olhos.
Rain piscou, e ela piscou também.
Quando a menina gritou, o reflexo a imitou.
– O QUE ACONTECEU COMIGO? – Ela diz, tocando no próprio rosto e jogando a faca longe.
Ninguém responde.
– A fruta. – Josh murmura, depois de alguns minutos de silêncio.
– O que? Que fruta? – Carly pergunta.
– Na área rosa. Encontramos um fruto azul e verde, estranho, e ela comeu um pedaço – Ele aponta para Rain com desgosto.
Rain fitava o vazio, suas mãos pálidas tremendo incessantemente, até que sua mente se clareia.
– Eu já ouvi falar sobre isso.
– Sobre o que? Pessoas que acordam viradas em outras pessoas? – Josh diz, sua voz sai oito tons acima do normal.
– São chamadas de frutos metamórficos. Os rebeldes... Eles os inventaram para mudar a identidade. O fruto ataca a parte genética do seu cérebro, aumentando ou diminuindo a melanina de diversas partes do seu corpo. Eles a comiam após praticar atos rebeldes como manifestações, assim ninguém poderia encontrá-la, trocando sua imagem e identidade.

Josh e Rain se encaram por alguns segundos, até que o garoto junta os objetos espalhados pelo chão, enfiando-os na mochila e entrando floresta adentro, sem antes murmurar para Rain “Preferia você antes”.
Rain se levanta e passa água no rosto, e logo um Luka curioso – que ficava encarando o rosto de Rain como se a qualquer minuto ela fosse cuspir lesmas ou começar a sapatear imitando um pato – uma Carly quieta e a garota mudada seguem um Josh reclamão.
– Afinal, onde estamos indo? – Luka é o primeiro a dizer algo.
– Para a área da Cornucópia, ué. Não era esse o plano? “Ver se a Cornucópia não estava domada” e blébléblé? – Josh diz, sem se virar para falar.
– Pensei que o plano já tivesse ido por água abaixo no momento que você correu direto para a morte. – Luka retruca.
– Não, aquilo fora apenas um... Desvio tático de plano.
– Se você quer assim... – Luka desiste.
–----

Em poucos minutos eles estão ajoelhados debaixo de um arbusto da floresta rosa. Não há qualquer sinal de nenhum tributo, e aquilo deixa Josh temeroso.
– Ninguém... – Carly murmura.
– Deve ter algo errado. A arena nem é tão grande para não termos encontrado ninguém até agora...
Josh sai dos arbustos e entra na clareira do chão de vidro, fincando totalmente exposto.
– Oi? Alguém? – Ele grita, posicionando as mãos em formato de concha sobre a boca.
– Josh! – Carly chama-o – Sai daí, alguém pode...

Como se combinado, bem na hora, o homenzarrão do distrito 11 aparece no outro lado da clareira, saindo da área de folhas verdes, suado e arfando.
Ao encontrar os olhos de Josh, ele sorri.
O peito de Rain se aperta.
– Josh! – Ela grita.
Mas o garoto já tinha corrido para a batalha, empunhando seu machado com força, com um sorriso nos lábios. Facão e machado se chocam no ar, expelindo um barulho violento pela clareira.
Rain ativa o cabo de sua foice, se preparando para ir ajuda-lo, mas a mão de Luka segura-a pelo braço.
– Fique aqui com Carly, eu vou lá.
– Não! Eu também q... – Ela começa a protestar.
– Por favor, fique com ela. – Ele sussurra, gesticulando para uma Carly em prantos – Você pode ir caso algo ruim aconteça, mas acho que eu e Josh conseguimos cuidar dele. – E com isso ele desembainha sua Katana, correndo para a batalha.

Rain bufa e se senta ao lado de Carly, que chorava baixinho.
– Você sabe que não está ajudando, não é? – Ela murmura.
Carly a encara.
– Você não tem medo? Não sente nada? Você parece ser de pedra! Eu tenho medo, tenho medo que Josh...
– Você não tem direito de sentir nada por Josh, não depois de beijar Luka pensando que ele estivesse morto.
– EU NÃO BEIJEI LUKA!
– Eu vi com meus próprios olhos, sua...

Nesse instante, Rain observa um par de braços surgir de dentro das árvores e agarrarem o pescoço de Carly. Uma faca é posta no pescoço dela, que fica completamente parada, com os olhos esbugalhados de medo.
– É o seguinte. – A voz diz – Eu mato- as agora, pego as coisas e espero o momento para terminar com aqueles seus amiguinhos. Tudo bem?
– Largue ela! – Rain diz, apontando a foice para a figura do garoto.
Por fim ele sai do meio das árvores, um garoto de mais ou menos 15 anos, alto, de cabelos escuros e olhos verdes, com um sorriso cruel nos lábios.
– Tão divertido. É realmente incrível vocês terem essa aliança tão linda. Dois casais perfeitos, duas meninas lindas. Vejo que comeu a fruta metamórfica, Rain Ghostsong. Está tão bonita. Pena que não vai sobreviver para mostrar seu novo eu aos telespectadores da Capital.

Rain só se dá tempo de lembrar qual era o tributo. Carl Jhonnes, distrito 10. E assim ela ataca.
–----

Era claro que o garoto não esperava pelo ataque. Ele solta um suspiro de exclamação, deixando a faca cair. Carly cai também, como uma boneca de trapos, gemendo e se encolhendo.
Rain e Carl lutam como demônios. A menina tenta acertá-lo com sua foice poderosa, mas ele é ágil como um felino, desviando, pulando.
Enfim ele se joga sobre a tributo, derrubando-a, junto com sua foice. Ele se senta sobre seu peito, usando os joelhos para imobilizar seus braços. Sorri em deleite.
– Que lindo rosto assustado, Rain, a querida e prateada lua. É um desperdício tremendo enfeia-lo.
Ele sorri, retirando um canivete pequeno do bolso do casaco.
– Vamos desenhar, certo?
A lâmina brilha com um brilho homicida. Carl sorri, e sem hesitar, afunda levemente a ponta no rosto de Rain. A garota se debate em dor, sente seu rosto queimar e um liquido pegajoso e quente se espalhar por seu rosto. Carl traça uma linha de debaixo do olho até o queixo, ouvindo a garota gritar, satisfeito.
– P-Pare... – Ela gagueja, suas lágrimas misturando com o seu sangue.
– Não... Eu esperei tanto por isso! Agora, me responda... Se você é a lua e aquela ali é o Sol – Ele aponta para Carly, que estava abraçando os próprios joelhos, tremendo convulsivamente, parecendo estar em estado de choque – Onde está o seu céu agora?
– Estou aqui. – Uma voz grossa responde de trás dos dois.

Algo corta o ar e um estouro de sangue é expelido pelo rosto do garoto do distrito 10. Ele cai, seu corpo flácido e inerte por cima de Rain. A garota, ensanguentada, tem pontos negros dançando em sua visão, e mesmo libertada do aperto de Carl, sente que é impossível se mexer.
A última coisa que ela lembra é dos olhos verdes e mortos o tributo, a encarando.
–----

Rain acorda, sentido uma pressão no ombro.
Josh dorme serenamente sobre ele.
Ele possui um corte extenso no braço, mas não parece nada grave.
Olhando em volta, encontra Luka mexendo com folhas rosas no chão, parecendo estar em outro planeta, e Carly, deitada sobre a mochila, com os olhos fechados também.
Rain não queria acordar Josh, mas assim que suspira o garoto ergue a cabeça, atento.
Ele abre um sorriso iluminado ao ver Rain acordada. Seu coração esquenta ao encará-lo sorrindo para ela daquela maneira.
– Ah, a bela resolveu deixar de ser adormecida.
– Oi pra você também.

Luka não ergue os olhos de suas folhas, mas diz:
– Se vocês vão se beijar, me avisem, para eu me virar, falou? – Murmura, sem nenhum humor.
– O que aconteceu? – Rain o ignora.
– Eu dei cabo do grandalhão. – Josh diz, orgulhoso.
– NÓS demos cabo dele. – Luka corrige-o.
– Detalhes – Ele dá de ombros – Quando voltamos, aquele delinquente estava por cima de você e Carly sentada sem fazer nada.
– A garota está em estado de cho... – Luka começa.
– ENTÃO, com minha mira infalível – Josh diz, como se Luka nunca tivesse aberto a boca – Acertei-o na cabeça. Ai você desmaiou e... Receio que terá uma marca permanente daquela batalha.
Ele oferece uma faca. Ela se fita no metal e encontra uma cicatriz grossa e visivelmente recente, traçada em uma linha reta de um pouco abaixo do olho até o queixo. Ela nunca fora de dar muita atenção a aparência, mas teve vontade de chorar ao ver seu rosto destroçado.
– Quer saber?- Josh murmura.
– O que? – Ela responde, mais ríspida do que gostaria, levando em conta o tom gentil do amigo.
– Eu gostei assim. Parece uma guerreira da época medieval. – Josh parece sincero.

Rain consegue sorrir, quando um grito agudo interrompe o silêncio.
Carly começa a se debater no chão, gritando desesperadamente, ainda com os olhos fechados.
– Pesadelo – Luka murmura e corre até a menina em pânico – Hey, Carly, eu estou aqui, está tudo bem!
Carly abre os olhos, mas o pesadelo não acabou.
Ela começa a chorar, se sentia perdida, morta e insana.
Josh revira os olhos.
– Olha, Carly, acho que chega, não é? Não é você que está com uma cicatriz enorme no rosto, não é você que lutou por sua própria vida.
Luka encara Josh com uma máscara de espanto, como se tivesse levado um tapa na cara.
– Cara, ela está traumatizada! – Ele diz, estupefato pelo tom de Josh com a menina em prantos.
– Bobagens! Ela não sofreu nada para estar traumatizada. – Ele se levanta e eleva o tom de voz, apontando o dedo indicador para o rosto da garota que estava no colo de Luka – Você é uma garotinha mimada e desnecessária, que nunca passou por nenhuma necessidade, sempre acostumada por ter o que quer na hora que quer!
– Josh, pare com isso... – Luka ruge.
O choro de Carly aumenta, ela grita para ele parar, mas ele não para.
– Aposto que o motivo dela estar tão frágil é por ter que comer sementes de girassol. Não é? Sempre acostumada com banquetes, como uma CAPITALISTA!
– PARA, JOSH! PARA! – Ela começa a gritar e se debater no colo de Luka.

Josh pega o seu machado do chão, dando as costas e desaparecendo pelas árvores. Rain observa aquilo surpresa. Nunca esperaria uma reação assim do tributo.
Carly começa a dar na própria cara, gritando, em uma crise de berros e choro, visivelmente desorientada mentalmente.
– EU NÃO AGUENTO MAIS! – Ela gritava – É MORTE, SANGUE, SANGUE, EU NÃO QUERO, EU NÃO CONSIGO CONTROLAR!
– CARLY! – Luka segura o rosto dela entre as mãos – ESCUTE, eu estou aqui, vai ficar tudo bem, se acalme, você precisa se acalmar...
– Ele não entende, Luka, ele não entende, eu não consigo...

Luka sente uma raiva ferver dentro de seu peito. Ele não poderia ter falado assim com ela, a garota estava insana, traumatizada pela violência e pelas mortes.
Ele ia pagar por estar fazendo aquilo com ela.
– Eu vou conversar com ele, tudo bem? – Ele diz, em tom gentil.
Carly soluça e concorda com a cabeça.
Luka se levanta, deixando Carly no chão, e só para garantir, agarra uma faca do chão, escondendo-a na cintura.
Rain arregala os olhos.
– Luka, você...
– Tudo bem, é só por precaução. Só quero conversar com Josh. – E assim entra floresta adentro.
Rain fica sozinha com Carly.
–----

Josh estava sentado em uma pedra à beira do rio na área laranja, observando o próprio reflexo, quando escuta a voz de Luka.
– Precisamos conversar.
–----

“Esse garoto é desnecessário”, diz Snow para Mario, o organizador dos Jogos.
“Concordo plenamente, Snow”. Ele responde, dando uma longa tragada em seu cigarro.
“Dê um jeito de se livrar dele”, Snow murmura, antes de dar as costas, saindo da sala.


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Notas finais do capítulo

Não percam o próximo capítulo! Com certeza o melhor da fanfic!



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