76° Edição dos Jogos Vorazes escrita por Mad


Capítulo 8
Descanse em Paz, Jovem Tributo


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, percebo que você estão realmente gostando da minha fic, e fico muito feliz com isso, mas... Ela continua muito desconhecida! Se vocês pudessem comentar e principalmente recomendá-la, seria uma dívida eterna que eu teria com vocês. Afinal, o meu pagamento para escrever os capítulos são os comentários de vocês, o prazer em saber que há pessoas lendo minha história.
Desde já obrigada, e que a sorte esteja sempre a seu favor!



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– Eu não aguento mais. – Carly diz depois de um tempo, quando teve certeza de que não conseguiria dar mais nenhum passo sequer.
– Carly, estamos procurando um lugar para montarmos acampamento. Eu estou... – Luka começa a justificar.
– Eu acho – Josh interrompe Luka – Que se montarmos acampamento nesse lugar, assaremos enquanto dormimos.

Rain cruza os braços.

– Odeio admitir, mas ele tem razão.
– E o que vocês querem que eu faça?! – Luka responde, quase que com incredulidade – Eu não sou Zeus, Deus ou um ser do candomblé, não posso mudar o clima.
– As árvores. – Carly diz, primeiramente em um sussurro. – As árvores! – Ela aumenta o tom de voz, fazendo todos olharem pra ela. – São de tons diferentes.
Rain revira os olhos. – E daí?
– Eu tenho certeza que há um motivo. Não deve ser só para enfeite.
– E....? – Josh continua, impaciente.
– E eu acho que deveríamos ir para um desses outros lugares para ver se há algo de anormal.
– Temos opção? – Luka pergunta, com um meio sorriso.
– Não mesmo. – Carly responde, limpando o suor da testa.
–----

Depois de andar mais alguns metros, já era possível enxergar logo a frente folhas brancas e brilhantes pendendo das árvores esqueléticas que as suportavam.
– Nossa. – Luka murmura, percebendo que a divisão entre uma área e outra deveria ser de apenas 500 metros. – Já está ali.
– Cara, seria muito maneiro ser morto pelo monstro das neves. – Josh murmura.
Carly lhe lança um olhar incrédulo.

Ninguém sente o que Rain sentia.
Aquele cheiro. Uma mistura de água e vento, e.... Winter.
Seu coração aperta quando ela se lembra dos olhos azuis dóceis de seu lobo, do seu pelo branco e macio.
Rain toma a dianteira, deixando eles para trás, correndo rápido na direção das folhas brancas.
– Rain! Espere! – Josh a chama.

Era tarde demais. A garota escorrega em algo e rola, descendo uma pequena elevação na terra, sem conseguir frear. Só para quando bate em uma árvore, e é coberta por algo dos pés à cabeça.
No começo ela pensa ser água. Fria e húmida.
Quando ela abre os olhos, só vê branco.
Impossível.

Josh corre como um felino na direção de Rain, que estava completamente coberta pela mistura de gelo, folhas e terra.
– Isso é... – Carly começa.
– Neve. – Luka completa, boquiaberto.

Josh escava a neve com as unhas, logo arrancando do meio da brancura uma Rain morbidamente gelada.
– Você está bem? – Ele pergunta, preocupado.
– Estou, estou bem sim.
– Como isso é possível? – Carly pergunta, para ninguém em particular.
– As obras da Capital, querida Carly. – Josh pisca para a garota, que mostra a língua.
– Imagino o que deve ter nas áreas de cores laranja e rosa.
– Podemos descobrir! – Carly diz, empolgada.

Rain não poderia deixar aquilo acontecer. Ela precisava ficar ali, naquele local estranhamente familiar, uma aconchegância de branco e frio.
– Devemos ficar aqui. – Ela diz.
– Aqui? – Luka responde, surpreso.
– Sim, é que... – Ela começa a gaguejar – Eu acho que nós temos roupas o suficiente para ficarmos aqui, sei que é frio, mas temos roupas, e aposto que os outros tributos não virão para cá... – Ela fica desapontada ao ver o olhar negativo de Luka.
– Acho que ela tem razão. – Josh intervém. – Temos roupas quentes o suficiente para ficarmos aqui, e nenhum dos tributos veio para cá agora, provavelmente não virão até amanhã. Já vai escurecer.
Luka e Carly se entreolham. Rain lança um olhar agradecido para Josh, que lhe devolve uma piscadela implicante.
Luka suspira e começa a jogar as mochilas para debaixo da árvore, abrindo-as e retirando seu conteúdo pela primeira vez.
– Tudo bem, mas se morrermos congelados será por....

A primeira explosão do canhão corta as palavras de Luka.
Todos eles se calam, ouvindo atentamente.
Ao total foram quatro explosões.
Ou seja, só faltavam quatro outros tributos além deles.

– O banho de sangue rendeu. – Josh murmura.
– Se não fosse por Luka, seriam cinco explosões. – Carly responde.
– Argh, já vai começar...
– Nenhuma. – Luka fala, entredentes.
– Nenhuma o que? – Rain pergunta, sentada em um monte de neve, passando os dedos sobre a mesma.
– Comida. Nessas porcarias de quatro mochilas temos apenas: - Ele tosse antes de recitar – Duas garrafas de água, um casaco unissex tamanho G, duas facas médias, um cobertor preto de solteiro, um pote vazio de metal, uma garrafa de água vazia, esparadrapos, gaze, água oxigenada e álcool. Mas nenhum tipo de comida.
– Eles querem que cacemos. – Rain murmura, infeliz.
– Ah, tem esse negócio estranho aqui. – Luka diz, retirando o objeto da mochila.

Era uma lâmina prateada em forma de meia lua, presa a um tipo de cabo minúsculo de couro. Era pequeno, mas estranhamente pesado.
Rain salta da montanha de neve.
– Me dê isso.
– Por que? – Luka a encara, desconfiado.
Rain arranca o objeto da mão do garoto. Ela enfia o dedo dentro do cabo, aparentemente oco, que estava preso com a lâmina, e logo ela se estica, transformando-se em um cabo comprido de metal envolta em couro negro.
Rain solta uma gargalhada de satisfação, enquanto os outros três tributos seguram seus queixos.
– Uma foice portátil. Muito útil. – Murmura Luka.
Josh se levanta, agitado.
– Vamos buscar comida. – Ele diz, olhando para Rain.
– Quem? Nós, eu e você? – A garota pergunta, com dúvida.
– Sim. Carly e Luka podem ficar montando acampamento, duvido que alguém vá aparecer ainda hoje. Eles estão espalhados por ai, e aposto que não há ninguém tão ameaçador agora. Pode ser? – Ele ergue a sobrancelha para Luka, que dá de ombros.
– Só tente não ser morto. – Ele responde, com indiferença.
– Pode deixar. – Ele responde, agitando o machado em sua mão, que tinha recuperado antes de fugir para a floresta com Luka, Carly e Rain.

Carly fica sentada, inexpressiva, enfiando as pontas dos dedos na neve, enterrando as unhas na camada de terra húmida escondida atrás da massa de gelo.
Ela não fazia ideia de qual era aquela sensação: Uma mistura de ódio absoluto, misturado com a vontade de socar a cara risonha de Rain e uma pitada de... Inveja.
Por que Rain? Por que ele não ia caçar com ela?
Ela ajuda Luka a esticar o cobertor sobre a neve, se deitando logo em seguida, usando uma das mochilas como travesseiro. Luka se senta ao seu lado, e pela primeira vez em tempos, Carly realmente o observa.
Ele parecia cansado. Olheiras roxas pendiam de seus olhos dourados, seus ombros estavam curvados para frente.
– Luka? – Ela chama.
– Sim? – Ele responde, bocejando.
– Sabe que horas são?
– Na verdade não. A última vez que conferi o relógio era uma hora da tarde. Devem ser umas... – Ele fita o céu, os sinais do final da tarde eram claros – Uma seis e pouca da tarde. Por que?
– Estou morrendo de sono. – Ela responde, fechando os olhos.
Luka sorri, e acaricia os cabelos de Carly.
– Estarei aqui quando acordar.

Josh e Rain dão-se ombreadas um no outro. Eles riem, mas logo se calam quando conseguem enxergar as folhagens laranjas as suas frentes.
– Acha que é seguro? – Josh pergunta, com um tom de divertimento.
– O que você acha? – Rain responde, revirando os olhos.
– Eu acho que é tão seguro que eu poderia andar nu.
Rain solta uma gargalhada.
– Eu não quero ver.

Josh mostra a língua para ela, e começa a caminhar de costas para a floresta, para poder enxergar o rosto da mesma enquanto falava.
– Acha que vai conseguir sobreviver? – Ele pergunta.
– Na verdade... – A garota responde, sombria – Acredito que mais tempo do que você.

Josh para instantaneamente. Ele sente a lâmina rasgar sua pele e perfurar alguns órgãos vitais, atravessando seu corpo, de tal forma que ele consegue enxergar a ponta do facão aparecendo em sua barriga, rasgando suas roupas.
Ele fora apunhalado por trás, caindo de joelhos enquanto seu sangue empapava o chão a sua volta.
Ele não conseguia enxergar nada além de vislumbres, mas conseguia ouvir a gargalhada histérica de Rain.
– Ora, ora. Esperava mais de você, caro Josh. – A voz familiar parece falar dentro de seu crânio.
Um jato de sangue espirra de sua boca, provocando mais risos da menina histérica que ele costumava chamar de amiga.
– Descanse em paz, jovem tributo. – O homem se curva sobre o corpo ensanguentado de Josh – E que a sorte esteja sempre ao seu favor.
A última coisa que Josh vê é um par de olhos reptilianos, e tudo fica preto.

Carly se levanta com um grito desesperado, suas duas mãos voando para a garganta.
Seu coração parecia querer saltar para fora do peito. Ela tremia, mas não sentia frio: Uma onda de adrenalina penetrava em suas veias, ele nunca se sentira mais atenta como naquele momento.
O pesadelo estava encravado em sua mente. A imagem de Rain rindo enquanto o sangue de Josh escorria pelas folhas, seu desespero em respirar, aquela dor nauseante...
– Carly, Carly! – Luka pega o rosto assustado da menina entre as mãos, focando seus olhos nos dela – Calma, está tudo bem...
– Josh, Josh! – Ela grita.
– Josh foi caçar, está tudo bem, ele vai voltar logo!

Carly se afasta de Luka, se levantando em um pulo.
– Precisamos encontra-los. – Ela diz, se surpreendendo da maneira como sua voz soara decidida.
– Por que, Carly? Eles logo voltarão, nós...
– Luka. Tem algo errado.

Isso é o suficiente para o garoto começar a guardar as coisas nas mochilas novamente.
–----

– Onde acha que eles podem estar?
– Na área das folhas laranjas. – Carly responde, concentrada.
– Como sabe disso? – O garoto responde, confuso.
– Só sabendo. – Carly deixa o mistério no ar.

Uma risada corta a noite.
Uma risada fina, alta e inconfundível.
Carly começa a correr, tropeçando uma vez ou outra em raízes de árvores traiçoeiras, invadindo o novo ambiente. Por onde quer que ela andasse só via laranja, e aquilo foi lhe despertando um desespero.
O clima era agradável naquele lugar. Nem tão quente, nem tão frio.
Ela acelera o passo, a risada ficando cada vez mais perto, e ela afunda.
Ela grita, e um litro de água quente e suja entra por sua garganta. Ela se debate, tentando voltar para a superfície. Ela não vira o rio, caindo sem esperar, ele era negro e muito fundo.
E havia mais um problema: Ela não sabia nadar.
– Carly! – Ela ouve um murmuro, vindo da superfície.
Ela sente os olhos ficarem pesados, a respiração falhando...
Um par de braços magrelos e fortes a agarra, tirando-a do escuro. Ela recupera ar de forma agressiva, cuspindo água a vomitando ao mesmo tempo.
Lágrimas salgadas se misturavam com as gotículas de água escura em seu rosto, os soluços cada vez mais altos.
E ela vê.
O corpo boiando no centro do lago, inerte, sem vida, apenas as costas amostra, a cabeça dentro d’agua.
E lá no outro lado da clareira do rio, nas margens do mesmo, estava Rain. Ajoelhada, chorando de rir, observando o corpo boiar.
– Não. – Carly murmura. – Não, não, não.
Mas ela não pode esconder a verdade, que a domina de forma lenta e dolorosa.

Josh se encontrava morto no centro do lago.


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Notas finais do capítulo

Não percam o próximo capítulo! Esclarecerá muita coisa!



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