76° Edição dos Jogos Vorazes escrita por Mad


Capítulo 7
"Eu não pedi", "Fez porque quis"


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpe pela demora do capítulo.
Prometo tentar postar mais rápido o próximo :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/507900/chapter/7



Dez, nove, oito...


Os cachos de Carly balançam bruscamente com o vento frio que atravessa seu corpo de forma agressiva.
Seu coração batia com uma velocidade violenta em seu peito, ela cerra os pulsos em uma tentativa falha de cessar a tremedeira que a dominava cada vez mais.

A clareira onde os 12 tributos se encontravam era perfeitamente redonda, envolta em árvores... Um tanto estranhas.
Ao sul, as folhas eram verdes vivo, o mais normal possível. Mas, ao norte, elas possuíam uma tonalidade rosa-amarelada, um tanto questionável. No canto leste de Carly elas possuíam um tom alaranjado, como as folhas ficam no outono, e por fim, ao oeste, elas possuíam um tom branco como a neve.
Os pedestais deveriam ter um metro de altura, formando um círculo na clareira, separados por mais ou menos cinco metros uns dos outros.
No centro da clareira e dos tributos, se encontrava ela; Produzindo um brilho homicida com os raios de sol que a iluminavam, a cornucópia dourada, atraindo todos os tributos com promessas de proteção com suas armas letais.
E por fim, logo abaixo deles havia... Ou melhor, não havia. Não havia nada.
Uma escuridão devastadora, um abismo tão negro que impossibilitava qualquer um de ver se possuía um final.

Completamente confusa, Carly corre os olhos em volta, tentando encontrar um rosto conhecido, qualquer um. Por fim, com um suspiro cheio de alívio, um par de olhos cor de âmbar encontra os seus.
Luka se encontrava a quatro pedestais de distância. Ele acena, de uma maneira quase idiota, um meio sorriso fraco no canto dos lábios. Ao seu lado esquerdo, Rain Ghostsong se encontra quase que... Selvagemente. Seus joelhos estavam flexionados como se estivesse preparada para dar o bote, os braços junto ao corpo, o maxilar cerrado. Ambos estavam com a mesma combinação de roupas bizarras que ela: Uniforme de malha, luvas de couro e botas de chuva, todas as peças de cor preta.
Carly encara ela mesma, decepcionada. Ela estava parada de um jeito mongo, os ombros curvados para frente, equilibrando o peso do corpo na perna esquerda. Ela bufa.
Luka gesticula com a cabeça para ela mesma. Logo a mesma percebe que ele não estava gesticulando para ela, mas sim indicando para o que havia atrás dela, as árvores verdes brilhantes.
"Assim que as cornetas soarem" ele havia dito "Correremos para o sul, para trás, para longe do banho de sangue. Daremos um tempo e logo depois voltamos, para ver como ficou a cornucópia, se foi dominada ou se pode estar sendo usada para algum tipo de armadilha."
"Realmente cara, você é extremamente gay."
Josh havia dito.
"GAY?! Mas o que foi que eu disse para ser gay?!", Luka exclamou, na defensiva.
"Sei lá, o jeito que você bola as coisas, o jeito que você fala, é tudo muito gay.."

Josh.
Carly corre os olhos em volta, a procura do garoto. Sente um nó desagradável no estômago ao cogitar a possibilidade dele não estar a sua vista, escondido atrás da cornucópia, mas então ela o vê, ao lado oposto onde Luka e Rain estavam, no canto esquerdo da garota. Um suspiro escapa de sua garganta, um calafrio estranho deixando-a arrepiada por motivo nenhum. Ou por algum motivo. Sei lá.
Ele estava com um dos joelhos encostando no chão do pedestal, o outro flexionado, em posição de corrida. Ele exibia um sorriso. Mas não era um sorriso cínico, ou até mesmo nervoso; Era um sorriso completamente insano, seus olhos castanhos brilhando de forma assustadoramente enlouquecida.

...Quatro, três, dois...


Que a 76° Edição dos Jogos Vorazes COMECE!

Carly percebe que não fora a única a parecer estar completamente confusa. O que deveriam fazer agora? Despencar para a morte?
Todos os tributos permaneceram parados, visivelmente hesitantes, loucos de vontade de correrem para a cornucópia e enfim dar início ao banho de sangue.
Carly não sabia o que mantinha a cornucópia erguida, assim como seus pedestais, uma ponte, cabos de aço, linhas de náilon super potentes.
Uns bons minutos se passam, até Carly Fitar a garotinha. Violet Venega, do distrito 1.
Ela põe a mão na cintura, roendo a unha da mão livre, olhando para o abismo abaixo.
Ela fecha os olhos, e Carly logo percebe o que ela iria fazer. Um grito fica preso dentro da garganta da garota enquanto ela via a menina se atirar para a escuridão.
~
Ela sente sólido. Seus pés doem com o impacto que sofrem... No nada.
Ela consegue ficar de pé por alguns segundos, e percebe que recebe alguns olhares abismados dos outros tributos.
Vidro.
Uma longa extensão de vidro extremamente transparente dividia-os contra o precipício.
A menina tenta caminhar, e por fim começa a correr... E escorrega. Era como se... Estivesse molhado, o vidro era escorregadio como o piso molhado.
Ela escorrega e cai sem proteção alguma, batendo a cabeça no piso de vidro com força.
E é assim que o caos começa.
–---

Carly já tem certeza do que fazer. Ela pula, obrigando-se a apoiar as mãos nos próprios joelhos para se manter em pé. O vidro é muito escorregadio, os poucos passos que ela dá a fazem deslizar incontrolavelmente. Uma de suas pernas escorrega para frente, enquanto a outra permanece parada, o tombo era certo.
Um braço firme envolve suas costas. Ao abrir os olhos, o rosto suado e aterrorizado de Luka está a alguns centímetros dos seus. Ele não olha em seus olhos; Observa em volta, os olhos esbugalhados, a tensão nítida em seu rosto. Ele a ergue, e ela repara que Rain também estava ali.
Há apenas alguns metros deles, o sangue jorrava. Gritos de terror invadiam os ouvidos de Carly, que tinha vontade de correr para um lugar escuro e se envolver nos próprios braços.
Alguns tributos já se encontravam mortos, o sangue pintando o vidro abaixo deles cada vez mais. Algumas armas já estavam sendo apossadas, mas Carly percebe que as mochilas com suprimentos estavam intocadas.
Ela tem vontade de correr até lá. Eles pareciam estar tão distraídos um com os outros, talvez não reparassem...
Mas, infelizmente, outra pessoa também teve essa ideia.
–---

Estavam logo ali. Tão perto.
O brutamontes do distrito 11 encurralava a menina do distrito 4, a mulherona do 2 enfrentando o moleque do 3.
Sim, Josh sabia o que deveria fazer: Ir ao sul, fugir do banho de sangue, blá, blá, blá. Mas era uma oferta irrecusável. Afinal, o que ele teria a perder? A vida? Não era algo muito grandioso.
Ele consegue invadir o território inimigo, diminuindo o passo para tentar não fazer muito barulho.
Josh agarra duas mochilas de peso questionável, os objetos mais próximos. Está se virando para fugir, quando algo brilha e ofusca seus olhos.
A lâmina parece seduzi-lo. Apenas olhando, Josh consegue sentir o peso leve do machado, o cabo de madeira se encaixando perfeitamente em sua mão.
Um nó se forma em sua garganta. Era ir ou não ir.
Sem se dar tempo de pensar, o garoto se atira na direção do machado.
–---

"O que ele está fazendo?!" Luka grita, para ninguém em particular.
– Ele é louco... - Rain murmura, em um misto de reprovação e um tanto de admiração.
– Ele... Ele vai morrer, ele vai ser pego! - Carly segura com força o braço de Luka, fincando suas unhas em sua pele.
– Vão. - Luka diz, primeiramente quase que sussurra. - Vão para a floresta verde! - Ele diz, começando a correr resvalar na direção da Cornucópia.
Carly começa a se desesperar.
– Luka! Não!
= Vamos, você ouviu ele! - Rain começa a puxa-la.
– Você não entende, ele vai...
Rain poderia parecer pequena e um tanto frágil, mas era surpreendentemente forte. Arrastou Carly até a floresta, jogando-a entre as árvores. Elas se escondem nos arbustos, observando atentamente ao longe.
– Se eles morrerem, vai ser culpa sua. - Carly espuma.
– Na verdade, só a morte do Luka seria culpa minha. - Rain rebate.
As duas ficam em silencio, as duas respirações unidas em uma só.
–---

Josh agarra o machado, sorrindo. Bem, ele poderia sorrir com vontade se não fosse aquele maldito chão.
Ele escorrega, caindo por cima de algumas armas empilhadas no canto, causando um barulho estrondoso de metal.
E toda a atenção e chamada para ele.
O homenzarrão do distrito 11 tinha o pescoço da menina do distrito 4 completamente ensanguentado sendo agarrado por seu pulso. Seus olhos estavam brancos e sem vida, seu corpo inerte. Morta.
Josh dá alguns passos para trás quando o homem intimidador começa a caminhar em sua direção, um sorriso maníaco coberto de sangue, que provavelmente não era seu.
Ele encara os lados, cogitando possibilidades e logo as descartando. Logo percebeu que a única maneira de escapar era lutando.
Com um sorrisinho de deleite, Josh empunha seu machado de forma desafiadora.
~
O homem praticamente salta para cima de Josh, com um urro selvagem.
Josh desvia, mas acaba resvalando, caindo de bruços sobre o próprio machado. Rola para a esquerda no momento em que o facão bate no chão onde a milésimos sua cabeça se encontrava.
O estrondo é grande, mas nem mesmo a faca gigante e afiada consegue causar algum dano ao piso de vidro.
Josh consegue se levantar, em desvantagem, e desfere um golpe certeiro no homem enquanto ele junta sua arma no chão.
O peso das mochilas em suas costas não ajudava, acumulando-se à tensão que as prensava.
Um choque de metal se forma no ar, o facão contra o machado, ambos testando suas potências letais. O homenzarrão começa e empurrar Josh, fazendo seus pés deslizarem pelo piso, na intenção de encurrala-lo junto a parede da cornucópia. Josh não consegue escapar.
Seus braços tremem, sua força se esvai a cada segundo. O machado está perto de seu rosto, o facão conseguindo vencer a guerra entre as armas.
– Então, Josh Cellar. A estrela dos tributos. Quero que, antes que morra, saiba que foi uma honra inexplicável dar cabo de você.
– Não comemore ainda, sua coisa. - Josh cospe no rosto do homem.
Seu rosto vira uma máscara de ódio.
Josh não aguenta, o machado cai ao seu lado, seus braços cansados pendem ao lado de seu corpo.
O homem Que agora Josh percebe, deveria ter no máximo vinte anos, a idade máxima para ingressar aos jogos, mas seu porte grosseiro e rosto fechado lhe aparentavam bem mais sorri com frieza, levando a ponta do facão para o rosto de Josh. A garoto morde a bochecha por dentro da boca para não gritar ao sentir a ponta ser enterrada um pouco abaixo do seu olho esquerdo.
O homem sorri com satisfação, começando a aumentar o corte, afundando-o um pouco mais.
Josh ouve a mulher do distrito 2 rir enlouquecidamente, e parar tão bruscamente como começou.
A dor era insuportável, como se todo o seu rosto estivesse entrando em chamas. Aos poucos um liquido quente e grosso começa a molha-lo, e Josh sente o cheiro de seu próprio sangue.
– Se acalme, Josh. Vai doer muito. - A voz grave do homem ecoa em sua cabeça.
Josh fecha os olhos quando o facão é levantado para ser cravado em seu peito.
Mas tudo que ele sente é a pressão diminuir, um barulho oco, e um soco no estômago.
– E depois eu sou o gay! - A voz mandona e roca reclama.
Josh abre os olhos, a dor explodindo nas pálpebras. Luka estava ali, segurando um bastão de ferro, os tributos do 11 e do 2 agonizando no chão.
– Como você...?
– Não há tempo para perguntas, precisamos ir! - Luka agarra o pulso de Josh com um gesto um tanto paternal, arrastando-o consigo.
– Mas e se não estiverem mortos? Precisamos mata-los enquanto...
Luka não lhe dá atenção, arrastando-o até o outro lado da clareira.
Josh se sentia fraco e cansado, cada passo que dava tornava o ato de manter os olhos abertos mais difícil.
– Josh! Ah, meu Deus, Josh! - A voz familiar chama.
Rain corre em sua direção, a figura esguia e fina agarra-o sem hesitar, abraçando-o com força. Nossa, aquilo era muito bom, Josh pensa. Um abraço. Tão aconchegante e acolhedor...
– O que fizeram com você... - Carly diz, logo atrás. Seu rosto parecia tão chocado como o de Rain, que ainda a abraçava.
– Uau, não devo estar com meu melhor visual para vocês estarem me encarando assim. - Ele tenta fazer piada.
– Precisamos de um kit de primeiros socorros... - Carly começa.
– Teremos tempo para isso depois, vamos. - Luka, que carregava mais duas mochilas nas costas, um cabo de ferro em uma mão e tinha um suporte de katana atravessado no peito, meio que ordena, começando a entrar em meio as árvores verdes.
– Luka, ele está perdendo muito sangue... - Carly insiste.
– Está tudo bem. - Josh tranquiliza, mesmo sabendo que não estava.
– Não vai adiantar nada começarmos a cuidar de seus ferimentos aqui para sermos apunhalados pelas costas.
Ambos Josh, Carly e Rain suspiram em uníssono.
Entram na floresta, uma mistura de sangue, suor e pavor pairando no ar.
*****

– Está doendo? - Carly pergunta, visivelmente nervosa, enquanto passa um pano no ferimento no rosto de Josh.
– Não, está legal. - Ele responde, mais ou menos sincero.

Ele estava sentado em uma pedra, com Carly ajoelhada em sua frente, limpando seu rosto. Rain está sentada em um galho de uma das árvores grossas, e Luka revira a mochila, retirando produtos para tratar de seu ferimento.
– Água. - Josh fala depois de um tempo.
– Água. - Rain responde, a voz rouca de sede.
– Eu sei, mas foram vocês que me fizeram parar. Precisamos encontrar água, precisamos montar acampamento, precisamos...
– Por enquanto não dá para simplesmente dividirmos essa garrafa que está dentro da mochila? - Carly gesticula para a garrafa de água que estava presa na parte esquerda da mochila azul jogada em um canto.
A garrafa é aberta e dividida entre eles, a água quente deixando suas bocas menos ressecadas.
– Está... Muito calor... - Josh diz, arfando.
Carly passa uma espécie de liquido azul em seu rosto, murmurando um "Pronto" e se afastando.
– Ele tem razão. Está muito quente aqui. Na clareira não estava desse jeito. - Ela diz, prendendo os cabelos ruivos em um coque com ele mesmo.
– Quer voltar para lá? - Luka retruca, mal-humorado.
Carly se mantém calada. Luka suspira.
– Me desculpe. Não estou irritada com você.– Luka lança um olhar furtivo para Josh.
– Cara, estou ferido. Não dá pra amenizar o sermão? - Josh brinca.
– Josh, o que você fez foi muito grave. Poderia ter matado a todos nós. Tive que deixar Carly e Rain sozinhas para poder salvar a donzela em perigo.
Josh se ergue em um salto, visivelmente irritado.
– Eu não pedi...
– Não venha-me dizer que "Eu não pedi", "Fez porque quis", porque eu fiz isso pelo bem da equipe, pelo bem da nossa aliança, que vai se quebrar se você continuar tomando atitudes tão egoístas como essa.
– Eu pensei que... - Josh começa, curvando os ombros para frente, envergonhado.
– No momento em que você criou essa porcaria de aliança, deveria saber no que estava se metendo. Luka continua como se Josh nunca tivesse começado. Não é só você contra o mundo agora, Josh. Isso que você recebeu no rosto, qualquer um de nós poderia ter recebido, e muito pior. Você é um egoísta nojento e esnobe.
Josh suspira.
– Então por que salvou minha vida? - Ele pergunta, atônito.
Luka dá as costas, e, para os outros três, não parece responder.
Ele responde apenas para si mesmo, tão baixo que só ele consegue escutar.
– Não foi por você que eu fiz isso.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tentarei postar a continuação em breve!
Ah, e me informem se encontrarem algum erro ortográfico, por favor, me deem um desconto. Estou morrendo de sono.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "76° Edição dos Jogos Vorazes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.