76° Edição dos Jogos Vorazes escrita por Mad


Capítulo 6
Palavra de Escoteiro




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A garota bate o copo cheio de água com violência na mesa de vidro.
– Eu simplesmente não consigo acreditar que ele fez isso comigo, Charlotte! - Carly urra.
Charlotte observa bem se alguém estava a observando, antes de finalmente revirar os olhos.
– Você não acha que está sendo dramática demais, meu bem? - Ela pergunta, contendo o tédio.
– Ele não tinha o direito de fazer isso. Agora eu estou recebendo a fama por algo que ele fez! Ele me passou uma imagem fraca e boba, estragou o que eu queria ser perante os telespectadores! Aposto que fora aquela ridícula daquela Rain, pois eles estão assim ó - A garota esfrega os dois dedos indicadores em sinal de proximidade - colados um no outro.
Charlotte dá um sorrisinho travesso.
– Então é isso que te incomoda? A proximidade dos dois?
– O-O QUE? - Carly balbucia - M-mas é claro que não! Nem os conheço direito, é óbvio que não ligo para a proximidade deles, Charlotte.
– É mesmo? - Charlotte diz, em falsa surpresa - Pensei que você tê-lo desenhado em seu caderno íntimo de desenho e escrito o nome dele várias vezes em duas folhas inteiras deveriam ter algum significado.
Carly fica dura feito pedra, seu rosto ardendo e vermelho como lava.
– Você anda mexendo nas minhas coisas?
– Só dando uma olhadinha! - Ela sorri.
Carly se levanta rapidamente.
– Quer saber? Eu não sou obrigada a ter que ouvir isso. Não gosto de Josh, para falar a verdade nem o conheço. E nunca mais mexa nas minhas coisas!
A garota bate a porta do dormitório de Charlotte, deixando a mesma ali, com um sorriso malicioso nos lábios.
–----

– ...Mas é claro que não, Luka. Eu não fazia a menor ideia. Eu juro.
– Hum. - Ele responde, rouco - Se você diz...
– Estou pensando em quebrar a aliança. Afinal, se somos uma equipe, deveríamos tomar decisões juntos e...
– Ele está certo. - Luka responde rapidamente - Por mais que eu tenha odiado essa história de triângulo amoroso, devo admitir que fora uma estratégia inteligente a dele. Quer dizer, qual dos moradores gordos e coloridos da Capital não gostaria de sentar-s em uma das poltronas reclináveis de luxo que tem em casa e assistir três pessoas brigando por amor dentro de uma arena, à espera da morte? Muito interessante.
Luka finalmente consegue desatar o nó que prendia seus dois pés, a tarefa do dia.
Carly ainda demonstrava um pouco de dificuldade, então ele se aproxima e começa a desatar para ela.
– Mas, Luka... E quanto a você? Quer dizer, todos, eu, Josh e a enjoada da Rain, seremos patrocinados se essa história colar, mas, e quanto a você?
Luka dá um sorrisinho melancólico.
– Se eu tiver que fazer parte dessa história, não será com mentiras.
Eles se encaram por um longo momento.
– Olá erro genético. - A voz grossa, sensual e estranhamente familiar soa detrás de Carly.
Luka cora e se mantem calado, desatando os nós, desatando.
– Vocês ainda não se livraram disso? - Ele ri - Consegui em menos de trinta segundos. Poderia ter ajudado Rain, mas ela é teimosa demais. - Ele diz, apontando para a garota que estava atada em nós, no outro lado da sala, soltando urros de frustração enquanto ainda permanecia presa.
Josh balança a cabeça algumas vezes.
– Quer saber, Josh, nem todo mundo consegue ser tão perfeito como você. - Carly retruca.
Josh sorri.
– Eu sei. Sou original e único.
Luka revira os olhos, mas logo sorri em deleite quando os pés de Carly são libertados das amarras. Ele se levanta, derrubando a corda no chão, Carly logo o imita.
Luka nunca fora de brigar, sempre preferindo ser o cara que separava um ringue, mas, naquele momento pouco se importou com os velhos costumes:
– Olha cara, você nos propôs uma aliança, e a partir de agora, tudo que um alguém fazer irá ecoar em todos nós. Quando você bolou essa estratégia junto com Rain, nem eu nem Carly sabíamos o que se passava. Admito que fora algo inteligente, mas...
– Eu fiz algo de errado? - Josh o interrompe - Prejudiquei alguém?
Luka suspira.
– Não, mas...
– Então acho que isso é o mais importante. Não machuquei ninguém psico ou fisicamente, não prejudiquei, nada de ruim aconteceu. Aprenda, Luka, que raramente eu tomo uma decisão errada.
Josh dá uns tapinhas no ombro rígido do garoto, e logo dá as costas, indo até Rain, que agora estava deitada no chão sem conseguir se mexer.
– Eu quero matar esse cara - Luka murmura.
– Todos queremos Luka - A voz delicada de Carly o chama de seu transe de raiva - Obrigada por se opor a minha causa.
Luka finalmente consegue sorrir.
– Sempre a seu dispor, senhorita.
–----
– Sim pessoal, amanhã será a estréia dos Jogos. Espero que cada um de vocês se lembre, dentro daquela arena, de cada matéria ensinada aqui, por mim e Kaius. - Kaya comenta - Espero que não tenhamos perdido tempo com vocês. Vocês estão liberados para o refeitório, e terão das oito as nove e meia livres, pois as luzes de todos os andares se apagarão as dez. Provavelmente não me verão amanhã, mas quero que saibam que já tenho minhas apostas. E que o melhor vença.
Alguns gritos soam, apenas da aliança mortal dos tributos 11, 2 e 10.
Luka se junta a Carly no mesmo instante.
– Com fome? - Ele pergunta.
– Na verdade sim. - Ela responde com um sorriso.
– Olá, aliados. - Josh aparece, sendo seguido por Rain.
– Oi. - Carly responde de modo azedo.
– Ah, vamos pessoal, não vamos ficar com esse clima. - Josh diz, sorrindo de modo irritante - Eu prometo nunca mais tomar decisões sem os consultar primeiro.
Luka levanta a sobrancelha esquerda.
– Promete?
– Palavra de escoteiro. - Josh levanta a mão esquerda em um sinal, os três dedos maiores voltados para cima, o polegar cobrindo o dedo mínimo, sem saber o real significado daquele gesto.
– Como se você já tivesse sido um escoteiro. - Rain revira os olhos.
– O que vale é a intenção.
Carly não pode deixar de sorrir.
–----

– Tá legal, tá legal, o que eu sou agora? - Josh pergunta em voz alta.
Ele enche a boca de comida - Batatas assadas, carne ao molho e algo parecido com arroz - e se posiciona ereto, com uma das mãos levantadas e a outra sobre a barriga.
– É sempre bom conhecer seus inimigos - Ele começa a recitar, a boca cheia de comida, a voz debochada - Tudo que um alguém fazer irá ecoar em todos nós. Eu sou um chatinho que planeja tudo antes de fazer e que não gosta de novas aventuras.
– Eu não sou Dora a Aventureira para gostar de novas aventuras. - Luka cruza os braços, enquanto Rain e Carly engasgavam de rir atrás dele - E você deveria deixar de ser tão infantil e se sentar nessa mesa para conversarmos sobre os Jogos, que, Oh, que surpresa, serão amanhã.

Josh mostra a lingua para ele e engole o resto da comida, sentando ao lado de Carly na mesa, apoiando o queixo nas mãos.
– Tudo bem careta, pode começar com seu discurso.
– Não é um discurso, são regras básicas para a sobrevivência, bombadão.
– Obrigado.
– Não foi um elogio! Argh, não importa. - Ele se vira para Rain e Carly - Ouvi rumores de que a arena será inédita. Algum palpite?
– Talvez somente água - Rain chuta - Afinal, uma vez ou outra ouve um rio nas arenas, e mesmo assim nada de especial. Snow poderia estar a fim de assistir natação mortal.
– Eu acho pouco provável que seja somente água - Diz Carly - Mas acho que fogo poderia ser algo interessante.
– Não seja ridícula. O fogo mataria todos carbonizados ou intoxicados em minutos.
Carly se ofende.
– Ui, desculpe se irritei a senhora com a minha opinião, madame Ghostsong.
– Não me chame desse jeito!
– Hey, garotas, vamos focar? - Luka se entrevem entre elas.
As duas se lançam olhares de ódio, antes de se calarem de vez.
– Eu acho que terá muitas armadilhas. Sei lá, coisas que possam parecer boas mas que sã ruins. Cavalos de Tróia.
– O que diabos é um cavalo de Tróia? - Carly e Rain perguntam.
– Gente, temos que pensar. - Luka se vira para Josh - Quando a corneta soar, o que você vai fazer?
– Correr para a cornucópia, é claro. - Ele responde de imediato - Tentar arranjar comida e armas.
– Eu vou junto - Rain declara.
– De jeito nenhum. - Josh intervém.
– Ninguém vai para a cornucópia - Luka diz, irritado - É um banho de sangue lá, um caos. Provavelmente seriamos mortos em segundos. Temos que montar um estratégia. Assim que as cornetas soarem, temos que fugir o máximo possivel para longe dela. Voltamos quando as coisas acalmarem-se, para podermos ver se alguém terá tomado posse dela ou algo parecido. Todos de acordo?
Os três gemem em concordância.
– Ótimo - Luka sorri.
–----

Luka segura a porta do elevador para Carly passar. Ela se encosta na parede, o observando.
– Está com medo? - Luka pergunta, depois de um tempo.
– Estou em pânico. - Ela responde, fitando os pés.
– Eu prometo que não deixarei nada te machucar. Tudo bem?
Carly sorri.
– Por que está fazendo isso? - Ela pergunta.
– Isso o quê?
– Prometendo que irá cuidar de mim, se importando comigo.
– Carly - Luka bufa - Nunca mais conseguiria dormir caso algo acontecesse a você. Você é tão meiga e pura, que te imaginar em um lugar como aquele me dá repulsa. Acho que é apenas nesse ponto que fico feliz em ter sido escolhido. Talvez seja esse o motivo. Evitar que algo de aconteça. Morrer me sacrificando em seu nome.
As mãos de Carly voam a boca.
– Nunca mais repita isso, ouviu? Ela diz, apavorada - Você não vai morrer! Ou melhor, você não vai se sacrificar por minha causa, Luka!
Luka percebe que a garota está a beira de uma crise de lágrimas.
– Tudo bem, Carly. - Ele dá de ombros - Ninguém morre e fim.
A garota se aproxima e o abraça de forma desajeitada, sugando seu calor, tentando se sentir segura. Luka cora de início, mas logo a envolve também, sem dizer nada.
Depois de um tempo ela ergue a cabeça e beija seu rosto.
– Boa noite, Luka.
Ela passa pela porta do elevador, e ela se fecha com um plim.
–----


Todos eles acordam as 7:00hrs da manhã. Se encontram no café da manhã e repassam planos e informações, planejando, bolando - O clima tenso pairando sobre eles como uma nuvem tempestuosa.
Carly come tudo o que consegue, aproveitando o quanto pode.
Já Luka nem consegue comer direito.
Todos eles vestem o mesmo tipo de roupa: Malha preta elástica e impermeável, luvas de couro, botas de chuva.
Nenhuma informação fora passada a eles. Quando prontos, são escoltados por pacificadores por corredores desconhecidos, descendo e subindo escadas, até finalmente chegarem cada um a uma sala. Cada representante - Effie, Nyah, Charlotte e Lea - está os esperando a frente do tubo transparente onde eles tem que se posicionar.
Após algumas palavras, todos eles estão dentro dos tubos, ouvindo a contagem regressiva, mergulhando na escuridão enquanto o tubo se projeta para cima, sua última visão sendo o aceno de suas representantes.

"Sejam bem vindos 76° Edição dos Jogos Vorazes!", a voz diz.

Carly corre os olhos em volta, tentando encontrar um rosto conhecido, qualquer um.

[...]


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