76° Edição dos Jogos Vorazes escrita por Mad


Capítulo 4
Ingresse-a em Seus Planos


Notas iniciais do capítulo

Precisei reservar esse capítulo apenas para informações precisas sobre os próximos Caps.
Aqui estarão detalhes justificativos de várias situações adiante, então preste atenção.



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Josh estava muito nervoso. Imagens de tudo o que ele já tinha feito de errado na vida - Ter roubado um pedaço de carne do comércio do Distrito 7, xingado Snow publicamente, roubar alguns docinhos da mesa antes da hora do jantar um dia atrás, no trem - passam por seus olhos como um filme. Afinal, algo de ruim deveria ter acontecido, pois ele fora o único a ser chamado entre os tributos. Todos estavam na sala de treinamento, aprendendo a fazer fogo com apenas dois galhos de árvore com o segundo tutor, Kaius Delluke, quando Kaya Storm chamou-o pelo nome, indicando-o para segui-la.

Agora eles estavam seguindo por um corredor mal iluminado em direção a uma porta grande de madeira maciça, de onde Josh poderia ouvir um burburinho.

Kaya, sem hesitar, abre-a, revelando uma sala ampla e elegante, com móveis de madeira fina, paredes em um tecido de cor verde musgo. No centro da sala havia uma mesa comprida, em seu centro um vaso de flores entupido de rosas brancas e perfumadas. O perfume era insuportavelmente doce, provocando uma sensação de desconforto no garoto.

Josh observou os rostos das pessoas que se encontravam sentadas na mesa, uma por uma, reconhecendo alguns.

Charlotte Grey, representante do Distrito 8. Nyah, mordendo o lábio inferior, nervosa, estava sentada ao seu lado. Um homem alto e magrelo, de cabelos verdes e olhos negros, Mario Saunders, produtor dos Jogos. E por fim, sentado na cabeceira da mesa, observando Josh com um olhar réptil e venenoso, se encontrava nada mais nada menos que Snow, o Presidente de Panem.

Ele sorri para um Josh apavorado, gesticulando para a cadeira da cabeceira vazia logo à frente do garoto.

– Sente-se, Josh Cellar. Precisamos conversar.

–----

Rain estava com sérias dificuldades para conseguir fazer fogo. Os gravetos pareciam ser pequenos demais, finos demais, diferentes dos gravetos que ela encontrava na floresta do Distrito 9. Ela esfrega com força os gravetos, em cima e embaixo, sem parar, soltando um urro de frustração quando sua tentativa é falha. Carly já havia conseguido acender duas pequenas chamas, que se apagaram com o tempo. Ao ver Rain se irritar, se aproxima, hesitante, e põe suas mãos delicadas e rosadas sobre as mãos morenas da garota, que se assusta com o toque repentino. Carly encara os olhos grandes cinzas e gelados da garota, tentando dar um sorriso amigável.

– Tente posicionar assim. - Ela diz, arrumando as posições dos gravetos nas mãos de Rain.

Rain cora um pouco, mas sorri, agradecida. Ela esfrega os pedaços de madeira naquela posição, e uma pequena faísca se forma. Ela sorri, triunfante, enquanto Carly bate palminhas animadas.

Elas se observam por um longo momento, sem dizer nada, até que Carly, com o coração batendo forte, oferece a mão para ela.

– Carly. - Ela diz, esperando.

Rain observa a mão rosada por alguns instantes, antes de aperta-la, formando uma união de mãos rosadas e cafés com leite.

Carly morde o lábio inferior por alguns instantes, decidindo se faria ou não, com medo de que Rain esnobasse sua oferta. Mas por fim pergunta:

– Aliadas?

Rain observa o resto da sala, surpresa pela oferta que lhe fora concedida. Ela escreve mentalmente suas opções, e uma luz - Pequena e fraca - se acende dentro da garota. Seu cérebro chacoalha em um plano, uma esperança: Sobreviver.

Talvez ela pudesse ganhar. Talvez os anos que sobreviveu na floresta com Winter lhe dessem uma vantagem em sobrevivência. Ela precisava de uma tática de jogo, uma estratégia. Ela não tinha absolutamente nenhuma dúvida ao apertar a mão rosada de Carly Doug e responder:

– Aliadas.

–----

– Olha, eu não sei o que vocês acham que eu fiz, mas é mentira. - Josh justifica, sentando-se na cadeira acolchoada, sob o olhar absorto de Snow.

– Não se preocupe, Cellar. Você não fez nada. Ainda. - Ele sorri de forma perigosa.

– E eu farei? - Ele pergunta, abismado.

Nyah começa falando, a voz familiar de sua representante tirando um pouco da tensão do ar.

– Snow está com um problema, Josh. Ou melhor... Uma missão. - Ela fala, visivelmente nervosa - Ele observou cada tributo e suas características, e você foi o escolhido.

Um silencio profundo inunda o lugar.

Josh tosse algumas vezes, sentido como se alguém estivesse espetando uma faca dentro de seu estômago.

– Eu fui escolhido. Tudo bem. Mas, fui escolhido para o que, exatamente?

Charlotte Grey, com seu sorrisinho rotineiro, expelindo rosa-choque e purpurina, encara-o com um olhar estranhamente insano, e produz a frase motivo dele nunca mais conseguir dormir direito desse dia em diante.

– Você foi escolhido para morrer, é claro.

–-----

– ... E então - Kaius Delluke continua - Vocês passarão o fio solto por cima do pequeno nó, correndo os dedos pelo segundo nó e encaixando sobre o talho do terceiro.

Luka morde o lábio com intensidade, mordendo-o com mais força de acordo que sua paciência vai se esvaindo. Ele tenta, mas o nó simplesmente não coopera. Por fim, quando ele sente o gosto de sangue de seu lábio cortado, ele desiste, largando a corda deficiente em cima da banqueta e indo se sentar no canto, ignorando o olhar reprovador do tutor.

Ele se senta e encosta a cabeça na parede, fechando os olhos, e por mais incrivel que pareça, o garoto pega no sono.

–----

– Vamos, Charlotte - Snow quebra o silêncio - Não seja assim tão direta.

– Ma-Mas... Mas eu não, eu nunca, eu... - Josh balbucia.

– Na verdade, Charlotte Grey - Nyah interrompe o tributo, visivelmente a ponto de explodir - Eu, Snow e Mario conversamos antes de você ter convocada para a reunião. Haverá uma surpresinha na 76° edição dos Jogos.

– Mais uma surpresinha? - Charlotte pergunta, em tom de deboche - Seneca Crane também pensara que fora apenas uma surpresinha, e acabara morto. Assim como o traidor do Plutarch.

– Não reviva os mortos, Charlotte - A voz suave e aterrorizadora de Mario Saunders pronuncia - Senenca Crane e Plutarch Heavensbee estão no inferno que lhes é merecido agora. Deixe-os lá.

Josh não se contém. Ele odiava aquilo, odiava ouvir todos falarem e não fazer a mínima noção do que se tratava, como se estivessem falando outra lingua. Ele percebe que sua mão em punho bate com força na mesa, fazendo o vaso de rosas tremer, e todos se calarem. Nyah lança um olhar assustado, e Snow parece se divertir com o pânico do garoto.

– Dá pra alguém me dizer o que diabos está acontecendo? - Ele grita.

Snow solta uma risada divertida.

– Sim, Josh, iremos te explicar. Você conhece Carly Doug, do distrito 8? - Ele pergunta, serenamente.

– Sim, conheço ela, mas não entendo o que ela tem a ver com minha morte.

– Bem, ela não tem nada a ver com sua morte. Mas sim com sua sobrevivência. Pois, sua missão - Ele diz, elevando a voz - é mantê-la viva.

– Mas porq...

– Eu ainda não terminei, senhor Cellar. - Ele diz, em tom duro - Continuando, não quero perguntas, e nenhum tipo de fofoca para ninguém. Você simplesmente terá que deixa-la respirando até sobrarem apenas vocês dois. Você é um rapaz forte, bonito e acredito que bastante inteligente para cumprir o que lhe é imposto. Vocês precisam de patrocinadores. Claro, enviarei quantas dádivas forem precisas, mas seria estranho vocês estarem recebendo tantas surpresas sem serem os queridinhos da Capital, não é mesmo?

Josh concorda com a cabeça, afinal, fazia sentido.

– A entrevista com Caesar reúne todos os moradores de Panem em frente as telas. Lá você passará a impressão mais importante: A primeira. É a que fica, e a que poderá salvar sua vida dentro daquela maldita arena. - Ele lhe lança um olhar surpreendentemente concentrado - Me responda Josh. De todas as edições dos Jogos Vorazes até hoje, qual foi a estratégia de Jogo que mais rendeu história? A que mais rendeu patrocinadores e devotos?

Josh engole em seco.

– A estratégia de... Casal Apaixonado.

Snow sorri em deleite.

– Exatamente. E agora vocês repassarão essa mesma história - Um riso - Mas espero que sem a rebelião, é claro. Então eu acho que você sabe o que eu quero. Não é mesmo?
Josh tosse, sentindo uma vertigem forte abater-lhe.
– Você quer que... Nós sejamos o novo casal apaixonado de Panem.
– Sim, sim. Quero que vocês ganhem a preferência do público. E além disso, será maravilhoso para poder levantar a moral da Capital. Poderemos mostrar como não é qualquer dupla de pivetes acanhados que poderão destruir o governo. Poderemos mostrar como cada tributo está comendo na palma na minha mão.
O presidente sorri, dando um longo gole em sua bebida.
–----

Luka sente um cutucão na bochecha. Ele se levanta alarmado, com um grito preso na garganta. Rain dá alguns passos para trás, assustada com a reação do garoto esbarrando em Carly.
Luka esfrega o rosto e observa em volta. A sala de treinamento estava vazia, apenas eles estavam ali.
– Onde está todo mundo? – Ele pergunta, atônito.
– Acabaram de sair. – Carly responde.
– Kaius nos permitiu ficar para acordar você. Afinal, agora estamos indo para a entrevista com Caesar.
– Eu realmente acho que ele não notaria minha ausência. – Luka brinca.
Rain e Carly sorriem em uníssono, se encarando. Elas se lançam olhares com significados que Luka não conseguiu compreender, sentindo um nó se formar em seu cérebro.
– Por que você estão se olhando desse jeito? – Ele pergunta.
– Por que... – Carly começa.
– Você saberá em breve – Rain a interrompe, lançando um olhar reprovador para Carly, que cora – Mas, por ora, gostaria de descobrir como você consegue dormir sentado, sabendo que poderá morrer daqui há dois dias dentro de uma sala com cujas pessoas podem ser o significado de sua morte.
– Eu só penso em casa. – Luke responde, de imediato.

Rain não consegue responder. Carly está prestes a quebrar o silêncio quando a porta de entrada se abre novamente. Todos eles pensam que Kaius, com seus longos cabelos loiros de dar inveja em qualquer garota, entraria e começaria a xinga-los com suas palavras alternativas e seu soque da Capital, mas quem aparece, com o rosto em uma expressão assustada, os ombros caídos e as mãos tremendo, é nada mais que Josh Cellar.
Rain expira, aliviada.

– Ufa, pensei que fosse...
Antes de terminar a frase, o garoto desaba no chão, desacordado.
–----

– Eu não sei como fazer isso. Nós nem nos conhecemos direito. Não posso simplesmente chegar lá e dizer que eu estou apaixonada por ela.
– Na verdade, caro Josh, pode sim. – Charlotte se mete.
– Mas...
– Vamos, Josh. Sem mais “mas”. Você está recebendo uma oferta de ouro. Sua vida está em minhas mãos. – Snow diz, sorrindo.
– E-E se ela não quiser fazer aliança comigo? – Ele pergunta, tentando não entrar em pânico com “Sua vida está em minhas mãos”.
– Acredite, ela vai querer. – Snow fala, com uma certeza suspeita.

Josh passara a noite anterior as claras. Pensando, bolando, fabricando uma estratégia. Até aquele minuto ele já tinha decidido quem gostaria de ter como aliados. Bem, na verdade ele não gostaria de ter nenhum, mas Nyah pedira com tanta convicção que ele acabara cedendo.
O garoto observara todos durante o treinamento anterior, e ficara fascinado com os dons de duas pessoas: Rain Ghostsong e Luka Venomania.
O jeito que ambos seguravam o cabo de suas respectivas armas – Uma foice e uma Katana – era incrível, a lucidez de seus movimentos graciosos com aqueles objetos aparentemente pesados e difíceis de manusear, cortando alvos no meio como se fossem de papel. Ele percebera que poderiam ser boas companhias para se ter dentro da arena. Claro, não eram musculosos e intimidadores como alguns outros tributos, mas pareciam ser tão experientes...
Agora, Carly Doug? Ele nunca pensara em convidá-la.
Era uma moça bonita, inteligente e graciosa, mas sua melhor habilidade fora a camuflagem com tintas, e ele realmente achava que aquilo não faria muita diferença na hora da luta pela sobrevivência.
– Eu já tinha planos. Já tinha estratégias e...
– Não me importa se você já tinha ou tem planos, caro Josh Cellar. Pode continuar com eles. Apenas ingresse Carly Doug nos mesmos, mantenha-a viva, e continue respirando.
O garoto concorda com a cabeça. Snow sorri.
– Ótimo. Agora vamos, você está liberado.
Josh se levanta, se apoiando na cadeira para se erguer. Ele abre a porta, e começa a sair, sem olhar para trás.
– A propósito, Josh. – Snow o chama.
– Sim? – Ele responde sem se virar, suas palavras soam abafadas.
– Fiquei sabendo do furto dos doces de ontem à noite.

Josh balança a cabeça, e segue pelo corredor mal iluminado até dobrar a esquerda e ir até o final, onde se encontrava a sala de treinamento. Lá ele não conseguiu mais; Desabou no chão, sentindo aquela tensão terrível amassa-lo.
Ele se sente à deriva dentro de sua mente, ouvindo ruídos abafados em volta, vozes e passos.
Quando ele finalmente consegue se agarrar ao fio de sua consciência, despertando, percebe que sua cabeça está deitada no colo de alguém. Ao olhar para cima ele encontra um par de olhos cinzentos, com um brilho prateado, que se suavizam em alívio ao encontrarem os dele.
– Ah, ele está bem! – Ela anuncia em voz alta.
Josh se senta, se sentindo mais tonto que antes.
– Mas que diabos aconteceu? – Rain pergunta.
– Nada. – Ele responde, curto e grosso.
– Olha – Uma voz masculina soa – Você saiu no meio do treinamento escoltado por Kaya Storm, e não voltou mais. E agora chega, e desmaia, do nada. Além disso você está pálido como papel, e suas mãos não param de tremer.
Josh cerra os punhos para tentar conter os tremores.
– É, há algo de errado. – Carly diz, atrás de todos.
Josh a encara, uma figura alta e graciosa, com seus cachos ruivos presos em um rabo de cavalo, com o uniforme de malha idêntico ao de todos os outros tributos, seus olhos azuis como lanternas azuis.
– Eu tenho que... – Ele se pega falando, e se interrompe. Uma hora ou outra ele precisaria propor aquela oferta, então que seja – Eu... Na verdade... Estava pensando na possibilidade de... Vocês – Ele encara Carly – Todos vocês... Serem meus aliados na arena.
Um silêncio corroí o lugar.
Josh se levanta, e espera, mas ninguém se pronuncia. Ele já está cogitando dar as costas e sair, quando Luka fala:
– Eu topo. – E dá de ombros.
Carly e Rain se encaram com incerteza. Afinal, eram aliadas, deveriam tomar decisões juntas.
– Acho que falo por nós duas – Carly diz – Quando digo que aceito.
Josh fica surpreso com a resposta.
“Acredite, ela vai querer”.
O garoto deixa transparecer o alívio por meio de um sorriso.
– Ótimo. Então... Devo começar a chamar vocês de parceiros?
– Não force a barra. – Rain responde, com um sorriso.

Juntos eles saem da sala, rumo ao estrelato.

Entram juntos no elevador, em silêncio. Estavam no décimo terceiro andar do prédio, de forma que cada um fora despachado em seu andar por ordem decrescente de acordo com o número do distrito. Primeiro saíra Luka, com um aceno, logo após Rain, e por fim ficaram apenas Carly e Josh no recinto.
O elevador para no 8° andar com um “plim” e Carly começa a sair. Ela se para de repente, lançando um olhar curioso para um Josh nervoso, dizendo:
– Não pense que conseguiu me enrolar. Ainda quero saber o que aconteceu.
Por fim ela dá as costas ao garoto, as portas do elevador se fechando e deixando Josh sozinho para pensar.



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