76° Edição dos Jogos Vorazes escrita por Mad


Capítulo 19
Você Consegue Qualquer Coisa


Notas iniciais do capítulo

É pessoal... Desculpe a demora do capítulo, é que eu... Tive muito trabalho para faze-lo.
Espero que tenha valido a pena.



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– Vocês são loucos! - Josh ri alto, desistindo de ficar irritado quando os dois saem de trás do sofá algumas horas mais tarde.
– Bem, ela é, eu não. - Lion aponta para Carly.
Josh sente uma facada no coração. Aquele garoto lembrava-o muito Luka. Escolhe por se manter calado.
– Sério, desculpem-me, mas ficar com esse chato dentro daquele quarto o dia inteiro só jogando xadrez estava me deixando insana. Preferia até reviver aquele casamento de horrores, que foi mil vezes mais divertido.
– Não foi divertido. Ele vomitou no meu terno. - Lion diz, apontando para Josh.
– Olha, eu acho melhor você... - Josh trinca os dentes.
– Carly. - Rain seguro a mão da garota - Eu preciso falar com você.

Carly pensa em negar, mas assim que encontra o olhar esmeralda da garota, segue-a, saindo da sala e entrando em um corredor.
Rain observa em volta, e assim que tem certeza de que estão sozinhas, começa a disparar as palavras como uma metralhadora.
– Escute, eu... Eu beijei Josh. Eu estou me sentindo culpada, estou me sentindo horrível, pois sei o quanto você gosta dele, e acho que nunca mais vou conseguir olhar em seu rosto da mesma forma, pois me sinto uma traidora, sinto como se eu tivesse te apunhalado pelas costas, me desculpe, me desculpe mesmo eu... - Suas palavras falham com o desespero.
Carly pisca algumas vezes.
– Você está me pendido desculpas por... Beijar o Josh?
– É, eu acho que sim...
– Está me pendido desculpas por amá-lo? Por correr atrás da sua felicidade, é por isso que você está se desculpando?
– Não acho que Josh seja minha felici...
– Bem, eu só não acho como tenho certeza. E quer saber, Rain? Josh também ama você. E, para falar a verdade, me sinto ofendida com seu pedido de perdão. Sinto como se eu fosse a bruxa má que está tentando acabar com o romance dos mocinhos.
– Mas você o ama. - Rain não entende.
– Eu não... Eu não AMO ele. Eu só tinha uma quedinha boba - A garota engasga com as palavras Diferente do que vocês sentem um pelo outro.
– Carly... Não precisa fazer isso.
– O que? Não interferir em um lindo romance? - Ela sorri, com sinceridade - Não estou fazendo nada demais.
– Obrigada Carly.
– Abraço? - A garota abre os braços.
Ambas se abraçam, profunda e continuamente.
Carly a afasta depois de um tempo.
– Vamos, você tem um discurso para decorar.

Voltando a sala, Josh segurava o papel onde estava seu discurso em mãos, recitando em voz alta:
– ... Por fim, todos sabemos que devemos nossas vidas a esse homem, justo, nobre e incrivelmente piedoso. Viva o Snow... Mas que merda é essa?!
– Acho que esse é o seu castigo, Cellar. - Lion ri.
Josh se senta no sofá, sentindo-se perdido.
– Uau, pensamos em ficar atrás do sofá até o distrito 2, mas agora vejo que seria impossível não rir com tudo isso. - Carly cruza as pernas e se senta em uma poltrona.
– Tenho até medo de abrir o meu. - Rain diz, abrindo seu envelope lentamente.
–----

– Certeza absoluta, Saunders? - Snow fuzila o organizador dos jogos.
– Absoluta, eu mesma a vi entrar em seu dormitório - Saunders se refere a Carly - Está tudo pronto, os explosivos apenas esperando seu mandar.
– Onde eles se encontram agora? - Snow come a azeitona que estava fincada em um palito dentro de seu drinque.
Mario observa o mapa holográfico que se projetava na mesa em sua frente. Um pontinho vermelho indicava que eles estavam atravessando a divisão entre a Capital e entrando nos bosques que antecediam o Distrito 1.
– Antes do Distrito 1, senhor. - Mario diz, tenso.
– O que você acha? Deixo-o discursar uma única vez?
– Acho que essa é mais uma oportunidade para um discurso rebelde. Não vejo o porquê esperarmos por este.
Snow sorri de maneira homicida.
– Ótimo.

Ele segura firme o aparelho redondo que possuía um botão vermelho no centro.
–----

– Não vou conseguir fazer isso. Sabe, todas essas palavras mais o número de pessoas gera um resultado ímpar, e no momento só aceito pares.
– Uou, termos matemáticos. - Josh ri e se joga no sofá ao lado de Rain, passando os braços por seus ombros.
Rain cora e encara Carly.
Carly sorri.
Por fim, Rain deita no peito de Josh.
Lion sorri para Carly, que repousa sua cabeça em seu ombro.
Tudo tão calmo. Tão perfeito.
O dia nublado enfeitando as janelas em uma mistura de cinza com o verde das árvores, o único som sendo produzido pelo próprio trem, enquanto voava pelos trilhos.
Quisera tudo poder ficar calmo daquela forma.
Quisera poderem ter tido um final feliz.
Mas naquele momento, a explosão finalmente acontece.

O trem tem os dois vagões da extremidade explodidos.
Ambos estavam no sétimo vagão em um trem de doze compartimentos.
As rodas saem dos trilhos, entrando na floresta, esmagando árvores e sendo esmagados por elas.
O vagão onde eles estavam se solta do restante, capotando cinco vezes. As janelas são quebradas, de forma que um deles é atirado para fora, aterrissando entre as folhagens e ferragens.
Escuro.
–----

Rain abre os olhos, e a familiar dor a domina de forma excruciante.
Ao se sentar, sente o mundo perder o chão.
Um pânico dentro do estômago.
Seu braço direito estava visivelmente retorcido em um ângulo estranho, quebrado.
Rain estava em uma vão entre o sofá azul inclinado e a parede.
Ela engatinha para sair dali, e vê um par de pernas pálidas e compridas, saindo por baixo de um monte de móveis.
– CARLY! - Rain grita e cambaleia até a garota.
As pernas se mexem.
– Estou presa.
O som da voz as garota é inexplicavelmente aliviante.
– Carly, você está bem?
– Sim, mas minha cabeça dói.
– Eu vou te tirar daí. Espere um pouco.

Rain usa toda a força que seu corpo possuía em apenas um braço, retirando uma poltrona e uma estante rústica de cima da garota, liberando-a do esmagamento.
Carly estava com os olhos cheios de lágrimas, o lábio inferior cortado e o olho esquerdo ficando roxo.
– Rain! -Carly grita.
Corre e a abraça, demoradamente.
– O que aconteceu? O que aconteceu?!
– Eu não sei... - Rain sente que é impossível se mexer.
Carly se afasta e encara o rosto dela.
– Está sangrando. - Carly limpa o sangue que escorria da testa de Rain com o polegar.
– Precisamos encontra-los.
Carly olha em volta.
– JOSH! - Rain começa, os soluços escapando de sua garganta, produzindo espasmos dolorosos em seu peito - JOSH!
– LION! - Carly começa a revirar o vagão destruído - LION, ONDE VOCÊ ESTÁ?!
– Carly... - A voz grossa diz, quase que inaudível.
– Lion?! - Carly não sabe de onde a voz vem.
– A... Janela... - Lion diz, engasgando.
Rain grita.
Lion estava preso entre as ferragens e os vidros quebrados da janela.
Um caco de vidro de mais ou menos o tamanho do braço de Rain está cravado em sua perna.
Sua camiseta está presa em uma ferragem, pendendo-o no ar.
– Ah, meu Deus! - Carly sente que vai desmaiar.
– Lion! Eu... Vou te tirar daí já, espere um pouco!
Rain corre até a poltrona que retirara de cima de Carly. A garota permanecia parada, em choque.
– Dá pra ajudar aqui?! - Rain grita, com fúria.
Sem dizer nada, Carly arrasta a cadeira até o ponto abaixo de Lion, que parecia preso entre a inconsciência e o mundo real.
– Deixe que eu faço isso. - Carly diz, subindo na poltrona.
Ela acaricia o rosto ensanguentado de Lion, antes de segura-lo pelo colarinho da camiseta e puxá-lo. Sua camiseta rasga, e ele cai por cima de Carly, caindo no chão. O caco de vidro em sua perna é empurrado, afundando ainda mais em sua perna.
Lion produz um som engasgado, agoniante.
– Lion! - Carly o vira de barriga para cima, acariciando seu rosto.
– Minha perna... - Ele murmura.
– Eu sei, mas olhe, olhe para mim, por favor, fique bem, vai ficar tudo okay, você vai ficar bem...
Lion concorda brevemente com a cabeça.
Rain hesita.
– Ele não pode caminhar. Mas.. Eu preciso encontrar...
– Josh. Sim, claro, pelo amor de Deus, veja onde ele está, Rain. Eu vou ficar com Lion.
Rain não espera, simplesmente começa a revirar o lugar desesperadamente.
– JOSH! - Ela gritava, as lágrimas queimando em seus olhos.
– Veja lá fora! - Carly grita, observando a perna de Lion.

Rain escala alguns móveis em uma pilha e salta para fora do trem.
Era um holocausto, ruínas do que alguns segundos atrás era um belo trem.
Fogo crepitava ali perto, eles estavam em uma clareira gigante no meio das árvores.
– Josh... - Rain sente os joelhos cederem, e cai ajoelhada no solo de terra - Josh...
Um arfar. Um gemido de dor.
São suficientes para Rain reconhecer.
– JOSH?

Josh não conseguia falar. Só conseguia produzir sons agonizantes que escapavam do fundo de suas entranhas.
Metade de seu corpo, da cintura para baixo, estava enterrado sobre ferragens retorcidas de um vagão destroçado.
Mas a dor vinha do seu abdomem: Queimante, se apossando degradadamente por seu corpo.
Ao levantar a cabeça, percebe-se que um pedaço de ferro contorcido e enferrujado estava enterrado na base esquerda de sua barriga.
Em alguns minutos de pânico, ele não conseguia enxergar nada, somente o escuro. Mas aos poucos sua visão foi se abrindo, e agora ele poderia enxergar o céu cinza acima dele.
Pingos de chuva lambiam seu rosto, e ele fecha os olhos.
– Josh! - O grito é desesperado.
Demora um tempo, mas ele simplesmente consegue abrir os olhos.
O rosto de Rain interfere os pingos dágua a caírem em seu rosto. Os cabelos castanhos como uma cortina escura em sua volta.
– Rain... - Ele murmura.
– Ah, meu Deus, Josh. Josh, olhe para mim. Não se mexa. Não se mexa, eu vou... Vou puxar isso...
– Não, não, não! - Ele implora.
Rain segura o pedaço do trem com as duas mãos e o puxa com força.
Alguns centímetros saem de dentro do corpo do garoto, espirrando sangue para todos os lados.
Rain percebe que não poderia arranca-lo, ou causaria uma hemorragia no garoto, sendo que provavelmente vários órgãos sueus já estavam rompidos.
Josh solta um ruído agonizante e desesperado, fazendo um soluço escapar da garganta de Rain, que se aproxima e levanta a cabeça de Josh levemente, para pousar em seu colo.
– Josh, por favor, Josh, eu não posso viver sem você... - As lágrimas de misturam aos pingos de chuva que já haviam encharcado suas roupas rasgadas.
O rosto cheio de fuligem de Josh consegue formar um sorriso.
– Consegue sim... Você consegue qualquer coisa...
– Josh, olhe para mim! OLHE PARA MIM! - Rain segura o rosto do garoto, fazendo seus olhos encontrarem os seus - Você não pode me deixar! NÃO PODE!
– Nunca fui muito... Fã de regras... - Uma mistura de gemido de riso escapa de sua garganta, mas aos poucos sua expressão se torna séria e dolorida - Rain, eu amo você... Eu amo muito você... Está bem? Eu só quero que você... Me prometa uma coisa...
– Josh, não fale isso, por favor, você vai ficar bem...
– Prometa que vai... Virar... O que você sempre sonhou, que vai buscar seus sonhos e...
– Josh, pare...
– Prometa. Por favor.
– E-Eu prometo, Josh, mas...
– Diga a Carly... Que eu a amo também. Ela é como uma irmãzinha. - Josh fita o céu escuro -Eu... Diga a ela que Lion... É um bom garoto. E... Quero que vocês me perdoem... Por tudo o que eu já fiz... Ou já disse... Tudo bem?
– Tudo bem Josh. Você não tem que se desculpar por nada. Eu te amo. Eu te amo. - A garota beija o menino desesperadamente.
– Agora eu posso... Ir. Ir em paz.
– Josh, não, Josh...

Os olhos castanhos de Josh encontram a primeira estrela que aparece no céu. E por lá eles ficam, até perderem o foco.
– JOSH! - Rain desaba sobre seu corpo.
A chuva parece aumentar de intensidade quando Josh perde aquela faísca, a faísca da vida, deixando-o imóvel.
Morto.
Rain fecha os olhos sobre o peito do amado, sentindo aquela dor terrível consumi-la aos poucos.
Tudo do que se lembra é de ter fechado os olhos castanhos, pois assim, Josh aparentava apenas estar dormindo.


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