76° Edição dos Jogos Vorazes escrita por Mad


Capítulo 16
Eu Queria Beijar Rain... E Carly Também




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– Fico surpresa que ainda não tenha desconfiado de nada. – Carly murmura, infeliz.

Ambos, Josh e Carly, estavam sentados em um banco dentro de um salão gigante, onde pessoas corriam para lá e para cá, de vez em quando alguma entidade corria em sua direção para depositar uma camada de pó de arroz em seus rostos ou arrumar detalhes invisíveis nos trajes dos dois.
E que trajes.
Josh não fazia a menor ideia do porquê estava usando aquilo. Um terno de aparência caríssima, sapatos sociais, uma flor branca e fedendo a Snow na lapela do paletó.
Já Carly...
Seu vestido era longo – de forma que seus pés ficavam invisíveis – e laranja, uma das cores de sua flor favorita, a tulipa. Claro que ele nunca dissera aquilo para ninguém.
Seu rosto possuía maquiagem: Detalhes nos olhos em tons de amarelo e laranja, o batom amarelado e bijuterias simples.
Josh tinha certeza de que ela sabia o que eles estavam fazendo ali, mas a garota se negava a falar. Ela parecia estranhamente abalada, uma vez ou outra seus olhos pareciam marejar.
– Só... Só quero que você me prometa uma coisa, tudo bem? – Ela se pega falando.
– O quê? – Josh responde, confuso com seu tom melancólico.
– Que vai manter a calma quando...
– Carly! Josh! – A voz familiar chama.

Logo uma Rain atrapalhada está correndo na direção deles, tropeçando nos próprios pés. A garota também passara por uma tortura embelezadora: Seu vestido azul é curto e justo, marcando bem suas voltas, o batom rosa púrpura, seus olhos enfeitados like a Capital.
Josh ri quando Rain quase leva um tombo, ao torcer os pés. Afinal, Rain nunca usara salto-alto na vida até uma vez atrás, e sete seis centímetros amais não era algo confortável.
Somente naquele momento Josh se lembra de que Rain deveria ter uma cicatriz no rosto, a cicatriz que ganhara na luta com o garoto maníaco Carl, do distrito 10. Provavelmente os médicos haviam conseguido curá-la. O que era uma pena, segundo Josh.
– Isso, ria, seu idiota. – Rain finalmente consegue sentar ao lado dos dois.
– Já estou fazendo isso, princesinha. – Ele retruca, com sarcasmo.
Carly continua calada.
– O que há com ela? – Rain sussurra.
– Eu não sei. Eu acho que isso – Josh gesticula em volta – Tem a ver com ela.
– Não consigo imaginar um motivo para tudo...

Rain congela.
Seguindo seu olhar, ele vê. Snow, sorrindo para as abelhas que zuniam para lá e para cá, usando um elegante terno azul-escuro. Ele seguia reto na sua direção.
Carly se levanta em um pulo, como se tivesse levado um choque.
– Oi vô. – Ela diz, quase formalmente.
– Shiu, querida. Agora sou apenas Snow. – Ele sorri, e depois volta sua atenção para os dois outros tributos – Rain Ghostsong. Está magnífica.
– Obrigada, Presidente Snow. – Rain diz, rígida.
– Para você é só Snow. – Por fim ele volta-se para Josh – E você, me caro, espero que haja de acordo com a ética. Estaremos ao vivo para Panem, e discordâncias não farão bem a ninguém. Principalmente a você.
Josh encara-o, confuso.
– Pois bem, vamos indo, querida. Já é hora. – Snow se vira para Carly, que entrelaça o braço com o seu, e é guiada para longe.
– Josh! – Nyah chama.
Josh Se vira, para encará-la.
– Acho que já recebeu o recado. Não importa o que estiver lá fora, mantenha a postura. Tudo bem?
– Tudo bem, mas.. – Josh se sentia nervoso.
– E você, garota do lobo, venha conosco. – Nyah empurra Josh para frente, eles dobram corredores, sobem escadas e por fim, veem a luz do dia.
– Mas o que...

Josh consegue ouvir as milhões de pessoas antes mesmo de vê-las. Gritando seu nome, o de Rain.
Ele finalmente descobre onde está: Na praça central da Capital.
Nyah continua empurrando-o, e ele não tem opção se não continuar andando.

O evento reunia a população inteira da Capital.
Um palco comprido fora erguido no centro da praça, onde em uma de suas pontas se encontrava um altar, rodeado de flores e tecidos vermelho, branco e laranja, pétalas de flores revestiam o chão.
No palco, não haviam cadeiras; A intenção era todos ficarem de pé.
Em um lado do altar, se encontrava o homem que Josh já tinha visto uma vez, e que demorou um pouco para lembrar. Prefeito Gregory, suposto pai de Carly. Estava sozinho, os braços para trás do corpo, como se em posição de sentido.
Nyah posiciona Josh e Rain no lado oposto ao de Gregory, tão juntos que o menor dos movimentos gerava contato físico.
Um padre sorria e acenava para a população gritante que se encontrava em torno do palco, e em sua frente, havia um garoto sorridente.
Josh nunca tivera o visto. Tinha cabelos e olhos escuros, o rosto elegante e confiante. Usava um terno preto, e em sua lapela, ah, lá estava uma tulipa laranja.
Josh percebeu naquele momento que havia algo errado.
– O que está acontecendo? – Ele sussurra para Rain, mas se obriga a sorrir quando a câmera fita seu rosto, que aparece no telão em cima deles.
– Quisera eu saber, idiota. – Ela responde em meio a um falso sorriso.

O hino de Panem interrompe os gritos, e, aparecendo na sacada da construção presidencial, aparece Snow, com seu sorriso seguro e arrogante, segurando uma taça de vinho.
– Então, queridos da Capital e cada morador dos distritos, que está assistindo esse evento tão esperado nos telões de suas praças, lhes desejo, primeiramente, um bom final de tarde. Aproveito para agradecer a noiva, por ter nos dado a honra de planejar seu casamento e ao noivo sortudo, Lion James.

A câmera foca o rosto do garoto, que sorri timidamente. Não é que o babaca tinha charme?

– Então, sem mais deveras, vamos dar início ao casamento do ano em Panem!

Uma música desconhecida soa dos alto-falantes da praça, e lá do extremidade oposta do palco, uma nuvem de névoa é lançada, junto com um chafariz de cores. A noiva subia ao palco, segurando um buque de rosas falsamente amarelas, seu sorriso charmoso causando inveja em qualquer capitalista.
Seria tudo lindo e maravilhoso.
Se a noiva não fosse Carly.
–----

– Josh. – Rain diz, cravando as unhas no braço do garoto – Josh.

Josh ofegava como se tivesse corrido quinze quilômetros seguidos. Suor escorria de sua testa, seu rosto era uma mistura de incredulidade e aflição.
Algo deveria estar errado.
Carly, se casando? E quem era aquele garoto? Será que a garota havia mentindo para ele, escondido seus segredos?

Carly mantém o olhar fixo nos próprios pés. Enquanto andava, pensava em como sonhara com aquele momento.
Ao erguer os olhos, o garoto com sorriso iluminado estica a mão para ela pegar, indicando que estava tudo bem.
Quando a garota pisca novamente, a realidade vem a tona: Não era o garoto que ela sonhara. O único menino com quem ela já fantasiara aquele momento estava a sua esquerda, parecendo um tomate prestes a explodir.
Sem hesitar, Carly segura a mão de Lion, que tremia incessantemente.
– Oi. – Ele murmura.
– Oi. – Ela responde, com um sorriso amarelo.
– Sinto muito por isso. – Ele sussurra.
– Idem. – É a única coisa que ela responde.
–----

– ...Então, se alguém tem algo contra esse casamento, diga agora ou cale-se. – O padre anuncia.

Josh está erguendo a mão tremula quando Rain e Nyah a abaixam ao mesmo tempo.

– Então eu os declaro, marido e mulher.

Josh encara Carly. Lion encara Carly. Carly encara os pés.
Enquanto os dois se trocam alianças, Josh perde o chão.
Lion se aproxima furtivamente, passando os braços em torno da cintura da garota. Ele olha em seus olhos, procurando um sinal de que estava passando dois limites, mas a garota simplesmente acena.
E os dois se beijam.
A Capital vibra.
E Snow sorri.
–---
Fora como uma facada, uma dor pior do que qualquer das dores que sentira nos Jogos. De repente nem os Jogos pareciam tão devastadores comparado ao que ele sentia.

Músicos subiram ao palco, tocando animadas canções com seus instrumentos delicados, o povo da Capital dançava alegremente. Doces e salgados festivos eram distribuídos em bandejas, inclusive todos os tipos de bebidas.
Josh estava sentado em uma cadeira que fora posta especialmente para ele, observando Carly e seu novo marido dançarem alegremente ao som dos músicos.
Ele havia pego uma bebida aleatória de uma das bandejas dos garçons, mas não havia a experimentado.
O gosto era incrível, algo borbulhante que pinica sua língua.
Ele encara o liquido, surpreso.
Rain havia sido retirada para dançar por um capitalista tarado, e até mesmo Nyah.
Percebera que aquele liquido seria sua única companhia da noite.
–--

– Hora dos discursos! – Nyah se alegra.

O palco fora modificado, agora o altar havia sido redecorado com flores e um microfone, dedicado para os discursos.

De repente Rain estava ao lado de Josh. Ela estava estranha, parecia mais brilhante e grande, e...
– Josh? – A voz soa estranhamente distante.
– Oi? – Josh diz, em meio a uma crise de riso.
– Você está bem?
– Estou me sentido – Soluço – Maravilhoso.
– Josh... O que... Que cheiro... Você estava onde?
– Não sai daqui um minuto. Só sentado com essas belezinhas. – Josh balança a taça que estava pela metade.
Rain pega a taça e toma um gole do conteúdo.
– NÃO! Larga, ela é minha! – Josh diz, se embaralhando nas próprias palavras.
Rain o encara bem. Ele não conseguia focar os olhos em seu rosto, sempre os vagando.
– Você está bêbado?! – Ela diz, chocada.
– Gostaria de chamar ao palco, Josh Cellar! – Nyah diz, após terminar seu discurso.

Josh sorri e se levanta, e sobe ao palco, cambaleando, não antes de pegar uma taça de um líquido roxo de uma bandeja do garçom apressado que passava.
Ele toca com a ponta do dedo no microfone antes de começar a falar, as palavras confusas e grogues:
– Bem, a Carly é bonita e legal, mas deveria estar morta. E tem aquilo... O... O Luka, ele gostava dela, mas ela não dele – A Capital se cala – Bem, ele disse que ela gostava de mim... Mas ela se casou com o tio ali, então acho que é mentira. Ham? Mentira? Quem Falou mentira e... Ah, eu tinha que cuidar dela – Uma risada – O Snow mandou, porque né... Ela é neta dele... Ai ele quer que ela viva...

Carly e Rain encaram o garoto, com os queixos caídos. Ele não podia, ele não...

– Eu queria muito beijar a Rain. – Ele diz, bocejando – Mas a Carly também, e ai eu não sei, dá uma confusão. E ai ela se casou, e depois daqui vão pra onde? Para a lua de mel. Eu não sei porque é lua de mel, porque eles não comem mel na lua. Bem, eu acho que ela vai ter crianças. Ai o Snow será bisavô. Tããão fofo.

Josh dá um longo gole na bebida que segurava, e o efeito é imediato.
Ele sente seu estômago se contorcer, um puxão na garganta e não consegue segurar.
Ele cai de joelhos, vomitando no palco impetuosamente.

– JOSH! – Rain grita, e corre em sua direção.
O garoto expelia sons angustiantes, os jatos de vomito não davam pausa.
Um burburinho vem da plateia, médicos são chamados, Josh escuta chamados de Carly.
Mas antes de fechar os olhos só consegue ver Snow dando as costas na sacada.
–----

– O que ele fez foi completamente revolucionário. Você ouviu? Ele revelou tudo! – Snow bate o punho com força na mesa de carvalho.
– Eu ouvi... Creio que todos ouvimos, inclusive Panem inteira. – Saunders responde.
– Devemos fazer algo... Ele é perigoso, ele disse, ele...
– Senhor, com todo o respeito, o pânico não leva a nada. Devemos planejar...
– Quando começa o tour pelos distritos? – Snow interrompe-o, como se ele nunca tivesse falado.
– Amanhã, senhor. – Mario responde, paciente.
– Tenha certeza que Carly não esteja no trem.

Snow dá as costas.


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