76° Edição dos Jogos Vorazes escrita por Mad


Capítulo 12
Os Vencedores da 76° Edição dos Jogos Vorazes


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse capítulo foi curto, apenas uma abertura para o próximo, onde os segredos virão a tona, e ainda mais dúvidas surgirão...



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Carly não consegue perceber o que está acontecendo a sua volta.
Ela sabe que seus olhos estão abertos, mesmo assim a garota só vê negro.
Mas, o que a deixava em pânico eram as vozes.
Carly sente seu corpo ser retirado do chão, sente a sensação de estar voando, a cabeça e as pernas planando no ar.
“Isso está errado”, ela pensa. “Eu ainda não estou morta”.
Logo após a voo cessar, a garota ouve barulho de sucção, apitos incessantes e acelerados de máquinas a sua volta, um burburinho confuso e sons de metal.
– BATIMENTO CARDIACO DESACELERANDO! ACELERAR PROCEDIMENTO! – Uma voz masculina grita.
– MORFINA! – A voz é estridentemente feminina.
Carly sente uma movimentação em seus cabelos, e logo uma voz feminina, grossa, mas delicada, sussurra:
– Eu sei que pode me ouvir, Calry. Não sabemos o porquê de Snow mandar- nos fazer isso por você, querida. Mas vamos fazer de tudo para não deixarmos você se tornar apenas mais uma. Prometo que faremos de tudo para que sobreviva. Iremos a anestesia-la, mas não vai...

Carly não consegue terminar de escutar, pois sente uma pressão no braço direito, e por fim todos se calam.
–-----

Cinco dias.
Josh contabiliza os dias apenas observando o pôr do sol, o início da noite e a caída da lua.
Ele apenas esperava algo acontecer.
Um ataque, bestantes, um surto de loucura, qualquer coisa.
O problema é que nada acontece.
O garoto corre atrás do perigo, sempre ficando completamente exposto a qualquer outro tributo ou desafio dos Jogos, mas nada vinha, era como se quisessem-no vivo, para poder acabar morrendo nas próprias frustrações.
Porra, Snow! – Ele grita, esticando os braços para cima, olhando para o céu – Alguma coisa, qualquer coisa!
E se joga no chão de vidro da clareira, os braços abertos, flashes de luz atingindo seus olhos e os cegando por alguns segundos.
Um canhão é ativado.
Josh se ergue em um pulo, sentindo o coração apertar.
“Rain não”, ele pensa. “Por favor, Rain não”.
Ele corre direto para a área laranja, gritando “Hey?”, sem querer pronunciar o nome dela, subindo em árvores, correndo por todas as partes.
Por fim, ele tropeça no tributo.
Sua pele está completamente roxa, como se tivesse passado muito tempo sem respirar.
Seus cabelos finos, delicados e dourados espalhados pela grama rosa. Seus olhos azuis arregalados, exibindo um pânico profundo. Em sua mão um fruto rosa e roxo, expelindo um líquido verde espumoso.
Juliet Venega, distrito 1.
Provavelmente comera a fruta para não morrer de fome.

O que quer dizer que apenas Josh e Rain continuavam no ringue.

Josh dá as costas para o corpo morto da menina, segurando os cabelos, enfiando as unhas no couro cabeludo, produzindo gemidos, urros, de frustração e ódio.
Ele tinha certeza que Rain não viria até ele.
Então ele teria que ir atrás dela.
–----

Rain estava sentada na mesma pedra que Josh sentara na primeira vez em que eles haviam entrado na floresta laranja.
Rain chorava. Na verdade, ela estava em prantos.
Segurava nas mãos um cacho ruivo.
No peito, o Venomania.
E no coração, um Cellar.

Ela se perguntava como havia chegado aquele ponto.
Um dia atrás estava tudo tão perfeito.
Rain percebe como sua felicidade é vulnerável, pois apenas algumas horas podem altera-la de forma total.
Ela havia encontrado o corpo queimado de Luka.
Ela o viu sendo carregado pela garra até o aerodeslizador.
Ela matara Carly.
Enfiara sua foice em suas costas, enquanto deveria estar usando-a para protege-la.
E o tiro do canhão... Poderia significar a morte de Josh.
Como tudo pode mudar de uma hora para outra?
Como tudo pode ser tão vulnerável?
Mais um soluço escapa do peito de Rain, e ela se curva para frente, esfregando o cacho ruivo no rosto, a última lembrança de Carly, a irmã que nunca teve, a irmã que matara.

– Rain Ghostsong.

Apenas seu nome fora pronunciado.
Mas a voz lhe casou uma onda de emoções das mais diferenciadas: Desde a alegria até a tristeza, desde o ódio até a paixão.
Ao se virar, Josh a encarava, os olhos castanhos parecendo mais cheios de insanidade como nunca vira, a aparência selvagem, os cabelos bagunçados e os ombros rígidos.
– J-Josh...? – Ela se levanta, escondendo o cacho ruivo atrás de si. – O... O quê?...
– Me mate. Agora. – Josh é direto.
Rain dá alguns passos incrédulos para trás.
– Eu não vou fazer isso, Josh. – Ela diz, cerrando os punhos, sua voz sai estranhamente confiante, não combinando com a sensação de pavor na boca de seu estômago.
– Rain, eu não estou te dando opção. Faria isso de qualquer forma, mas para o jogo ser justo, eu preciso que você me mate.
– EU NÃO VOU FAZER ISSO!
– Você já matou Carly, Rain. Qual é a diferença?
Rain se afasta como se tivesse levado um tapa.
– Eu nunca... Eu...
Josh junta a foice da garota, que estava aos seus pés, enrolando a mão trêmula da mesma em volta do cabo de couro.
– Agora.
– Não.
Josh bufa, desistindo.
Quando levanta o rosto, um sorriso de divertimento enfeita seus lábios.
– Você me forçou a isso.

A lâmina corta o ar, na direção do peito do tributo.

O hino inunda a arena sem avisar.
A voz tosse algumas vezes, antes de pronunciar as palavras decisivas.

“A segunda guerra dos anos escuros foi iniciada após um incidente na 74° Edição dos Jogos Vorazes.
Em um ato rebelde, Katniss Everdeen, tributo representante do distrito 12, junto com seu parceiro, Peeta Melark, ameaçaram o sistema de governo de Snow com as chamadas amoras cadeado.
O falecido produtor dos Jogos, Seneca Crane, escolhera, por impulso, ambos os tributos como vencedores, abrindo uma novidade inédita na história de todas as edições desse tradicional Jogo.
Aliando-se com pessoas do próprio governo, o casal conseguira convencer vários do Distritos que sua rebeldia valia a pena.
Pobre casal.
Presidente Snow nunca deixaria seu governo na mão de rebeldes como eles. Presidente Snow não poderia deixar tantas famílias da Capital a mercê de rebeldes em busca de seu próprio conforto.
Presidente Snow conseguira, junto com as tropas de elite de Panem, combater os rebeldes.
Mas a história não pode ser apagada.
Para provar a todos, desde a criança ao idoso, se que o governo de Panem JAMAIS cairia por um casal de tributos, apresento-lhes, os vencedores da 76° Edição dos Jogos Vorazes!"


Josh encara Rain, os dois olhos parecendo quererem sair da órbitas.
Rain sente as pernas cederem, o corpo ficando mole e inerte.
Consegue perceber os braços firmes de Josh ao seu redor segurando-a antes que ela caia, sua voz murmurando em seu ouvido:
– Nós conseguimos. Nós vencemos.

Somente depois disso ela se permite entregar-se ao escuro.


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