A nova Mark parecia funcionar bem com os micro repetidores. As peças se encaixavam rapidamente e nos lugares certos.

– Repulsores e modo de voo funcionando 100% senhor.

– E como está os micro mísseis?

– Também. 100% recarregados.

– Ótimo. Vamos lá pra fora absorver a luz do sol, e testar nossa nova arma.

Os pequenos painéis solares embaixo das mãos demoravam um pouco pra absorver a luz. Demoravam mais um pouco, pra converter essa energia em poder de fogo. E pra tanta demora, o impacto contra um carro do ferro velho não vingou.

– Certo, vamos tentar agora com o arrasa-quarteirão ativo.

– Programa amplificador ativado. Absorvendo energia... 25%... 52%... 77%... 98%... convertendo em poder de fogo... pronto para disparo.

– Alternar para modo cortante.

Parecia bem mais eficaz. Cortar ao invés de explodir. Menos chamativo, mais efetivo. Mas vou manter os dois modos da nova arma, algo alternativo é sempre útil.

– Jarvis, agora absorva a energia e aplique no reator Ark, pra que eu possa ter mais tempo de energia no traje.

– A energia é compatível senhor. Desse modo, é praticamente impossível o senhor ficar sem energia na nova Mark II. A não ser que ela se envolva em combates noturnos, mas posso criar reservas de energia solar.

– Faça isso. Agora chame a Mark I pra cá, quero testar o campo magnético criado pelos para-raios.

­- Mark I se aproximando.

– Muito bem. Ativar escudo refletor. Jarvis, quero que a Mark I dispare com o repulsor.

O escudo parecia funcionar bem, mas não tinha muita resistência. O raio era desviado pra outro lado. Acho que um disparo em maior escala poderia arrebentá-lo. Bom, pelo menos eu ainda poderia controlar as armaduras com a mente.

– Certo, fim dos testes. É hora de dormir. Guardei os trajes, saí da torre e parti pra casa da Pepper.

Mas a minha paz durou pouco. No dia seguinte, Pepper me acordou às travesseiradas, gritando:

– TONY, VOCÊ FICOU MALUCO?

– Waah, que foi? Hoje é sábado e eu quero dormir mais que o normal.

– Não vai conseguir dormir depois que ouvir essa notícia!

– Ahh, que notícia?

– Venha ver! – Levantei, fazendo um enorme esforço pra manter os olhos abertos. Até que esse exercício ficou mais fácil, depois que vi a manchete: “Tecnologia Stark invade o banco de dados pessoais da Rússia”.

‘”Hoje pela manhã, o governo dos Estados Unidos recebeu um comunicado do governo Russo, dizendo que Tony Stark, ontem à noite, invadiu o banco de dados pessoais deles. Eles querem saber o motivo de tal invasão até o final do dia. Nosso tenente-coronel James Rhodes trará, em nota, a explicação, falando em nome de Stark.”

– Peraí, como descobriram que a tecnologia era minha?

– Isso não importa! Porque fez isso?

– Eu tava procurando uma pessoa. – Foi o suficiente pra ela levar as mãos ao rosto de surpresa, e esbravejar:

– QUEM? – Nunca a vi arder em ciúmes daquele jeito.

– Calma, eu vou explicar. – Acho que já estava na hora de abrir o jogo pra ela. Eu já estava mentindo demais pra Pepper, era melhor que ela soubesse de tudo, de uma vez.

– Eu e o Rhodes estamos lidando com uma iminente ameaça soviética. Deixe-me terminar. – Falei antes de ela tomar fôlego – Não é nada muito grave, já destruímos o robô e não vamos deixá-la sair do país.

– Mas quem é essa pessoa?

– Ah, uma maluca soviética russa. Escuta, é complicado explicar, mas posso dizer somente a você o porquê fiz isso. Quanto menos pessoas envolvidas, mais seguro é. Sinto muito deixá-la sem saber, mas fazia isso pela sua segurança. Precisava saber mais sobre uma mulher, entender o que ela e o pessoal de uma sociedade estavam tramando. Tive que mentir pra imprensa algumas vezes, mas foi pra evitar escândalos e pânico. Vou te poupar dos detalhes.

– Vai localizá-la ainda hoje?

– Podemos tentar. Agora mesmo, eu ia fazer isso. Tenho que ir. – Beijei-lhe a testa e continuei – Por que não tira uma folga hoje? - Sugeri e caminhei, enquanto ela parecia tentar digerir tudo que tinha ouvido.

Pepper merecia a verdade. Mais do que ninguém. Tentei esconder-lhe o fato de que estava morrendo uma vez, e quase a perdi. Não que eu esteja agora, mas tentar omitir fatos da sua vida a uma pessoa vital... não é legal. Eu já passei da hora de pedir ela em casamento, mas eu quero resolver esse lance da Galina primeiro. Estabilizar minha vida, tanto como Tony Stark quanto Homem de Ferro. Parei em um Drive Thru pra pedir um pão de queijo. Estacionei em um lugar calmo, e comecei a pensar: Quais são os objetivos da Hidra? Como ela consegue seus recursos? Esses pensamentos foram interrompidos pela ligação do Patriota de Ferro:

– Tony, novidades sobre Galina?

– Ainda não, acabei de acordar. Estou aproveitando meus raros momentos de paz comendo pão de queijo.

– O pessoal do pentágono quer uma explicação sua do seu atentado de ontem. O que eu deveria dizer?

– Será que a verdade é o melhor?

– Talvez. Mas temos que camuflar essas informações, ou deixá-las confidenciais ao público. Eles já sabem do seu ataque ao banco de dados pessoais da Rússia.

Deixar as informações confidenciais pode prejudicar minha empresa, perco a confiança da sociedade. Camuflar informações desse nível não é algo fácil, quando tem que se pensar rápido.

– O que eu deveria dizer, de modo que deixe camuflado?

– Não faço ideia...

– Deixe confidencial ao público. Mas diga a verdade ao pentágono. Mas diga que estamos no controle, vou começar a caça à Galina Nemirovsky pelos aeroportos agora mesmo.

– Então tá. Você faz isso sozinho, porque eu vou precisar convocar uma coletiva de imprensa e explicar toda a situação, armar um enredo.

– Pode deixar. Vou dirigir até o aeroporto.

– Ok. Desligando.

Liguei o carro e iniciei o trajeto. Dirigi o mais rápido que pude pra chegar. Galina poderia partir a qualquer hora. Isso, se ela não viajou ontem à noite. Caramba, o aeroporto era grande. O suficiente pra fazer qualquer um cansar, de tanto perguntar por alguém. Mas comecei. Muita gente já tinha me percebido, alguns queriam autógrafos. Eu assinava o papel, olhando para os lados e perguntando se eles tinham visto a pessoa da foto, que era Galina. Algumas pistas eram vagas, até que cheguei num guichê:

– Com licença. Você viu essa pessoa hoje ou ontem no aeroporto? O nome dela é Galina Nemirovsky.

– Olá, reconheço o rosto. Mas acho que foi ontem à noite, num dos últimos voos pra Ucrânia. Está procurando por ela senhor?

– Sim. Sabe quanto tempo durou esse voo?

– Acho que umas seis horas...

– Obrigado. – Dei as costas. Droga! Não acredito que perdi a melhor chance de deter ela e acabar com tudo isso pra dar paz à minha vida. Ela já deve ter pegado outro voo pra Ucrânia, e estar na Rússia finalmente. Telefonei para o Rhodes. Celular desligado, ele deve estar na coletiva de imprensa agora.

E agora? Pegar um voo pra Ucrânia e ir atrás dessa maluca? Não, isso facilitaria um contra-ataque. Ela virá atrás de mim de qualquer jeito. Isso me daria mais tempo pra pensar em uma maneira de pensar mais no que ela e a Hidra estão tramando. E não posso esquecer-me dos referidos “milagres” da Hidra, que nem sei quem ou o que são.

Eu precisava de mais informações pra fazer mais suposições. Ok, sei que eles querem eliminar os Vingadores e possuírem a Terra. Sei também que eles sofreram com falta de recursos em Verona, então eles precisam de mais tecnologia. Nada se encaixava. Liguei a TV, pra assistir a entrevista coletiva do Rhodes, e me deparei com a seguinte notícia:

“Um casal com poderes sobrehumanos assalta banco na Rússia. A polícia local não pôde contê-los, e a dupla desapareceu.”

Um estava com uma roupa cinza, com alguns tons em azul. Cabelo cinza e bem estranho. A menina tinha uma jaqueta vermelha sem manga, calça jeans escura e uma blusa preta por baixo da jaqueta. Era gatinha, até. No canal dizia que um se movimentava bem rápido, e outra tinha uns poderes místicos impressionantes. Mais uma ameaça? Será que eles são desse mundo? Depois de Thor, acredito muito bem que eles podem ser alienígenas. Não, espere... alienígenas não roubam. Talvez nem saibam o que seja dinheiro. Então, eles são daqui com certeza. Espera... será que eles não são os “milagres”?