Deixe-me te proteger escrita por Vlk Moura


Capítulo 7
Calista




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/507799/chapter/7

Saímos da estação de metrô, tínhamos de encontrar o portal que nos levaria direto para o encontro dos grupos. Contávamos com Julio, ele conseguira um feitiço de rastreamento.

Yeva estudava os livros que flutuavam a sua volta, ninguém na rua conseguia nos ver, era uma das poucas habilidades mágicas de Duncan, os anjos possuem poucas habilidade envolvendo magia, são seres grandiosos e poderosos, mas não conseguem converter sua aura mágica. Os demônios, como Kalevi, não conseguem quase nada, apenas invocar uma força que ninguém sabe de onde surge, mas isso os torna grandiosos. Sereias têm uma grande capacidade de proteção e temos agilidade o que nos torna fortes, mas nada muito grandioso em uma batalha contra demônios e anjos, as sereia-anjos são seres maiores, superiores, podemos acabar com qualquer ser que queiramos, mas somos muito pacificas e preferimos morrer a matar. Gnomos, fadas e anões se tornam poderosos em seus reinos, mas no meio humano apenas proferem feitiços de proteção e raramente são agressivos, mas suas almas são assassinas, assim como a alma das sereias, conquistam humanos só para terem o prazer de fazer-lhes sofrer.

Andávamos há muito tempo, eu já me cansava, Duncan parou, Yeva foi quem nos alertou. O anjo estava sentado ao meio fio, para os humanos ele parecia apenas mais um bêbado. Suava e tremia, seus olhos estavam amarelados e a pele pálida.

– O que ele tem? - Julio perguntou sacando suas pedras de recuperação, ia usá-las, Yeva e Kalevi o pararam.

– Irá matá-lo - a feiticeira explicou - roubam a aura deles - ela nos olhou - Já aproveito e deixo o aviso, nunca usem pedras mágicas.

A feiticeira sorriu para o anjo para passar-lhe segurança.

A dupla começou a se fitar hipnotizados, ela o lia, toda sua alma era destrinchada pela feiticeira que se afastou assustada, nos olhou, ofegava cansada.

– Catástrofe! - foi o que disse - Ele... - ela me olhou e depois Julio, roubou-lhe a bolsa encantada e sacou vários livros que flutuaram sobre nossas cabeças - Preciso de um espelho.

Olhou em volta e avistou um bar.

Ficamos assistindo-a, correra para um espelho e o conectou.

– Duncan foi contaminado - falou para sua versão de dias antes.

– Calista irá atrás de vocês - outra disse.

– Ela o quer, sempre quis - a do hotel analisava - Disse que sairíamos bem daqui - a nossa confirmou - Já sei o que fazer - a do hotel sumiu.

– Ela chegará pelo céu - a outra falou - esteja preparada - a nossa confirmou - E cuide deles.

Todas as Yevas sumiram a nossa retornou, um dos livros pousou-lhe nas mãos, uma figura estranha seus olhos pareciam buracos, suas asas eram curtas, o corpo um esqueleto recoberto por carne morta chifres com penas negras saiam do alto de sua cabeça. Ao analisar a imagem a feiticeira recordou algo que a fez ser jogada ao chão.

– Yeva... - Duncan gemeu - você sabe que não pode.

– Se eu não fizer Calista o terá - ele se assustou.

– Esse nome - Kalevi começou - me é familiar.

– A Ladra de Almas - recordei - mas o que ela pode querer com o Duncan?

– Tudo - Yeva falou com nojo - ela fora quem comandou as mortes dos salvadores - ela se lembrara de muita coisa - Aquela bastarda! - grunhiu - Venha, tenho de purificá-lo.

Ajudou o anjo a se levantar, o apoiou em seu corpo, Kalevi nos seguia.

– Você fica - ela ordenou - se estiver no ritual de purificação irá morrer.

Seguimos.

Julio jogou o anjo em suas cotas e assim o carregou até um parque, estava cheio, era final de semana.

Paramos próximos ao enorme lago, a feiticeira se aproximou da água e com alguns portais fez chover ervas, na bolsa do primo pegou uma pedra perfeitamente branca a colocou sobre o umbigo do anjo que estava deitado sem ação.

– Jogue-o na água - pediu ao primo.

O corpo fez a água se agitar espantando alguns peixes, as ervas mergulharam e se enrolaram no corpo do anjo, cortou-lhe a pele e o deixou em sangria, ele se contorcia e urrava.

– O que está acontecendo? - perguntei ao sábio.

– Ela está retirando as energias negativas do anjo - ele me olhou - o ataque no hotel fora uma armadilha para o contaminarem, queriam seu coração e o corpo dele. Uma sereia-anjo e um anjo guerreiro e seu exército se torna o mais forte, Catástrofe quer isso. Ele, é assim que as anotações dela diz, ele é a maior energia de nossa dimensão - me explicou o que eu já sabia - rouba nossa essência - voltou-se para a prima - É invencível.

Toda a última explicação eu já conhecia.

– Ele o quer ao seu lado - olhei Julio - Catástrofe quer o maior guerreiro do Paraíso e assim derrotar a todos - suspirou - Nos documentos da minha prima tinha relatos, um deles dizia que o primeiro a enfrentar o Catástrofe fora Merlim - eu me espantei, era o sábio da casa de Magnus - depois o arcanjo Miguel, Lúcifer e por fim Gabriel - eu o olhei - Meu pai, assim como os outros arcanjos pediu ajuda aos terrenos e formou equipes fortes - o resto eu sentia já saber - As sereia-anjos o ajudaram e reuniram os maiores guerreiros da Terra, para o orgulho do arcanjo sua filha estava no meio - olhamos a feiticeira, ela estava concentrada - e também para seu medo.

"Gabriel pediu reforços e Lúcifer o atendeu com seu exército de demônios. Lutaram lado-a-lado em proteção da Terra, dizem que foi a maior e mais sangrenta batalha, até Lúcifer se contaminar - olhei nosso anjo - a contaminação atingiu-lhe a aura e ele bandeou par ao lado da escuridão, os demônios se sentiram traídos, seu comandante fora abandonado, Gabriel recolheu as tropas quando soube do irmão e temendo que tudo voltasse a ocorrer usou Merlim, Yeva e Calista para criarem uma barreira que manteria a energia negra longe da Terra e, principalmente, longe do Paraíso."

A feiticeira aumenta a intensidade do feitiço, as ervas caminhavam pelas feridas.

– Mas o que houve depois?

– Calista fora contaminada - voltei-me para o menino - Agora anda sobre os comandos do pai.

– Lúcifer - conclui, ele confirmou.

– Catástrofe, com a ajuda de Calista, está aos poucos quebrando a barreira e logo deve dominar a todos.

– Esse é o nosso propósito - entendi finalmente - devemos deixar a barreira de pé, os outros grupos têm misticos tão poderosos quanto nós e essa união poderá reerguer a barreira.

O corpo do anjo caiu na água, tornou a flutuar, ele se contorceu, as feridas curaram e a pedra que agora era negra esfarelou e virou comida de peixe.

– Acabou? - Julio perguntou.

– Acabou - a feiticeira falou cansada e sorrindo par ao anjo que saia da água.

Materializou uma toalha e a entregou ao guerreiro, ela tentou se levantar e desequilibrou caindo de joelhos, corremos para ampará-la, tinha um sorriso infantil que logo foi tomado por um olhar assassino.

– O quão ingênuos vocês são? - não era sua voz.

– Calista! - Duncan se afastou - Cadê a Yeva?

Ela riu.

– Não se preocupe, ela está bem com meu pai.

Um soco acertou a feiticeira que caiu rindo.

– Você me deixa entediada, devia ter deixado Kalevi vir, ele é bem mais divertido.

– Também acho - um corpo voou e atingiu a feiticeira, seu corpo caiu no lago.

– Ah, meu querido! - ela fingiu uma voz doce - Queria poder dizer que senti sua falta, mas eu estaria mentindo.

Seus olhos ficaram vermelhos, seu corpo levitou, a água do lago flutuava em uma bola enorme sobre sua cabeça.

– Duncan, me lança. - falei subindo em seu joelho. A bola foi lançada - Agora!

Rodei no ar e atingiu a bola bem no centro, os peixes nadavam desesperados e cometiam suicídio pulando da bola. Manipulei a água e formei duas cordas que se enrolaram em meus braços, saí próximo a feiticeira, congelei a bola de água, no chão os três se encolhiam, puxei minha nova arma e atingi a mulher, o gelo se partiu e voltou a ser água, o corpo de Calista em sua forma original era tomado pelo líquido de cor verde, mergulhei no lago e saí nadando até a margem, os três me encaravam. Sorri para eles.

– Ora sua... - a feiticeira ia me atacar, a água prendeu-lhe os braços e pernas e lhe puxou par ao fundo, seus gritos desesperados se perderam.

– O que foi isso? - Julio perguntou com um sorriso histérico.

– O truque de uma rainha - falei piscando - Vamos antes que ela acorde.

Procuramos um lugar para descansarmos.

– Ela está com o Lúcifer - Kalevi repetia isso de minuto em minuto.

– O que querem com ela? - Duncan perguntou saindo do banho que parecia ter sido mais purificante do que o feitiço de Calista - Eu ainda sinto cheiro de peixe - ele torceu o nariz.

– Quebrar a barreira - falei e olhei Julio que confirmou - Catástrofe a quer.

– Pelo menos sabemos que não irão machucá-la - o menino falou.

– Não sei - Kalevi disse - Lúcifer é capaz de tudo e sabemos que a Yeva não irá atendê-lo - olhou o anjo que confirmou - E para conseguir que ela faça o que querem farão de tudo.

– Temos de nos reforçar. - Duncan bateu na parede - O que é aquela coisa que ela faz com os espelhos?

– A conexão dimensional? - Julio disse como se fosse óbvio - É algo desenvolvido por ela, cada escolha nossa abre diferentes possibilidades para nosso futuro e todos ocorrem lado a lado, alguns podem se juntar em algum ponto e formarem um só, ms nunca se sabe.

– Interessante, você pode fazer isso? - o demônio perguntou empolgado.

– Não - o sábio falou chateado - É necessário muita magia, não tenho todo esse poder e nem mesmo o controle do futuro, toda vez que você descobre o que pode acontecer isso muda, o que ela faz é saber como se proteger, mas não saber o que vai acontecer. É complexo - ele fez uma careta.

– Certo... - Duncan fez um estalo com os lábios e se jogou em uma das camas - Sabemos que ela está presa e não sabemos o que vai acontecer - ele enumerava usando os dedos - Podemos estar correndo um sério perigo, porque, sem ofensas - falava com Julio - nosso companheiro aqui não é tão bom quanto achamos que seria, o que nos resta? - ele me olhou - Você é nossa líder.

– Eu acho que já sei o que fazer, mas... - olhei os três, Kalevi começara a se despir, virei o rosto constrangida, pousei o olhar em Julio - ...não sei se você irão concordar, então. - pulei do beliche e sorri para eles - Vou resolver isso e os encontro.

– Como pode ter certeza? - o anjo desfiou.

– Sempre os encontro.

Saí do quarto, sabia que não iriam sair dali, estavam cansados, precisavam recurar a aura, eu já tinha um longo percurso pela frente.

Peguei o metrô.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Deixe-me te proteger" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.