Deixe-me te proteger escrita por Vlk Moura


Capítulo 5
Mestra


Notas iniciais do capítulo

mais umzinho para vocês, =)



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– Conheço esse caminho - Yeva estava sentada na cafeteria enquanto esperávamos o garçom nos entregar as bebidas, ainda fazia frio.

– Que caminho? - Julio perguntou com paciência enquanto nós já estávamos perdendo a nossa.

Estávamos andando pela cidade buscando portais que nos levassem para a casa de um dos dois místicos, mas estava difícil. Para Julio era apenas uma caminhada, mas para Yeva parecia ser um tormento andar conosco, em sua casa ela fora gentil conosco, agora simplesmente gostava de ficar nos irritando e ao perceber a seriedade do que fazíamos ela começara a brincar, nos enganar sempre que achava pertinente, era como uma criança e só existe uma razão para eu não gostar de crianças, sou uma sereia e crianças amam carne de sereia.

– Ali, venham - ela estava diferente agora, seu olhar perdera o brilho brincalhão.

Saímos da cafeteria e andamos até uma rua estreita, um beco. Ela tateou o ar buscando algo que não entendiamos, sorriu, deduzimos que encontrara. O beco e o muro começaram a despedaçar, ela ficou ali debaixo até Kalevi puxá-la e protegê-la dos escombros, olhei o anjo, ele parecia ignorar toda aquela cena.

Quando o desmoronamento acabou uma casa enorme no estilo romano surgiu, enormes colunas, era magnifica. Julio parecia espantado com aquilo, não diferente de nós. A feiticeira caminhou pela enorme escadaria, a seguimos e do alto percebi que as ruas da cidade haviam se transformado era como se tivéssemos voltado ao tempo da Roma. Ela tocou algo que era bem moderno para Roma, um interfone, podíamos ouvi-lo soando dentro da enorme construção.

– Quem me importuna? - era uma voz grossa, um homem.

– Yeva - nós a olhamos, não falara na atual língua daquele país ou na de qualquer país que existe, era um língua antiga.

– Ai, caramba! - foi possível perceber o espanto - Espera que eu já esotu indo. Não, Carlos, volta aqui, esse u atendo - ele puxara alguém e foi possível ouvir um corpo caindo e toda a correria.

Levaram longos cinco minutos até chegar até a enorme porta e abri-la. Era diferente do que eu imaginava de alguém que moraria naquela construção, era alto, mais do que Kalevi que era o mais alto de nosso grupo, o cabelo comprido preso em um coque, uma roupa moderna que pelas cores mudara no caminho até nos atender, no tornozelo reparei a marca, a marca dos sábios, mas a dele era diferente da de Julio, não era um sábio puro, nascera da união de uma feiticeira com um demônio, ou de uma demônio e um sábio, mais improvável. Era forte e isso ficara claro em seus enormes ombros, as pernas musculosas, comentei que ele usava legging... Uma jaqueta de couro e chinelos. Ele nos analisava e depois olhou a feiticeira.

– Mestra, quanto tempo.

– Mestra? - soltamos em coro, Yeva nos olhou e depois apra ele, não se lembrava de nada.

– E ai, não vai me dar um abraço, um beijo, já sei você quer o que fazíamos no passado, não é? Danada.

Kalevi a colocou atrás de seu corpo o que gerou risos no sábio.

– Magnus, não é? - ela tomara a rente, nós a olhamos. Ele sorrira - Ótimo, eu me lembro vagamente de você - ela mordeu o lábio - precisamos da sau ajuda.

– Ah! - ele estava apoiado na enorme porta - Como sou mal-educado, entrem - cedeu espaço como se antes já não tivéssemos o suficiente.

Dentro da casa era tão grande quanto fora, várias relíquias se encontravam ali o que mostrava que era uma residência fixa, o que é raro em seres como nós. Mas ali grandes obras repousavam, vasos do Egito antigo, pinturas originais de grandes artistas, pinturas que os humanos nunca descobririam, parou de frente para um quadro, era familiar, o fundo do oceano e conchas, eu o conhecia. Voltei a seguir o grupo, Magnus se jogara em um sofá e nos analisava.

– O que faz com que necessite de mim? - ele nos analisava, parecíamos ser uma ameaça a ele.

– Eu acho... - ela estava longe dele, se aproximou, ele a olhava nos olhos, para seres como os dois era ler tudo pelo que sua alma já passou, até mesmo aquilo que sua mente já esqueceu. Entendi o que fazíamos ali. - Eu acho que você pode nos ajudar - ele saíra da leitura, os olhos arregalados espantado.

– Você nunca me deixou ir além - ele estava com medo - você me bloqueava no instante em que me salvara.

– Do que ele está falando? - Duncan me perguntou, dei de ombros.

– Venha.

O sábio a puxou pelo braço, um portal se abrira e eles caíram, nós pulamos para pará-los, mas já era tarde, olhamos em volta, estávamos sozinhos ali e perdemos nossa feiticeira.

– Molengas - olhamos e corremos para o comodo ao lado, era um quarto, mas não um normal, era um quarto de rituais. - Vocês estão fora de forma, a última vez que os encontrei eu apanhei até quase a morte - ele sorria, parecia se divertir falando aquelas coisas. - Mas então, o que aconteceu?

– Como assim? - Julio perguntou assustado, era poderoso, mas aquele a sua frente, era claramente, muito mais, mais antigo, mais experiente e fora treinado pela sua prima, aquilo já o assustava o suficiente, fora treinado por um outro sábio, mas era alguém tão novo quanto ele, tinha mais duzentos anos o que para seres de grande conhecimento não é muito coisa, os novatos sempre pensam ser.

– Para ela ter ficado assim. - ele não olhava o semelhante, mas nos fitava - Eu vi que vocês foram jogados para longe, mas depois disso ela só sente dor, que devo dizer, é culpa sua - jogou a cabeça apontando o nosso sábio - Mas então?

Ela estava deitada em um divã, próximo a sua cabeça haviam pedras, eram pedras enfeitiçadas, algumas eu conhecia, vivera o suficiente para saber alguns truques, las brilharam e se organizaram em torno da cabeça da feiticeira como uma tiara. Magnus voltou sua atenção para a mestra, segurou outras duas pedras maiores, as apoiou nos olhos da menina, iria bloquear a alma e depois tentar desfazer o bloqueio, já vi alguns rituais desse tipo, mas não sabia que os sábios podiam fazer.

– E não podemos - Julio falou e então percebi que minha mente se conectara com a deles - É algo que exige demais de nossa aura, se o fizermos é suicídio - olhamos todos o sábio.

Ele suava, algo passou voando por nós e pousou ao lado do sábio, era uma fada, uma fada macho, e estava ali no exato instante em que o companheiro caiu desacordado.

Fadas são seres fortes, são muito boas, mas quando se irritam podem matar um anjo com muita facilidade, são perigosas, demos espaço para que passasse com o corpo do homem, olhamos a feiticeira, ela se contorcia, as pedras brilhavam e piscavam. Corremos até o sábio que acordara.

– Ela terá de ficar aqui por um tempo. - ele anunciou com uma voz cansada - Não se preocupem comigo, logo estarei melhor, aquele feitiço usa a aura dela.

– Não estamos preocupados com você - falei e olhei a feiticeira que urrou, corremos até lá, o quarto fora lacrado - Ela está sentindo dor.

– É normal - ele falou - É isso que acontece quando bloqueia sua mente e tenta forçar a barreira, é como - ele pensou - receber golpes na barriga sem interrupções, no caso dela os está recebendo pelos últimos - ele tentou calcular mentalmente - Não sei, quanto tempo tem da existência dos filhos de Adão?

– Ela não é tão velha assim - Kalevi falava com certeza - Deve ter no máximo 500 anos.

– Como você é inocente, demônio - ele trocara de roupa na nossa frente, não as tirou apenas substituiu magicamente. - Alguém com o poder tão grande não pode ter vivido só 500 anos, eu mesmo - ele encarou nosso sábio, percebemos uma rixa entre os dois.- tenho mais de três mil. - nos assustamos - E ela já era poderosíssima quando a conheci.

– como você é bondoso em dizer sua idade - o fado entrou nos servindo alguns biscoitos - Você vivei as guerras dos Gregos e Romanos, ajudou n construção da grande muralha e diz que tem apenas mais de três mil.

– Mas é mais de três mil, ou você acha que irei dizer mais de oito mil.

– Estaria um pouco mais próximo da realidade.

Sentamos no sofá e esperamos, a magia ainda acontecia.

– Você faz o que agora? - Julio perguntou observando alguns troféus em prateleiras.

– Depende - o sábio sorriu - As vezes participo de concursos de fisiculturismo outras daqueles de homem mais forte do mundo. Mas, normalmente, sou historiador.

– Estranho - Duncan falou - De onde vocês se conhecem?

– Depois de uma missão com vocês - nos entreolhamos, nossa missão for a que deixara a feiticeira naquele estado - ela estava vagando pelo continente e minha aldeia havia sido atacada e destruída por demônios - ele olhou Kalevi que se encolhera com o tom com que sua espécie foi citada - eles devoraram todos, inclusive meus pais, eu fui escondido em um alçapão que originalmente era para armazenar comida - deu de ombros - Ela invadiu o lugar, estava atrás de você - tornou a olhar o demônio - procurou por vivos e em seu rastreamento me encontrou, me tirou daquele buraco, eu me lembro de seu rosto desolado e machucado, mas ao me ver ela conseguiu colocar um sorriso alegre, me colocou em suas costas e previu, naquele instante, que o lugar seria atacado, dessa vez - olhou Duncan - por anjos. Analisou o exército que se aproximava, não tinha vestigio seu, abriu um portal e nos trouxe para cá, na época um lugar cheio de mata com alguns poucos animais, nesse continente alguns poucos humanos começavam a surgir, mas eram insignificantes.

"Ela montou uma casa para nós - ele girou o dedo, aquela casa era a que ela contruira - e me criou aqui, me fez superar o ocorrido e depois de cem anos fez de mim seu amante - ele nos encarou, mais especificamente o anjo e o demônio, naquela história minha participação parecia insignificante - Nós tivemos o que vocês tentaram levar adiante em anos e até milênios, mas não conseguiam, tivemos uma família - ele bateu no encosto do sofá que se partiu e parou ao atingir a parede - Mas então - ele me olhava - um exército de sereia-anjos, anjos e demônios nos encontrou - olhava todos nós - E sabe o que fizeram?"

Negamos. Nesse instante o ambiente começou a mudar, tudo assumia a forma que era a milênios, terra batida no chão, alguns móveis de árvores, alguns animais passeando pela casa e mais do que isso crianças e adultos, eram a família, a família que a feiticeira tivera.

– Quando eu era mais novo nunca entendera porque ela não aceitava que eu a chamasse de mãe - ele estava de pé agora, vivíamos a cena que projetara. - Ela dizia que aquela palavra lhe soava como uma maldição, eu me sentia triste, porque até eu crescer e viver isso ainda não entendia nada.

Ele passou pelo próprio corpo e crianças correram pelo nosso, Yeva estava sentada a janela com um bebê no colo, o amamentava. O sábio se aproximou pelas costas dela, deu-lhe um beijo no ombro que a fez se virar para ele e receber um de verdade, ele a puxou e a ergueu no colo, os dois apreciam alegres. O bebê foi entregue a uma menina mais velha, deveria ter quarenta anos, mas era a combinação perfeita dos dois, então entendi, eram humanos, os filhos dos dois eram humanos. E os dois idosos sentados ao longe eram seus filhos também.

– Mãe, pai - uma menina os bloqueara - A Judy pegou meu brinquedo.

– Certo, tome dela - o sábio disse querendo levar a feiticeira para um quarto e ampliar a família.

A criança ia responder, Yeva o beijava, mas não fora isso que impedira a criança e sim um grito, a feiticeira pulou do colo do sábio, ainda se agarrava ao pescoço dele. Com o grito os adultos correram para o mato e um grito em coro soou. O sábio encarou os olhos da feiticeira e em segundos os dois corriam, abriram portais que transportavam seus filhos para outros lugares, mas não daria tempo de transportar a todos.

O zumbido se aproximava, passos pesados destruíam árvores, gritos de guerra, a moça conhecia bem aqueles gritos já convivera com muitos deles, corremos para o encontro dos dois na mata queríamos acompanhar tudo de perto e entender o que se passava. No horizonte seres atacavam por terra e pelo ar, tiros eram jogados aos dois, eram muitos filhos, não tinham mais o que fazer.

– Todos para casa - portais para lugares distantes eram cansativos principalmente se abertos individualmente, o plano era enviar a casa inteira.

– Você está bem? - o sábio se aproximou da mulher que cambaleara.

– Estou. - um grito.

Os dois correram para o mato, levantaram paredes de proteção em torno da casa. Passaram por árvores, animais que conforme eram encontrados em suas camuflagens eram controlados e mandados como reforço na proteção.

– Mãe! - era Judy, reconhecera a voz da filha, acelerou, abriu um portal e surgiu próximo da criança, o sábio fez o mesmo. Os dois lado a lado, a criança em um campo desarborizado, sorriram aliviados em vê-la bem - Mamãe! - a feiticeira deu um passo e nesse instante um raio caiu do céu sobre o corpo da criança.

Um urro doloroso da feiticeira e lágrimas lhe rolaram a face, nós quatro que acompanhávamos estávamos aliviados em ver um "Não!". Estávamos em choque, olhei Julio que não conseguia tirar os olhos do casal que corria de volta para a casa. Anjos e demônios começavam a pousar e eu vi ao longe sereias surgindo.

– Minha nossa! - Kalevi estava horrorizado, acompanhei seu olhar, a casa estava pegando fogo e por suas portas e janelas pessoas corriam tentando se salvar.

– Aquele... - Julio forçou a visão, olhamos par ao teto da casa, três figuras surgiam, nossos corações aceleraram.

Yeva nos olhava e abria portais para os filhos, o sábio nos observava e fazia o mesmo.

– Como puderam? - ela gritou - Como puderam fazer isso comigo? - ela chorava em desespero ao tempo em que via os filhos serem degolados na sua frente - Achei que eram meus amigos. - ela caiu de joelhos.

– Você foi quem nos traiu primeiro - eu desci de lá e pousei a sua frente, um tridente em minha mão tinha raios - quando fugiu de nós e veio com esse - eu olhei o sábio - esse pedaço de merda para cá.

– Eu os procurei - ela sussurrava - Eu os procurei em todo o mundo - gritou - Varri terra e mar atrás de vocês.

– Mentira! - Duncan pousava com sua espada apontada para o sábio, as asas abertas, a armadura. Ela o olhou. - Você não nos procurou.

– Mandei mensagens para todos os lugares, alertei todos os seres, mas veja o que estão fazendo. Parem, por favor. - ela chorava.

Kalevi pousou gracioso ao meu lado, eu não sabia que tinha aquele olhar assassino, agachou ao meu lado e puxou o rosto da feiticeira na sua direção e a encarou nos olhos, ela se recusava a ler sua alma, ele sorriu satisfeito.

– Mate a todos - ordenou aos demônios que invadiram a casa - Não deixem nenhum para trás.

– Não! - ela se jogou sobre nós tentando ir até os filhos, a empurramos de encontro ao chão. - Mag, vá! - ela abriu um portal sob os pés do feiticeiro e quando este ia cair, Duncan o segurou pela roupa.

– Não, você vai. - foi arremessado até uma árvore que se partiu.

– Não... - ela acompanhara tudo - Não... - estava perdida atordoada com a chacina. - Por que vocês... você - ela chorava olhando Duncan, os gritos de dor dos humanos era ensurdecedor - Eu que o amei tanto, por quê?

– Porque você me traiu - ele urrou e pisou próximo ao rosto da menina que se encolheu assustada - Você preferiu fugir com esse - apontou par ao sábio que levantava - esse pedaço de barro ao invés de ficar a eternidade ao meu lado.

– Não... - ela chorava, se levantou bamba e se aproximou do anjo, sorria para ele, seus rosto tão próximos - Eu sempre te amei e sempre amarei, meu guerreiro - ela falava.

– Você me enoja - ele a arremessou.

– Não! - o sábio abriu um portal e segurou o corpo dela antes que se chocasse contra uma árvore - Quem você pensa que é?

Nós que assistíamos a tudo estávamos em choque, não conseguíamos mais olhar os humanos que já haviam sido aniquilados, os misticos começavam a se retirar sua parte da missão já fora cumprida a nossa estava apenas começando.

– Eu sou o dono dos céus - Duncan falou - O maior guerreiro que o Paraíso já teve, e você humano, quem pensa que é?

– Sou o homem que deu respeito em troca do amor de Yeva. - o feiticeiro falou no instante em que os animais sob seu controle nos atacaram.

O sábio ergueu a feiticeira desacordada em seus braços, estava fraco para abrir portais, correu com ela, seu corpo machucado estava esgotado, mas podíamos ouvir o bater de asas do anjo e do demônio, a copa de uma árvore fora cortada, o sábio desviou da queda, tropeçou em uma raiz, viu o corpo da amada rolar e ser amparado pela bota de metal do anjo.

– Deixe-a em paz. - rugiu o mistico - Se você fizer algum mal a ela, eu juro que...

– Que o quê? - eu o levantei puxando pelo cabelo e fazendo-o bater contra a terra - Você irá nos matar?

– Magnus - ela abria os olhos - Magnus!

Reunindo uma agilidade que surpreendeu a todos ela rodou e acertou o anjo no rosto, fazendo-o cambalear. Ela estava parada com um olhar assassino, me fitou, aquilo me intimidou o suficiente para eu recuar e esticar-lhe o tridente, raios saiam, mas mini-portais eram abertos fazendo-os me atingir, cai desacordada. O demônio atacou dos céus, em um investida ele foi atingido por uma última onça que a feiticeira controlava.

– Magnus - ela caiu de joelhos fraca, seu corpo sobre o do sábio - Sinto muito não ter sido forte para proteger nossa família.

– Não... - ele se sentou e a amparou - Não, Yeva, não diga essas coisas.

– A culpa é toda minha - ela contraiu sentindo uma dor atingir-lhe a lateral do corpo, a espada do anjo.

– Não! - o sábio a agarrou e arrancou a arma, o anjo estava de longe assustado demais para se aproximar e com medo de receber outro golpe - Yeva... - dava tapinhas em seu rosto.

– Se eu morrer - ela sorriu, os dentes cobertos por sangue - quero que você sobreviva e não - ela se contraiu - e não tenha raiva deles. - nós três nos olhamos - Isso aqui, não são eles de verdade e... - ela olhou o anjo - Nossa carona acabou de chegar.

Um portal se abriu no chão e os sugou foram levados para uma casa distante e protegida, dava para sentir o poder que corria naquele meio. Um sábio com chapéu pontudo se aproximou, ergueu a menina dos braços do atual esposo que estava em choque, de joelhos sem reação.

– Meu rapaz? - ele olhou quem os resgatara - Sou Merlim e você é...

A memória se apagou, não tivemos tempo nem de ver o rosto do salvador. Estávamos em choque, Magnus passou por nós, tocou Julio que caiu desacordado, entrou na sala onde o corpo de Yeva repousava, ela ainda dormia, saiu e nos encarou.

– Ela diz que aquilo não era vocês - ele falou, saímos do transe e entendemos o que ia se passar ali, ele se vingaria e sem a feiticeira era perfeito, porque ninguém iria pará-lo. - Mas era, eu sei que era.

– Magnus, nós não... - eu tentei.

– Não se lembram - ele balançava os ombros, um brilho e suas roupas foram substituídas, era uma túnica, usaria uma magia forte - Agradeçam a ela - ele falou sorrindo vingativo - Se por todos esses anos vocês sobreviveram a mim, devem a ela que por sinal - olhou Duncan - Realmente, sempre o amou - o anjo engoliu assustado.

Para nós era difícil, não os lembrávamos de nada daquilo.

– Ela os apagou - ele explicou enquanto sua mão brilhava, eu o olhei - Apagou todas as memórias negativas, ela sempre faz isso, ela os preserva, e isso me machuca, sabiam? Me machuca ver que ela se preocupa mais com assassinos do que comigo que sempre lhe dei amor, mas fazer o quê, não posso mudá-la e muito menos lutar contra ela, mas agora - ele sorria sombrio - Agora ela está dormindo e eu terei a vingança adequada.

O punho iluminado voou em nossa direção nos desviamos, se nos atingisse seria o fim de nosso corpo e teríamos de esperar mil anos até podermos criar um novo. Era o que ele queria, seria tempo suficiente para tê-la ao seu lado e torná-la sua amante mais uma vez. Duncan cerrou os olhos e pensou em algo que passou por nós três, nos entreolhamos e corremos, ele usaria o golpe para derrubar a proteção que prendia o corpo da feiticeira e com isso libertá-la e então fugiriamos.

– Venham, lutem comigo, façam o que fizeram com meus filhos - ele urrou.

Corri até o corpo de Julio o ergui em meus braços, olhei o demônio que estava na mira do sábio, correu, ficou parado na parede, enquanto homem estava distraído foi atingido por um chute de Duncan que fez sinal para que eu corresse, afirmei, no instante em que a fada me barrou.

– A briga é de vocês, não quero me meter, mas eu cumpro ordens - ele falara, olhei seu pé.

– Acorrentado? - eu o olhei - Você é um escravo? - deu de ombros.

Sussurrei em minha língua acorrente se partiu, ele sorriu para mim e voando a minha frente abriu a porta por onde passei. Lá dentro Kalevi e Duncan revezavam nos ataques e desviam do sábio. O anjo foi preso, tinha um braço em seu pescoço e o punho encantado na altura de sua cabeça. Kalevi parara ofegante, limpou o sangue malcheiroso que escorria de sua boca.

– Ela também o amou - o sábio encarava o demônio - Tiveram dois filhos - o anjo olhou par ao alto e calculou a distância até a parede de proteção, depois quanto tempo teriam para correr até a porta antes de uma reação do sábio, era tudo muito curto - foram mortos - Kalevi o escutava atento e ao ouvir aquilo sentiu um choque - Parece que esse é o legado dela, ver seus filhos serem mortos.

– Para. - o demônio falou - Eu e ela nunca tivemos nada.

– Você acha? - mais uma cena.

– Estão demorando - comentei com a fada que concordou.

Não era tão antiga quanto a cena anterior, as casas já eram de tijolos, não deveria ter mais de trezentos anos. Yeva usava um vestido e tinha uma criança nos braços e outra em sua saia, enquanto o demônio entrava sorridente acompanhado por mim. Pegou o que estava no chão e o ergueu ao pescoço, pareciam felizes até a casa também ser invadida, dessa vez foram humanos que os mataram, diziam ter uma bruxa ali dentro e a matariam e todos os seus filhos. Yeva oferecera o próprio corpo em troca da liberdade dos filhos e do marido.

– Não... - Kalevi falara - Não é real! - gritou, se fosse uma ilusão seu grito a teria destruído, mas não foi o que ocorreu.

Os humanos amarravam as crianças e a mulher e ele era golpeado repetidas vezes, seu corpo caíra ao chão. O fogo da fogueira não o machucaria, era um demônio, mas a feiticeira e as crianças seriam mortas.

Yeva estava amarrada a um tronco, as crianças ao seu lado e o marido na outra ponta, formavam uma linha. Começaram a colocar fogo, primeiro na mulher, depois nas crianças e por fim no homem. A feiticeira mantinha os olhos fechados e proferia algo que dali o demônio não a escutava, do meio do povo era possível ver Duncan, que ao reconhecer os que queimavam pulou a frente da multidão e começou a desamarrar as crianças.

– A Yeva! - Kalevi gritara, o anjo o olhou e depois para a mulher que já era consumida pelas chamas - Salve-a, eu ficarei bem.

O anjo sabia disso, pulou sobre a mulher e a desamarrou as chamas queimavam-lhe os dedos, voltou-se as crianças que deixara sentadas, tinham queimaduras, mas seriam facilmente curadas, não as encontrou. Pegou o corpo de Yeva, ela se protegera e tentara o mesmo com os filhos, mas não conseguira.

– Meus filhos - ela tossiu a fumaça - Onde eles estão?

– Não sei - Duncan respondera - Eu os perdi - ela chorou.

Os corpos foram encontrados, não, foram entregues aos pais, haviam cortado-lhes os membros e entregaram um pacote aos pais. Yeva estava abalda, sua mente funcionava amil, ela sumiu e junto dela as lembranças do ocorrido.

– Viram! - o sábio mordia os lábios - Vocês carregam a maldição, vocês são a maldição dela - grunhiu.

– Três! - Duncan gritou, segurara o braço do sábio e o arremessou contra a parede que protegia a feiticeira, o demônio saltou junto e a agarrou, os dois correram.

– Ora seus! - o sábio levitava, e ia até eles.

– Vá! - Duncan gritou - Salve-a.

– E você?

– Pode deixar, sei me cuidar. - acertou um chute no sábio esperando que este voasse, mas tudo que conseguiu foi apenas arrancar algumas gotas de sangue e nada mais.

– Anjo - era a fada - Vá.

Duncan fora arremessado, a fada levantou uma proteção em torno da casa, ninguém mais entraria a menos que tivesse permissão. De fora, nos degraus, ofegávamos assustados.

– Vamos - Kalevi levantou - Precisamos encontrar o portal para nos encontrarmos com os outros grupos.

– E sobre ela? - perguntei.

– Resolvemos depois - ele falou - Acho que eu não aguento a mais revelações sobre nossos passado.

Colocou o corpo da feiticeira nas costas, Duncan fez o mesmo com o de Julio, partimos.


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