Deixe-me te proteger escrita por Vlk Moura


Capítulo 4
Passado 1 - Mãe mata filha


Notas iniciais do capítulo

Como o próprio titulo já diz é sobre o passado, é narrado por Trina, mas não tem a consciência dela ;D



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Era um período perturbado no mundo misto, a destruição de Atlantis era recente e as perdas dessa eram incontestáveis, a Terra perdera os seres mais sábios e astutos e nunca mais teria iguais.

No local da cidade abrira-se certa cratera dando origem ao espaço mais profundo já conhecido pelo homem e por todos os seres místicos, nem mesmo as sereias tão curiosas arriscaram nadar naquele vão.

Anjos e demônios ainda se recuperavam, estavam longe de tudo aquilo que os obrigaria libertar a aura.

A feiticeira já era viva, viviam no continente e todo o contato que tivera com o Reino Perdido fora no direcionamento das almas, estava feliz por não ter guiado nenhuma conhecida para o outro lado, isso significava que possivelmente seus amados estavam vivos ou, ela contraiu com o pensamento, teriam sido destruídos.

Um choro a tirou de seu devaneio, se debruçou sob um berço de metal forrado de palha e panos, ergueu uma criança manhosa nos braços, os sons de pássaros, um de seus feitiços para relaxar a criança, haviam parado quando o pensamento negativo lhe invadiu e isso fora o despertador do filho.

O tecido de proteção balançara, ela olhou em volta e apertou o abraço. A aura que invadia era conhecida, procurou Kalevi, ele já deveria ter retornado com notícias de seu pai e Duncan.

– Dê-me a criança - Yeva olhou a mulher a sua frente - Dê-me a criança.

– Não - respondera pacifica, era uma época em qeu ainda podia sê-lo e assim preferia - Não, mãe.

– Essa criança é uma maldição, não pode ver?

– Para vocês, par aos humanos é a salvação.

Respondeu sábia, olhava a criança.

– Que assim seja.

A demônio atacou, suas garras a postos, as asas abriam-lhe rombos nas costas que sangravam. Tentou uma investida, a menina desviou dando um passo para trás, movimentava os lábios quando o berço atingiu a cabeça do ser que ficou tonto.

Ao retomar o equilíbrio avançou e atingiu o ombro da filha que vacilou quase deixando a criança cair. Apertou o filho com o braço bom, sentia a raiva crescer e engrandecer seus poderes, fitou a demônio que sorria.

Outro ataque e mais uma desvio, levitou os panos e o berço, aconchegou a criança e proferiu um feitiço de proteção.

A feiticeira materializou uma espada e assim que a tocou reconheceu ser a do anjo, uma luz intensa saia da arma trazendo-lhe poder e confiança, sentia falta dele e mais ainda de sua proteção, era poderosa poderia se defender, mas era difícil lutar contra a própria mãe.

– Enquanto estou em guerra, você irá protegê-la - o anjo falava terminando de montar a armadura.

Virou-se para esposa e depois para o demônio.

– O que te faz pensar que irei ouvi-lo?

Kalevi cerrou os olhos.

– Por favor - a moça falava - por favor, não vá a guerra - ela tinha pressentido algo terrível - se for irei junto - materializou uma lança.

– Para de bobagem - Duncan caminhou até ela e tirou a arma de sua mão e lançou para o outro lado do cômodo - você não pode morrer, os humanos precisam de você, de vocês - olhou a barriga da moça e sorriu paternal.

– E eu de você - ela falou fazendo-o se contrair desgostoso. Não ia a guerra porque queria, havia sido convocado e se não aparecesse seria caçado e morto.

Olhou o demônio que os assistia.

– Kalevi - brandou o guerreiro - sei que não me suportas e isso é natural, mas pela - parou, era doloroso, deixaria a mulher grávida que amava aos cuidados de um demônio que também a amava, eram tão parecidos - mas pela mulher que insistes em dizer que amas, por ela, fique. - os demônios não são convocados, participam quando acham pertinente.

– Não! - rugiu o ser, não perderia a oportunidade de superar o rival, voltaria vitorioso e junto disso ganharia a amada e esses eram seus planos.

– Kalevi - ela falara mansa, o olhava sorridente - fique comigo, me proteja.

– Você não entende - começara a argumentar.

– Você quer ser mais do que ele - a observou, o anjo ainda se aprontava - superá-lo - sorriu - então o faça, fique comigo e proteja o escolhido.

Olhou-a e para a barriga, já estava enorme, voltou-se par ao anjo que prendia a última peça.

– Deseje-me sorte - falou beijando a mulher.

– Ela estará contigo - ela falou enquanto materializava uma espada e duas armas para mão, similares ao soco-inglês.

O anjo saltou no instante em que uma forte luz o atingia, fora transportado.

O demônio era o responsável pela proteção da casa, estava conectado a todas as energias a sua volta.

– Kalevi - era noite, a feiticeira acordara, sentia dores - Kalevi, acho que está na hora - ajeitou-se.

Ele a olhou assustado, nunca presenciara um pato. A moça ofegava e gemia de dor, o demônio apertava-lhe a mão cuidadoso, qualquer descuido e a quebraria. Foi possível ouvir o choro, Kalevi pegou panos, o cordão ainda era presente, a feiticeira estava nocauteada, o bebê sugava-lhe as forças, o demônio pegou a lança que ainda residia o canto ao fora jogada e com a ponta os separou. O bebê chorava, iria matá-lo era essa sua ordem e de todos os demônios, matar o salvador, mas como o faria? Pela primeira vez em toda sua longa jornada via um ser respirando pela primeira vez por conta própria e ganhando a essência de uma alma.

A criança dormira em seus braços.

Os meses passavam, de sua casa segura a feiticeira acompanhava as almas que partiam, quando se perdiam no caminho ela as guiava a paz eterna, com a ajuda do demônio cuidou da criança até o fim da guerra.

– Kalevi? - era Duncan - Precisamos de você, eu estou muito ferido assim como a maioria, precisamos de um guia para retornar.

– E deixá-la? Nunca.

– Pode ir - Yeva falou ao de pássaros que acalmavam a casa enquanto a criança era amamentada - Olhei os portais e chequei a redondeza, acho que até seu retorno estarei segura.

– Tem certeza/

– Sim - ela abriu um portal, podia ver anjos, demônios, sereias e fadas feridos.

– Cuide-se - ele a beijou na testa e pulou par ao vazio.

Seres feridos raramente sobreviviam a esse tipo de viagem, suas essências estão voláteis e qualquer desvio do roteiro corpo e alma seriam separados.

A feiticeira colocou a criança para dormir.

– Mãe! - ela gritou - Ele é a salvação de todos, se matá-lo quem salvará os humanos?

– Salvar os humanos significa matar demônios.

Yeva acertou a lateral do corpo da mãe, o cheiro tomou o ar.

– Ora sua...

Avançou, com as garras acertou o ombro da filha que soltou a espada e desprotegida foi arremessada. Zonza a feiticeira se levantou, a mãe carregava a arma do anjo ia cortar a criança, a proteção caíra quando Yeva fora atirada para longe. Em um reflexo, abriu um portal e no instante em que aparecera recebeu a lâmina lhe perfurando o corpo, urrou e com este o sangue voou de sua boca. Apoiava-se de quatro sobre a criança que a olhava sem perceber o perigo.

– Ora sua - a feiticeira girou o corpo e proferiu um chute na mãe que apenas se desequilibrou e ainda com a espada em punho aprofundou a ferida.

O corpo da feiticeira caiu sobre a criança, ambas perfuradas.

Uma luz iluminou o lugar, um anjo alto, forte, ainda de armadura invadiu o lugar, sorria, iria finalmente encontrar a filha e o neto. Ao se deparar com a cena seus punhos brilharam, proferiu um único soco na demônio e seu corpo esfarelou.

A feiticeira arrancava a espada das costas, caia de joelhos, era puro sangue e ainda o sentia jorrar do ferimento, o corpo inerte da criança ainda tinha os olhos abertos, sua alma erguia-se e fitava a mãe que tentou agarrar-lhe aos berros chorosos, mas já era tarde, o escolhido estava morto.

– Minha filha... - o anjo deu um passo a frente a tmepo, apenas, de amparar o corpo que despencava.

Ergueu-a em seus braços e sobre aquele corpo colocou o bebê, a luz voltou, ele se transportava ao mundo das fadas onde todos os feridos se encontravam. Ao entrar já era aguardado por Duncan que ainda com curativos queria a esposa.

– E como est... - olhou os corpo e o sangue que escorria - Yeva! - chorou desesperado- Meu filho, não! - gritou, os poucos conscientes os olhavam.

– Dê-me espaço, preciso ter com Althea.

A anja surgiu majestosa do meio dos feridos, já presenciara muitas guerras, mas ver a neta naquele estado partia-lhe o coração ou o que achava sê-lo.

Levou os corpos para sua tenda de cura, Duncan aguardava na companhia de Kalevi que se culpava pelo ocorrido, ambos beiravam a loucura.

– E então? - o superior ergueu-se dos feridos.

– Não há nada que eu possa fazer pela criança, sinto muito, Gabriel - o anjo inspirou.

– E a feiticeira?

– Está em estado critico, agora só nos resta esperar.

O tempo passou, todos já tinham perdido as esperanças de uma recuperação até Althea retornar da tenda.

– Ela partiu - anunciou.

– Ela morreu? - Kalevi perguntava interrompido por soluços de choro.

– Não, ela partiu e deixou isso.

Uma carta, a escrita não era domínio humano, mas os místicos sempre a tiveram. Ao final da despedida as letras brilharam tão intensas que cegou até os anjos, os corpos desabaram, ali suas memórias eram apagadas. Ali ocorrera o primeiro esquecimento.


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Notas finais do capítulo

e ai, o que estão achando?



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