Deixe-me te proteger escrita por Vlk Moura


Capítulo 3
Ancestral


Notas iniciais do capítulo

Mais umzinho para vocês, espero que estejam gostando.



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Tive um mal estar durante o dia, Kalevi reparou nisso. Estávamos há três meses na casa da feiticeira, sua mãe nos vigiava de perto com medo de que a machucássemos. Julio tentava ler os livros antigos da prima enquanto a mesma tentava novos feitiços, estávamos ficando sem tempo, logo todos os times seriam reunidos e nós teríamos de nos encontrar e lutar contra Catástrofe.

– Achei - Julio gritou, todos corremos ao seu encontro - Yeva, preciso que se deite e feche os olhos. - ela confirmou, não sabia o que era aquilo, não sabia que queríamos liberar sua memória.

Julio sacou de seu armário uma túnica creme, colocou um capuz, esticou as mãos sobre a cabeça e o coração da prima, pediu para que nos afastássemos. Em seu peito tinha um colar com uma pedra transparente, conforme ele ditava o feitiço a pedra brilhava em um roxo-azulado intenso, a menina sobre a cama começou a se contorcer, era possível ouvir seus gritos, no andar de baixo foi possível escutar a demônio se agitando, sua aura crescia, olhei os meninos, Kalevi sorriu como fazia sempre que se preparava para uma grande luta. O cheiro do inferno tomou a casa, o sábio parecia nem se mexer, Duncan contraiu as narinas, era normal um anjo se sentir incomodado. Fechei a porta, abaixei no vão e com duas palavras de uma língua extinta, a língua que as sereias ensinaram aos moradores de Atlantis bloqueei aquele quarto para qualquer ser que tentasse ali adentrar.

Julio começara a tremer, o colar agora flutuava sobre a cabeça da menina que ainda urrava, o anjo tentou se aproximar como se fosse ajudar a alma da feiticeira, eu o bloqueei, ele me olhou, parecia inseguro, ele nunca parecera inseguro, fora quando aquele grupo se separou.

– Ela precisa de mim.

– Se precisasse não estaria bloqueada - falei, ele se afastou.

Um grito tão agudo que nos obrigou a tapar os ouvidos.

– Julio, eu te disse para nunca fazer isso - a voz dela, a boca se mexia, o corpo se contorcia - se eu voltar trarei tanto dor comigo que esse corpo não aguentará, pare já com isso.

– Não, estamos precisando de você - ele falou começara a suar, estava fraco, provavelmente há muito que não colocava em pratica os poderes - Todos nós.

– Não! - um grito demoniaco tomou o quarto, olhamos par ao corpo, um rosto projetara-se para fora. - Não vou sair!

– Filha! - o rosto se virou - Filha! - era a demônio, a feiticeira começara a ofegar.

– Yeva! - Kalevi, ele estava com dor, fora rendido - Yeva, sua mãe...

– SH! - um som abafado, encostei na porta, eu não o sentia como antes, estava desacordado, olhei para Duncan.

– Ka... levi... - a expressão mudou, lembrei, olhei para a feiticeira e para a porta, a minha proteção começara a se quebrar, ela ia matar a própria mãe. - Kalevi! - ela avançou para a porta, derrubou Julio que ainda se equilibrou, a nossa feiticeira estava ali por causa dele se caísse ela sumiria.

Duncan pensou, li sua mente, ele sabia que ela ia avançar e mataria a própria mãe, ele pulou e se colocou na frente dela.

– Se for matá-la, terá de me matar primeiro - ela parou, ofegava, o rosto tinha uma coloração raivosa, pousou parecendo que só então o vira ali.

– Dun... can... - sua voz ficou aveludada, ela sorriu parecendo meiga, convenceria se não a conhecêssemos - Você veio até aqui?

– Sim, eu vim - ele sorriu, abaixou os braços e sorriu para ela - Eu vim aqui por você.

– Por mim? - ela pareceu se alegrar - Mas... - ela olhou para mim - Ah, Trina! - la sorriu alegre - Eu tinha me esquecido de você, mas por falar nisso, como está Atlantis? - eu e o anjo trocamos olhares - Eles ainda estão bem? Estou com saudade.

Atlantis, como ela sabia sobre Atlantis, o que estava acontecendo?

– Como você...

– Julio - ela se virou par ao primo, o cabelo mudou assumiu outro aspecto, era limpo, só então reparei que a Yeva de segundos antes não era a que procurávamos, mas estranhamente nos conhecia - você cresceu, não é mais o bebê de antes - ele a olhou, ainda concentrado - Está forte, fico feliz em vê-lo assim.

Ela nos olhou e par a aporta, sorriu e assoprou, minha proteção se partiu levando a porta junto, Kalevi estava desacordado, a parede estava com a marca de seu sangue negro, a demônio estava parada parecendo em choque, mas tão confusa quanto todos nós.

– Mas... - ela se contorceu para o primo - vocês não me trarão de volta - ela sorriu - Não aqui, não agora, não assim. Espero que cuidem da nova Yeva, ela pode ser fraca e indefesa - olhou o próprio corpo e andou até ele, tocou o cabelo e sua mão passou rápido, ela cerrou o cenho dolorosa - mas eu ainda estou dentro dela e irei acordar, quando ela estiver preparada, quando estiver madura para me suportar. - ela suspirou segurando um choro - Não irei alugá-lo por mais tempo - falava com o primo - foi um prazer revê-los.

Ela se deitou sobre o próprio corpo no exato instante em que Julio desabou, os ouvidos sangravam, usara muito de sua energia. a demônio ofegava abalada observando tudo, desabou sentada no ato mais humano que eu já vira partindo dela. Kalevi estava zonzo, mas já se aguentava de pé. Duncan, tinha os olhos arregalados, tremia. Fui até o sábio e o ergui, serei-anjos são muito fortes, mais do que aparentam. O levei para o próprio quarto, observei pedras de recuperação, ele as tinha usado quando tentara outras vezes libertá-la, peguei duas que reconheci serem da feiticeira, coloquei uma dentro da mão do menino e outra entre os pés, elas sugavam todo o cansaço, ele precisaria de mais tempo para recuperar a energia, mas só de acordar já me deixaria mais tranquila. Fechei a porta.

No chão ainda jazia o corpo da mãe, uma mãe desolada que vira a filha grande e desenvolvida e de repente a perdera sem poder fazer nada. Vira faces de sua criança que talvez não conhecesse, nunca soubemos que a Yeva seria capaz de tentar matar a própria mãe e nem a mulher parecia saber disso.

– Ela... - Duncan me olhou - ela é um monstro! - ele falou com nojo. - Aquela... aquela primeira, ela seria capaz de matar a mãe, quem faria isso?

– Quando você já tentou matar a filha é aceitável que a filha tente matar a mãe. - a demônio falou - Agora eu me lembro - ela chorava e as lágrimas queimavam sua pele humana, aquele líquido não era comum a seres como nós, sentimentos não eram comuns a nós - agora eu me lembro - ela desabou - me lembro de tudo. - olhou o corpo da filha - tudo.

O portão se abriu, uma figura ancestral se aproximou de nós, olhou para a cama e para a marca do nosso demônio em sua parede, nos segundos de observação ela varreu nossas mentes e suspirou impaciente, me analisou e depois de desfrunchar minhas memórias foi até o quarto de Julio, e depois se voltou para nós.

– Vocês deviam ter dado tempo a ela - falou finalmente.

Althea, Anja Curadora. Ela era a suposta avó de Yeva, era aliada do pai da feiticeira, vieram a Terra juntos para uma missão de proteção, ela era muito mais velha do que o guerreiro, respeitavam muito um ao outro tanto que a relação no mundo humano era a mais respeitável, ela se comportava como mãe e ele aceitara a adoção.

– Eu sei tudo pelo que passou, coisas que nenhum de vocês podem imaginar, ou se lembrar - ela repousou o olhar no anjo que parecia prestes a desabar - Você é forte rapaz, já te disse isso uma vez e gostaria que me escutasse novamente. Você é muito mais do que pensa ser, respeite minha neta e entenderá tudo. - ele confirmou, a anja era conhecida, famosa em nosso meio, desrespeitá-la era quase como um pecado e condenaria qualquer ser. - Sereia - ela sorriu para mim - cuide deles por mim, fiz o meu melhor até agora, passo a você essa responsabilidade. Estarei guardando por suas almas do outro lado, nós todos estaremos.

– Nós? - a demônio a olhou - Como assim, nós?

– Chegou nossa hora, Outono, minha, sua e de Betha.

– O quer dizer?

– Iremos encontrar nossos amados, finalmente. - ela sorriu feliz.

Betha chegou a casa, olhou em volta, era uma mulher jovem, olhou a mãe e sorriu ao ler sua mente, ambas realmente pareciam parentes, tinham longos fios loiros, olhos verdes que na ancestral eram desbotados, mas apenas neste plano, no astral ela tinha olhos vivos que refletiam os oceanos, tentou proteger Atlantis, é o que contam, lutou ao lado daqueles humanos, mas teve de fugir ou teria sido morta. Betha não tinha rugas pelo rosto, apenas manchas do sol, o avatar dos anjos era perfeito, alterava como as peles mortais, era quase impossível identificá-los em uma multidão.

– Foi um prazer revê-los - a mais nova disse - Cuidem de meu Julio, ele fará de tudo por vocês.

– Sabemos - Kalevi falou - Foi uma honra revê-las. - ele se dirigia as duas anjas que sorriram para ele.

Logo que a despedida acabou uma luz forte iluminou a casa, e elas foram sugadas, suas roupas mortais ficaram caídas ao chão e o cheiro do Paraíso soprava pela casa, mas tão rápido quanto surgiu sumiu e levou a calma que a ancestral trouxe consigo. Nos voltamos para a feiticeira que começara a acordar, se sentia tonta.

– O que houve? - ela nos olhou.

– Nada. - Duncan falou arrogante - Descanse, amanhã partiremos.

Ela concordou.

O sábio levantara e lhe demos as notícias, ele agradeceu, mas disse que a mãe o contatara antes de partir, dissera o que levar para a viagem e como se comportar com todos. Uma bolsa já estava pronta antes do amanhecer.

Começaríamos nosso caminho verdadeiro.


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Notas finais do capítulo

Acho que tudo ainda está meio monótono, mas é só o começo, a Yeva ainda ta fraquinha, mas prometo que quando ela voltar tudo terá suas agitaçõesounão. Agora, o Julio, particularmente, está melhor do que eu planejava que ele ficaria. =)



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