Deixe-me te proteger escrita por Vlk Moura


Capítulo 16
Escolhido




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Acordei sentindo meu corpo descansado, descobri que não tinha passado nem dez minutos que eu tinha dormido, Julio ainda dormia, parecia incomodado com algo, mas eu não queria acordá-lo. Kalevi e Duncan não estavam pelo quarto, assim como quando dormi, Yeva também não estava ali. Saí do quarto meio zonza, sentia meus joelhos querendo vacilar, minha mente estava pesada devido as lembranças que atropelavam minha mente. O som de uma pequena confusão, desci para o salão principal, estava quase vazio, nenhum anjo ou demônio, apenas algumas feiticeiras e sábios, nem mesmo as sereias estavam ali.

Pude observar uma pequena confusão e como minhas novas lembranças me diziam, Yeva era o motivo. Caminhei até a rodinha de feiticeiras e sábios e os observei. Brigavam com a feiticeira que no centro não parecia se importar muito com o que acontecia, ela os escutava e a indiferença em seu olhar era clara.

– E então, o que vai ser, Yeva? - era a voz de Magda, ela tinha se preparado para atacar a feiticeira adversária, percebi um riso se formar no canto do rosto de Yeva, mas não era como se ela gostasse, ela estava impaciente, eu só conseguia definir isso devido as novas memórias - Vai ficar ai fingindo não saber sobre o que falamos, ou irá nos responder?

Magda ia atacar, pude perceber um objeto cortar o ar, a feiticeira se afastou assustada e uma decepção pontou nos olhos de Yeva. Me aproximei do grupo, os feiticeiros me olharam e depois para Kalevi que estava posicionado entre as duas feiticeiras, ele encarava a adversária de Yeva com desgosto no olhar.

– É, Magda, acho que não será hoje - Yeva falou com tédio - Mas não se preocupe, logo poderá se vingar, não se preocupe, eu já vi o que acontece.

– Se você viu, sabe o que acontecerá, feiticeira do Paraíso - Yeva a fitou - Sabe que será seu fim.

Yeva soutou um engasgo que percebi ser um riso, todos ficaram apreensivos, ela encarou Magda.

– Nem tudo é o que parece ser, minha cara. - Yeva me olhou e seu sorriso assumiu uma feição verdadeira - Não deveria estar treinando, Trina? - sua voz era doce, os outros me olharam - Duncan, leve-a para o treinamento, eu e Kalevi também iremos treinar. - ela apoiou a mão no ombro do demônio que virou o rosto calmamente para ela.

Duncan, pela primeira vez em todas as minhas lembranças, acenou como um escravo faria ao seu senhor após ouvir uma ordem. O anjo me olhou e fez um sinal para que eu o seguisse. Um portal se abriu. Atravessei junto dele, estavamos em um espaço aberto, verde, um bosque com muitas plantas e água, anjos, demônios e as outras sereias estavam ali treinando, eu podia ouvir as armas colidindo, os ataques se formando, o fluxo de energia daquele lugar era intenso. Duncan parou próximo a uma poça, me encarou, sorri para ele e entrei na água, ela logo começou a envolver meu corpo criando uma armadura, era refrescante.

– Podemos? - ele perguntou, eu o olhei, meus olhos brilhavam como os de um felino, uma membrana cobria meus globos oculares, escamas tomavam minha pele, eu estava verde acinzentada.

Confirmei.

Ele preparou a espada par ame atacar, com apenas um passo para trás desviei de seu ataque, outros ataques desesperados do anjo atingiam o ar a minha volta, mas não me atingiam, percebi ele parar e raciocinar o que faria, a água em volta do meu corpo se agitou, ele atacou um tentaculo aquoso o bloqueou abrindo espaço para um ataque meu que foi bloqueado pelo anjo, o que já era de se esperar.

Tentei um novo ataque, mas fui bloqueada pela lâmina da espada que atingiu a lateral do meu corpo abrindo um corte na armadura de água que logo se consertou, eu o olhei, seus olhos tinham assumido um brilho como o sol, seus músculos que antes eram apenas levemente definidos estavam marcados, um estudo de anatomia poderia ser feito. Ele apertou a espada entre os dedos e tentou outro ataque, desviei me abaixando, senti o corte passar proximo a minha coluna, a água saiu do meu corpo e se posicionou sob os pés do guerreiro, ele tentou me atacar, mas andou em falso, ele me encarou e ao que eu tinha feito, eu fiz um movimento que puxaria a água como a um tapete, ele me encarou, se desequilibrou, ou foi o que achei que tinha acontecido, ele saltou e aproveitara meu ataque para pegar impulso, no alto observei que seus pés ainda estavam molhados, controlei a água que o arremessou no sentido contrário de seu percurso original, ele desequilibrou e quase perdeu a espada, tentei puxar a água e derrubá-lo novamente, mas foi em vão, ele usara meu desvio para cair em um bando de terra, que secara a água, fitei-o por alguns instantes, o anjo pegou impulso e voltou a me atacar, a espada em riste mirava minha cabeça, eram esses seus ataques. A armadura pressionou minha pele, preparei alguns chicotes de água e os usei para tentar afastá-lo, em vão.

Duncan saltou e ia me atacar, mas parou o golpe no meio e apenas pousou a minha frente, o pouso dele fez com que um pequeno buraco se abrisse em volta de seus pés, ele ofegava, não diferente de mim, nos encaramos, a água escorreu pelo meu corpo, senti a membrana recuar, meus músculos relaxaram. Duncan relaxou os músculos voltando a sua forma aparentemente fraca, os olhos perderam o brilho intenso. Ele me olhou, sua espada foi pendurada e só então percebi o cinto na lateral de seu corpo.

– Isso foi um treino? - ouvi um anjo perguntar, eu e o anjo olhamos em volta, estavamos cercados por seres assustados.

–Duncan - eu o chamei, ele me olhou - Vamos sair daqui. - ele confirmou.

Um portal se abriu, mas não nos levou para o pátio central e sim para um outro ambiente onde só nós dois estavamaos, nos sentamos em volta de uma mesa que parecia de uma praça mortal.

– Qual sua relação com ela? - perguntei, ele me olhou assustado - Kalevi já me contou a dele, me explicou depois do surto que tivera, mas você apenas a seguiu.

– Quando a Yeva nasceu eu tinha um pouco mais de dois mil anos, o que para um anjo é quase nada - confirmei, bebidas surgiram a nossa frente, adoro esses lugares mágicos - Não tinha minha posição escolhida, e ninguém confiava em mim, o que é normal, uma vez que fui criado quando o céu estava cheio de anjos superdotados - ele suspirou e bebeu o líquido brilhante - Porém Gabriel confiou em mim quando ninguém mais o fez, Gabriel me conferiu a proteção de sua família, isso, para um pobre anjo odiado era tudo o que eu precisava para poder provar meu poder.

"Então foi me passado de descer ao mundo mortal e escolher um local seguro, onde demônios não se aproximariam do arcanjo, eu o fiz, e fiquei esperando e assistindo ao nascimento da menina, o mundo mudava, a vida crescia e eu a observava admirado, não sabia que existia um poder como aquele, então senti a presença de alguém mais ali, alguém que não deveria estar naquele lugar, alguém que eu não tinha detectado, foi o meu erro, eu era odiado e tinha cometido um erro, ataquei Kalevi quando sua guarda baixou, mas como um inexperiente em guerras fui derrubado, Gabriel percebeu o que acontecia e fugiu para a proteger sua famíli, quando Calista estava para nascer foi quando acordei, por coincidência o mesmo local fora escolhido, pude ver os animais surgirem na Terra e tudo prosperar, Lúcifer não tinha me sentido, não sabia que eu estava ali.

"Naquele dia percebi o quão delicada a vida mortal era, retornei aos céus e encontrei o lugar devastado por uma guerra colossal, Yeva já estava crescida, ela e Merlim brincavam, eram boas crianças, Gabriel estava bravo com minha incompetência, ele brigara comigo, a feiticeira nos escutava, apareceu a nossa frente, eu a olhei, estava bravo e a ameacei, a peguei como minha refém, usei essa mesma espada para prendê-la. Kalevi invadiu a sala, eu me senti traido. Gabriel o tinha confiado a proteção de sua filha quando em tempos antigos eu era o original protetor, apertei a criança em meus braços.

"Yeva olhou para o pai, ele tinha um olhar preocupado, Kalevi portava sua arma em punho, outros anjos nos corcaram, entre eles Miguel que segurava a pequena mão de Merlim que parecia prestes a chorar assustado.

" 'Anjo' Yeva começou com sua voz infantil 'Não sei o que está acontecendo, mas eu queria que você soubesse que eu gosto muito de vocês' ela sorria infantil com suas enormes bochechas vermelhas 'Kalevi me mostrou várias e várias vezes a batalha de vocês dois e o que você fez foi muito divertido' ela riu, se contorceu em meu braço fazendo cara de dor, Outono estava sendo segurada por Betha para impedir que a demônio me atacasse e piorasse o que acontecia com a filha. Meus braços afrouxaram, a criança conseguiu tirar a mãozinha da prisão e fez surgir uma flor, ela se virou para mim e a colocou em minha orelha 'Pai, quero que ele me proteja, assim como o senhor confiou nele, eu também confio', olhei Gabriel, meus olhos lacrimejavam, eu tinha sido derrotado por uma criança a apertei, agora sem minha espada, a abraçava, ela pareceu se assustar, eu estava de joelhos enquanto a abraçava ' Ei, anjo, você via me proteger?', eu a olhei, seus olhos brilhavam, era impossível dizer que não."

Ele movimentou os dedos e uma flor única surgiu, tinha sete pétalas cada uma de uma cor, seu miolo brilhava como os olhos de Duncan quando me atacou. Era linda.

– Eu nunca deixei que essa flor morresse - ele me olhou - Entende porque par amim é impossível deixá-la? - confirmei - Graças a ela, o ódio de Gabriel não caiu sobre mim.

– Ela é muito especial - conclui - Você e Kalevi parecem dever muito a ela - ele riu parecendo se sentir sem-graça.

– Kalevi tem o aproveitamento do pai dela, já eu, sou alguém que ela salvou, e Gabriel me odeia e não consegue confiar em mim, eu sou um nada perto daquele demônio.

– Não sei se você pode ver dessa forma - bebi minha bebida opaca, o anjo me olhou, seus lábios brilhavam devido ao que bebia - Ela o selecionou dentre todos, Duncan, você entende? - ele negou - Você e ela têm uma ligação muito mais forte do que ela e Kalevi.

– Você acha? - confirmei - Mas que tal voltarmos a treinar, precisamos vencer essa coisa ou então já era o mundo e já era tudo o que vivemos - ele sorriu e sacou a espada.


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