Os Seguidores De Anúbis 3. escrita por Nath Di Angelo


Capítulo 22
O verdadeiro traidor.


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO: INTERROMPEMOS NOSSA PROGRAMAÇÃO PARA DEIXAR CLARO QUE QUALQUER TENTATIVA DE HOMICÍDIO CONTRA A AUTORA ESSA TERMINANTEMENTE PROIBIDO, OBRIGADA.
Gente, CHEGAY!
Pois bem cats cats da tia Nath, chegamos em um capitulo revelador da fic, e as coisas começam a mudar 'HOHOHO
Alguns de vocês já desconfiavam e agora terão suas conclusões, ou não. Lembrado que essa porra aqui é SDA então não tirem conclusões precipitadas porque vocês sabem que tenho problemas e mudo essa bagaça toda se eu quiser! ~~Tiros para o alto~
Boa leitura meus lindos e ah, obrigada por estarem mandando maravilhosos reviews!
PS: Se eu deixei algum errinho passar, desculpem!



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PDV HÓRUS.

Abri os olhos, piscando-os para o teto de meu quarto. A sensação horrível que invadiu meu coração logo após minha "briga" com Natália continuava aqui, quebrando todas minhas crenças que diziam que algumas boas horas de sono curavam tudo.

Ergui meu corpo na cama, cerrando meus punhos, sentindo-me com vontade de socar algo. A raiva ainda martelava em meu peito, questionando-me o porque de Natália estar sendo tão burra, tão.... não ela; porém, apesar de tudo, outros sentimentos me conflitavam, inclusive algo que se parecia com culpa. Eu não conseguia esquecer a feição assustada da garota, olhando para mim surpresa demais para dizer algo, enquanto eu apenas falava todas as grosserias presas em minha garganta desde que chegamos no Duat. Milhares de vezes no decorrer dessas horas eu já havia pensado em voltar, me desculpar, mas eu não podia fazer isso... Pois eu, infelizmente, não me arrependia de nada e faria tudo outra vez se isso significasse trazer a Natália que eu conhecia de volta.

Levantei-me, pegando meu celular na cabeceira de minha cama, vendo dezenas de chamadas perdidas. O joguei de lado, não tendo cabeça para ouvir ninguém nesse momento, e muito menos para ser convocado para uma reunião com Rá. Esse deus... Eu não deveria me sentir assim, não deveria sentir raiva do deuses dos deuses, do, tecnicamente, meu senhor; mas eu não conseguia esconder que o culpava por tudo que havia acontecido. O culpava por ter transformado Natália nesse ser egoísta; o culpava por ter a afastado de mim e o culpava mais ainda por ter feito meu amor por ela se esgotar e já estava me preparando para culpa-lo se algo ainda ruim acontecesse com ela, oque eu duvidava muito que iria acontecer.

Arrastei-me em direção a porta, colocando a mão na maçaneta dourada, estranhando-a mesmo estando em meu próprio castelo. Toda essa confusão parecia ter feito o passado parecer mais distante do que realmente estava, proporcionando–me sentir nostalgia pelo castelo no qual eu vivia por mais de 5.000 anos.

–Merda.-Xinguei, abrindo a porta, porém, congelei no lugar quando meus olhos bateram com um papel esverdeado colado na madeira branca. Franzi a testa, deslocando-o da porta, passando os olhos pela escrita de letras elegantes.

Hórus, eu preciso vê-lo. Me encontre as 22:00 no castelo de Rá, ache um lugar vazio para nos conversamos, eu preciso mesmo falar com você. Não se atrase.

Meus olhos dançaram pelas letras mais algumas vezes, não conseguindo ter nenhuma reação. Natália queria me ver? Sim, só podia ser ela... Mas, eu deveria ir? Deveria ouvi-la depois de tudo?

Olhei o relógio na parede, vendo-o marcar 21:30. Sorri sem humor, apertando o papel em minha mão, resumindo-o em uma pequena bolinha, porém, não consegui joga-lo fora. Apertei os olhos, sentindo mais uma vez raiva, porém dessa vez a raiva era de mim. Abaixei, pegando meus sapatos jogados no chão, saindo rápido do meu quarto, odiando-me por ser tão fraco.

PDV NATÁLIA.

–Mel...Não precisa...-Comecei, mas a garota me cortou.

–Precisa sim! Feche os olhos!-Ordenou. Suspirei pesadamente, obedecendo-a, sentindo a mesma passar o pincel sobre minhas pálpebras com delicadeza. Senti meus lábios se repuxando em um sorriso sem humor. Deuses... Eu estava mesmo me arrumando para ir jantar com Amón?! Céus, oque eu estava fazendo?! Porque estou aqui, indo ver um deus idiota que quer me matar?! Porque...Porque eu não estava indo atrás de Hórus agora? Porque não estava implorando por seu perdão?!

–Porque sua vida está em jogo, patética...-Sussurrei para mim mesma, sentindo meu peito contrair-se.

–Disse alguma coisa?-Indagou Mel.

–Não...-Respondi rápido. A garota soltou uma risada feliz.

–Terminei!-Exclamou. Abri meus olhos, fitando-me no espelho. Eu estava com a mesma maquiagem egípcia de sempre; os olhos delineados com kohl, um batom rosado na boca e uma sombra levemente prateada. Mel sorriu abertamente, abraçando meus ombros. Tentei sorrir para minha soldado, que olhava nosso reflexos no espelho com alegria. Mel, realmente, se parecia comigo, em uma versão minha muito, mais muito antiga; O mesmo cabelo loiro cortado nos ombros, olhos verdes e o sorriso que parecia deixar tudo feliz, que um dia, eu conseguirá dar. -Uau, parecemos irmãs!

–Não viaje.-Falei. Mel fez um biquinho irritadiço.

–Nossa capitã sempre cortando meu barato.-Reclamou, soltando-me.-Não se gabe só porque é mais bonita.

–Quem disse a você que eu sou a mais bonita?-Questionei, virando-me na cadeira para olha-la. Mel revirou os olhos.-Obrigada pela maquiagem, Mel, eu não sei oque seria de minha produção hoje se não fosse você.-Agradeci. O sorriso voltou aos lábios de Mel, que deu um pequeno pulinho entusiasmado.

–Não foi nada, eu iria vir aqui de qualquer maneira.-Falou.-Ah, inclusive, aqui está o celular de Max!-Falou, entregando-me um aparelho preto. Arqueei as sobrancelhas.

–Porque me trouxe o de Max?-Indaguei.

–Oras...tiramos par o impar e ele perdeu. Não iria dar meu celular assim, sem lutar.-Disse a garota, abraçando o aparelho rosa e decorado com glitter, que tinha nas mãos. Sorri de lado.

–Diga a Max que irei devolve-lo. Só preciso dele por hoje. Sabe que o meu quebrou quando fui presa no sarcófago e jogada o mar.-Falei. Mel assentiu, olhando para mim nostalgicamente.

–Puxa...Sinto falta disso.-Suspirou a garota.

–Sente falta de me ver afogada em um sarcófago?-Questionei.

–Não!-Protestou Mel rápido. Dei um sorriso de lado.-Sinto falta da adrenalina, da aventura... Poxa, fomos treinados para ir em missões e lutar contra os piores monstros do Egito, porque estamos enfurnados no duat? Não eramos o "Exército de Rá, os magos mais fortes já nascidos na casa da vida em 100 anos?

–Eram, mas fui tão "teimosa" que Rá resolveu puni-los por minha causa. Queria que estivessem aqui mais vezes também, seria bem mais fácil.-Murmurei. Mel suspirou.

–Sentimos saudades dessa loucura toda. Até mesmo Kira ganhou alguns kilos por causa da falta do que fazer...Quer dizer, o cachorro demônio está ficando obeso!-Queixou-se a garota incrédula.

–Kira...-Suspirei.-Será que ela se lembra que eu existo ainda?

–É obvio, um cão demônio só responde a seu dono, e você é a dona dela! Como é a nossa capitã também, estamos com você Natália.-Falou Mel. Dei um pequeno sorriso.

–Obrigada Mel.-Agradeci. A menina deu batidinhas em meu ombro.-Bom, tenho que me apressar, estou atrasada. É melhor você voltar a casa da vida, ou Rá pode descobrir que está aqui e isso não pode acontecer.

–Eu sei, seu sei. Eu não estava aqui, eu não vi nada e não sei de nada.-Falou Mel. Assenti.-Por mais que eu queira saber oque você vai fazer assim, tão arrumada...

–Desista, Mel. Não irei te contar.-Cortei rápido. A garota olhou-me aborrecida.

–Vamos! Só me diga com qual deus você ira sair.-A encarei entediada.-Oque?! É quase obvio que vai para um encontro!

–Melissa...Adeus.-Falei. Mel encarou-me indignada.

–Isso é injusto!-Protestou a menina. Acenei, sem ao menos olha-la, fazendo-a bater o pé no chão.-Você é uma ingrata, Natália Ramsés.-Ri, enquanto a garota marchava para fora do quarto, abrindo a porta com força.

–Natália e oque...?!-Parei de sorrir, enquanto Mel arregalava os olhos para Nefertum que a encarava confuso.-Mel oque faz aqui?!

–Eu... Eu não estava aqui, eu não vi nada e não sei de nada!-Falou a garota.-Tchau, Nefertum!-Mel contornou o deus dos perfumes, saindo correndo de meu quarto. Nefertum a encarou incrédulo, virando-se para mim logo depois.

–Oque acabou de acontecer aqui...Natália?!-Nefertum arregalou os olhos, fechando a porta do quarto atrás de si, olhando-me de cima abaixo. Virei para ele, arrumando o vestido em meu corpo.

–Desde que me entendo por gente. Oque faz aqui?-Perguntei. Nefertum ergueu as sobrancelhas.

–Você está...linda.-Declarou o deus dos perfumes.-Quer dizer...Está realmente perfeita!

–Obrigada.-Reconheci.- Realmente... É estranho me vestir por mim mesma, é sempre aquele salão enfeitiçado estranho que faz todo o trabalho para mim.

–Oque deu em você para fazer essa super produção toda? Por acaso eu esqueci de alguma festa?!-Indagou o deus.

–Não...A verdade é que eu vou jantar fora hoje. Ah, avise os outros, é possível que acham que eu morri se não aparecer na reunião.

–Jantar fora?-Questionou Nefertum.-Com quem?!-Abri a boca para responder, porém, Nefertum me cortou antes que eu pudesse falar algo,vindo até mim.-Natália...Por favor! Em meses essa parece a única vez que Rá não esta nervoso com você, ou querendo arrancar sua cabeça. Não irrite-o, não temos mais tempo para bancarmos os rebeldes!-Falou Nefertum. O olhei irritadiça.

–Fique tranquilo, Nefertum. Rá ira pular de alegria quando descobri que sai.-Falei, indo até minha penteadeira.

–Ele vai?-Questionou Nefertum. Soltei um suspiro profundo.

–Vai...-Falei.-Eu... estou indo jantar com Amón.-Contei. Nefertum arregalou os olhos, olhando-me incrédulo pelo reflexo do espelho.

–Oque?!-Indagou.

–É isso ai. Ele me chamou para jantar e eu aceitei.-Falei. Nefertum arfou descrente.

–Você enlouqueceu?!-Questionou.-Pendeu de vez todo o juízo?!

–Eu não poderia negar, Nefertum. Ele desconfiaria!-Rebati.

–Que se dane oque ele faria, Natália, ele quer te matar!

–Quem nessa droga de lugar não quer?-Questionei.

–Não seja besta, estou falando sério! Você não pode ir, não pode ficar sozinha em um mesmo lugar que ele! É perigoso!

–Nefertum, Amón não seria burro o bastante para me matar, ele sabe que se descobrissem que eu estava com ele quando "morri" toda a culpa iria ser jogada em cima dele.-Falei.-Por isso quero que conte a todos, se algo acontecer comigo saberão quem foi.

–E ira arriscar sua vida apenas por supor que todos vão acusar Amón cado você morra?!-Indagou Nefertum incrédulo. O olhei cansada.

–Sim.-Respondi. Nefertum negou com a cabeça, como se tentasse descobrir qual era meu problema.

–Que caralh...

–Olhe o vocabulário, deus dos perfumes.-Avisei, examinando meu rosto no espelho.-Relaxe.

–"Relaxe"-Repetiu Nefertum em tom de deboche.-Deuses, você é mesmo uma louca suicida.

–Como se você já não soubesse disso.-Respondi.

–Hórus sabe disso?-Indagou Nefertum. Senti meu coração se apertar, abaixando os olhos por um momento.-Ah! Eu sabia que não! Eu irei chama-lo agora...duvido que deixe você sair assim...

–Não.-Cortei.-Não conte a Hórus.-Ordenei. Nefertum olhou-me desafiativo.

–Porque eu faria isso?

–Porque Hórus não vai se importar.-Falei.-Ele... terminou comigo.

–Oque?

–Não literalmente terminou, afinal nós não tínhamos nada faz um tempo e...-Dei um sorriso vacilante.-Hórus me odeia Nefertum....-Falei.-Ele disse para mim ficar longe dele e que não que mais ter nada comigo; disse que esta cansado de mim e que sou uma egoísta que só pensa em mim. Então, não conte, por favor.-Nefertum me encarou por um momento, dançando os olhos por meu rosto.

–Isso não pode ser verdade... Hórus, nunca faria isso com você.

–Pois é. Ele fez...-Murmurei.-Pela primeira vez na vida descobri o porque de Hórus ser o deus da guerra. Ele pode fazer você se sentir a pior das pessoas só com ódio que tem nas palavras, se eu não gostasse tanto dele poderia te-lo matado -Falei, voltando-me ao espelho. Passei a mão pelos cabelos, encarando meu reflexo. "A partir de agora, fique afastada de mim.".–Droga...-Rosnei. Bati as mãos espalmadas na penteadeira, soltando um suspiro sufocado. Senti as mãos de Nefertum apertando meus ombros.

–Natália, não faça isso com você mesma. Não se torture mais!-censurou-me.-Você o ama!

–Pode ser difícil libertar as pessoas que se ama pra que elas sejam felizes, Nefertum. Mas essa foi a escolha dele. Eu sou mortal, Hórus não...Já fiz gente demais sofrer por mim.

–Natália, você está...

–Estou bem.-Menti, tirando as mãos dele de meu ombro, respirando profundamente.-Irei superar...

–Você está sendo idiota, sabe disso não é?-Abri a boca para responde-lo, porém, fui impedida por batidas impacientes na porta. Endireitei meu corpo, sentindo meu sangue gelar e a adrenalina me invadir.-Ele chegou...

–Céus, eu não creio que você fazer isso.-Sussurrou Nefertum. Suspirei mais uma vez, abrindo um sorriso.

–Me deseje sorte.

–Fique feliz que eu deseje que volte viva.-Respondeu o deus dos perfumes. Virei os olhos, sinalizando para ele ficar em silêncio, abrindo a porta de meu quarto. Foi como tomar um banho gelado, esforcei-me ao máximo para não bater a porta na cara de Amón, ou para não arrancar sua cabeça. O deus dos ventos sorriu para mim.

–Salvadora do duat você está...-Começou, mas eu o cortei.

–Vamos? Eu estou com fome.-Falei. Amón abriu ainda mais seu sorriso.

–Espero que goste da minha escolha de restaurante.-Falou.

–Tenho certeza que irei adorar-Respondi. Amón ofereceu o braço para mim, e eu o peguei de mal gosto dando uma última olhada para dentro de meu quarto. Não consegui ver Nefertum, fechando a porta com pesar, começando meu encontro com o amante de Kebechet.

PDV HÓRUS.

Eu caminhava em passos largos pelo castelo de Rá, apertando o bilhete de Natália em minha mão. Eu olhava para os lados, certificando que ninguém me veria, afinal, tudo oque eu menos queria era que alguém interrompe-se minha conversa com a Ramsés.

Parei na frente da porta do quarto na Natália, a observando. Suspirei pesadamente antes de levantar a mão, pronto para bater, porém, fui impedido. A porta de Natália se abriu antes mesmo de encostar minha mão nela. Abri a boca para começar a falar, mas me calei quando vi que não se tratava da garota.

–Hórus?-Indagou Nefertum. O deus dos perfumes tinha uma carranca cansada no rosto, a testa franzida em preocupação. O encarei por alguns segundos.

–Desculpe, Nefertum mas eu preciso falar com Natália. Ela me chamou aqui.-Falei, mostrando o bilhete em minha mão.

–Oque...?-Começou Nefertum, mas eu não dei tempo dele terminar, o empurrando para o lado e adentrando o quarto.-Hórus!-Rodei em círculos dentro do quarto.

–Natália?!-Virei-me para Nefertum, que me encarava cético ainda da porta.–Onde ela está?-Questionei.

–Natália saiu...-Respondeu Nefertum, um tanto que vacilante.

–Para onde?!-Indaguei. O deus do me encarou, trincando o maxilar um tanto que irritado.

–Você disse para ela ficar afastada de você, e agora a procura. Porque Hórus?-Questionou-me. Levantei o papel mais uma vez, fazendo-o semicerrar os olhos para tentar ler oque estava escrito.

–Ela me chamou aqui.-Falei.-Disse para me encontrar em um lugar vazio, mas parece que esse lugar não é aqui.-Falei. Nefertum piscou os olhos confuso, enquanto eu caminhava para fora do quarto. Senti a mão do deus dos perfumes me segurando, antes que eu pudesse sair.

–Não foi Natália que te mandou esse bilhete. -Falou Nefertum. O encarei.

–Como sabe disso?

–Porque...Natália se quer está aqui no castelo. Ela foi jantar com...Amón.-Revelou Nefertum. Arregalei os olhos, olhando Nefertum incrédulo.

–Ela foi oque?!-Indaguei.

–Hórus, não fale como se ela fosse um monstro, sabe que Natália só está fazendo isso para achar Kebechet e completar sua missão!-Argumentou o deus dos perfumes.

–Ela só está fazendo isso por ela, Nefertum!-Rebati, sentindo toda a raiva momentaneamente esquecida, voltando a mim como um furacão.-Egoísta, como ela pode fazer essas coisas sem avisar ninguém?! Como pode ser tão idiota?!

–Ela não te avisou porque mandou que ela ficasse longe de você, Hórus.-Respondeu Nefertum com um tom ríspido na voz.-Ou já se esqueceu disso?

–Não a proteja, Nefertum!-Gritei, me soltando do deus.

–Ei!-Protestou Nefertum, mas eu já havia saído do quarto, batendo a porta com uma força que fez as paredes tremerem, saindo andando com paços largos pelo duat. Deuses...Como eu , por um momento se quer, pude acreditar que Natália havia mudado?! Ela continua a mesma, a mesma vadia mesquinha que deixou a horas atrás seu inimigo humilhar a melhor amiga, a vadia mesquinha cegada por Rá que agora está jantando com o desgraçado do deus dos ventos, que, só por um detalhe, quer mata-la!

–Merda!-Gritei, socando a parede com raiva. Senti meus dedos estralando de modo estranho, e sangue começou a escorrer de minha pele, porém, o ódio que eu sentia encobria qualquer dor.

–Hórus...-Chamou-me uma voz feminina. Me virei para trás pronto para mandar quem é que seja para puta que pariu, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa fui tomado pelo choque. Diante de mim estava Kebechet, a deusa traidora. Arregalei os olhos, olhado-a de cima abaixo, enquanto a deusa me encarava temerosa. Os olhos da mesma desceram para minha mão machucada.

–Oque...?-Comecei, mas a deusa me calou, colocando a mão contra minha boca.

–Aqui não, vamos para um lugar mais reservado.-Falou Kebechet olhando para os lados. A encarei enquanto a mesma pegava em meu pulso, puxando-me com ela. Me deixei ser levado, estando perplexo demais para fazer alguma coisa. Deuses, oque...?

(...)

Eu encarava atônico Kebechet enrolar bandagens em meus dedos feridos, em um dos quartos vazios do castelo de Rá. Eu a encarava incrédulo, apertando o punho de minha outra mão incrédulo.

–Foi um belo soco...-Admirou-se Kebechet. A encarei

–Oque faz aqui?!-Questionei.-Se alguém a encontrar, pode ter certeza, você estará morta!-Kebechet sorriu debochada.

–Por favor, não seja ridículo...Eu tenho Apófis e Set em meu corpo, a única pessoa que pode me matar não está nesse castelo, tenha certeza.- Senti uma pontada no estômago, olhando com ódio para a filha de Anúbis.

–Oque quer aqui, Kebechet?!-Indaguei, retirando minha mão da deusa com ferocidade, não deixando-a terminar de fazer meu curativo. Kebechet suspirou, virando-se para mim.

–Oras, vim para nosso encontro...-Falou obvia. Semicerrei os olhos.

–Eu não tenho nenhum encontro com voc...-Me calei, lembrando do papel verde grudado em minha porta.-Aquele bilhete, foi você?

–Sim, eu te chamei aqui, Hórus.-Falou Kebechet.-E você veio.

–Eu não sabia que era você!-Protestei.-Achei que era...

–Natália?-Completou Kebechet. A deusa das cachoeiras deu um sorriso debochado.-Eu tinha certeza que pensaria que fosse ela. Por isso me atrasei para nosso encontro, desculpe.

–Oque quer comigo?-Indaguei. Kebechet me encarou por um momento.

–Eu vim falar com você, deus da guerra... Te propor um acordo.

–Um acordo comigo? Você só pode estar brincando.-Falei desacreditado. Kebechet arqueou as sobrancelhas.

–Eu por acaso pareço estar brincando?-A encarei.-Hórus... Não precisa mentir para mim, sei que está odiando essa guerra fria tanto quanto eu, sei que odeia Natália tanto quanto eu!

–Não sabe oque você está falando, eu não a odeio!-Rebati.

–Não?-Indagou Kebechet.-Que engraçado..."Você se tornou um desastre! Não sabe pensar em nós, não sabe pensar no que é melhor para alguém que não seja você! Mas tem uma guerra acontecendo agora, ou haverá uma em breve, e eu me cansei de você!"–Recitou a deusa.-Por acaso, disse tudo isso da boca para fora?

–Como você sabe disso?!-Questionei, lembrando-me das palavras que disse a Natália em nossa briga. Kebechet sorriu.

–Eu conheço Natália Ramsés como a mim mesma, Hórus. Assim que soube que teria que enfrenta-la a estudei e hoje posso ler cada passo dela como as linhas de um livro infantil. A conheço mais que todos nesse castelo, inclusive mais que você!

–Não sabe oque está falando!-Rosnei, aproximando-me ameaçadoramente da deusa. Kebechet me encarou, nem um pouco receosa.

–Não?-Indagou.- Por acaso se esqueceu também do "...e eu me cansei de você! Do, como você diz, "novo você"? Tem a coragem de me dizer que conhece essa "nova Natália Ramsés"? Que falou essa palavras todas da boca para fora?!

–Pare, pare de repetir oque eu falei!-Ordenei.

–Me diga que é mentira que eu juro que não abro mais a boca!-Rebateu Kebechet, a fitei fixamente.-Do contrário, continuarei a falar tudo isso, pois essa é a verdade! Essa é a verdadeira Natália Ramsés, Hórus, e você está enxergando isso!

–Não sei do que está falando...-Grunhi.

–Ah, Hórus...Você sim. Sabe tão bem como eu o ser repugnante que aquela garota se tornou. Eu sinto em você a mesma fúria que corre em mim. A vontade de se vingar de Rá, de fazer as coisas serem como antes!

–Eu não quero isso!-Desmenti.

–Por favor... Eu acreditaria em você a anos atrás, quando eu ainda podia andar por esses corredores, mas hoje... Está tão submisso a Rá, a Natália e a suas regras que perdeu sua essência... Mal pode ser chamado de deus da guerra agora.-Argumentou Kebechet. A olhei ameaçadoramente, mas a deusa não pareceu se importar, continuando a me enfrentar com o olhar.-Você é o único aqui dentro que está começando a ver que nada disso é certo, Hórus e quer, assim como eu, mudar isso.

–Não me compare a você, Kebechet...

–Não estou comparando, só estou tentando dizer que iriamos conseguir tudo oque queremos juntos, Hórus. Destronar, Rá... Eu deixaria você ser o faraó do Egito, trazer todos os deuses exilados de volta, e viver em harmonia como sempre fizemos! Nunca em nossa história tivemos tantos deuses mortos, tantas guerras acontecendo. Natália Ramsés não é nem de longe uma salvadora, ela veio apenas para nos destruir!

–Não sabe oque está falando!-Censurei.-Cale a boca.

–Não antes de terminar de falar.-Rebateu a deusa.-Irei ser direta com você, Hórus...Eu o quero do meu lado nessa guerra.

–Desista. Eu nunca irei aceitar isso!-Falei. Kebechet comprimiu os lábios.

–Eu sei que vai.-Falou a deusa com convicção.-Só ainda não consegue ver...-Kebechet retirou o bolço do vestido que usava uma pequena pedra, entregando-a a mim. -Pense sobre minha proposta, Hórus e quando finalmente estar certo de aceitar aperte essa pedra e eu saberei que falou sim.-Olhei para a pedra em minha mão, voltando-me a Kebechet logo depois, mas a deusa não estava mais ali, deixando uma névoa negra no lugar. Neguei com a cabeça freneticamente, saindo do quarto rapidamente, passando praticamente correndo pelos corredores do castelo em busca da saída. A encontrei segundos depois, ficando feliz ao sentir a briza fria tocar meu rosto.

Fechei os olhos, respirando profundamente, sentindo-me sufocado. Deuses... Que merda foi essa?

–...E então, gostou do jantar?-Indagou a voz de Amón. Abri os olhos, vendo-o ao longe, de braços dados com Natália. A garota tinha os olhos baixos, e o queixo rígido.

–É, foi bom.-Murmurou seca. Amón sorriu estonteante.

–Ótimo! E quando faremos isso novamente?-Questionou. Natália engoliu em seco, virando-se para o deus dos ventos.

–Em breve.-Prometeu com um suspiro. Franzi o cenho, examinando Natália com o olhar. A mascará que a garota vestia era impossível de não ser percebida, o atriz habilidosa que havia se tornado se mostrava cada vez que a mesma olhava para Amón, fingindo estar gostando daquilo tudo. E essa máscara, essa atuação estavam tão impregnadas na Ramsés que eu não a reconhecia mais...Natália havia se tornado uma estranha para mim.

Senti meu coração dar um solavanco, percebendo com uma dor cegante que tudo oque Kebechet disse estava certo. Ela conhecia Natália, eu não. Foi ela que viveu esses 3 anos que se passaram com ela, não eu.

Fechei meus dedos em torno da pedra que acabará de ganhar de Kebechet, sentindo os farelos da mesma descerem pelos vãos de meu dedo, não podendo desgrudar os olhos da conversa aparentemente amigável entre Natália e Amón.

–Eu aceito sua proposta, Kebechet.-Sussurrei para o nada, como minha decisão final.


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Notas finais do capítulo

~~Autora sai correndo~~
NÃO SE ESQUEÇAM DE MANDAR REVIEWS! BEIJOS DE LUZ!