Os Seguidores De Anúbis 3. escrita por Nath Di Angelo


Capítulo 23
Uma droga de reunião.


Notas iniciais do capítulo

Não, queridinhos, vocês não estão sonhando.
NÃO, QUERIDINHOS, NÃO TENTEM ME MATAR!
Geeeeeeeeeeeeente T^T Mds, mds,mds. Desculpem!!!!
Então, galera. Cá estou de volta e, falando sério, não sei oque dizer. São três mais de três meses sem postar, e mais de dias sem entrar no Nyah. A verdade é que fui aprisionada por um crise maldita de falta de inspiração, e nem as férias me ajudou a recuperar minha criatividade. Para mim, escrever não é tão facil como era antigamente... As palavras não fluem, eu não consigo mais colocar todos meus sonhos e imaginações no papel; resumindo: Escrever se tornou uma bosta.
Pensei várias vezes em desistir, porém, a cada dia, mais e mais idéias surgiam em minha mente, e um desejo de terminar de escrever SDA, minha primeira fic aqui no Nyah, não me deixava esquecer daqui, então, depois de muito tempo tentando escrever, aqui estou com o capitulo, totalmente forçado, com uma escrita horrível, porém, ele está aqui. Sinto muito por tudo isso pessoal, não sabem o quanto senti falta disso tudo, e espero que ainda tenha alguém aqui comigo; então, é isso. CÁ ESTAMOS NOVAMENTE, CARALHO O/ VOLTEI PORRA!
Voltando aqui, tenho uma linda frase, que senti saudades de dizer: Boa leitura pessoinhas, desculpem pelos erros e nos vemos lá embaixo! BEIJOS!



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1 mês depois.

PDV NATÁLIA.

Eu estava de testa franzida, encarando incrédula o salão dos deuses. Tudo estava estranhamente quieto e vazio, estando presentes apenas Khonsu, Rakel, Ísis, Anúbis e Kepri, que roncava em seu trono. Tudo estava tão esquisito que eu mal reconhecia esse lugar, e olhe que depois de três anos vivendo essa loucura eu sei do que estou falando. A sala dos deuses, por incrível que pareça, estava mais estranha do que nunca. As brigas, discussões e chiliques não aconteciam a algum tempo e eu deveria ficar feliz com isso, se essas "melhorias" não estivessem vindo com uma dose de coisas piores, que me deixavam cada vez mais nervosa.

Eu ainda continuava com meu teatro diário, que, nesse um mês que se passou, me fez conseguir a confiança de Amón, enquanto tentava suporta-lo; e eu presumia que também havia o feito acreditar que eu não desconfiava em nada de seu pacto com Kebechet; isso não seria uma grande novidade se, junto com a minha aproximação de Amón, não viesse junto meu distanciamento definitivo de Hórus.

Eu realmente tinha esperança que aquela história do "não se aproxime de mim" fosse apenas um momento de raiva, mas não foi. A um mês eu e o deus da guerra não trocávamos uma palavra se quer; ele fugia de meus olhares como se eu tivesse algum tipo de doença e quando, sem querer, nossos olhos se encontravam, era como se facas de gelo estivesse adentrando meu peito.

–Natália!-Chamou Rakel, em minha frente. Levantei a cabeça, vendo-a me encarar impaciente.-Obrigada pela consideração de prestar atenção em mim!-Protestou a garota. Eu estava sentada no chão da sala do trono, próxima ao trono de Rá, na companhia de Khonsu e Rakel. Os dois estavam abraçados e Khonsu escondia algo atrás dele, que eu fingia não ter percebido apenas para não cortar o barato do mesmo

–Desculpe, eu...Estava pensando.-Falei. Rakel dispensou minhas desculpas com um aceno de desdém, sorrindo para mim abertamente. Mesmo depois do que ouve com Amón quando o mesmo chegou aqui, a minha amizade com Rakel não parecia ter se abalado; pelo contrário, Nós duas nutríamos juntas um ódio secreto pelo deus dos ventos, que era compartilhado por Khonsu também, mesmo ele não sabendo do plano do próprio pai.

–Temos uma surpresa para você!-Falou Rakel, batendo as mão animadas. Ergui as sobrancelhas.

–Uma surpresa?-Indaguei. Rakel assentiu, enquanto Khonsu mostrava a caixa de presente que estava escondida atrás de si. Sorri.-É para mim?

–Surpresa!-Exclamou Khonsu sem animação, recebendo uma cotovelada de Rakel.

–Mas... Não é meu aniversário... ou é?

–É claro que não é. Cale a boca e abra logo!-Exclamou Rakel. Khonsu me entregou o pacote e eu o abri, arregalando os olhos logo depois.

–Céus, é um celular!-Exclamei incrédula, pegando o aparelho branco de dentro da caixa.-Deuses, estão me dando um celular!

–Ah, ninguém se importa!-Grunhiu Kepri de seu trono. O ignorei, continuando com a minha euforia.

–Você é incrível, Khonsu!-Exclamei.

–Fico feliz que gostou.-Sorriu o deus da lua, bagunçando meus cabelos loiros como seu eu ainda tivesse 15 anos.-E lembre-se, tenha cuidado, não te darei outro celular caso você resolva se afogar com ele.

–Não te daremos mais nada se resolver se afogar novamente... na verdade, nós não te daremos o direito de viver caso resolva se afogar novamente!-Falou Rakel. A encarei inquisitiva.

–É a segunda vez que se refere a vocês dois como "nós". Pelos deuses...Estão se tornando aquele tipo de casal que pensam que são uma pessoa só? Céus, tenho pena da alma de você.-Falei, com falso pesar. Khonsu revirou os olhos.

–Quando você se apaix...-Começou o deus da lua, mas eu o calei, imaginando a continuação de sua frase.

–Se completar essa frase com "Quando você se apaixonar, vai entender", irei enfiar meu fabuloso celular novo em sua garganta, Khonsu.-Ameacei. Rakel riu, dando-me um pequeno empurrão.

–Ah, cale essa boca.-Ordenou a loira. Sorri, começando a fuçar em meu celular.-Uau... Por um momento tive um momento de nostalgia, sabia?

–Sério?-Questionei, sem olha-la. Rakel suspirou.

–É... por um momento lembrei dos momentos bons em que eramos uma equipe.-Falou a garota desgostosa, vire-me para ela.-Sabe... Quando você e eu eramos BBF's, quando Erick e Mike ainda estavam vivos, quando aquele deus ainda se lembrava de mim.-Resmungou. Khonsu respirou fundo, tocando o queixo de Rakel com carinho.

–Aquele deus?-Indaguei.

–Anúbis.-Traduziu Khonsu. Rakel bateu nas pernas frustrada.

–Argh! Eu o detesto! Desde que você foi embora pela última vez é como se eu não existisse! Ele só fica trancada no quarto, se arrastando por ai como um zumbi e passa dias e noites fora do castelo; eu mal lembro da última vez que vi ele comendo ou tomando banho! Okay, okay... Ele faz oque quiser com a vida dele, afinal, ele é um deus! Mas... Moro com Anúbis desde pequena, só queria que ele lembrasse de mim; que existo de vez em quando ou que talvez mandasse alguém limpar aquele castelo cheio de poeira.-Rakel virou-se incrédula para mim.-Acredita que ele esqueceu meu último aniversário?! Não recebi ao menos um "Parabéns, Rakel, felicidades"! -Comprimi os lábios.

–Eu... desculpe por isso, Kel. Sei que não deve ser fácil.-Murmurei. Rakel bufou.

–Não se desculpe, você não tem nada a ver com isso. Sei que está sofrendo também.-Murmurou. Senti meu peito se apertar, enquanto Rakel cruzava os braços.-É culpa dela... tudo culpa daquela vadia da Kebechet.

–Rakel...-Censurou Khonsu. Pisquei, virando-me para Anúbis discretamente. O deus ainda estava mais pálido que o costume e parecia mesmo estar usando a mesma roupa as dias. Lembro-me da primeira vez que eu o vi no salão de seu castelo... tão bonito, como o próprio sol; mas agora sua luz havia se apagado, e, em partes, a culpa era minha. Semicerrei os olhos, tentando ver oque Anúbis fazia. O deus segurava um catálogo de carros e estava totalmente distraído.

–...Ele é meu deus e eu o chamo como quiser, e você, shiu!-Ordenou Rakel, chamando minha atenção. Khonsu massageou as têmporas.

–Onde está sua dignidade divina?-Indaguei. Khonsu olhou-me fulminante.

–Volte a brincar com seu celular ou perder-se no rosto de Anúbis como um cachorrinho se perde na frente da maquina de frango, por favor.-Pediu Rakel sem nenhum toque de sutileza na voz. A olhei irritadiça.

–Cale a boca ou eu quebro você.-Ameacei. Rakel olhou-me desafiativa.

–Se acalmem.-Pediu Khonsu com a sombra de um sorriso no rosto. Mostrei a linguá para Rakel.

–Certo, eu tenho um celular novo, nada irá me abalar!-Falei, dando um sorriso maléfico logo depois.-Ei...Nefertum não conhece esse numero...Deuses, irei passar um trote para ele.-Abaixei-me, discando o numero de Nefertum, porém, não tive nem tempo de completar a ligação.

–Uau, Natália Ramsés tem um lado bom humorado, eu adoraria assistir isso.-Falou uma voz atrás de mim. Foi como se um balde gelado tivesse sido jogado em mim e no clima agradável que estava aqui a pouco. Me virei devagar, tentando esconder de minhas feições o desejo homicida que se instará em mim.

–Eu...Irei deixar vocês a sós.-Murmurou Rakel, sendo puxada para longe por Khonsu. Os segui com o olhar, enquanto o sorriso de Amón se abriu ainda mais.

–E então, iniciada de Rá?-Indagou Amón.

–Eu.... acabei de lembrar que não tenho o numero de Nefertum, é uma pena.-Falei me levantando e marchando em direção ao outro lado do salão, sendo seguida incansavelmente por Amón. Inspirei profundamente indo em direção ao canto do salão, onde havia uma mesa de com uma jarra de água e alguns copos, enchi um deles virando-me para o deus dos ventos.-E então, oque você quer?

–Uou... parece que me enganei, não é mesmo? A seguidora de Rá não está assim tão bem humorada.-Comentou. O encarei inquisitiva.-Problemas com seus sentimentos?-Questionou. Dei um sorriso sem humor.

–Oque sabe sobre sentimentos, Amón?-Indaguei. O deus olhou-me indignado.

–Oras, muitas coisas! Sou um deus de mais de cinco mil anos, docinho, algo eu tive que aprender nesse tempo.-Arqueei uma sobrancelha, incentivando-o a continuar. -Os sentimentos são... coisas complexas. Por exemplo, Meu filho Khonsu com aquela sua amiguinha... Realmente acha que aquele "amor" deles vai durar? É impossível, ela é humana, ele um deus.-Trinquei o maxilar, semicerrando os olhos levemente.- Daqui a dez anos sua aparência não será tão bonita e jovial como está agora, e Khonsu estará igualzinho. O amor deles sobrevivera ao tempo?

–Não sabe nada sobre o amor deles, Amón. E eu acho que de todos aqui, eles são os únicos que amam de verdade.-Respondi. Amón sorriu sutilmente.

–E oque nossa querida escolhida de Rá sabe sobre amor verdadeiro?-Indagou, mas não esperou por minha resposta.-Oque quero dizer é que... existem sentimentos e sentimentos. Por exemplo nós dois...-Amón aproximou-se alguns passos de mim, oque me fez olha-lo temerosa. O deus sorriu sedutor, olhando-me intensamente. -Os seus sentimentos, quero saber sobre eles... Oque está sentindo nesse momento?

–Oque eu sinto?-Indaguei, arqueando as sobrancelhas, olhando por um momento para o copo de água em minha mão.-No momento, Amón, eu sinto sede. Com licença.-Pedi, voltando a me afastar do deus. Não consegui dar mais de dois passos, antes de sentir a mão de Amón fechando-se sobre meus braços, virando-me para ele novamente. O parei, batendo minha mão contra seu peito.

–Oque acha que está fazen...-Comecei, mas fui cortada por um ruído agudo que chamou a atenção de todos que estavam no salão. Anúbis, Khonsu e Rakel se viraram para mim, franzindo o cenho. Anúbis fechou a revista que segurava devagar, passando os olhos negros por mim e por Amón repetidamente, como se ponderasse se precisaria interferir em minha conversa com o deus dos ventos, coisa que não aconteceu, pois ,ao perceber que todos nos olhavam, Amón me soltou, lançando-me um sorrisinho desagradável. O som agudo tocou novamente, e só ai percebi que o mesmo vinha de mim. Franzi o cenho, pegando meu celular novo na mão, vendo que eu recebia uma chamada.

–Estão me ligando?-Indaguei confusa, virando-se para Khonsu. O deus deu de ombros, tão confuso quanto eu.

–Oras, não me diga que estão te ligando!-Exclamou Kepri de seu trono, tampando os ouvidos irritado.-Isso é um celular, sua lunática! Atenda logo!-O olhei irritada, antes de levar celular a orelha.

–Alo?-Questionei, antes de semicerrar os olhos quando uma voz alta soou do outro lado da linha, ameaçando me deixar surda.-Nefertum?! Como....?

–Natália, me escute!-Ordenou o deus.-É... Rá está te chamando aqui do lado de fora do salão, precisamos de sua ajuda para decidir algo.

–Sua opinião! Já está tudo decidido!-Corrigiu uma voz feminina, que reconheci como a de Nut. Franzi a testa confusa.

–Mas... Por que não entram?-Indaguei.

–Porque... Rá está com medo que você faça um escândalo.-Comentou Nefertum. Franzi o cenho novamente.-E traga Amón.

–Oque, porque?

–São ordens de Rá, ele também quer a opinião dele em um... assunto.

–Ah céus...

–Oque houve?!-Indagou Khonsu curioso. Anúbis me encarou em expectativa, enquanto eu desligava o celular, voltando-me a saída do salão.

–Eu não sei...-Falei, caminhando rapidamente para a porta.-Amón, venha comigo.-O deus sorriu.

–Como quiser.-Falou, me seguindo.

–Ei, onde vai?!-Questionou Rakel.

–Eu já volto.-Respondi , levantando a barra do vestido que usava, apressando-se para sair da sala. Droga, oque raios está acontecendo?!

PDV HÓRUS.

Kebechet cruzou os braços na frente do corpo, inclinando-se para trás na cadeira onde estava, lançando-me um olhar inquisitivo. Estralei os ossos do pescoço, soltando um gemido de reprovação.

–Diga logo oque quer, Kebechet... Meus atrasos já estão chamando a atenção no duat.-Falei.

–Diga logo oque quer, Kebechet... Meus atrasos já estão chamando a atenção no duat.-Repetiu Kebechet em uma tentativa totalmente falha de me imitar. A olhei entediado, enquanto a mesma batia as mãos abertas na mesa de madeira que havia entre nós. Eu e Kebechet estávamos em um pequeno café no Brooklyn. Parecia bem patético e arriscado ter uma "reunião" aqui, mas sempre mudávamos de lugar, para evitar que a deusa traidora fosse rastreada.

–Oque eu quero?! Por favor. A um mês não movemos um dedo para tentar acabar com aqueles malditos e isso está me cansando! Nunca fiquei tanto tempo longe da Ramsés, e só estou dando esse tempo porque você pediu!

–Estou fazendo isso pois você e aquele imprestável do Amón são imprudentes demais. Não podem simplesmente entrar no salão dos deuses e começar uma luta pois não sei se você se lembra são um bando de deuses contra você.-Falei. Kebechet bufou, passando a mão pelos cabelos negros, irritadiça.

–Eu realmente pensei que a essa hora, depois de ter infiltrado Amón no meio daqueles babacas, eu já teria posto as mãos naquela garota.-Grunhiu a deusa, com um toque de decepção na voz.-Eu esperava que ela acreditasse em Amón, que fosse para cama com ele como faz com qualquer deus que se mostre interessado, não é? Mas parece que aquela cadela está cada vez mais inteligente...-Trinquei o maxilar, olhando irritado para Kebechet.-Oque?!

–Não a chame assim, sabe que eu não gosto.-Falei. Kebechet semicerrou os olhos.

–Por favor, Hórus... Está sendo patético de novo.-Reclamou a deusa.-Acho que não preciso te lembrar quem é o inimigo aqui não é?-Indagou. A encarei por um momento, vendo-a piscar os grandes olhos castanhos para mim, como se não entendesse o porque do meu nervosismo. Na verdade... Até eu não entendia o porque de ainda proteger Natália, mesmo depois de um mês sem ao menos olha-la direito; não entendia o porque desse sentimento continuar aqui mesmo eu reconhecendo que ele não se tratava de amor... não, isso não era mesmo amor. Era algo doentio, um sentimento de posse que custava a passar, por mais que eu tentasse, por mais que eu rezasse para isso acontecer. Talvez de tanto protege-la e cuidar da mesma no passado isso havia se tornado um vício para mim, mas eu faria de tudo para faze-lo sumir.

–Eu sei. Desculpe.- Falei. Kebechet encarou-me incrédula.

–Você se desculpou?! Pelos deuses, está sendo patético mais uma vez!- Exclamou a deusa. Kebechet tinha um olhar firme, que se tornava raivoso cada vez que ela franzia suas sobrancelhas daquele jeito, olhando-me indignada. Não podia-se negar que ela era mesmo filha de Anúbis, pois além da aparência magra e pálida os dois também continham um gênio duvidoso.

Eu sempre pensava em Kebechet como um simbolo do mal, a pior de todas as deusas, algo traiçoeiro, pronto para te matar a qualquer hora. Mas esse pensamente havia mudado nessas semanas que convivemos juntos. Diferente do que eu havia imaginado, e de como Natália havia a descrito, Kebechet não era tão horripilante quanto eu imaginava ser, muito pelo contrário, ela podia ser até suportável quando não parecia obcecada em matar tudo e todos; ou quando entrava em um debate mental com Set e Apófis. Sentada nessa cafeteria agora, Kebechet parecia mais uma das adolescentes que lotavam o lugar, usando botas altas, que iam até o seu joelho; uma saia comprida, parcialmente transparente e um top, que deixava uma parte da pele branca da deusa a mostra; ela atraia o olhar de todos, como se um imã estivesse grudado na mesma.

–HÓRUS!-Chamou-me, tirando-me de meus devaneios.-Deuses...-Kebechet massageou as têmporas ainda parecendo nervosa.-Ótimo... Teremos aquela "conversa" novamente.-Reclamou a deusa. Revirei os olhos, e antes de conseguir se quer protestar a garota começou a falar.-Hórus... Quero que se lembre o verdadeiro significado de "Natália Ramsés". Primeiro: Ela é uma vadia que não arruinou só a minha vida, como a vida de todos no duat. Desde que ela chegou perdemos vários deuses e agora estamos passando por um crise. Ou seja: Ela é o inimigo, que fique bem claro.-Olhei Kebechet entediado.-Segundo: Não posso acreditar que a defendeu na minha frente... Ela te manipulou, te rejeitou; desde que ela se juntou com Rá você não passa de um tolo que caiu em seu joguinho profano...!

–OK, já chega, Keb, eu entendi.-Cortei, mas a deusa continuou mesmo assim.

–... e terceiro, mas não menos importante: Preciso ter certeza que está comigo nessa, deus da guerra; preciso saber que está preparado para tudo, pois sabe que quando eu por as minhas mãos nela eu vou...-Kebechet se calou, tomando folego. A mesma segurou o colarinho de minha camiseta, puxando-me sem delicadeza nenhuma para mais perto de si, encarando-me com seu olhar cortante.-Então, Hórus, a pergunta que não quer calar, é: Você está comigo, ou não?- Levantei as mãos, apertando os pulsos de Kebechet. tirando suas mãos de meu colarinho.

–Pare com isso, está todo mundo olhando.-Censurei, olhando para os lados.-Eu já disse que estou com você, não disse? Aceitei sua proposta naquela noite e não sou de voltar atrás com a minha palavra.

–É oque eu espero, Hórus.-Falou Kebechet, pegando um dos biscoitos cortesia da mesa.

–Deuses...Você já terminou? Posso ir? Tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar papeando em uma lanchonete.-Falei. Kebechet soltou o ar pelo nariz, olhando-me com as sobrancelhas erguidas.

–Quem o ouve falar pensa que é o chefe.-Protestou.

–Não sabia que existia um chefe.-Murmurei.

–Você não sabia? Eu sou a chefe!-Exclamou Kebechet irônica.-Céus, vá logo...E volte com boas notícias.

–Porque não enche o saco de Amón também? -Indaguei.

–Amón já tem a missão dele, conquistar nossa little bitch. Você é o desocupado aqui. Não faça-me arrepender de ter te aceito como aliado, Hórus.-Falou, cruzando os braços. Me levantei, olhando-a uma última vez.

–Não vai.-Garanti, antes de me direcionar a saída. Kebechet não disse uma só palavra de despedida para mim, e então tudo oque fiz foi entrar em um portal para o duat.

(...)

Assim que sai de meu portal fiquei surdo momentaneamente. A quantidade de vozes e gritos que havia no salão dos deuses me deixou desorientado, oque me fez gritar sem nem saber oque exatamente estava acontecendo no lugar.

–Mas que caralhos está havendo aqui?!-Questionei alto. Minha mãe virou-se para mim estarrecida, junto com outros deuses que não participavam da gritaria.

–Oque acontece, caro Hórus, é que o inferno voltou ao seu devido lugar.-Falou Kepri satisfeito.

–Kepri!-Censurou Ísis, virando-se temorosa para Rá, que assistia em silêncio uma discussão que acontecia entre Natália, Nefertum e Amón. Franzi o cenho incrédulo, copiando Anúbis, que também encarava a briga sem acreditar.

–Seu...Eu juro que...-Natália parecia não encontrar palavras para xingar Amón. A garota estava de frente para o deus dos ventos, e parecia querer voar em cima de Amón e mata-lo. Nefertum estava na retaguarda de Natália, lançando um olhar incerto para os outros deuses que estavam com ele, como se questionasse oque deveria fazer. Anúbis fechou a revista que tinha no colo, inclinando-se para frente. Fui até ele, olhando-o de relance, tentando ignorar a semelhança que o mesmo tinha com Kebechet.

–Oque está havendo?-Questionei.

–Eu não faço ideia. Tudo oque sei é que Natália está furiosa com nosso maldito traidor... Talvez, ela tenha mudado de ideia ao esconder isso de todos.

–Não. Ela não faria isso.-Falei. Anúbis sorriu de lado.

–Tem razão. Ela é cabeça dura demais para isso...-Falou o chacal com certo humor em suas palavras, um humor acido, que não possuía graça nenhuma-Deuses, eu preciso sair daqui...-Virei-me para Khonsu, tentando achar alguma resposta, mas o deus não parecia saber de nada também, tendo uma Rakel confusa entre os braços. Franzi o cenho, cruzando os braços, voltando a encarar Natália, que continuava a gritar, rebatendo tudo oque Amón falava.

–Céus...-Grunhi. Não... Eu não darei o benefício da duvida para ela. Não agora que eu estava me entendendo com Kebechet.

–Natália, por favor!-Pediu Osíris, olhando relutante para Rá, que parecia a ponto de explodir, porém, o mesmo foi ignorado descaradamente.

–...não entendo o porque de tanta resistência, salvadora do duat. Pensei que matar Kebechet fosse seu único desejo aqui.-Argumentou Amón.

–Não de maneira tão imprudente!-Exclamou Natália indignada.-Vocês perderam totalmente o juízo! Não sei como tiveram se quer a cara de pau para me sugerir isso!

–É você quem parece ter perdido o juízo.-Retrucou Amón calmamente.-É só uma humana, não deveria nem estar aqui, não cabe a você essa decisão, docinho.

–Como é?-Questionou Natália incrédula.-Seu...merda, quem acha que para opinar algo aqui dentro? Acabou de voltar, você não sabe de nada!

–Sou um deus de mais de cinco mil anos -Começou Amón, com o mesmo sorriso irônico nos lábios.-Se você contar o tempo que eu...

–Não conto!-Natália Gritou.-E acredite em mim:Você nem ninguém mais faz a menor ideia da burrice que estão fazendo!

–Senhores, por favor!-Pediu Ísis.-Não sei oque está acontecendo,mas por favor, nos deixe a par do problema! A minutos estão ai berrando um com o outro sem dizer coisas que fazem sentido, e creio que isso não está levando a lugar nenhum!

–Quer mesmo saber? Pois bem!-Falou Natália, alto o bastante para todos ouvirem.-Nosso deus do sol, Rá, junto com nosso recém chegado deus do vento, Amón, decidiram dar uma festa! Isso mesmo, uma maldita festa quando estamos prestes a entrar em guerra!

–Não é nada para se preocupar, é um presente!-Argumentou Nut, que até agora só assistia a discussão ao lado de Geb e Osíris.-Não a porque Kebechet aparecer... Ela não ganharia nada com isso, Rá me assegurou!

–Oras, que ingenuidade, acreditou mesmo nisso?! Eles estão te usando como desculpa, Nut!-Retrucou a Ramsés.

–Mas que festa?!-Questionou Ísis.

–Sr. Rá, por pura e boa vontade, ofereceu uma festa para mim e para Geb comemorarmos nosso reencontro. Mas Natália não quer aceitar! Disse que tudo isso é só uma desculpa para atrair Kebechet para ela!-Choramingou Nut, sendo amparada por Geb. Olhei para Anúbis, que tinha uma expressão incrédula no rosto, respirando fundo. É, era óbvio que Kebechet viria.

–Mas é uma desculpa, Nut. Eles te enganaram!-Rebateu Natália.

–Já chega!-Bradou sr. Rá, levantando-se de seu trono, irritado como sempre. Natália abriu a boca para falar, mas Rá a cortou antes mesmo da garota começar.-Eu disse, Já chega! Não a mais nada a se discutir; Nut e Geb terão sua festa!-Amón sorriu provocador, enquanto Natália inspirava fortemente.

–Não pode estar falando sério, não, não pode mesmo!-Exclamou a garota. Rá a encarou, trincando o maxilar.

–Natália, é melhor sairmos daqui.-Falou Nefertum, segurando o braço de Natália.

–É melhor mesmo.-Concordou Amón, oque pareceu deixar Natália ainda mais irritada.

–Não, eu não irei permitir isso!

–Natália!-Rosnou Rá.

–É fácil demais para você,idiotas, ficarem sentados aqui discutindo sobre uma coisa que não entendem nada! Sou a única humana desde grupo, e o única que tem uma vida, realmente preciosa, para cuidar! Não deixarei que enfiem Kebechet nesse salão tão facilmente, e que me entreguem a ela de bandeja! Não deixarei que forcem uma guerra apenas para tirar o fardo dos ombros de vocês!-Vociferou Natália.-Uma festa... Só podem estar brincando comigo! Quando uma festa deu certo dentro desse duat? A cinco anos atrás, Apófis quase me matou em uma festa e o mesmo aconteceu com Set! Estão esquecendo disso?!

–Esses dois deuses citados estão mortos, não é? Então... Mesmo que Kebechet aparecer, você cuidará dela como fez com eles, não é docinho? Não tem oque se preocupar!-Sorriu Amón.

–Amón...-Falou Natália, forçando uma voz mais calma.- Você não tem direito de falar sobre coisas que não compreende. Então cale sua boca ou eu juro que mato você!-Argui as sobrancelhas, enquanto Amón encarava Natália, como se esperasse que a garota tentasse mesmo mata-lo. Dei um pequeno passo para a frente, oque fez Amón virar-se para mim, sorrindo como se falasse "Sei que estou fazendo, quem a matará será Keb".

–Natália... Saia daqui.-Ordenou sr. Rá. A garota virou-se para o deus, atônica.

–Oque?

–Eu mandei que saia daqui! Já passou de todos os limites, e esse gritaria foi a última gota d'água. Volte ao seu quarto e não saia de lá até estar em seu devido lugar!

–Meu devido lugar?!

–Esqueceu que somos deuses? Esqueceu com quem está falando?-Bradou Rá, furioso. -Saia daqui antes que eu perca minha cabeça com você!-Natália encarou Rá, perplexa. Pisquei os olhos incrédulo, sentindo um aperto no peito, quando vi os olhos da garota marejarem, e seus punhos se fecharem.

–É, eu acho que esqueci.-Falou Natália. A garota abaixou os olhos, virando-se para trás. Nefertum entrou em sua frente, mas Natália o empurrou, sem ao menos olha-lo.

–Chame meu exército para a... festa. E não ouse avisar minha família.-Murmurou Natália para o deus dos perfumes, que olhava a garota com pena.

–Nath...-Sussurrou Rakel, do trono de Khonsu; mas Natália não ouviu, saindo correndo pelo salão, entrando em um portal, antes mesmo de chegar a porta. Um silêncio desagradável se instalou no lugar, até ser cortado por Tot, que saiu de seu trono, indo até o meio da sala.

–Sr. Rá...-Falou o deus da sabedoria, com toda calma possível.-Eu... não quero te desafiar, nem nada parecido...Mas... sabe que Natália está certa.
–Eu estou fazendo isso para o bem de todos, Tot. Para o bem do Duat. Está na hora disso acabar.

–E por isso vai forçar uma guerra?!-Indagou Anúbis.

–Se for preciso, irei.-Respondeu Rá. O chacal ergueu-se de seu trono com um sorriso incrédulo nos lábios, saindo do salão como Natália fez.

–Deuses, eu irei atrás deles. -Murmurou Rakel, mas Khonsu a segurou, negando com a cabeça,

–Isso mesmo, Khonsu, Segure sua namoradinha.-Falou Amón, fazendo Khonsu olha-lo com ódio. Respirei fundo, tirando meu celular do bolço, digitando rapidamente uma mensagem para Kebechet.

"tenho novidades"

Enviei, guardando o celular no bolço, enquanto o rosto de Natália voltava a minha mente.

PDV ANÚBIS.

Eu caminhava irritadiço pelos corredores do Duat. Eu não sabia mais oque fazer para me acalmar. A dias eu não ia para casa, para evitar descontar tudo oque eu sentia em Rakel, que em minha opinião, era a única nesse lugar sem culpa de nada. Eu havia me afastado de tudo e de todos; vivendo um luto que ainda não havia chegado... Pelos menos não até agora.

–Malditos...-Grunhi sozinho, ainda não acreditando no que eles fizeram. Uma festa para atrair Kebechet? Deuses... Eu não acreditava naquilo, não acreditava no egoísmo de Rá, e nem na falta de compaixão por sua própria iniciada. Natália estava sofrendo, e isso, de alguma maneira, acabava comigo da mesma maneira que pensar em Kebechet.

Quase instantaneamente senti o bolço de minha jaqueta pesar, bufando ao pegar o colar de metal frio dentro do mesmo. Encarei meu colar de seguidores, mas precisamente o ex colar de Natália, sentindo-me um fraco por ainda carregar aquilo comigo. Deuses... Natália não era mais minha seguidora, eu já havia tentado mata-la e a mesma estava atrás de minha filha! Então, porque? Porque eu, um dos deuses mais poderoso desse duat, tinha que ser tão submisso a ela, uma simples mortal?!

–Droga... droga...-Virei um corredor, parando bruscamente ao ver Natália ali. A garota estava parada de frente para parede, uma mão socando o mármore frio, enquanto o rosto estava ensopado de lagrimas, que escorriam por seu queixo. Tentei recuar, sem fazer barulho, porém, Natália me ouviu, virando assustada em minha direção.

–Eu...

–Eu me perdi em meu portal... Estava nervosa a ponto de não conseguir lembrar onde fica meu próprio quarto...-Natália enxugou as lagrimas.-Eu vou indo... Desculpe entrar em seu caminho...

–Natália!-Chamei, enquanto se virava, pronta para sair dali.

–Por favor, não me chame assim...

–Mas... É o seu nome.-Falei, olhando-a com receio. Natália negou, respirando fundo.

–Não hoje. Estou cansada de todos dizendo meu nome...De todos gritando o meu nome.-Natália abaixou a cabeça, tendo o rosto escondido pelos cabelos loiros. Comprimi os lábios.-Eles o dizem como se fosse uma invocação, como se a cada grito eu, obrigatoriamente, teria que estar ali para servi-los a qualquer custo! Eles amaldiçoaram meu nome, eu não suporto mais ouvi-lo!

–Nat... Sibuna...-Murmurei. Natália riu entre as lágrimas, virando-se para mim, oque fez meu coração doer.-...Tudo bem com você?

–Estou ótima.-Respondeu ela com um sorrisinho, nitidamente nada ótimo.-Só ansiosa em acabar logo com isso... Eu acho que preciso descansar... Talvez sr. Rá tenha feito o certo em me mandar ir para o quarto...eu acho que cheguei mesmo ao meu limite.-Natália piscou devagar, e pude perceber o quanto a garota parecia exausta.

–Ele não o fez, nenhum deles fez o certo hoje.-Retruquei. Natália deu de ombros, abraçando os próprios braços.-Porque deixou que ele falasse daquele jeito com você? Se fosse comigo você teria...

–Xingado você até a morte... ou feito uma rebelião sozinha.-Completou Natália. A encarei enquanto Natália suspirava dolorosamente. -Eu daria tudo... Tudo para voltar aquele tempo. Talvez se Apófis tivesse me matado, nada disso estaria acontecendo.-Falou a garota.

–Não diga...-Comecei, mas Natália me cortou.

–Não fale "Não diga isso". Sabe que tudo seria mais fácil... Vylu, Erick e Luana estariam vivos, Rakel estaria feliz, e eu estaria com Mike no mundo dos mortos sem incomodar ninguém. -Murmurou Natália.-A propósito... Por favor, não ignore mais a Rakel; ela está sofrendo com sua ausência. -Olhei para minhas mãos, onde eu segurava a revista que eu lerá o dia todo. Era um catálogo de carros, um presente que eu estava planejando dar para Rakel para me redimir.-E... por favor, cuide de minha família se eu me for...-Levantei a cabeça.

–E se você não se for?-Indaguei, já imaginando sua resposta.

–Me perdoe por ter matado sua filha.-Respondeu Natália. Um gosto amargo invadiu minha boca. -Até logo, Anúbis... tenho uma guerra para planejar. -Falou a garota, antes de sumir em um novo portal, deixando-me sozinho no meio do Duat.


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Notas finais do capítulo

Então! Oque acharam? Por favooooor, gatinhos, se vocês ainda estiverem aqui comigo, deixem seus reviews! Preciso saber quem ainda gosta desse jossa aqui 'Hushaushausahs
E mais, tentarei postar o próximo o mais rapido possível! Beijos e até o próximo!