Meu sonho escrita por May Cristina


Capítulo 40
Definitely mine


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Thomas

— Thomas, venha aqui!

Estava arrumando as malas e fui surpreendido por Lucas. Ele estava de frente para o computador e com uma expressão muito boa.

Há cinco dias foi o casamento de Rosa. Como havia dito para Olívia e para mim mesmo, eu teria que voltar e estudar mais um pouco para tentar novamente o vestibular. Ela se sentiu triste, mas confiante ao mesmo tempo, só dizia coisas positivas. Eu estava confiante também.

— Diga, Lucas!

Olhei para a tela do computador e simplesmente não conseguia acreditar no que via. Fui selecionado na chamada regular para Engenharia Ambiental na UFMG. Comecei com Matemática, entretanto eu gostava muito dessa engenharia. Eu poderia soltar fogos no céu, queria tanto ir nos meus pais e abraçá-los e gritar para a Olívia que eu ficaria aqui esse ano.

— Caramba, irmão! Eu não acredito que consegui!

Abracei Lucas com toda minha força.

— Conta pra Olívia!!! – Lucas disse pegando as chaves.

— Quero fazer uma surpresa para ela!

Liguei para meus pais e os mesmos se encheram de orgulho e felicidade. Liguei para Gabriela, que me parabenizou e disse que me ajudaria no que eu precisasse. Pedi algo que deveria ter feito há algum tempo, só estava esperando as coisas estabilizarem.

Fui no meu antigo quarto e bolei algum plano. Deveria ficar perfeito, o mais coerente e eficiente o possível. Avisei a Lucas que iria em alguns lugares e o chamei para ir comigo. No caminho também liguei para os pais da Olívia, amigas e tudo o mais. Gostaria que todos ocupassem a Olívia para eu colocar meu plano em ordem.

Olívia

 

Thalia me ligou histérica pela manhã, disse que precisava muito da minha ajuda e da Rosa naquele momento. Esta deveria contar sobre a lua de mel que acabara ontem. Não rendi muito assunto e peguei um ônibus que chegasse na casa de Thalia.

— Thalia, me conta o que está acontecendo agora! – comecei e fui sentar no chão.

Ela parecia meio confusa no que ia falar, um pouco perdida e meio vergonhosa. Thalia nunca se perdida, era a mais séria de nós porém mal sentia vergonha de algo. Então assim, me recordei de uma coisa que Thalia dificilmente falava.

— Desembucha, mulher! – falou Rosa tomando um chá gelado.

— Gente, acho que estou gostando...

— Novidade! Você namora tem quase um ano, é obvio que gosta e...

— Não é dele – Thalia me interrompeu e me fez arregalar os olhos.

— O QUE? – Rosa e eu falamos em uníssono.

— Thalia, você tem certeza no que fala? Gostar de alguém demanda tempo e poxa, você está namorando. Beleza que seu atual namorado é um fracassado cá entre nós mas, não consigo entender...

— Estou tão surpresa que meu estômago embrulhou – Rosa correu para o banheiro, entretanto não aguentou e vomitou no corredor mesmo.

Em meio a dúvidas e vomito da nossa amiga, encostei minha cabeça no sofá e fechei os olhos. Eu estava perto de uma amiga grávida, a outra amiga estava confusa da vida e eu estava naquela situação. Lembrei da época que a Thalia me ensinou a me acalmar e tentei seguir. Respirei fundo e inspirei. Cantarolei qualquer coisa e decidi encarar os problemas de frente.

— É o Marcelo? – fitei-a.

— Olívia, eu não estou bem com o Brian. Você sabe, você presenciou. Ele também não está a mesma coisa comigo e em vez de me falar, fala com todos os amigos e esconde de mim. Estou cansada disso tudo. Me desgastei e percebo que não gosto dele como antes. Brian fez acabar nosso relacionamento.

Rosa chegou com os olhos vermelhos e carregando o pano com cheiro de chá vindo do estômago. Saiu para lavar e entrou novamente pouco tempo depois.

— Desculpe. O que eu perdi? – perguntou ela.

— Ela gosta de alguém que não é o namorado.

— Isso eu sei, menina, estou falando se ela revelou quem é.

— E por acaso aqui é algum programa de revelações? – Thalia relembrou um apresentador.

Rimos um pouco, o que foi bom para quebrar aquele clima.

— Enfim, meninas, eu gostaria de agradecer o tempo que estiveram comigo – Thalia sorriu forçado.

— Falando assim até parece que vai embora – eu disse. – Além do mais, eu posso saber quem é a pessoa que está gostando?

—É complicado, galera, vocês são minhas amigas e devem entender. Sabem que eu gostei muito de alguém no início do nosso Ensino Médio, e ele foi para longe. Vocês até tentavam me distrair com a amizade que foi para Inhotim. Ele voltou agora, e eu estou ficando confusa com tanta coisa...

— É o Marcelo?! – Rosa colocou a mão no queixo e analisou Thalia.

Pelo olhar da nossa amiga, ela estava aflita com seus sentimentos. Não sabia o que fazer.

— Ei – passei a mão no seu cabelo. – Se for ele, não precisa se envergonhar de falar conosco. Por suas palavras, você está a fim de tomar uma decisão muito importante. Antes, nos conte como isso voltou à tona.

— Depois do casamento da Rosa, nós conversamos muito, conversamos até demais para ser sincera. Eu pensei que a conversa iria parar por aí, mas trocamos mensagens durante esses dias e eu não troquei nenhuma com Brian. Cansei. Sei o quanto é arriscado, eu mal reconheço Marcelo depois desses anos, entretanto, eu sinto que devo terminar com Brian. Simplesmente não dá mais certo, não está dando, ficar insistindo no erro é pior. Terminarei com ele por mim, esse outro sentimento não se envolve muito.

Abracei Thalia. Ela estava mais calma, como se tivesse jogado tudo para fora (não literalmente como Rosa fez).

— Ah, cara... Acho que você deve fazer isso mesmo. Ele é um cara muito machista, conservador e ciumento. Você é mais que ele, dê a volta por cima, mulher! – falou Rosa.

Conversamos sobre o assunto. Estava disposta a ir embora quando Thalia perguntou algo inusitado.

— C-Como foi a lua de mel, Rosa?

A garota deu um sorrio malicioso e suspirou.

— Foi a coisa mais louca da minha vida! Fiz tanta coisa, coisa que eu nem sabia, inclusive!

— Me poupe detalhes – manifestei.

— Quando vocês forem mais velhas entenderam o que eu digo.

— Você nem é um ano mais velha que nós. Me poupa, vai?

— Enfim, conta para eu saber suas experiências! – Curiosamente Thalia parecia interessada no assunto.

— Querem saber de como fiz os meninos ou dessa noite?

— Rosa, só fale como foi sem aprofundar muito. Seja superficial – falei.

— Bom... Assim que saímos do carro, Rafael quis fazer aquela clássica cena do noivo carregando a noiva e aquela ladainha toda. Sim, ele me carregou até a entrada da casa dele. Lá eu tive que tomar um banho e colocar uma roupa bonitinha. Pegamos um taxi até o aeroporto, embarcamos e fomos para a Bahia, ficamos hospedados num hotel de frente ao mar. Fizemos amor quase o dia todo! Só de pensar, minhas costas doem.

Por respeito a nós, Rosa cortou os detalhes picantes.

— Ele acertou na viagem, afinal, você nunca saiu de Minas Gerais.

Rimos novamente e percebi que estava escurecendo. Havia perdido a noção do tempo e provavelmente mamãe estaria furiosa com essa saída repentina. Me despedi das meninas, peguei o ônibus. No caminho de casa, pensei como seria meus dias na faculdade, meus dias sem a Rosa ou a Thalia.

Peguei o molho de chaves e abri meu portão. Tudo estava escuro, logo imaginei que meus pais haviam saído. Adentrei e acendi a luz. A casa estava cheia de pétalas no chão, flores de todos os tipos decoravam a sala e de repente, All About Us começou a tocar. Aquela música...

Thomas surgiu no corredor. Estava com uma blusa social branca, bermuda e All Star. Estava tão perfeito. Sem dizer nada, se dirigiu até a mim, pegou minha mão e dançou comigo. Encostei minha cabeça em seu ombro como nos filmes. Ele beijou minha testa e parou de dançar. Olhei para ele sem entender.

— Por que parou? Estava tão bom...

— Gostaria de beber algo?

— Thomas, sabe que não sou de beber...

— Sei, e nem por isso deixei de fazer um achocolatado para nós – ele sorriu.

— Romântico e infantil?

— A seu dispor.

Olhei para os lados procurando meus pais. Uma coisa eu havia acertado: eles não estavam. Que ideia maluca de Thomas fazer algo do tipo na minha casa.

— Feche os olhos.

— Para quê?

— Apenas feche.

Atendi o pedido. Ouvir Thomas dando passos rápidos e depois de poucos segundos sentia a presença dele.

— Pode abrir.

—T-Thomas...

Mal conseguia falar e respirar. Era o ursinho que minha antiga vizinha, Eila, havia me dado quando eu era mais nova. Ele estava carregando um saquinho cheio de corações e uma plaquinha com palavras feito a mão e elas diziam...

— Quer namorar comigo?

Meu coração disparou e eu sentia meu rosto ficar rubro. Queria beber água, sentar e receber uma brisa no meu rosto. Aquilo tudo era real? Como seria possível?

— E-Eu...

— Eu sei. Eu queria fazer algo mais chamativo, mais natureza, mais bonito. Porém, quando eu pensei em você, Olívia, nada disso faria sentido porque você não liga para o que destaca, prefere um banho de cachoeira e não importa com aparências. Você sempre foi minha luz, minha pequena enjoada e estressada. Assim como você, estou surpreso, porque quem diria que aqueles dois garotos que viviam brigando, fazendo charme, ciúmes e criando confusão hoje em dia iriam se gostar tão intensamente? Como pude adivinhar quem em Belo Horizonte eu acharia a guardiã dos meus sentimentos mais bobos? Sou um sortudo por ter a mulher mais incrível que conheço ao meu lado e cada sorriso seu, eu sinto uma enorme paz. Portanto, Olívia, você aceita namorar com esse cara que viajará o Brasil inteiro se for preciso só para te ver alegre?

Alguém chama a ambulância que essa pessoa aqui está tendo um ataque cardíaco.

— Mas meu bem, como vamos namorar a distância? T-Tudo bem que eu aguento, eu vou de visitar, eu passo uns dias na sua cidade. O que for!

— E se eu disser que alguém será seu colega de universidade?

— Ai meu Deus... VOCÊ FOI CLASSIFICADO, THOMAS?!

— Você está diante de um futuro engenheiro ambiental. E mais, vou morar em BH!

— AAAAH!

Abracei Thomas e distribui beijos no seu rosto todo. Gritei várias vezes e pude ouvir as gargalhadas gostosas que Thomas fazia.

— Espera que seu ursinho tem um presente para nós.

Thomas abriu o saquinho que estava no urso. Dele tirou uma caixinha e abriu. Eram alianças de prata, finas, quadradas e uma tinha um pequeno strass. Lágrimas brotaram dos meus olhos e coloquei minhas mãos sobre minha boca. Thomas se ajoelhou.

— Ainda não é um pedido de casamento, mas... Você aceita compartilhar aventuras?

— Aceito, meu Thomas, eu aceito você! Eu sou feliz desde quando te conheci!

Ele colocou a aliança que cabia perfeitamente no meu anelar direito. Coloquei a aliança nele.

— Eu amo você! – ele disse bem perto da minha boca.

— Amo-te, Thomas.

Nos beijamos e sem percebemos deitamos juntos no sofá. Eu estava muito contente, não sabia aonde colocar tanta felicidade.

Thomas me tomou no colo enquanto eu me debatia para ele soltar. Me assentou na cadeira da copa e foi em direção a cozinha. Em seguida saiu de lá com uma travessa e nela continha minha comida predileta, berinjela recheada feita no forno. Voltou para pegar os pratos, os talheres, algumas taças e por fim o vinho tinto.

— Espero que minha namorada goste da comida que preparei.

— Deve estar uma delícia, meu namorado.

Parei de falar quando percebi que estava agindo igual um casal meloso que posta esse tipo de coisa no Facebook. Mas, o que posso fazer? O que eu mais quero agora é distribuir mel.

Comi, repeti umas duas vezes. Esse garoto tem muito jeito para cozinhar.

A melhor escolha que fiz, foi ter deixado Thomas participar da minha vida. Espero que ele sinta a mesma coisa que eu.

De sobremesa, o loiro preparou um mousse de maracujá. Ele era mestre em saber minhas comidas preferidas.

Após a refeição, recolhemos as pétalas e as jogamos no jardim. Coloquei todas as flores em um pote com água. De tão desequilibrada que eu estava, mudei meu status no Facebook, de “solteira” para “em um relacionamento sério com Thomas Ferreira”.

— Gostaria que fosse até em casa, tem algo que você precisa ver.

Não discordei, peguei minhas chaves e o celular.

Thomas abriu o portão e novamente eu estava de frente a casa cor-de-pêssego com janelas e portas coloniais. Entrei e vi um vulto passando na cozinha. Por curiosidade, fui até o cômodo. Era algo inacreditável. A mesma feição, as covinhas no rosto enrugado, o cabelo curto e ondulado, os óculos com as bordas peroladas. Era ela. Seu rosto ficou vermelho e lágrimas caiam enquanto me olhava.

— Minha neta se tornou uma linda jovem.

— Eila...

Fim do capítulo 40.


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Notas finais do capítulo

Capítulos finais :'(
Desculpem qualquer erro.
Até o próximo ♥



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