Meu sonho escrita por May Cristina


Capítulo 39
Casamento de Rosa


Notas iniciais do capítulo

O capítulo está um pouco grande, mas vale muito a pena haha! Recomendo que quando anunciar a marcha nupcial, a coloquem para tocar MESMO :DD queria pedir perdão por qualquer erro.
Então, boa leitura ♥



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Havia me deslocado até a casa do Pietro, amigo da Rosa, um sujeito de óculos, corpulento e com o cabelo preso em coque de samurai. Eu sabia que estava cedo demais para começar algo no meu cabelo e, sem que alguém me impedir, dormi no sofá dele. Eu sonhei com meus amigos, meus pais e meu querido Thomas. No sonho eu o pedia para ficar mais um pouco, que ele iria conseguir entrar na faculdade mesmo comigo sendo sua vizinha, mas, tudo o que eu dizia pareciam palavras voando e ninguém correndo para busca-las. Em vez buscar respostas, corri até Thomas. Ele estava com um sorriso de lado no rosto e disse num tom suave: “Precisamos desse tempo”. Preciso? Perguntei a mim mesma. Perdemos tanto tempo que agora tudo o que eu queria é que não houvesse mais distância e nem tempo. Porém, nada é do jeito que gostamos ou queremos. Acordei com a leve mão da Thalia nos meus ombros, me chamando e dizendo que já era hora de tomar um banho e me arrumar.

Pietro me mostrou onde era o banheiro e meu sono me acompanhou até o local. Liguei o chuveiro e deixei a água quente cair nas minhas costas e fiquei imaginando o quão bom seria não poder ter responsabilidades, não ter riscos, não ter obrigações. Seria maravilhoso que todos os dias fossem banhos demorados, banhos na cachoeira e banhos do mar. Será que Rosa está numa banheira cheia de pétalas agora ou está nervosa e estralando todos seus dedos estranhamente? Seja o que for que ela esteja fazendo, sei que no fundo está feliz e satisfeita. Nada disso foi o plano dela e me admira muito seu amadurecimento. E Thalia? Está sentada no sofá imaginando sua vida daqui para frente? Ou melhor, a vida de nós três? Deve estar conversando com Pietro sobre diversas coisas, ela sempre está pronta para escutar e se expõe quando acha necessário.

Depois de quinze minutos mágicos na água quente, coloquei um leve vestido cinza e chinelos. Meu cabelo estava molhado e limpo. Ouvi uma vez ou outra Pietro dizendo que eu deveria mudar meu cabelo um pouco. Dei de ombros, estava meio emotiva para poder colocar meus argumentos a prova. Procurei um lindo penteado, meu cabelo ficaria de lado com várias cascatas. De Thalia seria um pouco diferente. Ela iria o manter solto, deixando sua franja no meio e teria um pequeno topete. Colocamos nossos vestidos azul celeste, os saltos, brincos e colar. Liguei para Thomas perguntando se ele já estava na igreja pois o relógio marcava quinze para às cinco e o casamento começaria seis horas. Ele disse que não ia demorar a chegar e me falou palavras que remetem a tranquilidade. Por fim, a maquiadora que também é prima de Pietro, nos deixou deslumbrantes. Me olhava no espelho e me segurava para não chorar. Tirei uma foto com Thalia para mostrar futuramente a Rosa. Pietro se arrumou depressa e estava muito elegante com um terno preto e uma gravata borboleta rosa, bem como ele queria.

Às cinco e meia estávamos chegando no campo. Rosa não era religiosa e optou por se casar em um lugar bonito e florido. Era horário de verão, então o sol ia demorar mais um pouco para se pôr. Preferi ficar na sacada da casa de madeira que o local tinha, assim eu não me sujava com a terra ou alguma graminha, sem contar que de lá dava para ver o altar. Simplesmente esplendoroso, cadeiras brancas bem trabalhadas e delicadas, o tapete vermelho que se iniciava perto de uma árvore e finalizava no altar aonde tinha um enorme arco em forma de coração com flores azuis. Tudo estava definitivamente lindo. Em cada fileira de cadeiras, havia um vaso de flor branca e uma decoração azul. Eu avistei o representante religioso que a mãe de Rosa insistiu para fazer o casamento chegar. Vi mais da metade dos convidados chegarem. As madrinhas e padrinhos se organizavam na casa, Thalia havia descido para ligar para sua família.

Ainda em pé apreciando a vista, ouvi passos e logo olhei para trás. Ele era o homem mais lindo que tinha já visto. Havia cortado um pouco o cabelo, aparado aquela barbicha, colocado um lindo terno preto com a gravata borboleta cinza perolado. Era a primeira vez que eu via Thomas tão formal e ao mesmo tempo tão desejável. Não contive meu sorriso e o loiro não conteve a vontade de me abraçar.

— Só não me beije para não estragar minha maquiagem – brinquei.

— Estou me esforçando para isso não acontecer.

Nos apoiamos na sacada e olhávamos o movimento lá embaixo. Pessoas sentadas e ansiosas, principalmente os parentes da Rosa. Mesmo um pouco distante, dava para ouvir eles dizendo que depois do casamento eles matariam um boi. Comecei a rir aos montes e Thomas também. Eu queria tanto beijá-lo por estar tão formidável e gracioso, não ia precisar me inclinar um pouco pois estava de salto e estava quase do mesmo tamanho dele. Passei meus braços pelo seu pescoço, o fitei e fechei os olhos e...

— Vocês estão aqui! – era Lucas chegando e estragando meu devaneio.

Soltei-me rapidamente de Thomas e abri os braços para que ele me abraçasse. Em seguida, veio os pais dos irmãos e logo senti um calafrio enorme.

— Veja como está linda minha nora! – Keila, a mãe de Thomas me deu um abraço e senti meu rosto fiar rubro. Dei sorrisinhos sem graça e retornei o elogio a ela. – Deve estar muito contente por sua amiga. – Afirmei e perguntei se foi difícil chegar ao local.

Dona Keila conversou muito comigo e troquei algumas palavras com Rener, pai de Thomas. Eles ouviram um sininho tocando e uma mulher gritando que o casamento ia começar em dez minutos. Desci em disparada, puxei Thalia e abri a porta do quarto onde Rosa estava. Não conseguia dizer nada, minhas palavras saiam pelos olhos em forma de lágrimas. Rosa estava perfeita, seu cabelo estava preso num lindo coque e sua franja solta. Imaginar aquela menina se casando era muito difícil, entretanto quando você a vê toda arrumada com vestido rodado, era a sensação mais louca sentida. Rosa sempre gostou de vestidos mais modernos, apertados, era uma surpresa a ver em um vestido de princesa. Sem mais delongas, cheguei perto dela e peguei em suas mãos. Ela me deu um lindo sorriso, um sorriso que todos se encantavam.

— Mulher, sua maquiagem vai ficar borrada, te disse para não ver nenhum anime shoujo para não se emocionar! – dizia ela limpando minhas lágrimas.

Thalia estava emocionada tanto quanto eu, logo ela que sempre segurava o choro.

— Rosa, você está tão linda – Thalia disse pegando nas nossas mãos.

— Realmente sua doida, você está magnífica.

— Rosa deixou escapar uma lágrima e nos abraçou.

— Olívia, vamos sair daqui, não vamos deixar ela chorar muito – brincou Thalia.

Aproveitamos e pedimos uma outra maquiadora para consertar as falhas que as lágrimas trouxeram. Fui com Thalia até a porta da casa.

— Brian veio? – perguntei.

— Veio, mas a Rosa não o convidou para ser padrinho.

— Mas por quê? – perguntei indignada.

— Eu não sei. De qualquer forma, entre nós não está um clima muito bom... – ela me parecia um pouco triste por tocar no assunto.

— Assim que a cerimonia acabar, você vai conversar comigo! Por que não me contou nada?

— Você estava toda entusiasmada com Thomas e o casamento da Rosa, não tive a chance de falar. Me perdoe... Não importa isso por agora, é o casamento da nossa melhor amiga, alegria! – ela se forçou a dar um sorriso.

Enquanto eu tentava levantar o astral de Thalia, Mirela, a prima da Rosa, nos chamou para a sala.

— O que houve? – perguntei.

— Tem um cara que é padrinho do Rafael, mas ele não consegue achar o par dele. Alguma de vocês duas é a madrinha?

Anunciei que meu par estava a minha espera e contei junto com a Mirela todos os pares, inclusive o dela. Logo me dei conta que Thalia não tinha um par definitivo.

— Acho que é seu par, Thalia... – falei a chamando com as mãos para ir de encontro a ele.

Assim que cheguei na sala, meu susto foi enorme. Ele me olhou e pegou na minha mão. Thalia parecia imóvel, e sem cumprimentar o rapaz, virou para Mirela dizendo que foi um engano.

— Thalia, como você está mais linda que antes – ele disse.

— Marcelo... – ela não conseguia se expressar.

Então era esse o plano de Rosa. Juntar antigos casais, os casais do primeiro ano do Ensino Médio.

Marcelo abraçou Thalia e a encheu de elogios. Ela mesma não conseguia se pronunciar, apenas agradecia, sorria e dizia que ele estava diferente. Sua barba estava por fazer, tinha um corte de cabelo undercut e parecia ter malhado um pouco, não de ficar maromba, mas sim o corpo definido.

Mirela anunciou que devíamos ficar apostos pois o casamento já ia começar.

— Eu tenho uma dúvida – começou Thalia. – Se eu sou madrinha da Rosa, e ele padrinho do Rafael, que lado vamos ficar?

Normalmente, a ordem é os padrinhos da noiva ficam ao lado esquerdo do altar e padrinhos do noivo ao lado direito do altar.

— Vocês ficam do lado esquerdo, porque o Marcelo conta como padrinho da Rosa no momento, mas convidado pelo Rafael – Mirela disse e nos mandou para uma fila.

Vi Thomas na fila e logo me orientei. Eu era a primeira da fila, Thalia a segunda, Pietro em terceiro e as outras amigas, amigos e parentes de Rosa atrás de nós.

Ouvimos a primeira canção, que era a entrada dos padrinhos. Thomas apertou minha mão, me deu um sorriso e juntos entramos. Nossos pais tirando fotos com o sorriso de orelha a orelha. Cada passo eu sentia como se fosse desmaiar de tanta emoção. Meu sorriso era gigante, eu olhava para as pessoas e sorria, paras as câmeras e os fotógrafos profissionais de lá. Paramos de frente ao altar para uma foto e logo fomos nos assentar. Thomas entrelaçou nossas mãos e observamos Thalia entrar com Marcelo. Ela estava feliz e jogava sorrisos para todos os lados como eu. Acenou para sua família e para Brian, o mesmo não achou muita graça em ter outro cara ao lado da sua namorada. Após as fotos, eles sentaram ao nosso lado e juntos vimos cada padrinho entrar. Na vez dos padrinhos do noivo, notei Miguel entrar e assim que me olhou, virou o rosto rapidamente. Thomas me pediu para ignorar, porém, assim que Miguel sentou, acenei para ele e lancei um sorriso, o mesmo retribuiu o gesto. Devemos manter a paz num dia tão especial como este.

A mãe de rosa e o pai de Rafael esperavam em pé no altar. Ouvi uma outra música. Era a chegada de Rafael. Sua mãe a esquerda e ele a direita dando o braço para a mãe. Ele estava um pouco vermelho e a cada passo ficava mais claro isso. Cumprimentou a mãe da noiva e seu pai. Sua mãe ficou ao lado do pai. Em seguida veio uma dupla de porta lembranças, uma se assentou ao lado dos padrinhos da noiva e a outra perto dos padrinhos do noivo. Uma outra música tocou, dessa vez mais calma, era a chegada dos noivinhos que eram os priminhos da Rosa. A música continuou e as floristas jogaram delicadamente as pétalas pelo tapete vermelho. Thomas suava em bicas, não tinha costume de usar tanta roupa junta. Limpei seu suor com as costas da minha mão e soprei de leve em seu rosto, ele me agradeceu com um beijo na minha testa.

A marcha nupcial havia começado, todos estavam ansiosos e todos os padrinhos se levantaram. Rosa havia apontado no final do tapete vermelho, olhei para o noivo e ele estava deixando descer algumas lágrimas e a mãe as limpou delicadamente. A noiva entrava acompanhada de seu pai, José, o mesmo parecia muito satisfeito em ver a felicidade estampada no rosto da sua filha. Rosa brilhava, era a garota mais graciosa do campo todo. Entrava devagar, cada passo representava muito, distribuía seu lindo sorriso para todos seus convidados, mostrava ternura nos seus gestos e alegria a cada olhada para seu noivo. Quando estava chegando perto do altar, deu uma breve piscadela para nós e claro, retribuímos. Todos os convidados choravam, até a flores escolhidas a dedo por Rosa pareciam chorar junto. Fiquei com os olhos marejados, evitei derramar mais lágrimas, era um momento muito importante para se perder daquele jeito. A mãe de Rosa sorria sem parar, pegou seu bouquet e assim, o pai de Rosa cumprimentou o futuro genro e entregou a filha para o altar.

Assim, o representante religioso deu a palavra.

— Queridos companheiros, podem assentar – limpou a garganta. – Estamos hoje aqui reunidos para celebrar a união de Rosa Silveira dos Santos e Rafael Bittencourt Vilela. Meus queridos, o amor requer tempo e cuidado, cultivado dia a dia colheremos os magníficos frutos. E como já dizia em primeiro Coríntios 13:1 – ele olhou para a bíblia. – “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor. ”. E aqui, diante de mim, há uma prova de amor.

Uma melodia começou a ser tocada, a porta aliança entrava e entregara para o senhor que tomava as palavras do casamento uma almofadinha com dois anéis de ouro.

— Rafael Bittencourt Vilela, estás disposto a prometer diante de Deus e de todos aqui presentes a tomar a esta mulher, Rosa Silveira dos Santos, por tua legítima esposa, para viveres com ela? Prometes amá-la, honrá-la, consolá-la e conservá-la, tanto na saúde como na enfermidade, na prosperidade como em seus sofrimentos?

— Sim, eu prometo – Rafael disse olhando para a noiva.

— E a senhora, Rosa Silveira dos Santos, estás disposta a prometer diante de Deus e de todos aqui presentes a tomar a este homem, Rafael Bittencourt Vilela, por teu legítimo esposo, para viveres com ele? Prometes amá-lo, honrá-lo, consolá-lo e conservá-lo, tanto na saúde como na enfermidade, na prosperidade como em seus sofrimentos?

— Eu prometo – Rosa fitava seu noivo.

O senhor mostrou as alianças para os ali presentes.

— Aliança significa aliar-se a algo ou a alguém, intenções de acordo, pacto entre partes, convênios entre pessoas ou nações que buscam objetivos comuns. Aqui, nesta cerimônia de casamento, estas alianças significam um compromisso voluntário, consciente e responsável estabelecido entre duas pessoas que se amam.

Todas as pessoas estavam atentas. Aquele era o momento bastante aguardado.

— Pegue a aliança, Rafael, e diga seus votos – o senhor dizia.

— Com esta mão espantarei as suas tristezas. Sua taça jamais ficará vazia, pois eu serei o seu vinho. Eu serei sua vela, iluminarei o seu caminho na escuridão. E com esta aliança eu lhe peço que seja minha esposa – Rafael colocou a aliança no anelar esquerdo de Rosa.

— Pegue a aliança e diga seus votos, Rosa.

— Que esta aliança seja o símbolo puro e imutável do nosso sentimento – Rosa transferiu o anel para o anelar esquerdo do noivo.

— Na qualidade como Ministro, eu vos declaro marido e mulher.

As lágrimas voltaram e eu só sabia sorrir. Apertei a mão do Thomas de tanta emoção, agora sim estava oficial.

Sorrindo, o senhor disse:

— Pode beijar a noiva.

Rafael pegou levemente na cintura da então esposa e a beijou provido de amor.

Todos gritaram, aplaudiram, choraram mais e eu, também dei um beijo no meu padrinho.

Fizemos formação para sairmos e as daminhas da lembrança presenteou cada padrinho e madrinha com um lindo coração de porcelana escrito a data, o nome dos noivos, também tinha uma garrafinha com licor de morango com a foto dos noivos e um lindo bombom em uma caixinha. Isso tudo estava numa cestinha de vidro bem-feita.

Atrás da casa de madeira, havia um jardim cheio de cadeiras e, como a noite estava caindo, estava iluminado por belas lâmpadas. Fomos para o local e lá o fotógrafo registrou as mais lindas fotos. Todos queriam tirar fotos com os noivos, e o profissional deu preferência a família e amigos mais próximos. Demorou um pouco para minha vez e dos meus amigos chegar, afinal, Rosa tinha família até em Betim. Tirei duas fotos individuais com Rosa, tirei com os noivos, depois tirei com Thomas e os noivos, tirei com meus pais e os noivos, em seguida a mais linda foto, eu, Thalia e Rosa, as três espiãs e amigas demais, as meninas superpoderosas, as Winx.

Rosa ficou zonza de tanto tirar fotos. Tomou uma água, remédios para enjoo e tirou a parte de baixo do vestido, o fazendo ficar curto, assim as madrinhas também fizeram, afinal, os vestidos eram dois em um.

Thomas e eu nos assentamos na mesa perto de uma bonita iluminaria.

— Não estou me aguentando dentro dessa roupa – Thomas disse se abanando com a mão.

— Tira o blazer e fica só com a blusa social – sugeri.

Ele tirou blazer e eu só conseguia imaginar o quanto ele estava um gato de blusa social branca.

— Acho que minhas moléculas também estão se agitando bastante – abanei meu rosto que estava já rubro.

Thomas se fez por desentendido e disse que iria guardar aquela peça de roupa. O acompanhei com os olhos e vi Thalia se aproximando com Brian.

— Tudo bem, Olívia? – Brian perguntou.

Olhei para ele com a cara mais debochada possível. Tudo bem? Esse canalha fez algo com minha doce Thalia, merece um soco na cara!

— Acho que sim – olhei para Thalia. Não devo dar bandeira.

— O casamento foi simplesmente lindo – Thalia mudou de assunto.

— Eu concordo. Até hoje não entendo como a Rosa foi a primeira a se casar e ter filhos. Ela sempre foi tão solta, tão peculiar, tão...

— Assanhada? – Thalia soltou um riso.

— Mais do que assanhada. Agora tudo será corrido para ela, terá que cuidar das crianças junto com Rafael, da faculdade e diversas coisas. O bom é que já temos certa liberdade para ajudar e vê-la.

— Exatamente. Tentaremos ficar o mais próximo possível dela.

Percebi que Thomas estava voltando, mas não estava sozinho.

— Poderia sentar com vocês? – Marcelo perguntou.

Balançamos a cabeça positivamente.

— Marcelo, pensei até que estivesse em outro estado – falei apoiando minha cabeça nos ombros de Thomas.

— Realmente dei uma sumida, as vezes fazemos isso sem notar.

— Thomas quem o diga – ele beijou minha testa nesse momento.

— De onde vocês se conhecem? – Brian perguntou.

— Um amigo nosso – Thalia e eu falamos em uníssono.

— Sou ex-namorado da Thalia no início do Ensino Médio.

Brian engoliu a seco. Balbuciou qualquer coisa e saiu para tomar um drink. O clima havia ficado pesado de repente, me assustei um pouco com a reação do namorado da minha amiga. Como não queria que aquilo terminasse ruim, tentei mudar de assunto assim que Brian chegou na mesa.

— Aonde está estudando, Marcelo? – perguntei.

— Estudo Direito na PUC, Olívia. Soube que você e Thalia estudam engenharia.

— Sim, mas ela estuda a Civil e eu a de Minas – Thalia sorriu.

— Que incrível! Lembro como se fosse ontem você dizendo que gostava de ambas e sua paixão maior era a de Minas. Ainda falei que poderia ir em qualquer uma, pois sei o que estiver fazendo, com certeza fará seu melhor e com orgulho.

Thalia corou. Deu um breve sorriso e tentou voltar os elogios para Marcelo, percebia que seu namorado não estava à vontade com aquele sujeito falando boas coisas dela. Coisas que só ele deveria falar, devia ter pensado ele.

— Eu preciso ir – Brian saiu em dispara, deixando seu copo cheio e sua namorada.

Minha amiga foi atrás, tentando ser mais serena e calma possível. Chegaram até carro de Brian e lá ela tentou conversar. Fui atrás deles sem que me notassem, impedi que Thomas me acompanhasse. Me escondi no pilar da casa.

— O que houve?

— Ainda me pergunta? – falou ele com o tom de voz alto. – Primeiro você recusa meu pedido de casamento com a desculpa que precisa se esforçar na faculdade, depois começa a arrastar asa para esse cara. Eu tolerei muito você ter sido o par dele!

Brian sempre foi muito meloso com Thalia, eu o achava até uma pessoa muito boa, até o momento. Lembro de ter ouvido ele fazer um discurso machista com seu amigo, dizendo que a mulher deve ter seu lugar. A partir daí minha pontuação com ele caiu bastante, ainda acreditava na sua mudança e, fazendo Thalia feliz era o que importava. Agora eu só pensava no quanto ele é um fracasso.

— Pelo amor de Deus, Brian! Que besteira! Está com raiva por causa de uma besteira!

— Thalia, não quero ficar brigando com você aqui, por favor. Vou embora e quero que pense no que está fazendo.

Tomada pelo impulso, sai de trás da pilastra de madeira.

— Ela não tem que pensar nada, Brian, você é o único a pensar aqui!

— Olívia? – ambos falaram.

Ele entrou no carro e abriu as janelas.

— Cuide do seu namorado! – ele disse por fim e arrancou o carro.

Abracei minha amiga como nunca havia abraçado antes. Pedi que ela me acompanhasse nos sentamos na escada de madeira. Ela não chorava, conseguia controlar o choro bem, mas a raiva era difícil esconder.

— Desculpa não ter contado sobre isso antes... Olívia, já tem dias que penso em terminar com Brian por tantas coisas que acontecem. Ele não entende meu tempo, não entende que tudo tem seu tempo também. Ele não me escuta quando dialogo com ele, apenas finge que entendeu e que vai mudar. Essa é a quarta gracinha que ele faz desde que estamos juntos. Em alguns dias estamos bem, mas quando não posso atender suas necessidades, ele fica mal. Eu estou cansada disso tudo, Olívia, cansada!

Passei as mãos no cabelo dela e deixei que ela continuasse.

— Brigar comigo por ciúmes é o cúmulo, isso está sendo desgastante...

— Thalia, sei que hoje é dia de festa e que eu tentei ao máximo evitar muitas coisas do tipo. Você é minha amiga e tenho que te ajudar com o que posso, e no momento, apenas as palavras estão disponíveis. Eu sei bem o quanto é estar atarefada, fazer muitos cálculos, projetos, passar naquela matéria difícil, nada disso foi nos ensinado na escola. Temos que ter nosso tempo. Se você não quer se casar por agora, é um direito seu, casar não é fácil como imaginamos e vimos aqui. Rosa fez tudo às pressas, ela mesma não queria se casar, apenas fez um agrado para sua família e a família do seu marido. Além disso, você está focada em coisas que você traçou ser importante. Nunca deixe um homem querer traçar suas escolhas, escolha um que vá caminhar contigo, que tenha quase os mesmos planos que você e entenda seu modo de vida. Não deixe ninguém te moldar.

Ela me abraçou e desabafou um pouco mais. Decidiu não perder a oportunidade de se aventurar essa noite. Me convidou a tomar uma taça de vinho, algo muito estranho vindo dela. Aceitei para nosso gosto e adentramos novamente na festa.

Thomas e eu dançamos muito, bebemos moderadamente e beijamos bastante também. Era bom entrar na vida adulta, você não tinha aquele medo de ser pego por seus pais em uma situação dessa. Rosa tentava ficar próxima de nós, no entanto, sempre vinha alguém e a arrastava para outro canto. Thalia conversou mais com Marcelo, tiraram a limpo sobre a época do namoro e concordaram em ser bons velhos conhecidos.

Quase meia noite, os pombinhos tinham que partir. Rosa subiu as escadas da casa de madeira e ficou na mesma sacada que eu estava no início do casamento.

— Eu vou jogar esse troço aqui e quero ver quem vai pegar! – ela disse toda alegre e meio embriagada. – Contem comigo! Um... Dois... Três!!

Segurada em Thomas percebi que o bouquet vinha em minha direção, não fiz muito esforço para pegar e para minha surpresa, Thalia pegou junto comigo.

— Sabia que seriam vocês, suas raparigas! – a noiva bêbada gritava do alto da casa.

Era um pouco contraditório aquilo. Thalia tinha problemas demais e não queria se casar. Eu mesma não tenho nem namorado, quem dirá um marido.

— Toma – Thalia entregou o bouquet para minhas mãos. – Eu não tenho intenção de casar por agora. Acho que você também não, mas isso é para recomeçar sua vida ao lado de quem ama. Ouviu, Thomas?

Eu estava boquiaberta. Dei um sorriso para minha amiga e falei o de sempre: “ Vamos pensar em coisas boas! ” .

Acompanhamos os noivos entrar na Limousine. Você leu certo, uma Limousine branca! Sem mais delongas, eles se despediram e dei um puxão em Rosa.

— A noite vai ser quente, Rosa? – imitei sua fala.

— Menina, já até separei minha fantasia de coelhinha para brincar no futon. – riu maliciosamente.

Abraçamos ela em grupo e a distribuímos beijos no rosto, a mesma nos afastou dizendo que odeia melação. Entrou no carro e desapareceu na estrada.

Depois de me despedir de algumas pessoas, Thomas deu carona para a Thalia e para mim, meus pais haviam saído cedo com meu carro.

Abri meu portão sem fazer muito barulho, dei as mãos para Thomas e o deixei na sala. Tomei um banho e logo depois ele tomou o dele. Puxei um colchão para meu quarto e joguei o meu no chão. Os dois colchões se juntaram formando uma cama de casal. E ali deitei com Thomas e tive e antes de dormir, ele me e disse:

— Você é o meu sonho.

Fim do capítulo 39.


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Notas finais do capítulo

Está acabando DD: Até o próximo ♥



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