Meu sonho escrita por May Cristina


Capítulo 36
Será?


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :D



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Acordar com disposição é completamente estranho. Logo eu que todos os dias acordo querendo entrar em coma ou faltar da faculdade, casada com os números e equações. É, hoje foi diferente. Despertei cedo e reforcei no café da manhã. Sonhei a noite inteira, não me lembro de detalhes, apenas me recordo de garoto loiro me abraçando e sorrindo constantemente.

Papai havia ido trabalhar e mamãe só sairia mais tarde. Como a maioria das mães, veio me interrogar a respeito de ontem, do meu quase jantar romântico.

— Qual foi a reação dele? – disse mamãe colocando um pouco de café na xícara.

— Eu não sei explicar. Thomas parecia intrigado e feliz ao mesmo tempo.

— Isso é estranho.

— Por que seria?

— Oras, porque ele estaria cismado com você? Isso me faz pensar que ele está com ciúmes daquele menino chato, o Joel.

— É Miguel, mãe – coloquei a mão na testa e fiz uma péssima expressão.

— Não importa. Agora que Thomas está aqui, duvido muito que continuará saindo com esse garoto.

— Quanto a isso não sei. Thomas está passando por uma fase de teste.

— Toma vergonha na cara, Olívia! Ele nunca fez nada que te chateasse e se fez foi por uma causa nobre. Além disso, não vamos nos esquecer que você cedeu ele para ir morar em Bom Despacho e cuidar daquela menina doente.

Minha mãe tinha razão, entretanto, eu tinha que me mostrar a durona dos relacionamentos e a garota que analisa antes de fazer algo, mesmo que isso não esteja “colando”.

— Não me arrependo de ter incentivado ele a ir. Imagina se ele tivesse ficado? Não duraríamos tanto tempo assim, éramos muito novos...

— É... – ela tomou um gole do café. – Faça durar esse tempo que ele está aqui. Não espere que apenas ele faça algo e vá para o ataque também.

— Mamãe!

— Estou falando sério. Não espere mais cinco anos para viver coisas belas. Você é praticamente adulta agora, pode sair, dirigir, não ter medo de dar uns beijinhos – ela deu uma risadinha. – Aproveita sua maioridade e essas férias da faculdade e viva intensamente!

As palavras da mamãe surtiram sensação de perseverança.

Dei um beijinho nela e peguei minha agendinha para programar algumas saídas esse mês. Precisava aproveitar enquanto ele estava aqui.

Era quase o horário de me encontrar com a Rosa. Passei rapidamente pela ducha e busquei por qualquer roupinha básica. Olhei na gaveta e achei meus brincos e com eles estava a caixinha do anel que Miguel havia me dado.

 Fiquei curiosa e o coloquei no meu dedo anelar, apreciei-lo. Como aquele menino havia acertado meu número, porém, errou no mais importante: a espessura. Eu gostava de alianças finas a médias, grossas eu tinha um certo pavor. Não que fosse feio um anel extravagante, contudo, aquilo não combinava com meio jeito.

Percebi o quanto estava atrasada e tranquei a casa o mais rápido eu pude. Tirei o carro da garagem e segui rumo ao shopping.

Entrando no shopping, eu dei de cara com uma garota de calça verde-broto e uma blusa de listras pretas e brancas escrito “awesome”. Exatamente, era a Rosa-chata-trouxa.

— Mulher, você demorou muito! – ela dizia tentando fazer cara de decepção.

— Acontece, não é mesmo? – falei.

— Não importa! Vamos comprar algumas coisinhas e sair logo daqui, quero chegar em casa o mais rápido possível para uma partida de LOL.

— Jurava que a gravidez havia deixado você mais madura e em vez de jogar, estava procurando fazer tricô – eu dei uma risadinha e percebi que Rafael fazia o mesmo.

— Em vez de dar roupas para as crianças, poderia me comprar uma skin?

— Não! Vou comprar algo para minha afilhada e meu outro toquinho usar. Toma vergonha na cara, Rosa! – eu disse imitando mamãe. Rosa semicerrou os olhos e puxou Rafael.

Enquanto andávamos, Miguel apareceu na nossa frente.

— Me atrasei um pouco, o funcionário demorou a chegar e... – Miguel interrompeu a fala enquanto olhava para meu dedo. Droga! Havia me esquecido de deixar a aliança na gaveta.

— E... – Rafael disse.

Miguel balançou a cabeça e foi para meu lado e me puxou gentilmente pela cintura com sua mão, como se fôssemos um belo casal. Fala sério.

Rosa coçou a cabeça como se não estivesse entendo nada do que acontecia ali. Mexi a boca como se quisesse falar um “depois te conto”.

— Thalia não vem? – perguntei me afastando um pouco de Miguel.

— Não, ela tinha que planejar uma festa da família dela.

— Compreendo... mas tenho certeza que ela vai experimentar os vestidos do casamento conosco.

Entramos em uma loja de roupas para recém-nascidos e para bebês de até um ano de idade. As coisas eram tão caras que pensei em ter filhos quando ganhar um bom dinheiro.

Cheguei perto de Rosa e falei em seu ouvido:

— Vamos para o Centro enquanto há tempo!

— Uai, deixa para lá, é o Rafael que vai pagar mesmo. Falei que não era para nós comprarmos nada por agora, até porque estou sem dinheiro, mas os filhos são dele também...

No final das contas, Rafael comprou um conjuntinho de marinheiro para os bebês. Rosa sempre falava desse maldito conjuntinho, mas realmente eram fofos. Um vestidinho de marinheira e um macacão de marinheiro.

 Ela ficou tão feliz que eu senti um enorme prazer de estar viva para ver aquele momento. Rosa que quase nunca abraça alguém, deu um abraço no noivo e um beijinho. Saiu da loja louca da vida e só falava em fazer um book com os filhos.

Por outro lado, eu só pensava em tirar aquela aliança antes que Miguel empolgasse e quisesse levar uma roupa de pirata para colocar no filho que ele pretendia ter comigo. Quanta audácia seria.

Saímos da loja e fomos parar em outra. Dessa vez, eles foram apenas olhar os papeis de parede para colocar no quartinho das crianças. Era um mais fofo que o outro. Rosa escolheu um lilás com branco, tinha detalhes de ursinhos. Pretendia colar os nomes, um em cima de cada berço.

Os irmãos Bittencourt estavam no quarto andar resolvendo problemas com a lojinha deles, enquanto eu e Rosa ficamos apreciando aqueles quartinhos de bebê montados.

— Já escolheu os nomes? – perguntei calma.

— Estou em dúvida ainda, não sei se coloco nomes combinando ou meu nome e do Rafael.

— Sei que gêmeos tem aquela coisa de nomes com silabas parecidas, como Rafael e Miguel e...

— Thomas e Lucas.

Olhei para o chão e sorri. A noite de ontem foi a prova que aqueles nomes não sairiam da minha cabeça nem se eu quisesse.

— Foi o Miguel que te deu essa aliança, não é? – Rosa perguntou e cruzou os braços.

— É... – ela me analisava. – Não, eu não estou namorando com ele e nem nada do tipo.

— Então porque esse troço está no seu dedo?

— Ele me deu ontem e me pediu em namoro. Não deixou que eu respondesse na hora. Hoje quando estava me arrumando, achei e quis ver como ficava. Acabei me esquecendo e aqui estou com isso. Fim.

Rosa suspirou.

— Cara, é o seguinte, você deveria ter batido o pé na hora e não aceitasse essa porcaria de aliança.

— Mas... – ela fez um sinal com a mão para esperar.

— Você nunca gostou dele, estava apenas saindo com ele para esquecer o Thomas.

— Eu pensei eu ia conseguir esquecer, mas...

— Mas agora o gatinho loiro está aqui.

Enruguei a testa e cruzei os braços também.

— Espera, como sabe que Thomas está aqui?

Ela olhou para os lados rapidamente, pegou uma mecha do seu cabelo e colocou no rosto.

— Oi? O que disse? – fingiu de tonta.

— Rosa!

— Tudo bem, eu digo! Eu convidei Thomas para ser o padrinho, junto com você.

Não sabia se ficava com raiva ou me explodia de felicidade.

— Por que não me contou antes??? – eu disse afoita.

— Calma, minha filha. Primeiro que você ia enlouquecer, segundo que eu queria fazer uma surpresa para você.

Eu fui com tudo abraçar a Rosa e ela ficava mandando eu sair de perto dela. Meu Deus, não estava crendo que faria um par com Thomas.

— Me solta! – ela arrumou o cabelo. – Agora me diz, você conversou com ele?

— Ele fez um bolo para mim ontem na noite, conversamos um pouco e... – coloquei as mãos na bochecha. – Nos beijamos!

— Sua tarada! O que mais? Dormiram juntos? Se preveniu? A noite foi quente, não é?

Fiquei vermelha de vergonha e dei um tapa no braço dela. Que loucura.

— Não! Eu fui para minha casa, louca!

— Ah... – Rosa fez uma expressão de tristeza.

Antes que eu pudesse falar tudo que acontecera, os garotos haviam chegado. Fingi bem rápido que estava elogiando o berço. Sou tão cara de madeira.

Fomos até a praça de alimentação, em um estabelecimento que vende sanduíches naturais. Miguel sentou ao meu lado.

Acabamos de comer e o casal despediu de nós e foram embora. Fiquei na mesa ainda estralando os dedos e Miguel logo se posicionou.

— Estou surpreso que aceitou o meu pedido... e muito feliz.

Evitei manter contato com os olhos dele. Apenas olhei para minha mão e falei:

— Miguel... eu não aceitei...

— Como não?

— Eu estou usando a aliança porque fiquei com curiosidade e, acabei esquecendo de tirar...

— Ah... mas... – ele não sabia o eu dizer.

— Eu sinto muito, mas não namorar com você sem sentir nada de especial, além da nossa amizade.

Me levantei para ir embora. Miguel veio logo atrás.

— Sério mesmo que vai me deixar por um menino que mora em outro lugar e ficou anos sem te dar notícia?

— Não sei se é o certo, mas sei que não posso continuar mentindo para você.

Miguel olhou para longe de mim e pediu um abraço. O abracei. Depois ele me deu um beijo, logo afastei mas ele insistia.

Para, por favor... — falei baixinho e triste.

Ele se afastou e me virou.

Thomas estava na minha frente, juntamente com Lucas. Ele parecia assustado.

Queria dar um tapa no Miguel, abraçar Lucas e Thomas ao mesmo tempo. Mas não, eu apenas fiquei parada enquanto Lucas corria até mim.

— Olívia!! – ele me abraçou forte, pude sentir o cheiro de camomila eu vinha de seu cabelo.

— Luquinha! Quanta falta eu senti de você!! – passei a mão nos cabelos dele. – Está quase do meu tamanho, tão lindo e fofinho!!

— Oi, campeão. – Miguel se aproximava de Lucas. O abracei contra mim e não deixei aquele babaca tocar em Lucas.

— Miguel, acho que está na hora de você ir.

Ele concordou com a cabeça e me deu um beijinho na testa.

Queria tanto socar a cara dele, tirar sangue naquele nariz.

— Lucas, você poderia comprar um refrigerante no outro andar? – Thomas falou.

Lucas me deu um outro abraço e foi direto para a escada rolante e sumiu de vista em pouco tempo.

— Não sabia que estava aqui... – balbuciei.

— É, e eu acreditei que você não aceitaria namorar com aquele cara.

— Qual é, Thomas?! Eu não aceitei nada!

— Não é isso o que seu dedo diz. – ele apontou para meu anelar.

— Isso é uma longa história. – tirei o anel e coloquei na bolsa.

— Por que não me explica essa história? Aliás, me explica aquele abraço e aquele beijo que acabei de presenciar?

— Thomas, uma série de coisas me levou a esse lugar hoje e ter acontecido aquilo hoje. Ele me beijou a força! Sem contar que aquele abraço era para ser uma despedida! – aumentei o tom de voz. – Já a aliança, apenas usei por vaidade.

Thomas parecia mais calmo.

— Me perdoe. Eu não devo ficar com ciúmes dessas coisas sendo que ele está na fila há muito tempo enquanto eu acabei de chegar.

— Tudo bem. Pelo menos esse mal-entendido foi resolvido.

Procuramos um banquinho para sentar. Olhei a movimentação e tomei coragem.

— Thomas, gostaria de sair comigo amanhã? Quero dizer, eu você e o Lucas?

— Eu adoraria – ele sorriu. – Só tem um problema.

— Qual?

— Sua mãe convidou Lucas para sair, portanto...

— Te pego às oito horas da manhã? – falei estendendo a mão.

— Com certeza! – ele me deu a mão.

Fim do capítulo 36.


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Notas finais do capítulo

LOL: League of Legends é um jogo online competitivo que mistura a velocidade e a intensidade de um RTS com elementos de RPG.

Até o próximo capítulo :DD



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