Meu sonho escrita por May Cristina


Capítulo 37
De volta as lembranças


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Depois que voltei do shopping, sentia tantos sentimentos misturados em mim. Não era de se esperar por menos, rejeitei uma pessoa querida, estou apaixonada por outra que em breve vai embora. Mas por quê? Não entendo essa volta que minha vida deu. Entretanto, uma coisa eu tenho certeza, foi uma volta boa.

Peguei o telefone fixo e liguei para uma amiga que entendia dessas coisas assim como eu, a Thalia.

— Olívia?

— Thalia, eu nem sei por onde começar...

—Acabei de ver suas mensagens, desculpe não ter respondido a tempo, mas...

— Não, não! Sem problemas. Agora, eu só quero uma ajudinha, por favor!

— Que tipo de ajuda?

— Acha que o Thomas vai me esquecer assim que sair da cidade?

Era uma ajudinha, ou melhor, uma perguntinha nada fácil de responder.

Thalia suspirou do outro lado da linha.

— Olívia, me ouça.

— Sim?

—Há um pouco mais de cinco anos, o Thomas saiu de perto de você. Mas, você não acha que lá no fundo, bem no fundo há uma magia entre vocês? Sendo bem melosa mesmo, você concorda?

— Não entendo...

— Sabe, por incrível que pareça, vocês continuam o mesmo amorzinho de antes. Concordo que você cresceu, não está tão enjoada, que ele está mais compreensível e adulto. Porém... aquilo que vocês sentiam não acabou mesmo com o tempo e as mudanças.

— Continuo não entendendo... o que significa?

— Quer dizer que mesmo que ele vá para a Índia, o sentimento não muda, não mudará.

Meu coração acelerou naquele momento. Caramba!

— Devo continuar?

— O que você acha?

— Claro que sim!

— Isso mesmo!

Agradeci Thalia muitas vezes por sempre me dar uma luz nessa minha mente. Daqui para frente, vamos aproveitar intensamente.

Era sete da manhã quando meu pai ligou a luz no meu rosto.

— Vamos acordar, chata!

Eu só pensava em dormir, logo lembrei do que havia dito a Thomas.

Levantei rápido e ajeitei umas coisas na minha bolsa. Tomei um banho, coloquei um shortinho preto e uma blusinha solta. Amarrei o cabelo e ouvi meus pais saindo.

— É agora! Força clã! – falei sozinha enquanto colocava a bolsa no carro.

Toquei o interfone do Thomas e fiquei olhando para o chão até ele sair. E veja, lá estava ele apenas com seu samba canção. Me enchi de vergonha e olhei para rua.

— Por favor, vista algo! – eu disse sentindo um formigamento no meu rosto.

Thomas me olhou como se eu fosse uma completa panaca. Gente, era só um homem de shorts, que mal há? Olha, muito mal, não queria dizer nada, mas... era um mal caminho.

— Deixa de bobeira, Olívia! – ele coçou o olho esquerdo. – Vamos, entre!

Achei aquilo muito estranho. Era para esse trouxa estar arrumado.

— Você se esqueceu? – resmunguei.

— Não – ele balbuciou. – Apenas... – ele tentava falar, entretanto, estava caindo de sono.

— Entra filhão. Tome um banho, lave os cabelos, vou separar sua roupinha, tudo bem? – bati de leve na cabeça dele. O mesmo entrou

Era a segunda vez que entrava naquela casa depois de anos. Tenho que parar de enumerar essas coisas. Bom, lá estava eu, gracinha, arrumadinha, com nenhum sono escolhendo uma roupinha para Thomas.

— Uma bermuda? Uma T-shirt? – falava sozinha.

Peguei três ou mais pares de roupas e cai na cama do Thomas. Fechei os olhos com aquelas roupas no meu rosto. O cheiro de amaciante confortava meu estado. Sentia sono e estava bem.

Thomas-

Estava no banheiro, lavando minha cabeça como a senhora Olívia desejava. Meu Deus, eu nem acredito que esqueci que ela ia me levar para sair. Não era por mais, depois de ficar um bom tempo conversando com meu irmão, e pior, esse tempo, era na madrugada.

Eu e Lucas estávamos deitados eu na minha cama e ele na dele.

—Thomas – ele se coçou o olho. – E quando formos embora?

Não entendi de início o que meu irmão falava, porém, depois eu compreendi onde ele queria chegar.

— Cara, eu sinceramente não sei...

— Como você não sabe? – Lucas parecia indignado.

— Lucas, eu gosto da Olívia, mas o tempo passou para nós. Se eu não tivesse chegado, hoje ela estaria namorando aquele cara que vimos no shopping.

— Isso é um sinal bom. Fala sério, Thomas! A Olívia gosta tanto de você que recusou uma pessoa que esteve esses anos ao lado dela... recusou por você.

Meu irmão estava certo, mas meu destino era incerto.

— Eu sei! Eu só não quero atrapalhar a vida dela igual fiz agora! Poxa, o Miguel é rico, com certeza já deve estar na segunda faculdade, tem uma loja no quarto andar do shopping, é um cara mais que legal, deu uma aliança para ela, é tio dos filhos da melhor amiga dela! E eu, Lucas? Moro longe dela, pago faculdade, e deixei ela triste por vários anos!

— Thomas, às vezes me dá raiva de você – Lucas disse se sentando na cama. – Olívia não se importa com dinheiro, não se importa com a faculdade que você faz, ela apenas se importa com você. Não entendo o porquê está dando uma de idiota agora.

— Eu gosto dela – me acalmei um pouco, deixei a voz serena. – Eu amo ela. Para ficar perto dela, eu teria que estudar muito para conseguir bolsa na melhor faculdade de Belo Horizonte, voltaria para essa casa. Ia deixar ela esperando mais um ano. E nisso, penso que estou sendo egoísta, pois enquanto fico fora um ano, ela vai ficar um ano sozinha...

— Você tem que pensar em você também. Não vai entrar na Federal apenas para ficar perto dela, e sim para você entrar em uma ótima faculdade pública – Lucas parecia mais calmo também. – Thomas, ela não deixou de te amar durante cinco anos, um ano não seria tempo suficiente para ela te esquecer.

— E eu nunca esqueceria dela mesmo longe.

Olhei em volta e achei o ursinho que ela havia me dado.

— Esse ano vou estudar muito para conseguir essa vaga, ela me ajudará em vários âmbitos.

Depois da conversa, eu não conseguia colar os olhos e só pensava em fazer planos para meu futuro.

Sai do banheiro com a toalha na cintura. Caminhei pela cozinha, pela sala até que finalmente cheguei no meu quarto. Ela estava lá, deitada e abraçando minhas roupas.

Ambos sabíamos que estava cedo para um evento. Peguei minhas roupas e as coloquei no meu corpo assim que sai do quarto. Deitei ao lado dela e encarei seu rosto. Olívia tinha grandes bochechas, a vontade de apertar era intensa, mas ela estava tão fofinha dormindo e sem perceber, eu caí no sono também.

Olívia-

Acordei e percebi que tinha uma pessoa me abraçando. Era Thomas. Mas que imprestável! Em vez de me acordar, ficou dormindo junto a mim. Em seus braços estava tão quentinho e confortável... Não importa!

Thomas— falei baixinho. – Acorda, zé!

E eu vi aquele lindo verde se abrindo e olhando para mim.

— Acabei dormindo com você... –ele dizia

Tudo bem...— dei um beijinho nele. – Vamos lá, eu tenho que sair com você.

Nos levantamos, tomamos água e fomos em direção ao carro.

— Colocou o cinto? – perguntei.

— Claro, filhona.

— Ué, você aderindo as minhas gírias?

Thomas deu uma risadinha e ficou me olhando.

— E lá vamos nós.

Não demoramos muito e logo chegamos ao local. Estava a mesma coisa.

— Não acredito... – Thomas fez um grande “O” com a boca.

— A primeira vez que nos abraçamos? – lembrei daquele momento.

— A primeira vez que vi você caindo – ele deu um sorriso. – Deveríamos ter levado uma bicicleta...

Sim. Estávamos no parque ecológico, no qual tem uma cachoeira linda. Levei-o até este lugar pois ele traz muitas lembranças, os primeiros dias de companhia.

— Bom, como meu pai ia tirar no impar ou par para ver quem ia ser líder ou qual lado iriamos ficar, quer fazer as honras?

Thomas escolheu impar e eu par. Coloquei 3 e Thomas também. Parece que o jogo virou, não é mesmo?

— Saudades em ser o líder – Thomas fingiu limpar uma lágrima.

— Sou uma ótima líder! Primeiramente gostaria de escolher um lado, eu quero o esquerdo!

— Por quê?

— Não sei... Ah, coloque uma sunga por baixo das roupas, pois vamos nadar!

Fui até o vestiário e coloquei um biquíni por baixo das minhas roupas também. No dia viemos que aqui, eu havia sujado minha roupa toda e fui colocar uma jardineira. Como aquela roupa ficava estranha em mim, hoje nem me dou conta do quanto não ligo mais para esse tipo de coisa, ou seja, não ligo mais para o que as pessoas pensam da minha roupa.

Caminhei alguns metros, peguei uma bolsa reserva no carro, coloquei meu celular, dois sanduiches naturais e dois sucos de caixinha, adicionei também protetor solar e duas toalhas. Ótimo, estava tudo certo.

— Thomas Ferreira?! – escutei alguém gritando Thomas de longe.

— Maria? – Thomas se virou.

Jesus. Meu passado havia voltado, e não sabe quem havia voltado com ele.

— Olívia! – me gritaram.

— Iago? – eu coloquei minhas mãos sobre a boca.

Dá para acreditar? Os “ex-ficantes” encontrando com os “ex-ficantes”. Iago arregrava um anel prata enorme do lado direito da mão, assim como a Maria Cecília.

— Vocês... estão namorando? – fiz a pergunta mais óbvia da Terra.

— Dá para acreditar? – Não. Pensei comigo.

— E vocês dois, estão casados? – Iago perguntou.

Olhei para o Thomas e ele olhou para mim. Não estamos casados, não namoramos, não estamos juntos (ou estamos?). Que confusão.

— É que... – Thomas começou.

— Sim, estamos! Perdemos as alianças na nossa lua de mel, irônico não é? – falei sem pensar. Não entendia o porquê estava mentindo para eles.

— Vocês pararam de estudar? – Maria perguntou.

— Não, não! Eu estudo na Universidade Federal de Minas Gerais e Thomas...

— Em Bom Despacho! – disse ele. Boa, garoto!

Maria e Iago se olharam também.

— Ah, realmente. Eu me lembro quando ele havia saído da escola – falou Iago.

— Foi triste para todos... – acrescentou Maria.

Minha cabeça formigava. Não queria ter mentido, entretanto agora foi. Nunca imaginaria esses dois juntos! Eu beijava o Iago, odiava ver a Maria beijando o Thomas. Que mundo estou?

— Bem, casal, eu e Thomas estamos indo. Foi bom reencontrar – abracei ambos. Thomas fez o mesmo.

Andei o mais rápido que pude até perder da vista deles.

— Thomas, me perdoe!!! – eu disse suspirando de cansaço.

— Eu sinceramente não entendi o porquê daquilo tudo.

— Meu bem, nem eu entendi! Foi tão espontâneo fingir que estávamos casados.

— Pelo amor, Olívia! – ele olhou para os lados e entrelaçou nossas mãos. – Se estamos casados, temos que agir como tais.

 Enquanto andávamos pela trilha, minha mão ainda segurava a de Thomas. Nem me recordava a última vez que eu fazia isso, só sabia o quanto era bom.

No caminho, encontramos o casal do momento. Inferno!

— Que gracinha, vocês! O que fazem aqui? – perguntou Maria.

Comprar carne, sua idiota! É claro que estamos indo à cachoeira. As perguntas são mais tontas que as minhas.

— Para a cachoeira – Thomas respondeu.

— Ótimo, já que vocês sabem, poderíamos acompanhar vocês? – Iago perguntou dessa vez.

Faz mal ajudar velhos colegas de escola? Acho que não.

— Vamos cada par de um lado. Eu e Olívia do lado esquerdo da trilha, Thomas e Maria do lado oposto da cachoeira?! – Iago continuava.

Não queria ir com Iago, queria refazer a trilha com Thomas. O que eu posso fazer, não é?

— Vamos... – falei desanimada.

— É... – falou Thomas.

Atravessamos o riacho com muita dificuldade, em cima de pedras e desviando de aranhas aquáticas.

No outro lado, passei protetor e perdi a “outra equipe” de vista. Maravilha, que coisa bonita, nem acredito.

Eu e Iago andamos em silêncio por alguns minutos, até que vi uma linda borboleta azul. Era nostálgico aquilo.

— Está casada tem muito tempo? – ele perguntou.

Estou casada há menos de uma hora, senhor.

— Dois meses apenas – menti feio. – E há quanto está junto da Maria?

— Há seis meses.

— Nem consigo acreditar. Você mal a notava. Como foi que isso aconteceu?

— Foi na festa de formatura que nós ficamos.

— Eu estava lá e nem percebi.

— Você estava dançando com aquele menino, irmão do namorado da Rosa.

Ficamos um tempo calados. Não queria falar sobre o Miguel.

— Mesmo estando com a Maria, ainda sei que você é especial para mim...

Fim do capítulo 37.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo ♥



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