Após o estranho evento que aconteceu, o sino bateu, e todos tiveram de ir para suas respectivas salas. Violet sentou no mesmo lugar do dia anterior, porém abaixou a cabeça, tentando passar por despercebida.

—Bom dia, alunos! Animados pro segundo dia de aula? —Professora Deyse pediu, recebendo um "nãaaao" em troca. — Ah, mas vamos ter que melhorar isso...

Prof. Deyse mandou que fizessem duplas, que todos iriam participar de uma atividade bem "legal". Violet ficou em um canto encolhida, até que uma classe se juntou com a dela, e Peter Johnson era o dono da classe.

— Bom dia, Vi! — Peter falou, dando um beijo na bochecha de Violet. Eles eram amigos de infância, mas tinha se afastado, quando Peter se tornou popular.

— Oi...

— Eia, que animação é essa, menina? Cadê a Violet que eu conheci, que vivia fazendo piadas? — Peter falou, bagunçando carinhosamente os cabelos de Violet.

— Acho que ela tirou folga, Pete! — Violet deitou novamente a cabeça na classe, e Peter ficou preocupado.

— Ei... O que houve? Fala pra mim, talvez eu possa ajudar! — Ele falou.

— Não tem como me ajudar, Peter. Nem eu mesma posso o fazer... — Violet segurou as lágrimas que insistiam em tentar sair.

— Quem fez isso com você em, Violet?

— Ninguém, além de eu mesma... — Violet sorriu fraco.

— Crianças, hoje vamos escrever um texto sobre o outro de nossa dupla, dizendo o que achamos dele ou dela! Vai ser bem divertido! E vocês tem dois períodos para isso! — Deyse quase deu pulinhos de alegria, ao falar.

Um mar de "ah, nem pensar" se estendeu pela sala, até que os alunos tiveram de se dar por vencidos.

Perto do final do segundo período, Deyse mandou que entregassem os textos, que só seriam lidos no final do ano. Logo após entregarem, Violet e Peter voltaram aos seus lugares, mas antes disso, Peter pediu para Violet que qualquer coisa, fosse falar com ele.

— Tudo bem... — Violet forçou um sorriso, e a professora de biologia entrou na sala, chamando todos para o laboratório.

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Na hora do intervalo, Violet foi no banheiro, e quando estava lavando as mãos, Angela entrou.

— Ora, ora. Se não é a gorda da Violet...

— Angela, você não me torturou o suficiente ontem?! — Violet pediu, com raiva.

— Mas é claro que não, docinho... — Angela fez cara de inocente. — Tem muito mais pela frente...

—Por favor, pare! Eu não fiz nada para você.

— Fez, claro que fez! Você ficou se assanhando com Peter hoje! Saiba que ele é meu, MEU, Violet!

— Fique com ele então! Eu não quero ele, ele é só meu amigo... — Violet tremia.

— Acho bom, mas mesmo assim, você é bem divertida quando quer, e aposto que eu vou ter muitos momentos de tédio este ano, Marie! — Angela pronunciou o segundo nome de Violet com nojo. Deu meia volta, e saiu, deixando Violet chorando.

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Quando a aula acabou, Violet foi correndo para casa, sem dar chances de Angela vir atrás, e muito menos de conversar com Ana e Greg. Ao entrar em casa, falou para Clarisse, a cozinheira, de que não estava com fome, e como seus pais haviam ido viajar, não precisava fazer almoço. Foi correndo até seu quarto, e chorou até ficar cansada. Aí, ligou seu computador, e entrou no Tumblr, como sempre fazia.

Logo quando entrou, Violet já viu textos depressivos, fotos de garotas se cortando. E se identificou com tudo aquilo. O pai a odiava, a mãe, só pensava em coisas materiais. Sofria bullying, e não sabia o motivo. Sua vida amorosa era um fracasso, e ninguém se importava com ela.

De repente, viu uma imagem de vários apontadores desmontados, sem as lâminas. E teve uma ideia para aliviar aquela dor que estava a matando. Abriu a mochila, e pegou seu apontador. Examinou o objeto, até descobrir como podia tirar a lâmina. Correu para a cozinha, e escondeu uma faca. Voltou ao quarto, e usou a faca para desparafusar o apontador. Pegou a lâmina e a estudou. Será que devia fazer aquilo? Será?

Mas ela não aguentava tanto dor dentro de si, será que se cortar ia melhorar algo? Ela não ia sentir mais dor ainda? Mas tantas pessoas diziam que isso aliviava, e ela tomou coragem, e fez o primeiro corte. Sentiu um leve incomodo, mas não dor. O sangue saia devagarzinho, e Violet ficou olhando aquele pequeno corte. Colocou uma música no último volume, trancou a porta, e gritou, e mutilou o próprio braço. A dor dentro dela parecia que estava se acalmando. E em um momento de desespero, de impulso, tirou a própria roupa, e se colocou em frente ao espelho, e viu o sangue pingando no chão. Viu seu corpo novamente deformado. Olha como ela era gorda, olha como era desconjuntada! E ao ver seu reflexo, começou bater no próprio corpo, e pela primeira vez, queria que Angela e as amigas dela estivesse ali, para lhe punir por ser tal aberração.

Ela não podia aguentar. Quando se sentiu aliviada por metade, foi tomar um banho, se vestiu, e fez alguns curativos. Logo após, limpou o quarto. Ninguém podia saber daquilo. Ninguém podia saber que ela era fraca.