Sinceramente? Imaginei qualquer coisa. Juro, qualquer coisa depois da briga da noite passada. Imaginei Stefan nunca mais olhando na minha cara, imaginei Stefan me prendendo dentro de casa, imaginei ele pedindo divórcio e arcando com toda a publicidade negativa que isso iria acarretar. Imaginei coisas piores. Mas nunca, nem em um milhão de anos, imaginei encontrar Stefan preparando o café da manhã.

Ele não pareceu me notar de inicio e eu aproveitei para prestar atenção no que se passava. Ele estava usando uma camiseta branca, um jeans escuro e o cabelo estava meio bagunçado.

Em volta do balcão tinha café, tortas, pães, sucos e frutas espalhados.

Olhei no relógio. 07h50min.

–Bom dia. – disse ao me ver parada.

–Bom dia, senhor Hoje Acordei de Bom Humor. – murmurei.

Ele riu.

–Fiz pra você, acho que poderia ser um pouco mais agradável.

Revirei os olhos.

–Ok. Mas se você acha que isso vai mudar o que eu te disse ontem então está muito enganado.

–Imaginei isso.

Continuei encarando o alienígena á minha frente até que ele fez sinal para que eu me sentasse. Estava prestes a perguntar onde aquilo iria chegar quando Stefan quebrou o silencio.

–Só achei que seria gentil te fazer um café da manhã especial.

Segurei a risada.

–Você está realmente bem, Stefan Salvatore?

Stefan revirou os olhos.

–Você é muito implicante sabia?

Dei de ombros.

–Seu café é bom. – murmurei.

–Eu sei.

–Céus, esqueça!

Stefan riu por um minuto e acho que ri também.

–Então... Eu pensei que talvez a gente pudesse aproveitar esse tempo livre pra tentar se conhecer...

Ergui a sobrancelha.

–Você pensou sobre isso?

Ele não necessariamente concordou, mas também não negou.

–Vamos, me diga algo sobre você.

–O quê?

–Diga-me algo sobre você e eu te digo algo sobre mim. Quanto mais soubermos um sobre o outro, melhor não é?

Concordo. Respiro fundo.

–Meu nome completo é Elena Marie Gilbert, mas eu prefiro tirar “Marie”. Detesto esse nome, não sei de onde minha mãe estava com a cabeça, Marie não é de um gato de brinquedo ou coisas assim?

Stefan balança a cabeça, divertindo-se.

–O meu é Stefan Giusepp Salvatore e você pode me chamar de qualquer coisa menos de Giusepp Junior.

Comecei a rir.

–Sou filha única.

Não que fosse um segredo.

–Sou o irmão do meio. Primeiro tem o Damon, depois eu, depois Lexi.

–Quero lecionar.

Stefan ergue a sobrancelha.

–Sério?

–Isso é ruim?

Ele sorri.

–Não, é bem legal. – diz sinceramente. - Nunca pensei em fazer mais nada a não ser estar pronto quando meu pai precisasse de mim na empresa.

Encaro-o.

–Sério? Nunca pensou em ser, sei lá, astronauta? Policial? Nada?

Stefan sorri, mas não há humor nisso.

–É, talvez eu tenha pensando em ser médico, logo no inicio. Mas isso estava longe do que meu pai queria.

Mas era o que você queria? Quero perguntar, mas só a sensação de entrar em um assunto tão pessoal já me assusta. Então não digo.

–Eu amo aquela cor que o céu tem logo antes do sol de pôr, como se o sol se fundisse á água.

Stefan me encara por uns breves segundos, mas o contato faz minha pele pinicar.

–Isso é bem legal. – diz. – Eu gosto do tom de azul que o céu tem durante o anoitecer em Veneza. O rio adquire quase a mesma cor. É realmente lindo, e tem as nuvens... Não escuras o suficiente para se esconderem totalmente...

Ele parece tão tranquilo e familiarizado nesse momento e tudo o que eu quero é apreciar seus ombros largos que sempre estão tão tensos relaxarem contra a cadeira.

–Só tive 1 namorado no colegial. – digo. – Um grande babaca.

Stefan ri.

–Eu conhecia?

–Espero sinceramente que não.

Ele balança a cabeça, rindo de novo.

Acho que nunca o vi rir tanto em tão pouco tempo.

Estou distraída e quando o telefone na sala toca quase pulo da cadeira. Tento levantar, mas Stefan já está atravessando o corredor.

Ele fica na sala. Não o vejo de onde estou.

Dois minutos e ele senta novamente a minha frente, estendendo o telefone para mim.

–É pra você.

O pego de sua mão e relutantemente atendo.

Não é muito fácil concentrar-se quando Stefan está te observando daquele jeito calculista que é odiável.

–Oi?

–AI MEU DEUS ELENA GILBERT. O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AÍ? PENSEI QUE FOSSE SEGURO TE LIGAR PELO FIXO...

–Bom dia Care. – forço a minha voz á soar calma.

–Caramba Elena, falei merda.

–O quê exatamente?

–Ele está aí perto? É por isso que está falando desse jeito estranho?

–Isso.

–Ok. Ok, tudo bem. Pode ou não pode ser que eu tenha me alterado um pouco...

–Care...

–“Bom dia senhora Salvatore, como anda o tempo nesta sua prisão domiciliar?”. Soa muito ruim pra você?

Fecho os olhos.

–... Inacreditável.

Stefan ainda está me encarando.

–Desculpa Lena. Sério, saiu sem que eu percebesse. Como ia saber que ele está aí?

Ele mora aqui Care.

–Pois é. Que chato. –digo.

–Ele ainda está aí perto né?

–Ahãn.

Um suspiro.

–Estou arrumando minhas malas para a viagem, depois me liga ok?

–Ok.

Desligo o telefone, mas Stefan está concentrando no café da manhã.

Quero quebrar esse silencio desconfortável e voltar para aquele momento descontraído em que estávamos, mas não consigo. Não consigo pensar em nada.

–Então Caroline sabe.

Levanto os olhos.

–O que?

–Porque não me disse que ela sabia sobre nosso casamento? – perguntou.

Seu tom de voz era duro como antes e fiquei instantaneamente nervosa.

–Ela é a minha melhor amiga, Stefan. Mesmo que eu tentasse mentir, não conseguiria engana-la, ela provavelmente sabe mais sobre mim do que eu mesma.

Stefan balançou a cabeça.

–Entendo. Só... Você acha que ela seria capaz de...

–Caroline é a única pessoa que eu confio cegamente. Coloco minha mão no fogo por ela.

Um meio sorriso aparece nos lábios dele.

–Lembro-me de vocês duas na escola.

Arregalei os olhos.

–Sério? Pensei que nunca tivesse me visto antes da festa.

–Você era a amiga da namorada do meu amigo. Existe uma teia que nos liga nessa historia, Elena. – comentou divertido.

Claro. Tyler era amigo de Stefan.

Tyler babaca, ex da Care.

–Oh sim. Não me lembrava.

Ele provavelmente ia dizer algo, mas o relógio denunciava que logo ficaria atrasado e mal vi quando ele se trancou no quarto para se aprontar.

Estava no sofá zapeando os canais na Tv quando ele apareceu novamente.

Camisa preta, calças jeans, cabelo bem penteado. Olhos esmeralda.

–Chego cedo hoje então provavelmente sairemos para jantar, certo?

Mal tenho tempo para ficar surpresa.

–Ok.