Roberta Messi

Aeh rebanho é o seguinte, vocês hoje vão aprender o tutorial de como exorcizar a Afrodite, é vocês não me ouviram errado não, depois da confusão da semana passada com o cover de tocha humana da Pilar, nós decidimos que eram bons dias ficar quietas, em paz, eu juro para vocês que isso não é uma piada, ou uma pegadinha, nós realmente tentamos ficar quieta, bem, okay, a Jade talvez tenha jogado pó de mico na piscina e deixado metade dos estudantes doentes de coceira, mas isso não vem ao caso da atual crise que estamos hoje, sim, isso é uma crise.

— Nem vem com esse papinho de romance para o meu lado – resmungo assim que o Diego encosta em mim.

— Roberta, por favor – Diego implora parecendo realmente destinado a querer me convencer de algo, como se isso realmente fosse possível.

Eu poderia narrar o clichê romântico que está havendo aqui, mas acho que ninguém precisa saber, ou está interessado, vocês estão? Não? Viu, eu sempre tenho razão. Seguindo com meu fluxo de pensamento, apenas empurro garoto derrubando-a na piscina, que já está devidamente limpa de pó de mico, e caminhei em direção ao meu quarto.

Okay, eu conto o que houve, por isso eu vou voltar algumas horas atrás, então preste atenção, não se perca, segura aqui a mãozinha da rockstar Messi, pronto, vamos nessa.

Horas atrás...

Acordo com um som irritante de um violão sendo tocado, assim que abro os olhos, percebo que eu e minhas queridíssimas companheiras não estamos sozinhas no quarto, tem um tal Bustamante cantando no pé da cama da Roberta, enquanto o Giovanni e o Miguel o acompanham como um coro, eu não nasci para viver um romance, sério.

— Posso saber que Deus eu matei para ouvir os gatos arranhados de pé no meu quarto as sete da manhã? – incrivelmente, não fui eu que perguntei, foi a Jade.

Diego desistiu de cantar? Obvio que não, ele continuou com a cantoria, até a Jade levantar e cortar a corda do violão.

— Aí graças a Deus alguém fez alguma coisa – Roberta se espreguiça e partiu para o banheiro.

— Ela acabou de me dispensar? – Diego pergunta em total confusão.

— Precisa de um desenho? – Mar pergunta debochada, fazendo-o bufar e se retirar do quarto com os amiguinhos dele.

Volto a fechar meus olhos e de repente ouço uma música do lado de fora, bem alta por sinal, e eu não acredito que vou dizer isso, mas eu gostaria mesmo que alguém me matasse nesse momento, porque seria melhor do que a tortura que tocava nos alto falantes.

— Acho que é para você – Mar me encara e eu franzo o cenho, logo me arrancando do meu conforto, para ir até a janela ver aquela palhaçada, não é possível, Afrodite me odeia.

— Roberta Messi, me daria a honra de ser minha namorada? – grita o mesmo e eu faço uma carreta de nojo, que provavelmente foi muito engraçada porque a Mar e a Jade se contorciam ao meu lado.

— Você bebeu? – pergunto, vendo que o garoto está visivelmente meio bêbado, isso explica a trilha sonora de star wars.

— Talvez, só um pouco – ele coloca a caixa no chão e volta a levantar os braços acima da cabeça – mais nada disso importa, se for para declarar meu amor por você.

— Já acabou paquita? – Roberta surge na janela com um balde na mão – hora de dar tchau crianças.

Ela joga toda a água no garoto, fazendo a caixa de som pifar.

— Nos vemos mais tarde – falo e saímos juntas da janela, só para nos aconchegar nas nossas camas – o que deu neles hoje?

— Deve ser efeito do pó de mico – Jade da de ombros – o cú deve tá coçando.

Franzimos o rosto umas para as outras e apenas reviro os meus olhos ignorando completamente a falta de sentido da Jade, ela é assim, sabemos.

Tori surge no quarto com uma Cat pulando feito canguru.

— Beck disse que você arrancou a cabeça do ursinho – Tori resmunga para a amiga que lhe lança um olhar de nojo – Jade, ele está tentando se reconciliar, vocês não cansam de brigar?

— E você não cansa de ser chata? – Jade pergunta jogando um travesseiro em Cat, derrubando a garota, nada de anormal, só mais um dia ao lado de Jade West.

— Jade, ele está tentando te aturar.

— E quem disse que eu pedi.

— Vocês deveriam ser mais emocionais e menos rebeldes – Tori resmunga apontando para cada uma de nós e ajuda a Cat, logo saindo do quarto.

Nos encaramos novamente e damos de ombros, não que seja tão ridículo assim, mas qual é, quem precisa de um romance clichê, vocês não vieram aqui pelo romance clichê, vieram aqui pela diversão, e é isso que teremos.

Atual momento.

Caminho em direção a sala de aula, logo depois de passar pelo meu armário e pegar os livros de literatura, eu posso ser uma rebelde, mas ainda preciso de um diploma, delinquente e burra não dá.

Adentro a sala e vejo a Mar aos mil amores com o Thiago, okay, pelo menos alguma de nós ainda gosta de romance. Eles pareciam entretidos em uma conversa particular, enquanto Mar segurava um buque de lírios.

Vocês acham que eu deveria aceitar o Diego? Nah, seria estranho, melhor ficar como estamos.

— Só nós três somos solteironas? – Roberta pergunta para mim, já que a Jade estava ocupada picotando seja lá o que significar o papel na mão dela.

— Não somos solteironas, somos desprovidas de vontade de ser o grude de alguém – resmungo – não nasci para ser chiclete.

— Roberta, nós dispensamos caras lindos hoje.

— Tecnicamente eu não dispensei ninguém, foi você quem jogou água no meu par romântico.

— Declaração de amor com trilha do Star Wars não é uma declaração de amor chiquita, é tortura.

Ela tem razão.

— O que você tanto picota garota? – Mar pergunta se juntando a nós.

— A carta de amor do Bustamante para a ruivinha – responde a morena deixando a ruiva ao meu lado completamente incrédula – eu odeio o amor.

— Você é amarga – resmungo.

— Já provou veneno de cobra? Não me provoque garota.

Dou de ombros e me viro para a frente, a tempo de ver o professor entrar para dar aula, não que eu esteja interessada nele, mas ele pediu que um de nós fossemos ler um poema lá na frente e se vocês acertarem o candidato, eu dou o número da megasena a vocês, brincadeira, se eu tivesse eu ficava só para mim, nada de grana para vocês. Mas para quem chutou Diego Maldonado, parabéns meus caros, vocês acabam de ganhar o prêmio de vidente do ano.

— Vou dizer te levo em meu coração, e eu preciso sempre ter por perto esse seu  olhar que me traz o sol — começou me encarando, mas nunca o papel – com seus beijos posso ser até imortal, se estamos juntos nada pode nunca me fazer chorar, nem me machucar, em meu corpo, em minha alma, eu te quero sempre, você é como um anjo pra mim, te amo, vem comigo pra ser feliz, eu sei, eternamente vai ser assim, você é o melhor pra mim.

Okay, agora eu tenho certeza de que Afrodite está por aqui.

— Se você não agarrar aquele gato, garota, você merece uma surra – Roberta sussurra atrás de mim, me dando um leve empurrão, que significa “levanta a bunda dai e beija aquele gato”, e foi o que eu fiz, me levantei e o abracei com força, talvez eu possa ser uma rebelde, mas uma rebelde que ama.