Rebeldes Sem Causa escrita por autorasantiis


Capítulo 5
Tem cabelo cheirando a fogo




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Marianella Rinaldi

 

Caos total, é assim que eu descrevo a cena na minha frente, Pilar correndo de um lado para o outro no corredor, enquanto o cabelo dela pega fogo, sim, está pegando fogo, mas para vocês entenderem o que está acontecendo aqui, eu vou voltar algumas horas antes.

Messi entra no quarto exasperada, enquanto murmura coisas sem noção alguma, e isso nem é típico dela.

— Se acalma, antes que eu te jogue da janela – Jade resmunga. Como sempre, gentil como um coice de mula.

— Eu acabei de ter uma ideia – ela fala se sentando na cama.

— Desembucha – Pardo resmunga – tenho uma maldita redação para terminar.

Os professores aqui não sabem o que significa início de semestre, eles só querem tacar mais e mais atividades. Como se isso fosse algum tipo de tortura para a nossa maldita existência.

— Okay – ela se apruma na cama e explica tudo que havia ouvido na reunião com a banda dela, logo depois seu plano diabólico que nos levou ao exato momento em que nos encontramos, caos total.

A maravilhosa da Messi achou que era uma ótima ideia, repito, uma ótima ideia, zoar as outras alas, só para bagunçar, então nós, como as rebeldes perfeitas que somos, decidimos sim, fazer pegadinhas de ensino médio, o problema disso tudo? É que havia uma menina no quarto do Bustamante, aí, essa droga de duas pessoas com o mesmo nome é um saco, enfim, então assim que chegamos à ruiva do mal, é, definitivamente eu vou chama-la assim, com o temperamento explosivo dela, apenas acendeu um isqueiro na ponta do cabelo cheio de laquê da Pilar, e agora estamos aqui, vendo-a correr pelo corredor enquanto todos os outros integrantes da Lambda Pi observam sem fazer nada, como os bons colegas e expectadores que são.

— Oh, eu te ajudo queridinha – Jade fala já pegando um extintor de incêndio e destravando o instrumento, apontando na garota, derrubando-a no instante em que o jato atingiu sua cabeça, apagando o fogo – problema resolvido.

— Agora temos outros problema – falo apontando para a entrada do dormitório onde o diretor já bradava querendo saber o que estava acontecendo.

— Merda – Messi resmunga e nos puxa para dentro do quarto do Pedro, do Bustamante, do Miguel e do Beck – merda, merda, merda.

— A ideia foi sua – Jade grita para a loira em pânico na porta.

— A ideia era zoar as outras fraternidades, não ser expulsa por tocar fogo no cabelo de alguém – a loira devolve em completa irritação, logo olhando para a causadora de tudo, é claro, a ruiva do mal, que mal se importou em devolver o olhar.

Okay, agora o bicho pega. Jade rosna para ela que revira os olhos e caminha até a janela. Estamos no segundo andar, que indica que teremos que pular uma altura não tão baixa, mas se quisermos fugir da encrenca, essa é a única maneira.

— Se não formos agora, vamos ser expulsas – falo.

— Seremos expulsas de qualquer jeito se o diretor achar as filmagens – fala a ruiva sem muito interesse. Como eu disse, ela não está nem aí, a merda já está feita mesmo.

— Podemos roubar as filmagens e apagar – dou de ombros recebendo um olhar de aprovação de todas – era brincadeira.

— Ninguém liga – Jade resmunga novamente e vai até a janela, logo olha para as camas – tive uma ideia.

Não que ela seja uma gênia, já que as ideias dela sempre acabam com alguém perdendo fios de cabelo.

Observamos ela arrancar os lençóis grossos e amarrar uns nos outros, considerando que não pesamos muito, provavelmente sairemos ilesa dessa confusão, antes de entrar em outra, é claro, porque elas vão fazer questão sim, de roubar as filmagens.

Ela joga os lençóis pela janela, deixando bem próximo do chão, não tanto, mais dá para o gasto.

Então enquanto Pedro e Beck seguram uma ponta, nós descemos em segurança.

— Quando tudo isso acabar, nós teremos uma conversa – Pardo grita para Diego que revira os olhos, sabendo do temperamento da sua namorada. Digo e repito, essa garota poderia ser confundida com um louca, e eu não estou brincando.

— Vamos logo malévola – grito para ela que dá as costas para a janela e juntas começamos a correr escondidas pelos arbustos, até chegar no nosso dormitório.

— Graças a Deus – Pardo fala se jogando na cama – sair com a Jade é sinal de suicídio.

Olho para ela incrédula, afinal, foi ela quem inventou de tacar fogo nos outros, não a Jade, não que ela tenha ajudado muito com o lance do extintor e do incentivo, de qualquer forma, isso tudo é uma bagunça.

— Foi culpa sua – resmungo.

— A Messi planejou, eu só defendi o que é meu – ela dá de ombros.

Estava prestes a rebater quando olhei para os lados e não enxerguei a Jade, mas passado cinco minutos, ela surge pela porta parecendo uma pop star, com uma fita nas mãos.

— Peguei a original e coloquei uma nova no lugar – ela joga a fita para mim e se senta na cama dela – livre-se disso.

— Por que eu? – pergunto indignada.

— Porque você é a gênia da lâmpada, chihuahua – responde sem muito interesse.

Ignorando completamente o apelido, eu apenas suspiro e começo a destruir a fita dentro da lata de lixo, essa garota não tem noção da vida e nem do perigo, podemos ser expulsa por isso, mas ela se importa? Claro que não, se vamos dedurar umas as outras? Claro que não também.

— E no final de tudo, só vandalizamos a Zetta Theta – Messi resmunga nos fazendo ri.

— É oficial, vocês são loucas – Pardo resmunga se deitando na cama – vamos fingir que estamos dormindo, antes dos funcionários aparecerem.

— Como sabe que vão? – pergunto curiosa.

— Eles sempre fazem inspeção depois de um incidente.

Assentimos e nos adiantamos, removo minhas botas e me endireito na cama, logo vendo as outras se deitarem também, como já estamos de pijama, o resto é detalhe. Sim, fomos vandalizar as outras alas com pijamas, quem liga.

E como a Roberta disse, uma das funcionárias do colégio abriu a porta e inspecionou nosso quarto, com a luz apagada, apenas com uma lanterna, verificando se estávamos mesmo dormindo, é claro que não, mas ela achou que sim, pois não demorou a sair.

Nesse instante travamos uma batalha para não rir, é incrível como os adultos se convencem de algo tão rápido. Trouxas.

 


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