Prova de Fogo escrita por cessiuh


Capítulo 2
Igra


Notas iniciais do capítulo

Saiu um pouco grande. Os outros serão menores. Queria pedir desculpas aos meus leitores pela demora. E agradecer a B_moranguetty que me motivou a terminar esse capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/50727/chapter/2

 

"- Você não está sentindo?

- O quê?

- Eu ainda não sei ao certo.

Houve escuridão total e alguns gritos. Entre eles pude ouvir um adeus."

 

Eu sentia como se estivesse rodando, mas a escuridão me impedia de ver qualquer coisa. A possibilidade de morte ainda não podia ser descartada, mas eu custava a acreditar em tal sorte.

Foi quando vi pessoas andando. Seriam os outros passageiros?

As imagens entravam em foco e eu finalmente pude ver onde estava.

Ao contrário do ônibus, o lugar estava bem claro, também não pude deixar de perceber que as pessoas se pareciam muito. Os cabelos das mulheres eram presos em coques, e as roupas eram horrorosas. Variavam de bege para cinza. A cor mais alegre que vi foi um marrom meio cocô.

Todas andavam como em sincronia, não havia pessoas correndo, gritando, fazendo confusões, buzinas...

Era tudo tão... Chato! Chegava a ser assustador. Só havia calças e saias compridas, pensei que poderiam ser de alguma religião estranha.

- Com licença – Pedi para uma garota que deveria ser da minha idade. – Você poderia me dizer onde estou?

Após me analisar perplexa, falou:

- Você não é daqui...     

- Não? É por isso que estou perguntando que lugar é esse? – Falei sarcasticamente.

- De onde você veio?

- Eu estava num ônibus, e parece que houve um acidente. Eu simplesmente vim parar aqui… Talvez alguém lá em cima, tenha finalmente se lembrado de mim.

- Você com certeza não é daqui...

- E isso já não está óbvio o suficiente?

- Eu não deveria... mas... Venha comigo. – Ela fez sinal para segui-la, mas eu continuei parada onde estava. - Venha!

- Eu só quero saber onde estou!

- Eu não irei te entregar para os guardas. Venha logo, que está chamando muita atenção!

- Guardas?

Ela se virou e começou a andar. Eu a segui.

- Para onde estamos indo?

- Para o meu quarto.

- Seu quarto?

- O que é que têm?

- Nada não. É que geralmente as pessoas falam casa, e não... deixa para lá.- Ótimo!Eu estava indo para o quarto de uma pessoa que eu não conhecia, numa cidade muito estranha, de forma muito estranha, fugindo de guardas que eu nem cheguei a ver.

- Rápido! Entra com aquele grupo. - Na porta, de uma espécie de prédio, havia um amontoado de pessoas. - Vai lá!

Passei despercebida no meio de tanta gente, o que era a intenção de... percebi que não sabia o nome dela.Tive a impressão por um momento de que o problema não era com as pessoas que eu conhecia, e sim comigo.Mas foi passageira ^ ^ .Eu tinha plena certeza de que era muito sociável. Não sei nem por que usei o passado, já que ainda sou. ^ ^

Eram as pessoas que não eram educadas comigo. É um dos motivos por eu odiar as pessoas.

Ela entrou logo depois, fiquei esperando-a em um corredor, ela vinha em minha direção com uma chave na mão.

- Vamos.

Eu a segui até o seu quarto. Era uma espécie de hotel.

- Pode me explicar o que é isso?

- Espere.

Vi sua preocupação em trancar a porta.

- Da onde você veio? Aonde vivia? – perguntou apreensiva

- Nishi-tokyo

- Isso fica em que parte?

- Como assim? Fica em Tóquio.

- Esse lugar não existe.

- Claro que existe!

- Será que alguém te viu comigo?

- Por que está tão preocupada? Me diz o que está acontecendo!

- Eu não entendo. Você é totalmente diferente! E eu sinto uma sensação que me confunde. É como se eu soubesse algo que não sei. Eu só posso estar ficando louca. Eu não sei por que, mas eu vi que precisava ajudá-la.

 - Bem… eu também estou confusa.

- Espero não ter cometido um erro. Quem é você?

- Yumi.

- Por que está vestida assim?

- Não vai se apresentar?

- Hinari. – Ela parou e ficou um tempo me olhando. - Suas roupas... são diferentes.

- Ta. É só isso?To indo. Peço informação a outra pessoa.

- Como chegou aqui?

- Não faço a mínima idéia. Eu já disse que estava num ônibus, e de repente vim parar aqui. Ficou tudo escuro. E eu sentia uma coisa... que não sei explicar. 

A garota parecia apavorada.

- Isso é impossível! Para onde estava indo?

- Não sei. Na certa para uma prisão no meio do nada.

- Prisão?Por quê?

- Me pegaram por roubo. Você não vai me entregar, né? Eu não sou perigosa, só tento sobreviver. Tanta gente com tudo!

- Como assim? Tudo?

- Dinheiro. Não acha injusto? Alguns terem muito, e outros nada?

- Aqui todos ganham dinheiro.

- Ganham o mesmo valor?

- é.

- Eu preciso sair daqui! Sua cultura parece ser bem legal, mas eu to caindo fora.

- E vai pra onde?

- Achar alguém normal.

- Se saí assim, vai arranjar problema.

- Pode me emprestar uma roupa?

Ela abriu o armário e de lá tirou roupas cinza.

- Coloque isso – Ela pôs sobre a cama e se direcionou para a porta. – Vou esperar lá

fora. Não saia para me chamar. Apenas espere.

 Vesti as roupas e estranhei a falta de um espelho. Sentei em sua cama observando o pequeno cômodo. Uma cama e um armário pequeno do seu lado...

- Aonde eu vim parar? – perguntei a mim mesma.

Soltei meu cabelo. Ele era lindo, digo sem nenhuma modéstia. Era comprido, castanho bem claro, mas o que chamava mais atenção eram suas mechas e pontas rosadas. Sempre recebi elogios por causa dele. Era o que tinha de mais bonito em mim. Uma garota magra, de estatura média, pele clara, olhos escuros, corpo normal. Nada de especial.

Na parede ao meu lado uma pequena janela. Ainda sentada, calculei se meu tamanho não me impediria uma fuga se caso eu precisasse.

A porta se abriu, me dando um susto. Ela trazia um prato de comida. Fechou a porta e veio ao meu encontro.

- Não é muito. Mas acho que dá para nós duas. Quando acabarmos de almoçar, você irá comigo para o campo.

- E o que é que eu vou fazer lá?  

- Trabalhar.

- No campo? Olha, não sei que tipo de lugar é esse, nem o que aconteceu para que daquele ônibus eu viesse parar aqui, mas agora, eu estou novamente livre, e posso voltar a fazer o que eu quiser. Esse é o meu estilo de vida. Já vi que não gosta dessas coisas, mas não vai me convencer a mudar. Quer agora que eu vá trabalhar no campo?- ela estava pensativa. - aconteceu alguma coisa muito estranha, que eu prefiro não tentar entender, e não sei como voltar. Pensei que poderia me ajudar, mas já vi que não. Disse até que Tóquio não existia. Eu não sou louca, mas se não quiser acreditar, não posso fazer nada. – eu estava irritada.   

- Você não é a única. Sei que não é louca. Eu conheci uma vez, um cara chamado Kaito. Ele sonhava com coisas estranhas, que não existiam. Lugares com nomes diferentes. E ele via pessoas como você. Era divertido ouvi-lo, mas também assustador, não sei por que. Talvez você seja do mundo de Kaito.- ela falava na mesma calma de sempre.

 - E aonde ele está?

- Não sei mais por onde ele anda, nem se ainda está vivo. Mas eu posso procurá-lo. É por isso que eu queria que fosse para o campo comigo. Você teria que trabalhar, para não suspeitarem de nada, e não receberia, mas… se você conhecesse Kaito! Ele fala umas coisas doidas como você. Talvez ele já tenha sonhado alguma coisa… que ajude…

- Então vamos. Conhecer esse seu amigo paranormal! Não tenho nada para fazer mesmo!

- Temos que esperar. Não podemos sair agora. Vamos comer.

- Não podemos?

- Só quando o sinal tocar.

- Mas… - Que idéia mais louca! Um hotel que não deixa os hóspedes saírem?- E quem controla isso? Essa espécie de hotel?  

- A C1.

- E o que é isso?

- É a central 1.

- Continuo boiando… dá pra explicar melhor?

- Ela é responsável pela parte A, B, E e F.

- Acho que estou entendendo, embora sua explicação seja péssima. Aqui é dividido em partes. E essa central... é como um governo?

- Existem duas centrais, cada central é encarregada de quatro partes. Mas quem governa Igra, é Tolinda.

- E onde é que ela fica?

- Na central principal, que liga a 1 com a 2, entende?

- Espera um minuto... você disse Igra?

- É onde estamos. Era o que você queria saber?

- Era... nunca ouvi falar desse lugar.

- É muito estranho você ter vindo de um lugar fora de Igra.  Eu nunca soube que existia.

- Estou com um mal pressentimento... num lugar onde é difícil entrar, mais difícil ainda é … Como se faz para sair daqui? – perguntei temendo a resposta.

 - Não se sai.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? Se achar que mereço, por favor deixe seu comentário. Pode ser um elogio, uma critica, uma sugestão… é muito importante para mim.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Prova de Fogo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.