Wendy Testaburger nunca teve nenhum desentendimento com Kyle Broflovski. A morena de olhos violetas até tinha uma boa convivência com o judeu ruivo, afinal ela sendo a presidenta e ele o vice-presidente do corpo estudantil ambos tinha que, no mínimo, conviver pacificamente.

Mas depois de alguns acontecimentos Wendy começará a ficar de certa forma inconformada com a presença de Kyle. Mesmo que o ruivo deixasse claro que não tinha o menor interesse em Stan, o ex-namorado da morena que recentemente havia revelado sua "verdadeira" sexualidade, o mesmo continuava insistindo. Wendy sabia que aquela situação não era culpa de Kyle, mas mesmo assim...

–Wendy, a senhorita está me ouvindo? -Chamou Bebe.

–Ah, desculpa Bebe! O que você estava falando mesmo?

Bebe Stevens, uma linda loira de cabelos encaracolados dês da raiz as pontas e olhos verde musgo, a melhor amiga de Wendy. A loira era algo como o estereótipo de garota mais popular e bonita do colégio, mas não agia como tal. Quer dizer, Bebe não era arrogante ou tão mimada como a maioria.

–O Clyde! Ele não me trata como tratava antes! -Recomeçou a loira. -De unas semanas para cá ele ficou tão frio e...

Bebe parou de falar quando percebeu que Wendy não conseguiria prestar atenção em qualquer coisa que falasse. A morena de olhos violetas cutucava a comida na bandeja com um garfo, sem demostrar o mínimo interesse em come-la.

Wendy não está levando isso numa boa. Pensou Bebe. Não foi a primeira vez que eles terminaram, mas dessa vez parece que foi a ultima.

O relacionamento da morena com Stan sempre fora meio conturbado, ele viviam terminado e reatando, só depois de alguns meses o namoro foi estabilizado. Mas depois daquela eles conseguiriam reatar? Não, obviamente não. Stan havia se assumido como gay, era mais óbvio que os dois nunca mais voltassem com o relacionamento.

Mas quem disse que Wendy aceitaria aquilo tão facilmente?

–Wendy, você realmente está bem?

–O que? -A morena sobressaltou-se. -Eu realmente estou bem, Bebe, não precisa se preocupar.

–Ok, eu sei que ter acabado um namoro porque descobriu que o ser namorado era gay não é algo nada legal! Mas você não devia...

–Eu não acho que o Stan seja gay Bebe. -Wendy afirmou convicta. -Quer dizer, no máximo ele é bi! Do contrário como ele teria namorado comigo por tanto tempo?

–Wendy, você realmente quer acreditar nisso?

Wendy só não acreditava, como tinha certeza que aquela era a explicação exata. Mas o que levará o Stan a acreditar ser gay ainda era um mistério para a morena.

–Saindo totalmente desse assunto, Bebe você ainda gosta do Kyle?

–Err, por que a pergunta? -Bebe apoiou o cotovelo na mesa. -Sobre o que você está pensando, Wendy?

–Gosta ou não gosta.

–As vezes eu tenho vontade de tirar unas "lasquinhas".-Riu Bebe.

–O que você acha de terminar com o Clyde e partir para cima do Kyle? -Questionou Wendy, ficando aparentemente mais animada. -Você mesma disse que o Clyde está mais frio...

–Ora, Wendy! Querendo usar sua amiga para abri caminho? -Olhou divertida para a morena. -Mas se bem que não seria má idéia... Talvez eu até tenha sorte com o Kyle!

–É óbvio que você vai conseguir, loira! -Encorajou-a. -Já se olhou no espelho? Bebe, o Kyle nunca vai resistir a você.

Mal as garotas sabiam que Kyle conseguiria "resistir", até bem mais que o esperado para qualquer garoto em plena adolescência.

–Tudo bem! Eu consigo o ruivinho e abro caminha para você conseguir o Stan de volta.

Bebe particularmente não acreditava que aquele "plano" pudesse realmente dar certo, mas se por acaso desse ambas sairiam ganhariam, é ganhariam muito. Quem não quer um Kyle da vida como namorado? Bebe riu com o próprio pensamento.

–Feito? -Perguntou Wendy, com uma ponta de incerteza.

–Feito! -Confirmou Bebe.

É aquele foi o começo de algo totalmente insano, mas ao mesmo tempo simplesmente genial.

~ ♥ ~

Quando Kyle Broflovski abriu a porta do banheiro viu uma das três pessoas os quais não tinha a mínima vontade de conversar. Assim que Eric Cartman viu o ruivo deu-lhe um sorriso, algo que aos olhos do judeu não era um bom sinal. Na verdade era um péssimo sinal.

Kyle estava prestes a dar a volta, mas o ex-gordo puxou-lhe pela mão e em seguida prensou o ruivo contra a parede branca e mal pintada.

–Eu senti a sua falta, milady.

–Vá ao inferno Cartman! -Retrucou o ruivo, com um leve rubor sobre o rosto. -Me larga, nós estamos no horário das aula!

A parede humana Eric Cartman não se moveu nem um milímetro, fazendo com que o judeu ficasse mais irritado do que envergonhado.

–Sério Cartman, sai daqui.

–Não.

Kyle estava prestes a soltar algumas dezenas de palavrões quando Cartman tomou-lhe os lábios em um beijo ardente e profundo. Ao princípio o ruivo tentou se afastar, mas o beijo era estranhamente bom, no final o judeu acabou cedendo e retribuindo a altura.

Onde Kyle estava com a cabeça para retribuir tal gesto? Nem mesmo o próprio ruivo sabia dizer.

O beijo foi interrompido por Cartman, que agora dava leves mordidas e chupões no pescoço do judeu. Kyle arfou.

–P-para, seu filho da puta. -Murmurou o judeu ruivo, tentando afastar a parede humana, mais conhecido como Eric.

–Não estou com vontade. -Cartman voltou beijar Kyle, que dessa vez retribuiu sem pensar duas vezes.

Eles ficaram naquela por talvez um pouco mais de um minuto até serem interrompidos por um loiro baixinho que possuía um apelido num tanto estranho.

–Oh hamburgers! -Exclamou Leopold Stotch, mas conhecido como Butters, com uma intensa vermelhidão no rosto.

–Que bosta. -Kyle falou entredentes, como se quisesse dizer algo parecido com: eu já sabia que isso iria acontecer.

Butters tentou sair com o intuito de deixar o "casal" a vontade, mas antes que pudesse abrir a porta Cartman fechou-a rapidamente.

–D-d-desculpa Eric, se eu soubesse que...

–Você não vai contar esse segredinho para ninguém, não é mesmo, Butters? -Cartman sorriu de forma ameaçadora para o garoto loiro.

–N-n-não! D-de forma alguma...! -Gaguejou, sem saber como agir naquela situação.

Depois dessa Kyle deu o seu jeito para fugir do ex-gordo nazista e correu para a sala de aula, temendo que o mesmo voltasse a... "Incomoda-lo", assim por dizer.

~ ♥ ~

Com o ultimo toque anunciando o final da aula Kyle guardou os livros na sua mochila e saiu rapidamente da sala, com o objetivo de não se encontrar com nenhum dos seus três "pretendentes". Naquele dia mais cedo o judeu já havia tombado por acidente com Eric Cartman, algo que o colocará em uma situação no mínimo constrangedora.

Procurando se misturar com a multidão de alunos, Kyle subiu a escadaria até o segundo andar do prédio, local onde ficava a biblioteca. Geralmente aquela ala do colégio sempre era deserta, a maioria dos alunos de South Park High School não gostam muito de estudar ou simplesmente de ler. A única época em que a biblioteca ficava realmente cheia era nas duas semanas anteriores as provas finais...

A linha de raciocínio de Kyle foi interrompida quando uma garota afro-descendente que carregava um grande pilha de livros esbarrou com o ruivo. Os quase sete ou oito livros de tamanhos variados voaram pelo ar e ambos, o judeu e a morena, caíram de forma nada delicada sobre o chão.

O primeiro a se levantar foi Kyle, que por educação logo tratou de desculpar-se.

–Sinto muito. -Falou Kyle e gentilmente ofereceu a mão para ajudar a garota a se levantar.

Ainda meio atordoada, a garota, que aliais se chamava Nichole, se apoiou na mão do ruivo para levantar-se com mais facilidade. Quanto notou a situação em que se encontrava envergonhada, desculpou-se.

–Não! Eu que deveria me desculpar. -Falou nervosa. -Não vi por onde corria e acabei esbarrando em você... Desculpa.

–Tudo bem. -Kyle sorriu amigavelmente. -A propósito, qual o seu nome?

–Nichole. Só Nichole. -Responde sem jeito. -É o seu?

–Kyle Broflovski. -Falou. -Quer ajuda com isso? -O ruivo apontou para os livros espalhados pelo chão.

–Não precisa...

Antes que Nichole pudesse falar um "não, eu consigo fazer isso sozinha" Kyle já recolhia os livros e logo a garota apressou-se para ajudá-lo.

Nichole era uns cinco centímetros mais alta que o ruivo, sua pele não era aquele negro piche e sim mais puxada para o tom do chocolate, os seus olhos tinham de um tom de avelã claro e a morena possuía cabelos negros e crespos, porém com uma aparência de muito bem cuidados, que eram presos em duas maria chiquinhas altas.

–M-muito obrigada. -Nichole sorriu agradecida.

–De nada. -Kyle acenou e em seguida foi até a biblioteca.

A morena observou o ruivo andar até a porta da biblioteca e entrar na mesma. Segurando os livros com força ela sentia seu coração a mil por hora. Como Nichole poderia ficar assim por um garoto que acabará de conhecer? Não fazia sentido algum!

Mas o Kyle é aparentemente tão gentil e muito... Bonito. Sorriu com o ultimo pensamento. Mesmo não o conhecendo tão bem, aposto que ele daria um ótimo namorado.