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Eu não sei o que me levou a ter esse sentimento, e muito menos por essa pessoa. Foi pela minha mãe ter me privado de qualquer interação romântica? Ou o destino me quis desta maneira? Eu estou destinado a ser infeliz? Porque até o momento, eu contava que poderia me apaixonar por essa tal princesa e poderia ter uma vida comum. Mas agora parece que esse plano não tem chances de se cumprir.

Aqui estou eu, escorado em meu armário. Rachel está ao meu lado, ela estava falando sobre alguma coisa que Quinn estava planejando, mas parei de ouvir no instante que Blaine entrou no corredor. Eu tenho que me conter, não posso demonstrar nada disso. Isso é anormal, é contra a natureza. Como eu posso me atrair por um homem?

Definitivamente a vida não faz sentido.

– Kurt, está me ouvindo? – Rachel me sacudiu.

– Desculpa, Rachel. – Pisquei e olhei para ela.

– Quem você estava olhando? – Ela virou para trás.

– Ninguém. – Ela me olhou de novo, com um sorriso travesso.

– Não me diga que está de olho em alguém. – Eu até poderia negar, mas a cor das minhas bochechas diriam a ela que sou um péssimo mentiroso.

– Achar as pessoas bonitas não é crime, sabia? – Ela vira novamente, então Blaine para ao nosso lado.

– Olá, pessoas, o que está acontecendo? – Blaine passa a mão pelos cachos, ele está com olheiras, sinal de que não dormiu muito bem.

– Kurt está de olho em alguém. – Rachel quase grita.

– Não, eu não estou. – Digo com a voz afinando.

Blaine arqueia as sobrancelhas e me encara. Rachel continua olhando para trás procurando quem seria a pessoa na qual eu estava de olho. Mal ela sabe que ele estava ao lado dela. Blaine baixou a cabeça e pediu para Rachel parar.

– Rachel, eu não estou muito bem, pode avisar meus professores que estou voltando para casa? – Blaine passou a mão pelos cachos mais uma vez.

– O que você tem? – Coloquei minha mão direita sobre seu ombro.

– Nada, Kurt. – Ele a tirou quase imediatamente e saiu.

– Ele não dormiu direito, e não toca desde ontem. – Rachel fitou o chão. – Tem alguma coisa incomodando meu irmão, e eu não sou capaz de saber o que.

Não preciso lhes dizer que meu dia foi arruinado depois disso. Isso tudo era muito estranho, de repente os romances de Nicholas Spark começaram a fazer sentido. Sentir a dor de alguém. Eu me sentia o máximo quando podia dizer que não me atraia por ninguém, que estava livre deste mundo romântico. Agora eu sou mais uma vítima.

Passei o dia quieto, mal falei com Rachel, muito menos com Finn. Estava passando pelos corredores, cabisbaixo, quando Rachel me parou com um panfleto na mão, e um sorriso enorme.

– Kurt, temos um Baile para ir. – Levantei os olhos para encarar os castanhos.

– Um Baile? – Franzi o cenho.

Pensei nos Bailes que minha mãe havia me contado, pessoas elegantes com suas melhores joias. Ela disse que eu teria um baile todo meu, quando eu fosse noivar. E sempre falava no baile que daríamos quando voltassemos para casa.

– Sim, um baile. – Rachel me mostrou o panfleto ao mesmo tempo que Quinn parou ao nosso lado.

– Não sabe o que é um baile, rapazinho? – Ela sorri com desdém.

– Sim, eu sei, e posso dizer que isso não é um baile digno. – Virei o panfleto para ela.

– Claro que é. Nosso baile é o melhor, e eu serei a rainha dele. – Ela saiu sorrindo e sendo seguida por suas “escravas”.

Eu li o panfleto e não pude acreditar que eles chamavam aquilo de baile. Nas fotos, mostrava meninas de vestidos curtos, bebidas baratas e uma bandinha tocando. Um globo espelhado ao centro e muitos casais em cantos. Isso não era um baile, e como Quinn podia se orgulhar dizendo que era a rainha disso? Eu teria vergonha de dizer que represento uma coisa tão banal.

– Vocês elegem uma rainha para o Baile? – Olhei para Rachel.

– Sim, é o sonho de todas. – Ela sorriu e seus olhos brilharam.

– Você sonha com isso também? – Lhe encarei.

– Sim. – Ela baixou o olhar. – Mas eu jamais venceria.

– Você é muito melhor que isso, Rachel. – Peguei sua mão e seguidos pelo corredor.

Toda a escola só falava deste baile, até mesmo os professores. Eu já havia decidido que não iria, até Rachel dizer que não tinha um par, e que isso era muito importante, e que ninguém jamais a chamaria para ir, porque ela era uma ninguém, “uma ninguém nem um pouco gostosa”.

– Rachel, - lhe chamei e ela me fitou. – quer ir ao baile comigo? – Ela abriu um sorriso.

– Sim. – Ela me deu um abraço apertado.

–R-

Seis dias se passaram, faltava um para o baile. Blaine continuava estranho, distante e triste. Rachel disse que não conseguiu descobrir o problema, e eu desconfiava que ela estava mentindo.

– Droga, eu não consigo achar nenhum vestido que encaixe e o baile é amanhã. – Ela bufou.

– Rachel, não é díficl achar um vestido para o seu corpo. – Ela me encarou.

– Eu sei, eu achei muitos, o problema é que eles não encaixam no meu orçamento. – Ela suspirou.

– Eu posso te ajudar com isso. – Ela me encarou e riu, como se fosse uma piada.

– Kurt, você tem menos dinheiro que eu. – Revirei os olhos.

– Rachel, eu já lhe disse que a patroa da minha mãe me ama como um filho e poderia lhe emprestar um dos vestidos dela? – Rachel arregalou os olhos.

– SÉRIO? – Ela deu um berro.

– Podemos tentar. – E então saímos da escola, já que estava no horário, e fomos até a minha casa.

Fiquei mais ou menos meia hora convencendo a senhora Elizabeth a liberar um de seus vestidos. Até que ela cedeu um rosa com diamantes. Ele era maravilhoso, e ela disse que era o que ela menos usou e o que menos gostava, e que ele era de Rachel se ela quisesse.

Rachel ficou sem palavras quando vestiu o vestido. Seu sorriso era enorme. Ela abraçou minha mãe lhe agradecendo, e as duas começaram a conversar como se fossem amigas. Isso era novidade. Fazia muito tempo que não via minha mãe tão animada assim, eu acho que ela sente falta de uma menina para conversar sobre qualquer coisa.

– Muito obrigada, agora estou ainda mais ansiosa para o baile. – Rachel me abraçou. – Até amanhã, Kurt. – Despedi-me dela e fechei a porta.

– Mãe, qual o motivo da animação, uma semana trás você achava que ela era uma ameaça. – Cruzei os braços e ela suspirou.

– Não existem mais ameaças, Petit Prince, nós estamos voltando para casa.