Royals escrita por BabyMurphy


Capítulo 8
"N'oubliez pas qu'il vous êtes engagé..."


Notas iniciais do capítulo

Por quanto tempo eu dormi?
Gente, peço mil desculpas pela demora, sério, comecei a trabalhar e to sem tempo pra nada. Escrevi esse capítulo nos intervalos que tive.
Espero que gostem, e obrigada pelas recomendações :3



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Uma coisa que eu admiro tanto são as estrelas. o fato de elas parecerem pequenos vagalumes no céu, mas na verdade, serem mil vezes maiores do que nós. Queria poder viajar pelo universo, não um astronauta, não em uma nave. Queria ir solto, sem destino e sem medo das consequências. Mas eu não posso largar tudo. Nem ir para o espaço, eu morreria.

O parque central da cidade já está vazio a uma hora dessas, os únicos malucos deitados na grama são Blaine e eu. O sereno molhou tudo, inclusive minha jaqueta de couro preta, mas eu não me importo, as estrelas valem esse preço.

– Quando que vai começar a chuva de meteoros? - Coloquei as mãos embaixo da cabeça.

– Lá pelas três. - Blaine respondeu em um sussurro.

– Vai demorar muito. - Resmunguei.

– Vamos conversar para passar o tempo. - Blaine sorriu. - O que pretende fazer depois do ensino médio?

– Eu não sei. - Fiz uma careta. - Seguir os planos da minha mãe, eu acho.

– Médico? Advogado? - Ele virou para mim.

– Um bom marido. - Ri e ele me acompanhou.

Viramos novamente para as estrelas, era uma das primeiras vezes na vinha vida que eu não me sentia pressionado com alguma coisa. Meu pai tinha voltado para casa e estava bem.

A única coisa que me preocupava era que Quinn soubesse de nosso pequeno segredo familiar. Mas não há como saber, se eu chegar para ela e perguntar e ela não souber, ela vai ou achar que sou louco, ou acabar descobrindo de vez. Estou com as mãos atadas.

– Por que o piano? - Quebrei o silêncio e Blaine suspirou.

– Eu não me lembro de ter escolhido o piano. - Virei intrigado para ele. - Parece que já nasci com ele. - Ele sorriu. - Reza a lenda de que minha mãe estava passando por uma loja de instrumentos, eu pedi para entrar e assim que o fiz, larguei a mão dela e corri até o piano empoeirado no canto. Comecei a teclar e então o dono da loja disse para ela me por em alguma escola para crianças prodigios.

– Quantos anos você tinha? - Arqueei uma sobrancelha.

– Três. - Ele riu. - Eu toquei meu primeiro recital aos cinco anos. Foi uma apresentação pequena para a escola infantil da qual eu fazia parte, mas as mães ficaram apaixonadas pelo garoto talentoso. - Ele sentou. - Mas quando o dinheiro começou a ficar escasso, tive que parar com as aulas. Foi quando achei a senhora que me deu o piano. Ela tinha perdido o marido recentemente e os acordes lhe faziam bem.

– Talentoso e bondoso. - Disse. - Foram só as mães que se apaixonaram pelo garoto prodigio? - Ele riu.

– Claro que não. Mas nunca fui de dar bola para relacionamentos. - Ele deu de ombros. - Enquanto os garotos da minha sala pensavam em sair para festas e ficar com meninas, eu estudava e tocava piano, sonhando com o dia que eu seria a atração principal de um grande recital. Ou o dia que minha música seria trilha sonora de algum filme.

– Sonhos grandes. - Sentei-me também. - Não gosto de sonhar.

– Por quê? - Ele franziu o cenho.

– Os sonhos me dão a esperança que eu não posso ter. Não quero me machucar. - Dei de ombros.

– Os sonhos são o calor do mundo, Kurt, ninguém vive sem sonhos. - Ele ficou sério.

– Então pode me chamar de ninguém. - Levantei e avistei o primeiro meteoro cruzar o céu.

–R-

A chuva de meteoros não durou mais que dez minutos, então antes das quatro horas eu já estava em casa. Não na minha casa, mas sim na de Blaine e Rachel. Essa era a primeira noite que passava fora de casa, com amigos. Elizabeth não gostou muito da ideia, mas Finn resolveu me ajudar, o que foi muito estranho.

– Kurt, Finn ficará em casa amanhã? – Perguntou Rachel com o notebook sobre as pernas.

– Acho que sim, por quê? – Franzi o cenho.

– Quinn tem um encontro amanhã – Ela virou o notebook para que eu pudesse ver a publicação da loira. – ela só não disse com quem.

– Por isso ele me ajudou tanto ontem, ele vai poder usar o argumento “Se o Kurt pode, eu também posso”. – Senti meu coração bater mais rápido.

Só que no caso de Finn, ele não estava preso a uma garota que podia estar morta ou não. Ele podia ter um relacionamento se Quinn fosse aprovada pelos meus pais, se ela se mostrasse digna de uma coroa.

Eu queria ser o irmão mais novo, aquele que não tem responsabilidade nenhuma.

– Por que a sua família é tão rigida com isso, digo, de vocês saírem ou não? – Rachel fechou o notebook.

– Não é minha família, mas sim a patroa da minha mãe. – Para eles, eu ainda era o filho da empregada. – Ela tem uma paranóia com isso, quando mais nova, o irmão dela foi raptado e, bem, ele nunca mais foi visto.

Sim, eu tinha um tio. Charlie era o herdeiro do trono, mas antes mesmo de ele pensar em como seria o seu futuro, um homem com um sobretudo azul escuro o levou. O reino entrou em desespero e o palácio dobrou a segurança. Minha mãe não tinha mais que dois anos e ele apenas quatro. Elizabeth diz que não lembra nem mesmo da cor dos olhos dele.

Minha família já passou por alguns bocados. Esse é o lado negativo de se ter sangue azul. Todos querem o poder que você tem, mas nem todos tem a sabedoria de comandá-lo, ou a coragem para aguentar todos os obstáculos postos no nosso caminho. Sei que vivo reclamando de ser um herdeiro, porém não me imagino em outra vida.

– Nem uma notícia dele? – Ela fechou o notebook e me olhou com seus grandes olhos castanhos.

– Não. Se ele desse ao menos um sinal de vida, seria a melhor coisa que nos aconteceu na última década. – Ela pegou a minha mão e me deu um sorriso confortante.

– Muitas coisas boas estão por vir, Kurt, eu garanto. – Ela me deu um abraço.

– Assim eu espero, Rachel. – Sorri.

Rachel foi dormir e eu fui para o quarto de hospedes. Ele ficava na frente do quarto de Blaine, e eu percebi que a luz ainda estava acesa. Me aproximei da porta e colei o ouvido nela, esperando ouvir alguns acordes. Mas o que realmente aconteceu, foi que a porta abriu.

– Ai meu deus! – Senti duas mãos me segurando pelos ombros.

– Kurt? – Olhei para Blaine e ele estava rindo. – O que você estava fazendo?

– E-Eu... – Senti minhas bochechas queimarem. – Eu achei que você estava tocando, queria ouvir.

– Eu não estava, já são cinco horas da manhã. – Ele riu. – Mas posso tocar se quiser.

Ele largou meus ombros e sorriu. Foi até o piano preto ao canto esquerdo do quarto e pegou algumas partituras. Ele olhou todas, até que sorriu novamente.

– Pode sentar na cama se quiser. – Blaine sentou no banco em frente ao piano e começou a dedilhar.

A música era The Reason. Senti novamente aquele frio na espinha, o que me deixou intrigado. Meu estomago parecia estar vivo e me chamando. Minhas mãos estavam soando frio. Me perdi em meus pensamentos, os quais prefiro não lhes contar, e não percebi que Blaine já havia terminado a música.

– Gostou? – Ele estava sorrindo, o que fez com que meu estomago me incomodasse mais.

– C-Claro. – Sorri de volta.

Ele sentou ao meu lado e eu senti um arrepio percorrer todo o meu corpo, em seguida, um calor repentino. Olhei no espelho perto da porta e vi que meu rosto estava completamente vermelho.

– Você está bem? – Ele arqueou uma sobrancelha.

– Sim, boa noite.

Levantei depressa e fui até o quarto de hospedes. Deitei na cama com a respiração acelerada, e ainda com aquela sensação estranha em meu estomago. Fitei o teto repetindo para mim mesmo:

“Você é Kurt Hummel, príncipe herdeiro de Costa Lune, você é prometido a garota de Costa Étoile, você não pode se apaixonar por ninguém."


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Notas finais do capítulo

Capítulo curtinho, ma belles, mas foi o que consegui com o tempo.
Gostaram? Me deixem reviews e recomendações.
Não vou lhes prometer uma data de atualização, mas prometo que não vai ser tão longo quanto esse. e.e