Royals escrita por BabyMurphy


Capítulo 16
"Le Cinderal dit au revoir..."


Notas iniciais do capítulo

Cá estou, parece que as quintas se tornaram meus dias de postagem.
Nesse episódio vocês verão um personagem novo, espero que gostem dele por motivos de: João Victor.
Boa leitura!



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16

Sabe quando você acorda e todos os planos do dia passam pela sua cabeça, e por mais incríveis que eles pareçam, você só quer continuar deitado ali, olhando pro nada e tendo inúmeros pensamentos aleatórios? Era exatamente assim que eu estava nessa amanhã.

Haviam se passado dois dias desde meu pequeno encontro com Blaine no corredor. Eu mal o tinha visto ultimamente, sentia tanto a sua falta, sentia falta dos seus beijos. O motivo de eu não o ver tanto é que minha querida mãe resolveu introduzir Rachel como a herdeira, e estava planejando nosso casamento, e Blaine, como o irmão da noiva, tinha que ajudar.

E era por isso que eu não queria sair da cama.

Alguém entrou no quarto, eu fechei os olhos depressa e fingi estar dormindo, senti a luz entrar no quarto e ouvi os barulhos da cortina sendo aberta. Fiquei ali parado, os olhos fechados. Ouvi a porta fechando e abri os olhos. Levantei e olhei para a janela.

– Muito feio fingir estar dormindo, filho. – Levei um susto quando Burt apareceu ao meu lado.

– Que susto, Pai. – Lhe encarei e ele estava sorrindo.

– Fazia muito tempo que você não me chamava de pai. – Ele sentou ao pé de minha cama e eu fitei o chão. – Nossa, como o tempo voa. Você já está um homem. Parece que foi ontem que sua mãe chorava enquanto lhe colocavam em seu colo.

– O que é isso, um momento nostalgia? – Lhe encarei.

– O que aconteceu com você, meu filho? Onde está o Príncipe que passou a vida inteira perguntando quando iríamos voltar? – Ele se aproximou.

– Eu não sei onde ele está agora, provavelmente fugiu com medo do casamento. – Levantei da cama e fui até a janela, onde fechei as curtinas.

– Eu sei que fomos egoístas quando te prometemos aquela garota, mas nós estávamos desesperados. – Ele parou à minha frente e pegou a minha mão.

– Bem, vocês tecnicamente não me prometeram a Rachel. – Burt soltou minha mão.

– Amélia cometeu um grande erro escondendo isso de nós. – Ele começou a caminhar pelo quarto. – Imagine o quão fácil teria sido, você poderia ter ficado com quem quisesse. – Ele me encarou. – Quer dizer, ter ficado sem se sentir culpado.

– C-Como assim? – Minha respiração falhou.

– Charlie mencinou naquele dia que você teve um caso em Ohio, sua mãe acha que foi Rachel, eu discordo. – Ele sentou na cama mais uma vez.

– Eu não tive um caso com Rachel. – Disse sem pausa e sem respirar.

– Eu sei, mas teve alguém. – Ele me olhou sério. – Você é exatamente como eu quando é atingido pelo cupido. Ruboriza, perde o ritmo na respiração toda vez que vê a pessoa, perde o jeito de andar, os olhos brilham e sorriem. – Ele abriu um sorriso.

– E-Eu não tenho nada disso. – Gaguejei e dei um pulo quando a porta se abriu.

– Kurt... ah, me desculpa Sr. Hummel, sua mãe está lhe chamando, Kurt. – Blaine estava com uma blusa social preta, uma calça capri e um sapato preto, os cachos soltos, como de costume, vi minha respiração falhar ao vê-lo.

– E-Eu já vou. – Ele fechou a porta e saiu, olhei para Burt e ele ainda sorria.

Caminhei até a porta e acabei tropeçando.

– Viu, perde o jeito de andar. – Lhe encarei assustado e ele sorriu.

| R |

Quando eu cheguei à sala, minha mãe estava andando de um lado para o outro, e uma fila de serviçais estava bem na sua frente, todos atentos as palavras que a Rainha dizia. Sentei-me no sofá e ela sequer notou minha presença. Depois de longos minutos, ela dispensou todos.

– O que você queria comigo, Elizabeth? – Ela virou-se rápido.

– Oh, Petit Prince, temos alguns convidados chegando hoje e preciso que você tome conta deles. – Lhe encarei séria.

– Por que um dos serviçais não faz isso? – Levantei-me e fui até as escadas.

– Porque você é o noivo e preciso que faça as honras da casa. – Ela segurou meu braço. – Kurt, por favor, não quero mais discussões com você, querido.

– Tudo bem. – Disse olhando em seus olhos suplicantes. – Quando esses convidados vão chegar?

– A qualquer minuto. – Ela subiu as escadas. – Fico feliz que esteja se vestindo melhor.

Eu estava com uma blusa social azul marinho, uma calça preta e um sapato também preto. No dia anterior, Elizabeth ficou mais de uma hora me dizendo que um príncipe não pode usar uma blusa rasgada, e não pode andar com o cabelo desarrumado. Por que não? Príncipes são pessoas normais também. Preferia meu pijama a isso.

Cada dia era mais difícil falar com Elizabeth sem lembrar da sua voz me chamando de anormal, sem imaginar a reação que ela teria quando eu lhe contasse que o caso que tive em Ohio foi com um homem. Será que ela já sabia, assim como papai? Um frio percorreu a minha espinha.

– Kurt? – Virei-me e encarei Katherine.

– Oh, você é nossa convidada, achei que isso fosse ser ruim. – Lhe dei um abraço. – Estou tão feliz que está aqui.

– Eu não posso dizer que estou contente de estar aqui, não depois da conversa que tive com Elizabeth. – Ela olhou para os lados.

– Que conversa? – E sem perceber, estávamos sussurrando.

– Sobre Blaine ser o mais velho, ela perguntou se eu sabia disso. É óbvio que eu sabia, quando Amélia me entregou os dois, Rachel tinha apenas meses de idade. – Ela suspirou. – Então ela pediu para que eu guardasse esse segredo, porque ninguém JAMAIS poderia saber que dois homens foram prometidos um ao outro. – Ela fez uma careta ao falar jamais.

– É, eu estou sabendo desse pequeno pensamento de minha mãe. – Fitei o chão.

– E como você está lidando com isso? – Ouvi passos na escada.

– Katherine. – Disse Rachel abraçando a mãe adotiva.

– Oh, é tão bom tê-la aqui. – Blaine juntou-se ao abraço.

Katherine me olhou, lhe fiz um aceno negativo com a cabeça e sentei-me no sofá. Eu não estava lidando bem. Mas se tudo ocorresse como o plano, hoje acabaria tudo isso.

– Oh, que lindo castelo. – Ouvi uma voz na entrada da sala.

Todos paramos e olhamos para as duas pessoas ali. A garota com o cabelo escuro, pele bronzeada e os lábios vermelhos, usava uma blusa social vermelha e uma saia preta na altura dos joelhos. O garoto, era bem mais alto que ela, tinha o cabelo castanho, assim como os olhos. Os dois tinham o mesmo tom de pele, e o mesmo ar de superioridade.

– Com licença, quem são vocês? – Perguntou Rachel e a garota começou a rir. Todos a encararam.

– Você está falando sério? – Ela olhou para o garoto ao seu lado. – Dá pra acreditar nisso?

– Desculpe, mas eu não os conheço. – Rachel continuou.

– Isso é ofensivo, moçinha. – A garota parecia incrédula. – Como ousas não saber...

– Perdoe-nos. – Interrompeu o garoto. – Essa é minha irmã Margareth, eu sou John. Somos os Vichenzo, convidados pela Rainha.

– Sejam bem vindos. – Disse indo em sua direção.

Eu não pude deixar de olhar bem para os Vichenzo, eles tinham alguma coisa que fazia com que seus olhos fixassem neles e você não conseguia olhar para mais nada. Senti minhas bochechas queimarem ao olhar para John, eu não podia negar, ele era muito bonito e se portava como um verdadeiro Príncipe, postura correta, nariz empinado e expressão séria.

– Vocês gostariam de conhecer o castelo? – Perguntei para ambos.

– Se não há mais nada para fazer. – Disse John ajeitando o blazer.

– Eu vou junto. – Disse Blaine depressa, e então me olhou.

Seguimos para fora do castelo com os Vichenzo, Blaine ainda me lançava alguns olhares estranhos. Levamos os Vichenzo até nosso jardim, na parte lateral do castelo, onde havia uma cachoeira.

– Vocês tem uma cachoeira no quintal? – Blaine olhou pasmo.

– São muitas rosas por aqui, nossa cachoeira tem apenas as plantas aquáticas naturais, não foi modificada. – John Vichenzo disse, e então virou-se para a irmã que o cutucava.

– Ainda não acredito que aquela garota não sabia quem nós somos. – Ela parecia indignada. – Quem ela pensa que é?

– Ela é só a futura Rainha. – Lhe respondi.

– Margareth, a garota viveu em uma caverna a vida toda, não conhece nada desse mundo, só conhece o mundo da plebe. – O garoto disse com desdém.

– E mesmo conhecendo só o mundo da plebe, ela consegue ter uma posição maior que a de vocês. – Blaine encarou John.

– Eu serei o Rei do meu reino, e você? O irmão solitário da Rainha? – Ele virou as costas para Blaine, com uma expressão de completo tédio.

Nós seguimos nossa tour pelo castelo, até que voltamos a sala de estar. Era visivel que Blaine não tinha gostado nem um pouco de John, e não era para menos, o garoto era um completo esnobe e mesquinho. Enquanto eu falava com Blaine, notei que John nos observava.

Era muito triste um garoto tão lindo ser tão imbecil.

| R |

Quando a noite já havia chegado, e todos já haviam jantado, caminhei até o quarto de Blaine. Ele abriu a porta e logo que entrei já envolveu os braços em minha cintura. Nós não tinhamos nos beijado desde o encontro no corredor e eu estava precisando de um momento para relaxar.

– Blaine, eu preciso falar com você. – Disse enquanto ele beijava meu pescoço.

– Pode ser depois? – Blaine olhou nos meus olhos e sorriu.

– Não. – O sorriso sumiu.

– Kurt, tudo bem? – Ele saiu de cima de mim e sentou ao pé da cama.

– E-Eu vou embora. – Blaine arqueou uma sobrancelha.

– Como assim vai embora? – Ele pegou minha mão.

– Eu amo esse lugar, sempre deseja voltar aqui.- Suspirei - Blaine, até te conhecer eu esperava ser feliz com essa princesa, mas agora eu simplesmente não consigo suportar a ideia. Hoje pela manhã tive essa conversa estranha com meu pai, - Blaine segurava firme a minha mão. – ele disse indiretamente que sabe sobre nós, ele parece estar bem com isiso, mas minha mãe, ela me chamou de aberração, Blaine, e ela parece ignorar isso. Faz dias que não consigo conversar direito com Elizabeth, ela sequer me deu uma explicação do porquê continuar sendo Rachel.

– Mas é meio óbvio o motivo. – O pianista parecia confuso.

– Eu sei o motivo, porém teria muito significado ela falar comigo. – Levantei-me da cama e comecei a andar de um lado para o outro. – Eu quero fugir, não terei de me casar com Rachel. – Parei em sua frente. – E eu quero que vá comigo. Não hoje, mas daqui alguns dias. Seremos só nós dois.

– Por mais tentadora que seja a oferta, não sei se é uma boa. – Blaine fitava o chão.

– Eu não vou conseguir viver com essa dor no meu peito, Blaine. – E então meus olhos se enxeram de lágrimas.

– Tudo bem.

– Tudo bem? – Perguntei me aproximando.

– Eu te encontro daqui dois dias. – Lhe dei um beijo. – Para onde vamos?

– Você escolhe. – Ele sorriu.

New York.

| R |

Então eu havia me decidido, eu iria para New York, Blaine me encontraria lá em alguns dias. Minhas malas estavam prontas, todos já estavam em seus quartos. Desci as escadas com cuidado, a sala estava completamente escura, caminhei com cuidado até a porta.

– Já são quase uma hora da manhã, Cinderela, está atrasada. – Ouvi uma voz vinda do sofá.

– John? O que faz acordado? – Parei para encarar a sombra de suas costas.

– Maioria das noites eu não consigo dormir. – Ele tinha uma taça de vinho em mãos.

– Algum problema? – Me aproximei.

– Ah, vários. – Ele tomou um gole. – Quase tão parecidos com os seus, também me apaixonei pela pessoa errada.

– N-Não sei do que você está falando. – Ele virou-se para mim.

– Ah, só quem é cego não vê a tensão sexual que exala de você e do Senhor Brócolis. – Ele apontou para cima.

– Como sua situação pode ser parecida? – Me aproximei ainda mais.

– Eu também me apaixonei. – Ele tinha os olhos tristes. – Mas ela não tinha sangue real, não era boa o suficiente para mim.

– E o que você fez? – Ele riu.

– O que você acha? – Ele apontou para a mala. – Tentei fugir, como você.

– Eles te pegaram? – John riu novamente.

– Não, eu desisti. – Eu lhe olhei pasmo.

– Por quê? – John Vichenzo tomou mais um gole de seu vinho.

– Kurt, por mais que eu amasse Dianna, eu não conseguiria abandonar meu povo. Eles não tem nada sem a gente. – Ele suspirou. – Margareth transformaria o reino em caos, as pessoas ficariam desamparadas. Então abandonei Dianna, pois meus compromissos eram mais importantes.

– Como você conseguiu conviver com a dor? – Minha voz falhava.

– Você se acostuma com o tempo, as vezes você nem nota. – John deu de ombros.

– E-Eu não vou conseguir viver sem estar com o Blaine. – Admitir isso em voz alta era surpreendente.

– Não exagere, Sr. Hummel, eu dizia o mesmo de Dianna, e cá estou. É só questão de tempo.– Ele sorriu com desdém.

– Por que minha mãe não pode aceitar as coisas do jeito fácil? – Larguei a mala no chão.

– A realeza é a coisa mais falsa que existe no mundo. As pessoas desejam estar em nossos lugares, para serem ricos, famosos e ter um castelo. – Ele riu irônico. – Elas não sabem da verdade, não sabem que todos nós sofremos, e são sempre os mesmos motivos.

Foi então que eu comecei a chorar e John me olhava apenas com uma cara de “ninguém merece”. Ele terminou seu vinho, foi até a cozinha e voltou sem a taça. Eu estava na frente da porta, a mala em minhas mãos.

– Só lembre de uma coisa, Kurt, o amor é como uma bala perdida. Você não sabe de onde vem, e lhe causa um grande sofrimento. Agora um amor impossível é como se dez balas perdidas lhe atingissem e as cicatrizes jamais curassem. – Ele parou ao meu lado, os lábios vermelhos devido ao vinho.

– O que eu devo fazer? – Sussurrei.

– Isso vai da sua escolha, abandonar seu reino ou seguir seu coração. – John subiu as escadas.

E eu ainda estava ali, em frente a porta com minha mala pronta. Um nó estava formado em minha garganta e eu não conseguia me livrar dele. Lembrei dos primeiros dias que estava de volta, do quão aliviados todos pareciam estar. Respirei fundo e escolhi o certo a se fazer. Então deixei a mala cair ao meu lado esquerdo, e subi correndo as escadas.


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Notas finais do capítulo

Eu realmente não sei qual foi a reação de vocês ao lerem esse capitulo. Aconteceu bastante coisa nele em comparação aos anteriores. Então me digam o que acharam, se puderem, mandei recomendações, eu as amo.
Enfim, o que acharam do Burt? E do John? Kurt desistindo de fugir?
Até quinta que vem, xoxo'