13

Eu subi as escadas devagar, tentando evitar o encontro com duas pessoas. Mas era inevitável, eu teria de encará-los, de olhar Blaine nos olhos e dizer que terei de me casar com a sua irmã.

Estava chegando perto da porta quando ouvi Rachel:

– Blaine, olha esse lugar. Da pra acreditar que isso será nosso? – Sua voz era animada. – Quinn ainda deve estar se mordendo de inveja.

– Eu não sei Rachel, esse lugar está me deixando com uma sensação ruim. – A voz de Blaine fez com que eu parasse à porta.

– Blaine, isso é o paraíso, você não entende? – Eu podia imaginá-la rindo.

Eu abri a porta e a primeira pessoa que vi foi Blaine, ele arregalou os olhos ao me ver. Parei em choque e lhe encarei. O maldito nó na garganta voltou. Rachel surgiu ao seu lado, com uma expressão confusa. Lhe dei as costas e estava prestes a sair pelo corredor.

– Você tem que fazer isso. – Dei de cara com Finn.

– Kurt? – Ouvi Blaine me chamando.

– Eu não consigo. – Sussurrei para Finn.

– Kurt. – Blaine puxou meu braço para que eu virasse para ele. – O que faz aqui?

– Precisamos conversar. – Disse e voltei até o quarto onde eles estavam. – Podem sentar, a história vai ser longa. Finn, pode entrar também.

Finn sentou na poltrona perto da janela, Blaine e Rachel sentaram na cama, e eu puxei uma cadeira e sentei virado para eles. Eu não abri a boca por uns cinco minutos, ficamos ali nos encarando, em silêncio e ninguém se atreveu a acabar com esse momento.

– Antes de mais nada, o que Katherine disse a vocês? – Blaine me encarava, perplexo.

– Ela disse que não era nossa mãe biológica, que nossa mãe verdadeira se chama Amélia e que ela era uma Rainha, o que faz de nós membros da realeza. – Rachel disse um tanto rápido.

– Alguma dúvida quanto a isso? – Perguntei, sabendo que existiriam muitas.

– Quando assumimos esse castelo? – Rachel olhou em volta, fascinada.

– O que você tem a ver com isso tudo? – Blaine ainda me encarava.

– Vocês nunca assumirão este castelo, Rachel, porque ele é nosso. – Olhei para Finn, e depois para Blaine. – Eu lhe disse que não era filho da empregada, e que não pertencia ao seu mundo.

– Pois na verdade você pertence. – Rachel nos encarou, sem saber o que fazer.

– Eu não sabia disso até ontem, quando Katherine veio até nós revelar que a princesa que procuramos por 13, quase 14 anos, estava sob os cuidados dela este tempo todo. – Eu estava fazendo uma força enorme para não gaguejar, ou para que minha voz falhasse.

– Vocês estavam me procurando? – Rachel estava confusa.

– Eu lhe disse que seguiria os planos que minha mãe tinha para mim, ser um bom marido. – Estava olhando fixamente para Blaine. – Agora você compreende. Eu tenho que assumir um reino inteiro. Agora você pode compreender o porque de eu nunca me apaixonar por alguém, eu não podia, porque quando eu nasci, minha mãe me prometeu a princesa de Costa Étoile.

– Espera, você quer dizer que a história dos reinos fantasmas colonizados por franceses é real mesmo? – Rachel soltou um “wow”.

– Ele quer dizer que está prometido a você, Rachel. – Blaine disse sem tirar os olhos dos meus. – Vocês terão de se casar. – Sua voz falhou.

– O quê? – Rachel deu um pulo.

– Eu sinto muito. – Eu disse quase inaudível e uma lágrima caiu. Blaine se levantou e deixou o quarto.

Finn estava no canto de cabeça baixa, Rachel ainda não compreendia o que acontecia.

– Rachel, você é a princesa perdida de Costa Étoile, é por isso que carrega esta estrela no peito. E eu sou o príncipe de Costa Lune, fomos prometidos um ao outro na noite em que viemos a este mundo.

– Não, Kurt, eu não posso fazer isso. – Ela estava em choque. – Não posso fazer isto com Blaine.

– Não temos escolha, Rachel. – Levanto-me. – Você fala como se eu quisesse isso, como se eu gostasse de partir meu próprio coração. Hoje a noite teremos um jantar onde anunciarão o seu retorno e o nosso noivado. Rainha Elizabeth virá lhe buscar as 17hrs para escolher um vestido.

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Já era noite e o salão principal estava pronto, haviam centenas de convidados e nenhum deles imaginava que hoje era o grande noivado. Eu avistei Blaine de longe, ele estava com uma taça na mão esquerda.

– Você não deveria estar bebendo. – Sussurrei no seu ouvido.

– Dizem que a bebida é a melhor amiga pra quem está com o coração partido. – Ele me encarou.

– Então tragam-me a garrafa inteira. – Disse fazendo o gesto de brinde, e ele ameaçou um pequeno sorriso.

O Hino de Costa Lune começou a tocar, e um dos guardas tomou a frente.

– Queridos convidados, hoje é uma noite muito especial para nosso reino e para nosso aliado. Hoje nosso amado Príncipe Kurt ficará noivo da nossa tão esperada Princesa Rachel. – Ele apontou para as escadas, onde Rachel estava com um vestido azul, lindo. Ela usava uma coroa de diamantes e seu colar de estrela. – Vocês não sabiam, mas nossa querida princesa foi encontrada e ambos decidiram seguir com seus compromissos.

Caminhei até Rachel, não pude deixar de abrir um sorriso, ela estava radiante. Beijei-lhe a mão e acompanhei-lhe até o centro do salão, onde todos a aplaudiram e alguns gritavam vivas e outros diziam “eu sempre soube que ela voltaria por nós”.

Nós dançamos, falamos com algumas pessoas, lhe apresentei para as mais importantes. Então finalmente chegou a hora de oficializar o noivado. O anel com o diamante rosa estava dentro de uma caixinha branca, ajoelhei-me em sua frente e juntei toda a coragem que tinha.

– Querida Princesa Rachel, lhe esperei por toda a minha vida. Desde pequeno ouvia histórias sobre você, e desde que sei sobre sua existência me perguntava o dia em que iria lhe conhecer. Estou tão grato que finalmente estás aqui. Seja bem vinda, Majestade. – Beijei sua mão e tirei o anel da caixa branca aveludada.

Quantas mentiras em uma noite só. Nós não concordamos em seguir com nosso compromisso, fomos obrigados a isso. Eu não estava feliz que ela havia sido encontrada, por mais que prefirisse Rachel a uma estranha como minha noiva, dentre as duas preferia ter um noivo.

– Vida longa ao Rei Kurt. – Gritou um homem, e todos repetiram. – Vida longa à Rainha Rachel. – E mais uma vez todos repetiram. – Viva as mentiras da Rainha Amélia.

Todos pararam e encararam o homem, estava com um terno azul marinho, blusa branca e sem gravata. Ele sorria travesso e começou a caminhar em nossa direção, batendo palmas lentamente.

– Ei, quem é você e como ousas interromper esta cerimônia? – Burt se pôs a nossa frente acompanhado de guardas.

– Ora, Burt, é assim que você me trata? – Ele fez uma cara triste, então riu. – Eu tenho direito de estar aqui, afinal, sou o tio do noivo.