Um novo olhar sobre uma nova Seleção escrita por Gato de Cheshire


Capítulo 35
Um ponto final


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei mais do que deveria considerando todo o tempo que fiquei sem postar. Mas eu tive uma ideia para uma nova fic e passei essa semana inteira elaborando-a, além disso teve umas provas complicadinhas (escola inútil)... O que importa é que eu voltei!
Como nos comentários do último capítulo tiveram muitos interessados em saber mais do pequeno acidente sofrido pelo meu antigo computador, eu vou explicar... A janela da minha casa tem a parte de dentro que é de vidro e a de fora que é de madeira e entre as duas tem um espaço, como sou uma pessoa muito normal, tenho mania de sentar nesse espaço e era isso que eu estava fazendo enquanto digitava no PC, mas como sou genial, meu celular tocou e eu tentei alcançá-lo sem me levantar e eis que meu notebook faz CABUM!
Então é isso... Espero que gostem do capítulo e não estejam furiosos por causa da demora.



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P.O.V Shane

Gelado, molhado. Levantei de supetão. Demorei alguns segundos para assimilar a situação. Primeiro percebi que estava no quarto da Sam, depois percebi que ela estava parada em minha frente, encarando-me e tinha um copo vazio em mãos. A desgraçada tinha jogado água gelada em mim.

–--Por que diabos você fez isso? – perguntei irritado.

–--Você não queria acordar. – deu de ombros – E você tem que vazar agora. Daqui a pouco todos vão estar acordados e não quero que ninguém veja você saindo daqui. Tenha um bom dia.

Olhei-a da cabeça aos pés. Seu cabelo ainda estava liso, mas ela havia soltado-o, a maquiagem estava borrada e ela ainda vestia o vestido de ontem. Mesmo assim ela estava linda, acho que eu achava-a ainda mais bonita assim.

–--Está olhando o que? Fora!

Então ela se virou e entrou no banheiro. Suspirei e me levantei. Calcei o sapato e sai do quarto. Os corredores ainda estavam todos vazios, não havia uma alma sequer, perguntei-me que horas seriam. Não vi nenhum funcionário do palácio que não fossem os guardas, estes me olhavam confusos, ignorei-os.

Estava abrindo a porta de meu quarto, quando escuto:

–--Shane? O que está fazendo acordado há essa hora, meu filho?

Voltei-me para minha mãe, ela já estava devidamente vestida e arrumada.

–--O que você está fazendo acordada?

–--Resolvendo problemas.

–--Que tipo de problemas?

–--Mais tarde seu pai lhe chamará e poderá explicar melhor do que eu. Mas, no momento, estou esperando que responda a minha pergunta, mocinho.

–--Acabei de acordar.

–--Por que está com a roupa de ontem?

–--Não dormi no quarto.

–--Onde esteve?

–--Isso é um interrogatório? – arqueei uma sobrancelha.

–--Mais tarde falamos sobre isso, agora tenho que ir.

Entrei em meu quarto antes mesmo que sua figura desaparecesse no corredor. O que será que ela pensaria se eu disse que dormi no quarto da Sam? Eu não sabia nem o que eu mesmo pensava disso. Droga, já estou confuso de novo.

Eu sempre fui uma pessoa decidida, sempre soube exatamente o que eu queria, e nunca tive dificuldade em conseguir. Mas Samantha Ryan mudou isso. Ela me faz questionar tudo, eu não sei mais o que eu quero e não tenho tanta certeza de que conseguirei ter.

Olhei envolta de meu quarto, estava com sono, mas minha cama não parecia convidativa, pensei em tomar banho, porém sabia que não ajudaria na confusão que se encontrava minha cabeça. Meus olhos pararam na guitarra encostada na parede, isso sim me ajudaria.

+ + +

P.O.V Samantha

Minha cabeça doía, não era exatamente ressaca, porque não cheguei ao estado de porre, nem sequer vomitei ou fiz burrada, então, de acordo com meu raciocínio, eu não consideraria que fiquei bêbada. A bebida poderia ser até um dos motivos para que minha cabeça estivesse latejando, mas eu sabia que o maior motivo disso era que eu tinha muitas preocupações.

A primeira delas era Elise e Richard que ainda estavam aqui me atormentando. A segunda era Shane que ainda era Shane e, portanto, continuava me enlouquecendo, no pior sentido da palavra. A terceira era Justin e Julie, eu ainda tinha que resolver essa situação. A quarta era Taylor e Alice, fazer com que meu melhor amigo desembuchasse tudo o que se passava na cabeça oca dele era uma das coisas da minha lista do que eu ainda precisava fazer. E a quinta e última era Belle, eu não queria esconder das minhas amigas que tinha beijado o babaca (duas vezes), mas não queria magoá-la. Por que minha vida tinha que ser tão complicada?

Isso tudo acontecendo e esse era para ser meu final de semana de folga... Eu iria ficar com meu irmão, jogar basquete com ele e Taylor, matar saudade do meu pai... Mas claramente houve algumas mudanças de planos.

Nunca fui o tipo de pessoa que fala sobre o que sente. Sim, eu falo o que penso sem pensar duas vezes e isso na maioria das vezes me coloca em situações extremamente desconfortáveis, não que eu me importasse com a opinião dos outros. Entretanto, demonstrar sentimentos é bem mais complicado do que falar as merdas que se passam na minha mente maluca. Dessa vez, eu estou precisando desabafar com alguém desesperadamente porque eu simplesmente não sei o que fazer.

Geralmente a primeira pessoa a quem eu recorreria em um caso como esse seria Julie, mas como ela está envolvida em um dos meus problemas acho que não será a melhor opção. Cogitei falar com Tatia e Rose, mas elas não seriam de grande ajuda quanto ao meu problema com Shane já que, mesmo sabendo o que eu penso em relação a ele, elas ainda têm esperanças de que eu me torne a próxima princesa. Sendo assim, só sobrou uma pessoa que eu tenho plena confiança de que posso falar tudo o que está acontecendo.

Bati na porta do quarto de meu pai. Ele provavelmente estranharia o fato de eu ainda estar usando o vestido da festa e descalça (os guardas me olharam como se eu fosse louca, sem problemas, eu já estava acostumada a ser olhada assim), mas eu estava com pressa demais para me arrumar antes de vir aqui.

Ele abriu a porta esfregando os olhos, os cabelos grisalhos ainda estavam bagunçados e ele vestia pijamas, eu provavelmente o tinha acordado, mas não estava ligando para isso. Meu pai me analisou com os olhos castanhos confusos e abriu a boca para perguntar algo, muito possivelmente o que eu estava fazendo ali àquela hora, porém antes que emitisse qualquer som, joguei-me em seus braços e o abracei. Como uma criança carente pedindo colo. Ele ficou surpreso com minha ação repentina, mas não pestanejou em envolver-me em seus braços e acariciar meus cabelos.

–--Minha pequena... O que está acontecendo? – perguntou calmamente.

–--Tudo... – sussurrei de forma chorosa – Tudo e mais um pouco. Eu não sei mais o que fazer, está tudo tão confuso... Preciso de ajuda.

Meu pai apenas beijou minha testa e puxou-me para dentro do quarto, depois de fechar a porta, fez-me sentar na beirada de sua cama e sentou-se ao meu lado.

–--Vamos dar um passo de cada vez... O que mais te incomoda?

Não precisei pensar muito para responder. Minha mãe e meu padrasto iriam embora em breve, eu podia cuidar de Taylor... Shane e Belle não eram meus problemas mais evidentes.

–--Justin. – respirei fundo antes de começar a explicar – Ele é um amigo de Shane. Minha amiga, Julie, gosta dele, mas ele está apaixonado por mim e no meio disso tudo tem a porcaria dessa Seleção.

Falei tudo muito rápido, sem parar para respirar, estava ate um pouco ofegante. Meu pai me olhava de modo compreensivo.

–--E o que você sente por esse garoto?

–--Gosto dele, como amigo. Sinto carinho, afeto, me preocupo com ele.

–--Ele se declarou?

–--Não. Mas todos perceberam os sentimentos dele por mim... Menos eu, até que jogaram na minha cara e tudo se tornou bem óbvio.

Ele suspirou antes de ir para próxima pergunta.

–--Como você acha que seria a reação de Shane se soubesse disso tudo? Dos sentimentos de Justin por você e dos sentimentos de Julie por ele?

Não faço ideia de por quanto tempo fiquei em silêncio, essa era uma pergunta que me atormentava constantemente. Fui sincera ao responder.

–--Eu não sei. Ele é sempre tão imprevisível... Nunca consigo nem sequer imaginar suas reações a situações mais corriqueiras. – minha voz deixava clara a minha frustração em relação aquilo.

–--Se eu fosse você, teria uma conversa franca com esse Justin, esclareceria seus sentimentos por ele, explicando que quer só sua amizade. E então esqueceria essa história, me afastaria se necessário.

–--Isso não seria covardia? Fugir?

–--Não, seria apenas buscar o caminho com menos conflitos. O garoto entenderia seu lado e seguiria em frente, talvez acabasse se envolvendo com Julie, ou talvez não, mas isso já não está mais em nossas mãos. Shane nunca desconfiaria de nada e tudo se tornara apenas uma lembrança.

Fazia sentido. Seria simples. Pena que falar é bem méis fácil que fazer. Eu pressentia que alguma merda daria errado e ferraria com a bagaça toda.

–--Tem mais alguma coisa te incomodando? – perguntou carinhoso.

Fiz que sim com a cabeça, mas permaneci em silêncio.

–--Que falar sobre isso?

Neguei. Ainda não estava pronta para falar sobre meus sentimentos conflitantes em relação ao príncipe e minha preocupação com Belle. Ainda era algo muito pessoal, que eu não tinha compartilhado com ninguém. De certo modo, era algo apenas meu... E meio que de Shane também. Sorri com isso.

Ninguém sabia sobre nosso pequeno envolvimento, era algo apenas nosso. Como um segredo. Meu sorriso se largou sem meu consentimento e meu pai apenas observava tudo de modo curioso.

–--Obrigada por tudo, papai! – abracei-o antes passar pela porta e correr até meu quarto.

Estava disposta a por um ponto final nessa história com Justin hoje mesmo.

+ + +

Passei o dia todo ignorando minha mãe e o marido dela. Joguei basquete com Tay e Phil de manhã. Treinei esgrima com meu pai de tarde. Agora estou indo para biblioteca, confrontar certa pessoa loira.

Não estava calma, mas estava determinada a acabar com essa tortura. Hesitei antes de abrir as grandes portas, mesmo assim o fiz. Não precisei procurar por Justin, logo que entrei o vi sentado no banco onde geralmente me sento quando venho aqui.

Ao ouvir meus passos pelo extenso corredor ele desviou a atenção de seu livro e me encarou. Um sorriso surgiu em seu rosto. Tentei sorrir de volta, mas os músculos de meu rosto permaneceram imóveis.

–--Precisamos conversar. – eu disse praticamente sem voz.

Nunca fui alguém que fica ansiosa, ou nervosa com alguma coisa, acho que era a primeira vez que me sentia assim e não era nada legal. Não pretendo passar por isso de novo.

Pelo meu tom de voz ele pode perceber que era sério e seu sorriso se desfez, dando lugar a uma expressão séria.

–--Sente-se. – ele falou me dando espaço para sentar ao seu lado e assim o fiz. – Sobre o que você quer conversar?

Eu mantinha meus olhos fixos na porta, não consegui encará-lo. Acho que se o fizesse, perderia a coragem e sairia correndo. Porra, eu nem me reconheço mais...

–--Sobre seus sentimentos por mim.

Pelo menos uma coisa não havia mudado, eu ainda falava tudo na cara indo direto ao assunto, nunca gostei de ficar enrolando.

Não ousei olhá-lo, mas pude senti-lo ficar tenso ao meu lado. Ouvi-o engolir em seco e suspirar. O silêncio era tão profundo que pude até mesmo ouvi-lo molhar os lábios. Aquela tensão já estava me irritando.

–--Desembucha. – falei sem emoção – Coloque as cartas na mesa.

–--Eu me encantei assim que pus meus olhos em você. A cada dia que se passava você me surpreendia e eu gostava cada vez mais. Quando vi já estava apaixonado. Todos os dias eu torcia para que você não percebesse, mas aos poucos outras pessoas foram notando... E eu não sabia mais o que fazer. Não conseguia esconder e não tinha coragem de admitir. Então eu fugi. Achei que um tempo longe iria me ajudar, mas chegou um momento em que eu tive de voltar e encarar a realidade.

Finalmente entendi o porquê de seu sumiço repentino. E eu o entendia. Sabia como era não fazer o que fazer, se sentir encurralado, fugir era sempre a opção mais fácil, mas nunca dava certo. Experiência própria.

–--Você é incrível, Justin. E eu posso dizer que entendo o porquê passou essa semana longe. E vou compreender se você quiser se afastar quando eu disser que te vejo apenas como um amigo.

De repente era como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas. Esse era o fim de toda essa confusão.

–--Talvez seja melhor eu me afastar. Mas eu já esperava isso. Eu vou seguir em frente, mas antes eu preciso pedir algo. Só assim conseguirei deixar tudo para trás.

Finalmente virei minha cabeça e encarei-o.

–--O que?

–--Fique parada, por favor. – ele praticamente suplicou.

Quando ele fechou os olhos e aproximou o rosto do meu, eu sabia o que ele iria fazer. Mesmo assim, continuei parada como ele pediu. Era estranho, mas eu sabia que ele precisava fazer aquilo para conseguir esquecer esses sentimentos.

Fechei meus olhos quando seus lábios encontraram os meus em um selinho delicado. Estava prestes a me afastar quando a porta foi aberta, fazendo-me levar um susto e levantar de supetão.


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