SEM RÓTULOS - welcome to my world escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 5
Pé na estrada




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– Você não acha perigoso dirigir à noite, até o estado de Indiana?

– Não sou eu quem vai dirigir, Jacob.

– Por isso mesmo. Você mal o conhece. – Jacob recolocou atenciosamente o boneco réplica do Esqueleto no seu lugar na estante e voltou para olhar para Isabella.

Isabella estava fechando sua mala e pensando consigo mesma se não tinha se esquecido de algo. Sentiu o olhar de Jacob sobre ela e ergueu o olhar para ele.

– Não há perigo. Não se preocupe. Do jeito que ele adula aquele carro, deve ir a no máximo 50 por hora daqui até lá. – Isabella sorriu. Não conseguindo se lembrar se ele havia corrido no dia em que saíram para jantar no Greenwich Village. Da “Times” ao “Green” em 15 minutos... não, não correu.

– Bella, eu ainda posso ir com você. – Jacob se aproximou e segurou o braço dela.

Isabella estranhou não sentir nada com aquele toque.

– Jacob, você só tem uma motocicleta. Como vamos trazer Etérnia na garupa da sua moto? Não estamos em Tron.

Jacob bufou. Seu maxilar ficou tensionado. Ele se virou e segurou na cadeira do computador de Isabella. Ela observava o brilho do cabelo dele amarrado com um elástico. Ela analisou o corpo dele, olhando desde a nuca até suas pernas compridas e finas. Jacob estava mais para o soldado Roger antes de virar o Capitão América. Jacob se virou e a encarou de volta. Seus olhos profundos, a barba por fazer, de rosto ele era bonito, mas parecia fazer de tudo para não mostrar isso.

Eles tinham se conhecido no ano de 2009, numa sala de bate-papo chamada “Floresta do sussurro”. Começaram a namorar virtualmente depois de descobrirem que seus nicknames eram na verdade seus nomes verdadeiros, aí que foi amor à primeira “teclada”. Marcaram de se conhecer num Mc Donald’s da Times Square e ploft! Estavam apaixonados. Na época, Isabella tinha 20 anos e Jacob, 19.

– Você sabe que não se trata só disso.

– Jake...

– Sei que esse é o momento que você diz que não estamos mais juntos. Mas eu andei pensando. Tenho sentido muito a sua falta. – ele se aproximou, quase a beijando. – Você não me dava mais atenção, só queria saber de trabalhar e agora tem um fim de semana livre pra ir a Indiana buscar Etérnia. Etérnia, cara! – ele virou o rosto para o teto e abriu um sorriso.

– Jacob. – Isabella plantou as mãos no peito magro dele. – Eu continuo tendo que trabalhar muito. As coisas não estão fáceis desde que meu pai faleceu, você sabe. Minha mãe agora pega o dobro de encomendas para festas. Às vezes, vira a madrugada acordada fazendo doces e tortas. Mike não pode perder as coisas que ele tinha. O senhor Michael ajuda como pode, mas eu ainda preciso suprir a parte do meu pai. Com muito custo consegui juntar esse dinheiro para essa viagem e você sabe que esse é o único luxo que eu me permito ter.

Jacob tencionou o maxilar mais uma vez. Ele nunca trabalhara na vida. Filho único, vindo de uma família de classe média alta, não conseguia entender de fato o que Isabella estava passando.

– Deixe-me te ajudar...

– Não quero o dinheiro dos seus pais, Jake.

Mais uma vez a “Imperial March” soou no quarto assustando os dois. Isabella sorriu.

– Te ligo quando eu chegar lá. – ela puxou a mala da cama.

– Deixa que eu levo isso. – Jacob segurou a mão dela. – Bella, vamos voltar?

Isabella sentiu seu coração dar um sinal de vida pela primeira vez desde que Jacob tinha chegado a sua casa.

– A gente conversa quando eu voltar, ok? Domingo pela manhã cedo já estarei de volta. – ela sorriu e retirou a mão debaixo da dele.

Jacob suspirou e saiu levando a mala. Foram direto para o elevador. Na portaria, Renée e Mike já estavam de papo furado com Edward. “Há dois dias ela não queria nem saber de conversa com ele, o que um sorriso sedutor não pode fazer...” – Isabella pensou e bufou.

– Oi, mamãe.

– Oi, filha! Entreguei ao professor Ed uns sanduiches de pasta de amendoim para a viagem.

Sério? Quantos anos eu tenho agora, mãe, 12?” – Isabella revirou os olhos da maneira mais discreta que conseguiu. Quando pousou o olhar em Edward, os olhos dele estavam nela, antes de se desviarem rapidamente de volta à gentil dona Renée.

Mike parecia ainda não acreditar no que estava acontecendo e no que isso iria desencadear. Se despediu com um certo ar de incredulidade e pediu a todos os deuses do futebol que Isabella não estragasse tudo nessa pequena, porém importante, viagem.

Ainda decidindo se seguiria ou não o carro de Edward, Jacob se posicionou em sua moto, segurando com uma força excessiva o capacete. “Amigo? Poderia ter se esforçado mais e ter pelo menos me apresentado como “ex”, Bella.” - Jacob ainda frustrado com a forma como Isabella o apresentara a Edward, fechou e abriu a mão direita que ainda sentia o forte aperto de mão do treinador. Ajeitou o capacete que era todo azul escuro com estrelas médias, uma referência direta ao Capitão América.

– Tem certeza de que não prefere se esticar lá atrás? – Edward perguntou assim que pegaram a estrada.

– Não. Tudo bem. Daqui eu vejo melhor por onde você anda. – Isabella ajeitou os óculos. Para essa viagem ela escolhera um de armação vermelha com dourado nas laterais. A “Mulher-maravilha” não lhe dera muita sorte no dia do jantar, mas ela apostava que “She-ha” lhe daria.

Edward riu e balançou a cabeça uma vez.

– A viagem é longa. – ele disse sem tirar os olhos da estrada.

– Não tem importância. Estou munida. – ela levantou um livro e observou Edward olhar de rabo de olho.

– Então, boa viagem, Bella.

Isabella sorriu com o comentário ambiguamente inteligente.

Edward olhava a estrada, os faróis iluminavam o interior do carro e era nesses momentos que ele se permitia olhar furtivamente para seu lado direito. Isabella estava compenetrada em seu livro, que ele ainda não tinha conseguido ver o título, mas ela magicamente tinha uma mini lanterna e ficava fixada, perdida em sua leitura. Edward sorria e algumas vezes, Isabella virava o rosto justamente na hora em que ele sorria e Edward se sentia constrangido por ser pego no flagra.

Numa dessas olhadas furtivas, Edward viu quando Isabella pegou no sono. O livro no colo, a cabeça recostada no banco caindo de encontro a porta. A respiração suave. Os lábios ligeiramente abertos. Os óculos entortando no rosto. Ele sorriu e avistando um posto de gasolina, se dirigiu para lá parando próximo à entrada da cafeteria.

Ele esticou o corpo e retirou com cuidado os óculos dela. O elástico que prendia o cabelo estava torto para o lado, ele sentiu uma vontade gigantesca de soltar seu cabelo.

– O que está fazendo?

Isabella acordou num susto e tomou os óculos da mão de Edward, já os ajeitando no rosto. Edward levantou as mãos em sinal de rendição.

– Calma, mocinha. – ele disse “mocinha” em português e sorriu – Você dormiu e eu estava tentando deixá-la um pouco mais confortável, enquanto eu enchia o tanque. Só isso.

Isabella olhou para fora e depois para Edward, que já estava saindo do carro. Tentou controlar a respiração e se ajeitou para sair também. Ela podia jurar que ele iria beijá-la. Ou era isso que ela queria?

– Café solúvel? – Isabella se admirou.

– O café é uma das coisas brasileiras que sinto mais saudade. Esses cafés daqui são muito fracos pro meu gosto. – Edward terminou de misturar o café e piscou para ela.

Isabella se ajeitou na banqueta e pediu seu tradicional café com bastante creme.

– Há quanto tempo está nos EUA?

– Cinco anos. – Edward olhou um ponto vazio. Sabia que esse interrogatório viria. Só não imaginou que tão cedo.

– E com que frequência visita sua família?

Edward olhou para Isabella com ar de incredulidade.

– Não vou ao Brasil desde então. – disse simplesmente.

– Não sente falta? – Edward a olhou quase com impaciência. – Quer dizer. – ela se ajeitou no banco e bebericou seu café antes de falar – Sei lá, pelo que fiquei sabendo você vive sozinho aqui...

– E daí?

– Só curiosidade.

– No meu país, costumam dizer que a curiosidade matou o gato. No seu caso, a gata. – Edward virou o copo de café na boca.

Isabella sentiu seu rosto queimar. “Que maneira sutil de se fazer um elogio. Ou não foi um elogio?”, ela ainda se perguntava quando ele se levantou.

– Vamos. Ainda temos muito chão pela frente.

A viagem transcorreu silenciosamente. Isabella por fim resolveu ir para o banco de trás e dormiu a maior parte do tempo. Edward disse para ela que não se preocupasse, estava acostumado com esse tipo de viagem e se sentisse sono, pararia. E ele parou. Algumas vezes, apenas para tomar seu café solúvel e algumas latinhas de Redbull.

Os primeiros raios de claridade entraram pelas janelas do carro e Isabella despertou se espreguiçando.

– Bom dia, bela adormecida! – Edward estava com um humor inesperado.

– Bom dia. Você... – Isabella se ajeitou retirando a manta de cima de si e sentou se apoiando entre os dois bancos da frente. – Não dormiu nada.

– Estou de chofer. Essa é minha missão no momento, e... – ele sorriu antes de continuar – Missão dada é missão cumprida, mocinha.

Isabella ajeitou os óculos e franziu o cenho. Provavelmente essa frase fazia parte de alguma piada que ela desconhecia.


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