SEM RÓTULOS - welcome to my world escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 4
Great idea ...




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No computador do trabalho, Bella deixou de lado todas as configurações complexas que tinha de fazer para a nova apresentação da equipe de seu setor e digitou em seu site de pesquisas favorito: Vasco da Gama. Depois de navegar pelos mares e aprender um pouco mais sobre o trágico descobrimento do Brasil, ela enfim encontrou matérias sobre o tal clube de futebol. Depois de ler sobre campeonatos e taças, e outras modalidades de esporte, e tudo que envolvia o clube, já se considerava uma expert. Saiu no horário de costume para ir buscar Mike na “The Selection”.

Mike vinha na direção do carro com as chuteiras penduradas no ombro numa conversa animada com três colegas e também o treinador. Isabella esticou o corpo e desencostou da porta do carro, ainda de braços cruzados. “Por que será que eu achava que ele não apareceria hoje?

– Olá.

– Olá. – Isabella respondeu, pegando a mochila da mão de Mike. – Mike, vai tomar aquele sorvete que vocês gostam enquanto eu tenho uma conversinha com seu treinador.

Mike fechou a cara.

– Não quero...

– Vai lá, artilheiro, e traz um pra mim, também. – Edward falou em português com o menino - Sua tia ficou me devendo uma sobremesa. – Essa última frase disse olhando para Isabella e ergueu o canto da boca num meio sorriso atrevido.

Mike riu com a boca fechada e puxou o cartão da mão de Isabella chamando os colegas para ir junto com ele.

– O que você disse a ele?

– Que você ficou me devendo uma sobremesa.

– Rá. Muito engraçado. – Isabella corou.

Edward sorriu de lado e enfiou as mãos nos bolsos de sua calça de tactel. Hoje era verde escura. Usava um casaco de moletom da Adidas, com o zíper até a metade, deixando à mostra sua camisa branca escrito treinador. Seu usual boné virado para trás, que o deixava com ar de garotão, e óculos escuros de aro arredondado. O rosto perfeitamente barbeado como na noite anterior.

Isabella se pegou analisando o corpo de Edward e quando seus olhos chegaram a altura dos dele, ela se virou lembrando em tempo do blazer que estava no banco do carona.

– Muito obrigada. – ela esticou o blazer para ele e ele o pegou ainda prendendo um sorriso. – Agora, quanto a essa história de levar o Mike para o Brasil, pode parando de encher a cabeça dele com essas coisas.

Edward ficou sério.

– Isabella, eu pretendia conversar sobre isso com você, ontem. Mas...

Mas nada! Você não pode alimentar sonhos que não podem ser realizados!

– Por que não? O garoto é bom! Tem apenas 14 anos e já joga como profissional. Ele sonha em jogar na seleção e ele pode realizar seu sonho, sim.

– Que ele jogue na seleção dos Estados Unidos, então!

– Ele tem dupla nacionalidade, Bella...

– Não me diga você o que meu fi... meu... – a palavra “filho” sempre vinha primeiro que “sobrinho”, ela não conseguia evitar. – o que o Mike pode ou não fazer. Eu o crio desde meus 12 anos! Você não vai me dizer o que é ou não melhor para ele. – Isabella terminou de falar e cruzou os braços de volta no peito.

– Só estava dizendo que...

– Além do mais, teríamos que ter dinheiro para hospedagem, pagar um intérprete...

– Não seria preciso nada disso. Eu seria o intérprete e ele ficaria no meu apartamento no Rio de Janeiro.

Isabella abriu a boca e depois fechou. Por essa ela não esperava. Não tinha calculado que Edward iria junto.

– Você iria com ele?

– Sim. – Edward enrolou o blazer desajeitadamente no braço. – Faz tempo que não vou ao Brasil. Falei com um amigo meu que agora é o olheiro do São Januário. São Januário é...

– A sede do tal Vasco da Gama. Tá, pode pular essa parte.

Edward ergueu as sobrancelhas surpreso. Olhou para o lado para soltar um sorriso e continuou.

– Então. Eles estão selecionando para o juniores e eu sei que o Mike tem todo o perfil que ele procura. Ele só precisa ver o menino jogar. O teste vai ser no dia 19 de setembro, a gente teria que viajar uns dias antes para o Mike poder treinar com os outros meninos, eu consigo isso lá e viríamos embora no sábado pela manhã.

– Você sabe que o Mike não poderia ficar nesse clube.

– Sim. Mas vai ser televisionado. Imagina a porcentagem de chance que vai aumentar pro garoto conseguir algo aqui, em Nova Iorque. Um time do Rio, reconhecido mundialmente. Ele poderia chamar atenção até dos consagrados times europeus. É uma grande chance. De âmbito internacional. Só achei que...

– Ele merece isso. – Isabella completou olhando para o sobrinho que vinha descendo a rua, voltando com os colegas. O cabelo loiro ao vento, os últimos reflexos do sol de fim de tarde realçando o brilho de seus olhos azuis e o sorriso fraco enquanto observa-a de volta.

– Se você não confia em mim, poderia mandar alguém de confiança junto. Um parente, um primo, um tio... – Edward argumentava.

– Espera um pouco. – Isabella com seu raciocínio lógico e rápido, parou para calcular os dias. – Você disse dia 19?

– Isso. – Edward observou seu rabo de cavalo balançar enquanto ela se sacudia.

– E eu preciso do seu carro para depois de amanhã.

Edward levantou as mãos.

– Não, não, não! Nem pense nisso. Eu já disse. Não vou emprestar meu carro.

– Ela está te assaltando, treinador? – Mike perguntou parando do lado oposto do carro de Isabella.

– Não. Eu estou fazendo uma proposta pra ele.

Mike chupou a colherzinha que tomava o resto do sorvete e olhou de um para o outro.

– Não é uma proposta muito justa, não acha? - Edward falou quase entre dentes.

– Por que, não?

– Que proposta é essa? – Mike se interessou.

– Eu estou propondo ao seu treinador que me empreste o carro dele em troca de eu arranjar alguém de confiança para ir com vocês ao Brasil. – Isabella se recostou no carro encarando Edward com ar de vitoriosa.

Mike fez uma expressão de felicidade quando se lembrou de que era pura ilusão. A discussão com sua avó era justamente porque não havia ninguém que pudesse ir com eles para o Brasil. Ele arqueou os ombros.

– Boa tentativa. – Mike falou com desânimo abrindo a porta do carona.

– E quem iria? – Edward não podia achar que ela estivesse blefando apenas para conseguir o carro emprestado. Isso seria desespero demais, até para uma nerd viciada em HQ.

– Eu.

Mike que já estava quase se sentando no banco, voltou num pulo para olhar incrédulo para Isabella.

– Duvido! Você odeia o Brasil! Odeia tudo que se relacione ao Brasil. Comida, nomes, música. Quase jogou fora minha bandeira da seleção só de implicância! Agora vem dizer isso? – Mike era uma mistura de raiva, incredulidade e esperança.

Tanto Isabella quanto Edward ficaram boquiabertos olhando para o menino. Edward passou a mão na cabeça raspada e fechou os olhos. “Droga, e eu achando que tinha dado um tiro certeiro levando-a a um restaurante brasileiro!”.

Isabella sentiu seus olhos marejarem por não poder contar a verdade completa da história que esconderam de Mike por esses últimos 13 anos.

– Mas eu... Eu faria isso, por você.

Mike quis perguntar, mas não verbalizou, a pergunta ficou no ar “Faria mesmo?”. E então os dois olharam para Edward. Ele jamais emprestaria o carro dele. A não ser...

– Treinador, se ela vai fazer um sacrifício, o senhor também pode fazer um.

– Mas, Mike...

– O senhor não disse que ia passar o fim de semana vendo filme e comendo pipoca, sozinho?

Isabella, sem saber por que, sentiu o rosto queimar. A ideia de imaginar que Edward não tivesse namorada, ou esposa, ainda não tinha lhe passado pela cabeça.

– Então. O senhor não precisa emprestar o carro, você pode levá-la!


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