SEM RÓTULOS - welcome to my world escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 6
Scammers




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Alguns minutos depois, passaram pela placa de “Bem-vindos ao estado de Indiana”. Isabella ia passar para o banco da frente mas, percebendo que Edward estava entrando no estacionamento de uma lanchonete, ela resolveu esperar. Eles tomaram café e quando estavam voltando ao carro, Edward surpreendeu Isabella jogando as chaves do carro para ela.

– Agora, você dirige.

– O quê? – Isabella pegou as chaves desajeitadamente. – Não, não. Essa é a sua missão, lembra?

– Passando a missão. Você sabe aonde ir e eu preciso de uns minutinhos de sono.

Isabella notou a voz cansada de Edward. Ele passou a mão na cabeça como se limpasse alguma poeira invisível e ajeitou o casaco rodando os ombros. Mesmo encapotado dava para perceber o movimento de seus músculos. Edward terminou de se alongar e percebendo estar sendo observado, deu um sorriso sedutor para Isabella.

– Vai ficar aí me admirando ou vai decidir dirigir de uma vez, mocinha?

– Pare de me chamar de mocinha. – Isabella falou tentando pronunciar a palavra corretamente e foi ligeira para de trás do volante. – Tem certeza disso? – perguntou enquanto Edward ajustava o cinto de segurança do banco carona. - Eu não sei exatamente aonde ir. Temos que conferir o mapa e…

– Dirige logo antes que eu desista, mocinha.

Isabella bufou, mas resolveu deixar para lá. Ela já sabia por experiência própria que quanto mais se importava com um apelido mais ele pegava. E esta palavra ela já conhecia o significado. Só soava estranho. Mentira. Na verdade ela achava muito charmoso quando Edward falava em português.

– Olhe no mapa. É algum lugar no Condado de Clay… - Isabella se assustou quando Edward começou a gargalhar. - O que foi?

– Esse endereço fica numa cidadezinha, que por incrível que pareça, você não vai acreditar qual é o nome! - Edward não conseguia parar de rir.

– Fale de uma vez!

– A sua Etérnia está numa cidadezinha chamada Brazil.

Isabella olhou para Edward e torceu o pescoço voltando a olhar para a estrada.

– É, parece que o destino quer mesmo nos dizer alguma coisa. - ela apertou o volante.

Edward ficou sério e deixou que o silêncio gritasse por eles.

Isabella ainda tentava conter um sorriso quando se olhou no espelho do banheiro do restaurante em que pararam para almoçar. Ela estava fazendo uma ligação entre a pequena quase discussão que tiveram quando ela distraidamente questionou Edward sobre não ter um som no carro, com a fala de Jane quando lhe contara que iria viajar com Edward: “Aproveite-se dele, Bella. Ele é o tipo que devemos nos aproveitar de todas as formas inimagináveis”. Isabella corava só de pensar em Edward dessa maneira. Ele era bonito, altamente sedutor e ele sabia disso, o que acabava por estragar toda e qualquer qualidade nesse gênero.

– O Guia do Mochileiro das Galáxias? De verdade?

– Ei! Isso é meu! – Isabella tentou pegar o livro da mão de Edward, mas ele esticou o braço e definitivamente a altura dela não era algo favorável.

– Olha, isso era para me impressionar? – ele soava debochado e Isabella podia lembrar nitidamente do seu tempo de colegial quando implicavam com ela e amarravam sua mochila no ventilador de teto. – Sinceramente não precisava. Eu já estou plenamente convencido de que você é uma Nerd convicta!

Isabella lutou para conter a umidade que ameaçava inundar seus olhos. Edward sentou-se de volta na banqueta e folheava o livro distraidamente, sem estar procurando algo em específico. Isabella cruzou os braços e olhou com ódio para seu ar de divertimento.

Isso – ela pegou num flash o livro das mãos de Edward, ele sorriu como quem dizia “só pegou porque eu deixei” – não tem nada a ver com impressionar você, treinador Ed. Aliás, eu não tenho motivos para tentar algo do tipo. – ela concluiu tentando convencer até a si mesma.

Isabella guardava o livro de volta dentro de sua bolsa de tecido, xingando mentalmente por ter esquecido o livro embaixo da bolsa quando se levantou para ir ao banheiro. A garçonete chegou neste exato momento colocando a refeição à frente deles no balcão. Ela olhou para os pratos, frango frito com purê de batatas, enfeitado com raminhos de coentro. Na bandeja de Isabella, além do prato, talheres e palitos. Na de Edward, algo a mais. Ele pegou o papel dobrado, leu, sorriu simpaticamente e fez um aceno de leve com a cabeça para a loira e peituda garçonete.

– Ainda acho que foi para me impressionar. – Edward enfiou o papel de qualquer maneira no bolso da calça jeans.

Isabella piscou se dando conta que olhava descaradamente para a garçonete enquanto esta saía rebolativa para atender do outro lado do balcão. Ela ajeitou os óculos e pegou seus talheres antes de falar.

– É um tipo de leitura de viagem. – ela começou a espetar o frango como se ele, apesar de empanado, pudesse dar algum sinal de vida de repente.

– Ah. Um ritual nerd de viagem você quer dizer. – Edward falou despreocupadamente. – Vou começar a anotar essas coisas.

Isabella largou o talher no prato e se virou para ele colocando as mãos nos joelhos.

– Você gosta muito de rotular as coisas e as pessoas, não é treinador? Nerd isso, nerd aquilo. Eu também poderia te rotular, aliás, com um rótulo bem grande de grosseiro, preconceituoso, machista, badboy, entre outros! Então, comece a anotar: Sou uma mulher de 25 anos, independente, que se dá ao luxo de fazer o que bem lhe der na telha. Agrade isso a você ou não. – Isabella ajeitou os óculos novamente, bufou e se virou arrancando um pedaço de frango com o garfo. Parou um instante antes de colocar na boca. – Não gosto de rótulos, mas se quiser escolher um, Geek seria o mais apropriado. Anote isso também.

Edward precisou forçar o maxilar para fechar a boca.

– É aqui. – Isabella disse olhando para fora da janela do carro.

Edward e Isabella terminaram o almoço em silêncio e pegaram o carro para encontrar a casa do tal Demetri que era quem havia negociado Etérnia com Isabella pela internet.

– Parece uma casinha de bonecas. – Edward observou, olhando a varanda de entrada com pinturas em azul e videiras espalhadas nas laterais. Os vidros das janelas estavam fechados e cortinas impediam de ver por dentro. Havia um silêncio estranho no local.

O céu começava a escurecer com nuvens carregadas de chuva em pleno meio-dia. Isabella bateu a porta do carro e Edward sentiu uma inquietude enquanto a via se afastar do carro em direção à casinha. As casas daquela rua pareciam abandonadas ou possivelmente seus moradores não costumavam ficar em casa durante o dia. “Mas hoje é sábado.” – Edward se indagou. Mas resolveu relaxar, os americanos tinham hábitos muito diferentes dependendo da região, ele não iria questionar.

Isabella atravessou o terreno e apesar de sentir uma enorme vontade de olhar para trás para ter certeza de que Edward ainda estava ali, ela resistiu, não daria esse gostinho a ele. Apertou a bolsa na lateral do corpo, a que continha 15 mil dólares para pagar a relíquia e após subir os três degraus da varanda, apertou a campainha que soou delicada.

– Pode entrar! – uma voz masculina um pouco afetada soou lá de dentro.

Isabella, no automático, tocou a porta e ela se abriu como se só seu toque tivesse tido força para escancará-la. Ela soltou um riso de surpresa e chamando pelo nome de Demetri, entrou na sala.

Edward franziu o cenho ao ver Isabella entrando na casa sem que alguém tivesse aparecido. De onde estava não dava para ver direito, talvez alguém tivesse aparecido, só não tivesse vindo para o lado de fora. Ele saiu do carro e se recostou na porta cruzando os braços. Essa foi uma das raras vezes que sentiu uma imensa vontade de acender um cigarro, em três anos.

Uma ventania que trazia respingos finíssimos de uma premente chuva fez seu corpo todo se arrepiar. Edward conferiu a hora. 20 min era tempo demais para aquele silêncio todo e nenhum retorno de Isabella. Ela dissera que mandaria uma mensagem se precisasse de ajuda para carregar o “treco”, mas aquele silêncio todo não era normal. Algo lhe dizia que não. “Uma garota de 25 com cara de 19 anos. Aparência inocente. Com 15.000 dólares em espécie. Num estado a quase 800 milhas de casa. Merda!

Edward foi para a traseira do carro e abriu a mala. Pegou seu bastão de baseball “especial” e correu em direção a casa. A porta estava trancada. Ele bateu, chamou, girou a maçaneta repetidas vezes e nada. Perfeito. Com uma única tacada, ele quebrou o vidro da parte de cima da porta e puxou o trinco de dentro.

– Mas o quê...? – Um cara parrudo e baixo, nem teve a chance de terminar a frase. Edward segurou o taco com as duas mãos e atacando a parte de trás dos joelhos do homem, conduziu as pernas dele o derrubando no chão.

– Cadê a garota? – Edward segurava o colarinho da camisa do homem com tanta força que a costura estalava entre seus dedos.

– Que-que ga-ga-garota?

Edward virou a cara do homem para o lado com as costas da mão, espirrando um pouco de sangue do nariz do homem que tremia de medo.

– Demetri, que barulho foi esse?

Outro homem, um pouco mais alto e mais magro que Demetri, apareceu de dentro de um cômodo e arregalou as sobrancelhas vendo Demetri apanhando no chão.

– Alec, ele está com a garota! – Demetri gritou antes de Edward apertar seu pescoço estrategicamente o colocando para “dormir”.

Edward girou o corpo a tempo de não ser acertado por um vaso de porcelana que Alec jogara para cima dele. Pegou o bastão do chão e pulou sobre o sofá e alcançou Alec do outro lado se jogando sobre ele. Os dois rolaram um pouco no chão, Alec era mais resistente que Demetri e parecia saber alguns golpes de luta. Foi quando Edward se deu conta de que Alec tentava tirar algo do bolso da bermuda jeans. Edward segurou seu cotovelo e puxou seu braço com força o virando de bruços e imobilizando Alec com o braço esquerdo para trás. Alec deixou o lenço que segurava cair, perdendo as forças nos braços.

– Clorofórmio? Sério? – Edward falou em tom de escárnio, reconhecendo o cheiro leve que emanava do lenço. – Vocês, nerds, veem filmes demais.

– É triclorometano, seu babaca. – Alec falou com a voz torcida pois Edward prensava sua bochecha contra o chão.

– Sabia que iria se manifestar, agora isso – Edward levantou o corpo de Alec e deu um belo soco de direita – se chama soco e não, não há nome científico, seu intelectualzinho de merda! Agora, onde está Isabella? – Edward gritou aproximando o rosto de Alec ao dele.

Alec franziu o cenho parecendo estar com muita dor e levantou o braço apontando para a porta que deixara entreaberta. Edward puxou Alec, pegou o bastão que havia jogado de lado para pegar o lenço de Alec, e o arrastou com ele para dentro do quarto. Isabella estava desmaiada em cima de uma cama de casal, havia alguns apetrechos de tortura, como cordas e braçadeiras, numa cabeceira e ela já estava seminua. Edward empurrou Alec que caiu, batendo as costas com força numa cômoda no canto. O ódio subia como o mercúrio de um termômetro numa pessoa ardendo em febre. Com o canto do olho, Edward viu Demetri já de pé na porta do quarto, ele segurava algo em posição de ataque. Edward apertou o bastão com as duas mãos e rosqueou as palmas nele com tanta força que chegou a arder. Ele não queria fazer isso, mas era mais forte que ele.


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