SEM RÓTULOS - welcome to my world escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 27
Sonho




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– Nada?

– Nada, dona Renée. – Jane entregou o prato de comida intacto nas mãos da mãe de Isabella.

Renée pegou o prato e suspirou.

– Mike não quer falar com ela, nem comigo, nem com o Phill. Fez questão de deixar um recado na secretária eletrônica, de um número restrito, no horário que sabia que ninguém estaria me casa. Ela ficou louca, mas não conseguiu descobrir o número.

– Hoje é sábado, falei com o Aro, vamos tentar arrastá-la para algum canto. Ela precisa se distrair.

Uma batida conhecida na porta. Dona Renée foi atender.

– Olá, Jacob.

– Boa tarde, dona Renée. Olá, Jane.

– Oi, Jacob.

– E Bella?

– Na mesma.

Jacob suspirou.

– Trouxe um presente para ela. Será que eu...?

– Sim, sim. Vá lá. Ela vai gostar de te ver.

– Eu vou aproveitar e vou em casa. Espero que tenha uma sorte melhor que a minha. – Jane deu um tapinha no ombro de Jacob.

– Bella? – Jacob deu uma batida de leve na porta, que estava entreaberta, e colocou a cabeça para dentro do quarto.

A televisão presa ao girovisor reproduzia a primeira temporada do desenho animado The Adventures of Jimmy Neutron: Boy Genius, (No Brasil: As Aventuras de Jimmy Neutron, o Menino Gênio), mas estava tão baixo que Jacob duvidava que Isabella tivesse algum “super poder” auditivo para conseguir ouvir.

– Oi, Jake. – ela disse e deu um sorriso selado.

– Oi, my girl. – ele sentou-se na cama, próximo a ela.

O jeito como Jacob disse “my girl” fez com que ela se lembrasse de Edward dizendo “mocinha” em português e a lembrança de Edward só fez seu estômago revirar ainda mais.

– Veio assistir desenho comigo? – Isabella citou “os velhos tempos” para deixar Jacob mais à vontade.

Nesses últimos dias, a presença de Jacob era a única que a fazia esquecer um pouco sua tristeza. Ele não ficava tentando consolá-la e nem dizendo o tempo todo que tudo ia ficar bem. Ele simplesmente ficava lá, fazendo as coisas que ela gostava e sendo o Jacob que a amava, de sempre. Se ela estava sendo egoísta? Sim, estava, mas ambos sabiam e gostavam disso.

– Trouxe um presente para você. E nem adianta fazer essa cara! – Ele retirou a caixa da sacola plástica e entregou a ela.

– Jacob! – Isabella falou se sentando na cama.

– Por favor, não recuse, comprei com o meu salário. – falou orgulhoso.

– Jake, e desde quando você ganha o suficiente para comprar um BlackBerry 5810? Esse celular mal lançou no mercado!

– Err – ele coçou a cabeça – Coloquei um pouquinho da minha mesada também. – ele deu língua para ela.

Ela sorriu. Primeiro, pensou em não aceitar. Segurou a caixa e olhou para Jacob. Ele estava tão ansioso para que ela, não só aceitasse, mas como também, gostasse do presente, que estava até suando. Mais uma vez ela se lembrou de Edward. De quando lhe entregou o som para o carro de presente, e de como também estava nervosa para que ele gostasse.

– Jacob, é maravilhoso! – ela se jogou contra ele lhe dando um abraço pelo pescoço. Sentiu quando ele soltou a respiração, aliviado.

– Gostou mesmo?

– Adorei. – ela começou a abrir a caixa.

– Ele tem conectividade celular, opera com rede GSM, permite enviar e-mails, organizar seus dados e preparar memorandos. O PDA BlackBerry é o futuro! – falou com tamanha animação que não tinha como Isabella não ficar encantada.

De fato, o celular era perfeito.

– Fone com microfone acoplado. – Isabella disse ao puxar da caixa o fio. – Meu Deus, Jake, deve ter custado muito caro...

– Nem começa! – ele puxou algo do bolso – Tenho um igual! – ele falou mostrando o celular para ela.

Isabella ergueu as sobrancelhas e os dois começaram a rir.

– Toc-toc. – Renée falou entrando no quarto. – Jacob, querido, já esquentei o almoço. Vai querer que traga o prato aqui no quarto?

– Não, mamãe. Vamos almoçar na cozinha. – Isabella falou, não dando tempo de Jacob responder.

Ele sorriu convencido e encolheu os ombros.

Os dois almoçaram sentados à bancada da cozinha falando e gesticulando sobre o celular novo. Jacob já havia habilitado o número para ela e ensinava como funcionavam as teclas. Isabella estava adorando ter uma tecla para cada letra, e aquele visor quadrado que lembrava uma micro tela de computador.

– Quase que comprei um Sanyo SCP-5300, mas a resolução da câmera é péssima.

– Quanto?

– 640×480, zoom digital de 4x e 3 m de alcance.

– Não vale a pena. Ainda prefiro minha Sony. – Isabella riu ainda fuçando no BlackBerry.

– Mas acho que de agora, todos os celulares vão vir com câmera, até esse BlackBerry, devem lançar um com câmera também.

– Estamos em 2002, Jacob. Já que o mundo não acabou em 2000, e nem os Macacos dominaram a terra...

– Só espero que não lancem aquelas roupas de alumínio, vou ficar horrível! – Jane apareceu na cozinha se jogando no colo de Isabella.

– Sobremesa! – Renée surgiu da copa com uma torta de morango nas mãos.

O clima melhorou na casa e Isabella aceitou o convite de ir ao boliche. Iriam ela, Jane, o noivo e, claro, Jacob. Ele estava na sala esperando Isabella terminar de se arrumar, quando o telefone tocou na sala. Renée não estava em casa, tinha saído para realizar um jantar com sua equipe, e ele se sentia completamente “de casa” para atender ao telefone. Pode ser o Mike. – pensou.

– Hello?

Um silêncio do outro lado parecia decidir se falava ou não.

– Boa noite, a Isabella está?

– Quem gostaria? – Jacob perguntou já desconfiando quem era. Aquele sotaque...

– É o treinador Edward.

– Ah, sim. – Jacob deu uma leve tossida, talvez para engrossar a voz. Mas o que resultou foi que o tom ficou mais baixo. – Olha, ela tá no banho. Quer deixar recado? Quem tá falando é o Jacob, o namorado dela.

Agora o silêncio do outro lado da linha veio depois de um arfar.

– Ok, então. Não era nada de importante. Você avisa que eu liguei?

– Claro! Passar bem.

– Você também.

– Quem era? – Isabella veio do corredor enxugando o cabelo. Perguntou apreensiva, mesmo imaginando que se fosse o Mike, Jacob teria gritado para chamá-la. Ele já estava colocando o telefone no gancho.

– Era engano.

Isabella deixou cair o semblante e sorrindo indicou que iria terminar de se arrumar no quarto.

No boliche, ela tentou, verdade que tentou, mas não conseguiu se concentrar. Não estava se sentindo muito bem e o pior, nem podia comentar, porque logo todos queriam cercá-la de cuidados e “avisos”. Ela estava sofrendo, estava com saudade, e não podia nem expressar seus sentimentos, sua dor. Sabia também que sua mãe precisava que ela fosse forte e talvez estivessem as duas com medo de desabar perto da outra.

No final do domingo, Isabella resolveu entrar na internet e fuçar notícias de Volta Redonda. Nada de interessante. Apenas uma notícia velha sobre a represa dos Cullen que arrebentou no domingo passado. Não dando importância para o friozinho na barriga que deu, ao simplesmente ler aquele nome, Isabella seguiu sua pesquisa. Nesse momento sentiu raiva por nunca ter pedido o e-mail de Edward, nem ter dado o dela a ele. Ela jurava que a falta de contato era porque ele devia estar tentando ligar para o celular antigo, o que foi destroçado no aeroporto. Ou isso era o que ela queria se agarrar.

Seu BlackBerry bipou. Uma mensagem de Jacob. Ela sorriu ao ler, mas suspirou sabendo que ele estava nutrindo vãs esperanças de que eles fossem voltar. Ele estava fazendo muito bem a ela, mas ainda não era hora. Ela respondeu a mensagem de Jacob com a mesma frase: “May the Force be with you”. Ele havia feito uma referência ao fato dela voltar a trabalhar no dia seguinte: Que a Força esteja com você!

Isabella desligou o computador e fez uma anotação mental de tudo que faria no dia seguinte. Precisava de notícias, urgentes, de Mike. Do Edward. Iria na The Selection para ver se Eleazar teria alguma informação. E... voltar a trabalhar, mesmo sem ter a menor vontade. Olhar para a cara de Rilley definitivamente não era algo que lhe animasse.

Isabella colocou o BlackBerry para despertar e deitou-se caindo no sono rapidamente.

Estou numa floresta, densa. Mesmo de dia está mal iluminada. Sinto algo pinicar minha coxa e ao olhar para baixo, me dou conta de que estou com um vestido curto, branco com detalhes dourados. Sou a She-Ra? Meus cabelos estão soltos e tenho uma tiara dourada na cabeça. Sim, sou a She-Ra. Que loucura. Meu instinto de autodefesa procura por algo. Minha espada. Se sou She-Ra, é obvio que preciso de minha espada. Mas onde está ela?

Sinto a aproximação de alguém que toca meu ombro. Puxo a mão do indivíduo e o derrubo no chão colocando meu joelho sobre sua barriga. Uma barriga definida, muito bem definida, de peito largo... É Edward!

– Perdão! – começo a dizer, mas ele sorri.

Edward está com o peito nu, um tipo de suspensório cruzado no peito e uma cueca de pelos. Ele é o He-Man? Mas o He-Man é o irmão gêmeo da She-Ra! Meu Deus. Isso é um pesadelo.

Edward começa a passar a mão no meu joelho, subindo pela coxa. Eu tremo. Ele chega até a ponta de meus cabelos e os puxa. Estou a centímetros do rosto dele e a única coisa que penso é “preciso beijá-lo.” Nos beijamos. O beijo é intenso e gostoso, muito gostoso. Em fração de segundos estou debaixo do corpo dele, nem sei como ele fez isso, mas estou sonhando, e ele é o He-Man, então, nem vou discutir.

Ele passa a mão por baixo do meu vestido e alcança um tecido minúsculo que faz cócegas na minha pele. Acho que é minha calcinha. Ele puxa e a arrebenta. Volta a me beijar e suas mãos estão em todas as partes do meu corpo. Seguro com força o tal suspensório, uma tira em cada mão, e puxo. Com força. Arrebento a tira de couro e sorrio. Ele me sorri de volta. Meu Deus, como ele é lindo.

Não sei que parte do sonho eu perdi, mas ele está entrando em mim. Ele fecha os olhos e sua expressão é de êxtase total ao entrar bem devagar. Ele chega bem lá no final, bem onde eu o sinto quase encostar meu útero, e eu gemo de prazer. A luz entre as árvores estão brilhantes e eu não vejo nada nitidamente, a não ser os olhos dele. Ele está me olhando. Me encarando enquanto me penetra. Céus! Isto não é um sonho. Não pode ser. É tudo tão real... A sensação da pele dele na minha, o beijo, a respiração ofegante, meu coração palpitando, o vai... o vem... Como é delicioso senti-lo dentro de mim, me querendo, me reivindicando, me sugando. Fazendo-me dele. E eu sendo sua.

E de repente, o êxtase final, o ápice, orgasmos múltiplos. Estou me contorcendo embaixo dele e ele captura meus lábios, gemendo baixinho e se liberando também.

Ainda estou de olhos fechados curtindo aquele momento de relaxamento depois do prazer, quando ele coloca uma frutinha branca entre meus lábios.

– Coma isso. – ele diz.

Não sei o que é. Mas sorrio e engulo”.

Isabella acordou suando e ofegante. O celular estava disparando o alarme e ela ainda demorou para se dar conta que já era a hora de levantar. Ela passou a mão no pescoço e estava suando. De verdade. Depois de tomar banho e se arrumar, Isabella saiu do apartamento e parou na entrada do prédio sentindo a brisa fria. Era uma boa caminhada até seu trabalho. Depois de um sonho como o dessa noite, ela iria precisar.

Isabella foi uma das primeiras a chegar ao escritório. Ao chegar a sua mesa, sentiu uma estranha sensação ao ver que estava tudo mudado. Era lógico que seu chefe colocaria outra pessoa em seu lugar, uma estagiária, talvez, mas deixar que ela mudasse tudo? Onde estariam suas coisas?

Cherrie! – Sam gritou ao ver Isabella no escritório.

– Oi, querido. – ela o abraçou de volta.

– Cherrie, estava mesmo querendo falar com você há dias! – ele gesticulou e olhando ao redor, pegou Isabella pelo braço levando-a para a ala do café. – Você trocou o número do celular?

– É. Pois é. Troquei.

– Menina, eu queria te avisar... – Sam colocou a máquina de café expresso para funcionar e parecia escolher as palavras. – O ridículo do nosso chefe colocou uma... uma... Enfim! Umazinha no seu lugar, e esta, além de fazer o seu trabalho, resolveu fazer outros tipos de trabalhinhos pro chefinho. Você entende, cherrie? – Sam olhou para Isabella que tentava digerir o que ele falava.

– Tudo bem. Tá. – ela pegou o copinho de café que ele oferecia. – Fala logo de uma vez, Sam, porque eu não estou numa fase muito boa.

– Okay. Ele...

– Isabella?

Os dois se viraram para olhar. Era Rilley.

– Sim, senhor?

– Na minha sala. Agora. – ele já estava saindo, mas se virou. – Por favor. – sorriu um sorriso falso e seguiu pelo corredor.

– Cherrie, perdão. Eu não tive como te avisar. – Sam estava quase chorando.

Isabella saiu andando de costas e olhando para Sam, quando ela se deu conta do que seria, se virou e foi em disparada para a sala do chefe.

– Senhor Rilley?

Rilley terminava um cigarro em frente à parede de vidro no fundo da sala.

– Quero que entenda, querida Isabella...

Foi assim que ele começou a dizer que a nova estagiária não era tão boa quanto Isabella no serviço, claro, mas ela podia aprender e, além de fazer o serviço por quase a metade do salário dela, ainda prestava outros serviços tão importantes quanto, para o bom andamento da empresa. Ou melhor, dele. Mas não foi exatamente o que ele disse.

– Bom andamento da empresa ou bom andamento de sua pessoa? – Isabella tomou coragem em dizer.

– Se você se comprometer a prestar para mim, os mesmos serviços particulares que Lindsey presta, eu, com certeza, preferiria ficar com você ao invés dela, pois só de olhar para você, creio que até nesses serviços você seria melhor sucedida que ela. Ficaria com você mesmo tendo que pagar mais por isso.

Isabella segurou os braços da cadeira de metal com tanta força que se fosse realmente a She-Ra do seu sonho, teria entortado.

– Olha, senhor Rilley, o senhor pode ficar com os serviços dessa Lindsey, seja lá quais forem eles, porque da minha parte, o senhor não terá nada além do nojo que sinto de sua pessoa. Se isso foi uma conversa de “demissão”, então, passar bem. Volto depois para buscar minhas coisas.

Isabella disse isso de pé e saiu largando a porta escancarada para quem quisesse ver a cara de palerma de Rilley. Pegou sua bolsa de cima da mesa e nem com Sam falou. Saiu do andar e foi direto para os elevadores, dando sorte de ter um disponível assim que pisou no corredor.

Okay, Setembro, você já pode acabar, por favor!” – Isabella gritou, olhando para o alto, no meio da Times Square.


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