SEM RÓTULOS - welcome to my world escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 28
Lessons




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Edward ficou olhando o calendário, pendurado na parede da cozinha, como se ele pudesse lhe contar algum segredo oculto. Mas a única informação que ele obteve foi: Dia 09 de Outubro de 2002. Quarta-feira.

– Alguma novidade? – Alice perguntou depois de entregar um copo de suco de manga ao irmão.

– Não. Nenhuma. – Edward se recostou na cadeira cruzando os braços e observou sua irmã guardar a jarra de suco de volta na geladeira. – Você está de salto alto? Aonde vamos? – ele brincou.

– Não vamos a lugar algum, engraçadinho. – Alice fez careta para o irmão e depois puxou uma cadeira sentando-se a frente dele. – Jasper vem ver as meninas.

– Hummm – Edward prendeu o sorriso no canto dos lábios. – Vocês têm conversado bastante nesses últimos dias, pelo que percebi, não?

– Conversado como amigos, Edward.

– A amizade é um amor que nunca morre. Nunca ouviu isso? – ele sorriu.

– Acho que conversamos mais nessas últimas semanas do que em quase todos os anos que vivemos casados. Juntos.

– Alice, o Jasper não traiu você. Nem acredito que ele tenha ficado com alguma mulher nesse tempo que estão separados.

– A traição dele foi pior. Ele deixou de ser marido e pai. Você não sabe o tormento que passei sem ter com quem conversar, vendo que minhas filhas não tinham um pai pra brincar com elas quando chegassem da escola. Ele não queria ver os desenhos toscos e divertidos que elas faziam, só as contas de matemática resolvidas e os verbos conjugados de maneira correta. – Alice terminou de falar e apoiou a testa com as duas mãos.

– Eu fico tentando imaginar que tipo de imagem a Liz tem de mim como “pai”. – Edward ficou passando o dedo numa poeira imaginária sobre a mesa. – Ela me odeia.

– Ela não te odeia, meu irmão! – Alice pegou a mão de Edward e segurou firme – Ela só precisa se acostumar com você, te conhecer melhor. Quem consegue odiar você, me diz?

– Só no dia do hospital é que ela pareceu mais receptiva. Mas depois...

– Ela é assim. É mimada e o fato de ser muito esperta, só contribui para o gênio forte dela. Dê tempo ao tempo.

– Não sei como vou fazer. Tanya deve chegar depois de amanhã de Florianópolis. Eu tenho que voltar a Nova Iorque, mas não quero que Liz ache que a estou abandonando.

– Converse com ela. Tenho certeza que ela entenderá. E, só faça promessas que irá cumprir.

– Às vezes não podemos ter certeza se poderemos cumprir algo, só querer não ajuda.

– Então não prometa.

Edward ficou pensando na menina que a essa hora estava lá, na casa do Laurent, brincando com os filhos da Victoria e que não queria que ele a buscasse. Seria somente por estar brincando? Ele não tinha certeza. Edward encarou a irmã e os olhares só se desviaram quando ouviram o badalar suave de sinos que era o indicador de que alguém havia passado pela porteira.

– Deve ser ele.

– Quer que eu o receba com você na porta?

– Eu adoraria.

Jasper apareceu subindo a ladeirinha de pedras e aparentava estar muito ansioso. Um enorme buquê de lírios do campo num braço e uma sacola no outro.

– Olá, boa noite. – Jasper tentou se ajeitar para apertar a mão de Edward. – Como vai, Edward? Quanto tempo!

– Pois é. – Edward o cumprimentou sorrindo. – Você está mudado, cunhado.

Jasper olhou Edward de cima a baixo antes de responder, sorrindo.

– Você também. – os dois riram. Alice também. Jasper olhou para a mulher e seus olhos brilharam. – Oi, Alice. Você está linda. Bonito vestido.

– Essa roupa? – ela falou como desdenhando e puxou uma ponta do tecido, dando de ombros – É velha. Você que ainda não tinha visto.

– Mesmo assim, o que deixa bonito é o conteúdo. – Os dois ficaram se encarando. Edward deu uma leve tossida e prendeu um sorriso – Ah, então, isso é pra você. – Jasper esticou o buquê para Alice.

– Muito obrigada, Jasper. – Alice abraçou o buquê e sorriu para ele. E quando voltou o olhar, era como se o visse pela primeira vez.

– Bom, vocês querem que eu chame as meninas? – Edward perguntou fazendo gesto com o polegar para trás e já quase saindo.

– Não. Eu vou chamá-las e arrumar um lugar para pôr as flores.

Na sala, Jasper e Edward permaneceram de pé enquanto Alice subia as escadas.

– E então, veio para ficar? – Jasper falou depois que Alice sumiu de vista.

– Não. Só não voltei ainda porque Tanya tinha que voltar a Florianópolis a trabalho e eu queria passar mais tempo com a Liz. Mesmo que ela não queira passar nenhum tempo comigo. – Edward deu um sorriso sem graça.

Jasper olhou atentamente para Edward, parecia querer falar algo, mas não dizia. Edward ficou em espera até que Jasper se manifestou.

– Alice me contou, por alto, dos últimos acontecimentos. – Edward assentiu – Você ama aquela moça americana?

– Amo. – Edward mal esperou Jasper perguntar.

– Então, não a deixe escapar.

Edward deu um sorriso triste e foi em direção ao bar.

– Eu acho que já deixei. – ele pegou uma garrafa de licor. – Vai uma dose?

– Te acompanho. – Jasper andou até ele.

– Bella merece algo melhor do que viver no meio da confusão que é a minha vida.

– Mas você está resolvendo as coisas, não? – Jasper pegou o cálice – Obrigado.

– Acho que estou. – Edward bebericou com o olhar perdido num ponto qualquer.

– Eu fiquei intrigado em você perdoar tão facilmente a Tanya. Por isso te perguntei se você realmente amava a moça americana. – Jasper bebericou o licor encarando Edward.

Edward ficou olhando seriamente para Jasper. Que merda foi essa? Como Jasper sabe da traição de Tanya com o Laurent, se isso foi meses antes dele ir embora? E se apenas três únicas pessoas na face da terra sabiam que ele sabia, ou melhor, quatro, com Isabella.

– Jasper, meu cunhado, você tem algo a me dizer?

Jasper quase engasgou com o último gole do licor.

– Não! – falou com uma indignação sincera. – Desculpe, Edward, é que.. é que eu...

– Você o quê?

– Bom, no primeiro Natal que você foi embora, essa casa estava uma confusão. Sua mãe chorava e seu pai não queria nem tocar no seu nome. Daí eu percebi que o vinho estava acabando e fui até a cidade para comprar mais. Uma tentativa de espairecer a cabeça. Sua irmã também estava uma pilha e não me dava paz. Encontrei somente a adega Videira aberta e lá, o dono da Adega tentava expulsar o Laurent, o Laurent... – Edward fez um gesto impaciente com a mão, assentindo que sabia exatamente de quem ele estava falando. – Pois bem, o Laurent estava muito embriagado, trocando as pernas, chorando e falando tudo embolado. Resumindo. Comprei as bebidas e consegui trazer o Laurent comigo e o deixei em casa. Mas tive de subir com ele até o quarto dele. Não havia ninguém em casa, todos estavam aqui. Laurent recomeçou a chorar e eu achava graça, porque ele contava de uma mulher que o havia deixado na véspera, mas como ela podia ter o deixado se ela havia dito que o amava, e se o homem pelo qual ela dizia o estar deixando a tinha deixado. Que ele criaria a criança como se fosse dele e blá blá blá. Nossa! Era uma história bem confusa, ainda mais contada por alguém completamente bêbado. Só que ele contava como se eu conhecesse a tal mulher e toda a história maluca que ele resmungava.

– Onde eu entro nessa história, Jasper? – Edward olhou para as escadas torcendo para que a irmã demorasse mais para descer.

– A tal mulher, era a Tanya.

Jasper não precisou dizer mais nada. Edward sentiu o chão sumir.

– Como? – Edward precisava saber se tinha entendido direito.

– Sim. Eu disse para ele que não podia ajudar porque não sabia de quem ele falava e ele disse “Sim, você sabe!” e então me contou quem era. Eu fiquei meio atônito na hora, mas eu também havia bebido um pouco e quando voltei, a casa parecia estar num clima bem melhor e eu não quis estragar nada. E por fim, achei que isso não era da minha conta e nunca contei a ninguém. Acho que o próprio Laurent nem se lembra de ter me contado algo naquele dia, se é que ele lembra alguma coisa daquele dia.

– Jasper, isso é... – Edward passou a mão na cabeça – Isso é muito sério.

– Eu sei. Por isso não contei a ninguém. E vendo você agora, tão mudado. Senti um pouco de culpa por ter guardado isso até hoje. Mas não queria contar nada a sua irmã. A situação entre nós ainda está um pouco delicada. – Jasper colocou mais um pouco de licor para ele e logo Edward esticou a taça dele também. – Depois do Ano Novo, veio toda a comoção do nascimento da menina e seu pai anunciou que faria o teste de DNA. Depois de confirmado o teste, aí mesmo que achei que essa história deveria ficar onde estava, no passado.

Jasper pulou de susto quando Edward socou a madeira do bar. Por pouco não a quebrara.

– Edward, me perdoe se...

– Não, não! – Edward segurou o ombro de Jasper. – Realmente nada, absolutamente nada, é por acaso. Eu ia sair para deixar vocês à vontade, mas resolvi receber você com minha irmã. Pedi a minha irmã que se demorasse para descer porque eu queria conversar um pouco com você e pimba! Gol de placa. – Edward balança a cabeça, incrédulo.

Alice apareceu na escada com as filhas e desceu os degraus devagar, tentando imaginar que barulho foi que ouvira. Os dois se viraram e como se tivessem combinado, plantaram um largo sorriso no rosto.

– Tudo bem, rapazes?

– Claro! – responderam juntos.

– Irmã, você não sabe como foi bom ter conversado com o Jasper. – Edward virou e apertou a mão de Jasper novamente. – Muito obrigado, cunhado. Muito obrigado, mesmo.

– Que isso. – Jasper parecia encabulado. – O prazer foi meu em conversar com você.

– Boa sorte e boa noite para vocês. – Edward deu um beijo na irmã e nas sobrinhas e saiu subindo as escadas quase correndo.

– O que houve aqui?

– Nada demais. Conversa de homens. – Jasper piscou.

Alice suspirou e resolveu deixar para lá. Afinal, o que Jasper e Edward poderiam conversar de tão importante? Só se fosse sobre ela. Ao que não parecia ser. Provavelmente estavam falando de futebol.

– Meninas, vocês estão tão lindas. – Jasper se aproximou das filhas.

Jéssica e Lauren pareciam tímidas e quase deram um passo atrás. Era como se não soubessem como agir perante o pai.

– Oi, pai. – Jéssica disse e a irmã a acompanhou.

– Oi, papai. – a falante e cheia de atitude Lauren, parecia nem ter voz.

Jasper engoliu em seco e consertou a postura.

– É assim que se fala com o pai de vocês? – Jasper perguntou assustando Alice que logo franziu o cenho fechando a cara – Depois de tanto tempo sem me ver?

Jéssica puxou a respiração e Lauren encheu os olhos d’água.

– Jasper, não acredito que você está fazendo isso? – Alice falou indignada. E ia completar, mas o olhar de Jasper era travesso. Ela não compreendeu até que ele falou.

– Nem eu. – ele disse olhando para ela e depois se jogou de joelhos e de braços abertos no chão. – É assim que se fala com o pai de vocês, venham cá! – ele se inclinou e puxou cada uma com uma mão. As meninas se jogaram nos braços do pai e ninguém mais segurou o choro.

Ele as beijava e as apertava contra si e chorava e repetia sem parar o quanto as amava, o quanto estava com saudade, pedia perdão ao mesmo tempo em que as beijava e sorria. Elas riam e choravam também. Alice ficou parada, com as mãos entrelaçadas apoiadas no nariz e as lágrimas descendo. Jasper olhou para ela por cima da cabeça de Lauren e esticou a mão para ela. Alice pegou a mão dele e ficaram os quatro assim, chorando e sorrindo e se abraçando e liberando o perdão por um longo tempo.

Edward, que havia parado no alto da escada, quando descia de volta para buscar seu celular na cozinha, ficou emocionado com a cena e seu peito se encheu de coragem e esperança. Jasper precisou perder para dar valor. Edward precisou abandonar para aprender a ser uma pessoa melhor. Jasper foi rotulado como um homem insensível e fechado. Mas a hombridade de Jasper foi hoje um presente escondido para Edward. Ele não deixaria mais nenhuma perda e nenhum rótulo impedir sua felicidade.

Tanya o enganara no passado e tentava enganá-lo novamente. Mais quem fora enganado nessa história? Que amor era esse que ela sentia por Liz capaz de fazer algo que prejudicasse a própria filha, simplesmente para se manter por cima. Ele teve um estalo e sem pensar em mais nada, foi para a biblioteca.

– Posso entrar, pai?

– Claro, meu filho! – Carlisle retirou os óculos de leitura e sorriu para o filho, remexendo e guardando alguns papéis sobre a mesa.

– Como estão as coisas lá embaixo? Alice passou aqui e me contou que Jasper estava aí.

– Melhor não poderiam estar, pai. Acho que ele aprendeu a lição. – Edward sorriu e puxou uma cadeira, sentando-se a frente do pai.

– A vida é uma enorme escola. Sempre aprendemos algo novo, com nossas próprias experiências ou até de outrem.

– Verdade. – Edward batucava de leve os dedos no braço da cadeira. – A vida sempre nos reserva lições e surpresas.

– Você mudou muito, meu filho.

– Ainda estou em mudança, pai. Ainda preciso mudar muitas coisas. – ele olhou para os nós dos dedos da mão direita, avermelhados do soco que dera lá embaixo. – Ainda sou muito impulsivo.

– Você é jovem. O tempo lhe trará paciência.

– Pai... – Edward precisava conversar com alguém, ou acabaria fazendo uma besteira. – Você ainda acha que a melhor opção seria eu tentar formar uma família com a Tanya e a Liz?

Carlisle se recostou na cadeira e encarou o filho.

– Acho. Família é sempre a primeira opção. Quando você foi embora, estava magoado com Tanya, era imaturo e inconsequente. Agora precisa pagar por isso. É a ordem natural das coisas.

– Pai. – Edward cerrou os punhos e se inclinou para frente – Tanya me traiu.

O semblante de Carlisle ficou enrugado.

– Do que está falando, Edward? Foi por isso que você foi embora daquela vez?

Edward soltou a respiração e afrouxou o punho.

– Não. Eu soube que ela ficara com o Laurent, uma vez, naquela briga feia que tivemos. – Edward apertou a ponte do nariz. Sabia que seu pai detestava aquele acontecido. Ele sempre abominara qualquer gesto de violência contra uma mulher. – Mas continuei com ela. Resolvi perdoar sem ela saber que eu sabia.

Carlisle puxou o ar. Podia imaginar que Edward obviamente tirara satisfações com Laurent. Agora as coisas se encaixavam, o pai de Laurent havia reclamado de Edward, que era violento, algo assim, naquela época.

– Mas se você a perdoou...

– Perdoei, mas não consegui confiar mais nela. E hoje, como uma dádiva do céu, bem verdade que a mamãe sempre diz que nada fica encoberto por muito tempo, o Jasper, veja o senhor, o Jasper, que não vejo há anos e quem minha irmã nem sabia se continuaria casada, me faz uma revelação, guardada com ele há cinco anos! Uma confissão, do Laurent, de que ele e Tanya continuaram juntos e trocando juras de amor mesmo depois de eu ter voltado com ela.

Carlisle se levantou da cadeira e começou a andar de um lado para o outro.

– Jasper não mentiria sobre isso... – Carlisle falou mais para si mesmo do que para Edward.

– Pai, não posso ficar com a Tanya, não posso! – Edward quase suplicava. – Primeiro, porque eu não a amo. Segundo, porque jamais confiaria nela novamente! – Edward também se levantou – Imagino agora, como ela deve ter ficado até a criança nascer e o senhor fazer o exame! Começo até a ter pena do Laurent! – Edward jogou as mãos para o alto.

Carlisle estacou. Parou com o olhar fixo em Edward, do outro lado da biblioteca. Estava branco.

– O que foi, pai? O senhor está bem?

– Estou, estou. – Carlisle abanou a mão e depois olhou para Edward. – Fique aqui, Edward. Não saia daqui. Volto em um minuto.

Edward assentiu, mesmo não entendendo o que estava acontecendo com seu pai. Passou a mão na cabeça vária vezes, sentia-se sufocado. Queria gritar, esmurrar algo ou alguém. Sentiu falta do saco de pancadas que tinha em seu apartamento no Brooklyn. Quando pensou em pegar uma bebida no bar, seu pai estava de volta. Com uma caixa nas mãos.

– O que é isso? – Edward perguntou olhando intrigado para a caixa retangular. Parecia uma caixa de música, porém havia um cadeado na ponta.

Carlisle puxou muito profundamente o ar antes de falar.

– Aqui, dentro desta caixinha, está sua sentença.

Edward franziu o cenho e um calafrio lhe percorreu a espinha. Carlisle não fez cerimônia, abriu a caixinha e retirou de lá um envelope.

– Queria que sua mãe também estivesse aqui, mas ela está lá fora conversando com Alice, o marido e as meninas, e acho que talvez seja por isso que exista duas metades de um casal. Ela cuida de lá, enquanto eu posso dar conta daqui.

Edward não tirava os olhos do papel. O que seria aquilo, afinal?

– Esse aqui é o teste de DNA da Liz. Feito a partir de um cacho do seu cabelo, quando ela tinha semanas de vida.

A confusão tornou-se ainda maior na cabeça de Edward. Como aquilo seria a sentença dele? Aquilo havia sido sua sentença. E por que seu pai guardava esse exame num cofre?

– Pai, não entendo como esse...

– Shii! – Carlisle esticou o envelope para Edward. – Como eu disse antes, a vida sempre nos dá novas lições e eu agora tive a minha. Querendo ser demasiadamente correto em meus atos, fiz, talvez, a maior burrada de toda minha vida. – Edward franziu o cenho – Eu nunca abri esse exame.

Edward quase caiu no chão. Sua respiração começou a acelerar.

– A... A Ta-Tanya – Edward começou a gaguejar – Sabe disso?

– Não. Somente sua mãe sabe que eu não abri o resultado. Depois que o resultado chegou eu comecei a achar que eu fiz muito mal em querer esse exame, em exigir isto. Algo que nem você se importava. Foi pela honra, pelo brio. Ou por pura implicância. Achei que abrindo esse exame, e dando positivo, eu seria a pior pessoa da face da terra e não merecedor de ser avô daquela criança. E se desse negativo, o que eu faria? Expulsaria Tanya e a filha com problemas respiratórios de casa? A menina mal tinha nascido e já estava de volta ao hospital. – Carlisle se sentou de volta a sua cadeira. – Abra. É seu. Seu direito. E se um dia for capaz de me perdoar...

– Que isso, meu pai! – Edward abaixou próximo ao pai e o abraçou. – Eu consigo entender tanto suas razões para fazer o exame, quanto as para não abrir o resultado. E te respeito e admiro por tais.

Eles ficaram um tempo abraçados antes de se afastarem e Edward ficou de pé. Edward olhou para o papel que, de tão bem guardado, nem parecia que já tinha cinco anos, e ficou pensativo.

– Edward? – Carlisle chamou a atenção do filho e ficou de pé frente a ele – Só te faço um pedido. Se der negativo, se você não for o pai da Liz, você pode sair novamente por essa porta do mesmo jeito que fez cinco anos atrás e ela estará aberta para você quando quiser voltar. Mas se der positivo. – Edward parou de olhar para o papel e encarou o pai. – Você deve esquecer o passado e tentar formar uma família com a Tanya. Pelo menos tentar. Você vai dever isso a elas.

– É justo. – Edward sacudiu o envelope. – Mas tem uma outra pessoa que deve saber o conteúdo deste envelope tanto quanto eu. Que foi enganado e iludido tão quanto ou mais. E que pode ter um futuro melhor, depois de ver esse resultado, mesmo depois de todo esse tempo, seja ele positivo ou negativo. E é para lá que eu vou agora, para abrirmos juntos.

Edward terminou de falar e foi se dirigindo para sair da biblioteca como se aquilo fosse questão de vida ou morte.

– Edward! – Edward parou à porta da biblioteca e olhou para o pai. – Não vá fazer nenhuma besteira. – Carlisle sabia para onde ele ia. Para a casa do Laurent, com certeza.

– Ao contrário, meu pai. Vou desfazer uma. – Edward guardou o envelope no bolso interno da jaqueta e saiu.


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