Lover Eternal - por Demetri Volturi escrita por Bia Kishi


Capítulo 25
Capítulo 25 - Pai e Filha


Notas iniciais do capítulo

O anjo curvou as sobrancelhas e me encarou curioso.
— Não é possível! Eu ouço... Ouço...
— Meu coração batendo?
— Como pode ser?
— Cientificamente? Não tem explicação doutor, mas nós dois sabemos que “cientificamente” muitas coisas não tem.



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Eu permaneci de costas, secando minhas lágrimas – não tinha certeza se estava preparada para encarar quem quer fosse.

-           Satine? – uma voz doce e melodiosa me chamou.

Eu gelei – sabia exatamente á quem pertencia aquela voz, sabia também o que significava. E embora tivesse procurado, não sabia mais se queria.

Eu o senti se aproximar lentamente, seus passos firmes estalando a grama do chão. Sua mão pousou suave em meu ombro – fria, como todos eles.

-           Perdoe-me. Veio até mim para conversar e eu a assustei. Gostaria de me retratar e ouvi-la, sinto que preciso.

      Eu engoli em seco – não conseguia nem ao menos me mover.

As lágrimas corriam novamente como um rio em minha face, meu coração estava apertado e eu estava triste. Muito triste, e por alguma razão – idiota e incompreensível – eu queria me virar e me jogar nos braços dele.

-           Satine? – ele insistiu.

Eu me virei devagar, com os olhos encarando o chão. O anjo tocou meu rosto devagar, com a ponta dos dedos, em seguida, levantou meu queixo com cuidado, encarando meus olhos.

-           Quem é você menina? Porque eu tenho a sensação de que devo cuida-la?

Eu o olhei pelo que pareceu uma eternidade, reconhecendo meu rosto naquele rosto. Seus olhos eram tão parecidos com os meus. Os contornos suaves de face, seus sorriso. Seu olhar. Ele era meu pai. Meu pai. Seu sangue de vampiro corria em minhas veias, assim como o sangue quileute de minha mãe. Meu pai.

      Uma lágrima quente rolou, e depois outra, e outra, sem parar.

-           Eu... Eu... – as palavras não queriam deixar minha boca.

      Clareei a garganta e respirei fundo – uma Volturi! Você é uma Volturi!

-           Eu sou sua filha – eu despejei de qualquer jeito que deu, sem me importar mais.

A mão do anjo caiu do meu rosto. Meus olhos encontraram a grama novamente, e eu me virei.

Eu queria correr. Queria fugir, mas meus pés estavam plantados no chão como uma árvore – eu não podia.

O anjo se aproximou de mim novamente, e forçou-me a encara-lo novamente.

-           Não pode ser – ele me disse, puxando os cabelos para traz com as mãos – você não tem idéia do que eu sou.

-           O mesmo que eu, ou quase – eu disse.

-           Não pode ser minha filha. Espere. Você... A menina... a menina do posto medico foi a única...

Eu permaneci em silencio, enquanto ele chegava á suas próprias conclusões.

-           Não! Se fosse você deveria ter pelo menos... – eu o interrompi.

-           Cem anos? Bem vou fazer 103 em breve.

      O anjo curvou as sobrancelhas e me encarou curioso.

-           Não é possível! Eu ouço... Ouço...

-           Meu coração batendo?

-           Como pode ser?

-           Cientificamente? Não tem explicação doutor, mas nós dois sabemos que “cientificamente” muitas coisas não tem.

      Eu estendi minha mão para ele.

-           Muito prazer doutor Carlisle Cullen. Eu sou Satine Volturi, filha de Marie Black e um certo médico que trabalhou em Chicago no período da gripe espanhola.

-           Você não se parece com ela – ele constatou.

-           Bem, dizem que eu me pareço com você. Kate diz isso o tempo todo.

-           Kate? Kate Denali?

-           Sim.

-           Você se parece com a minha mãe. Tem os mesmos olhos de âmbar e o mesmo tom de cabelo. É como se eu a visse de novo.

      O anjo tocou meu cabelo com os dedos, demorando-se em entrelaçar uma mecha.

-           Por isso ficou tão assustado comigo?

-           Sim. Você me parecia um fantasma do passado. E depois da visita do general...

-           Demetri o procurou?

-           Sim. Ele me disse que eu deveria ouvi-la. Parecia tão preocupado com você. Eu temi por minha família. Pensei que fosse uma ameaça. Perdoe-me.

Então, Demetri o havia procurado. Preocupado comigo. Não pude deixar de sorrir – mais uma vez, meu Demetri queria me proteger.

-           Sorri como minha mãe.

      Eu sorri mais.

      O anjo abriu os braços para mim e sorriu também.

-           Seja bem vinda, minha filha.

Quando eu o abracei, não restaram mais duvidas de que fossemos realmente pai e filha. O cheiro. Vampiros se reconhecem pelo cheiro. O anjo e eu tínhamos o mesmo tipo de aroma. Não o cheiro adocicado, comum entre os de nossa espécie – cheiro que em mim inclusive era mais fraco – mas um cheiro característico. Cheiro de pele. Eu o reconhecia, assim como ele á mim.

            Fiquei ali, aconchegada nos braços daquele anjo pelo que me pareceu uma eternidade, até a consciência me voltou. Eu me soltei um pouco e o olhei nos olhos dourados.

-           Sei que deve ser difícil entender, doutor. Eu vou compreender perfeitamente se... – ele me interrompeu.

-           É a realização de tudo que eu podia ter sonhado. De tudo que desejei em minha vida humana. Você... Você... Nem pode imaginar. Nem pode ter idéia do que significa encontra-la, minha filha – ele pronunciou o final da frase, dando ênfase ao “minha filha” e me coração se aqueceu.

-           Eu sempre desejei ter uma família – ele continuou – tanto, que formei a minha própria, com minha esposa e meus filhos adotivos – wow, eu tinha irmãos! – nunca pensei que poderia ter um filho meu, Satine. Sangue do meu sangue. Carne da minha carne.

            Eu não resisti, jogando meu corpo contra o dele e aconchegando minha cabeça em seu peito novamente.

-           Também nunca pensei que teria uma família de verdade. Quer dizer, não que Aro... e Demetri... mas...

      Meu pai sorriu.

-           Eu entendo perfeitamente, querida.

      Eu sorri também.

-           Satine? Como tudo isso aconteceu. Quero dizer, como você acabou com os Volturi?

      Essa era uma história que eu conhecia.

-           Minha mãe me deixou em uma clareira. Segundo Billy Black e Sam Uley, ela estava doente e sabia que se me deixasse na tribo, eles me matariam. A única saída que encontrou, foi entregar-me a Aro e rezar para que ele se interessasse por minhas “peculiaridades”. Deu certo. Aro me criou como filha.

-           E onde o general entra? Sim, porque ele certamente tem uma função primordial nessa historia, dado o cuidado com você.

Eu pensei muito. Não sabia o que responder. Quer dizer, eu estava acabando de conhecer meu pai – que odiava os Volturi – como iria dizer a ela que amava o general? Mas por outro lado, eu não queria começar tudo aquilo com mentiras. Uma coisa que aprendi cedo, foi que mentiras não são eternas e nós somos.

-           Demetri sempre foi meu guardião. Foi ele quem me encontrou na floresta. Foi ele quem me levou á Volterra – sentei-me em um grande tronco, fechando os olhos ante as lembranças da minha infância – Demetri me protege desde que me entendo por gente. Sempre esteve lá, mesmo quando esteve longe.

-           Sei que não a conheço muito, mas não me parece gratidão em seus olhos.

      Respirei profundamente, soltando o ar pelo nariz.

-           Não é. Desculpe, eu não espero que entenda. Nem que aceite, mas... – meu pai me interrompeu novamente.

-           Sei que sabe tomar suas próprias decisões.

      Eu sorri e meu pai me acompanhou, encerrando o assunto “Demetri Volturi”.

-           Seus olhos não são vermelhos.

-           Nem os seus.

-           Eu me alimento de animais – ele me disse.

-           Eu sei. Também faço isso, embora tenha aprendido a não matar. E antes que pergunte, eu não sou venenosa.

            Meu pai soltou um sorriso largo.

-           Pelo jeito vou ter muito para pesquisar.

-           Teremos – eu disse – também sou médica, doutor.

Ele me abraçou forte. Tão forte e tão terno que eu sentia como se nada no mundo pudesse me magoar mais.

-           Ai que fofo!!! – a voz estridente de Kate reverberou pela floresta.

-           Kate – meu pai disse – é um prazer revê-la!

-           Igualmente Carlisle.

Os dois se abraçaram e eu fiquei olhando o quando eles realmente eram amigos. Quando a vampira sentou-se ao meu lado, eu não me contive mais.

-           Onde está Demetri? Porque não está com você?

-           Hey, calma aí! Eu não sou baba de Volturi!

-           Kate! – eu praguejei.

Ela sorriu.

-           Foi até Volterra, contar as novidades ao “mestre” – ela disse a ultima palavra fazendo aquela cara de nojo dela.

-           Sozinho?

-           Sim. Ao que parece ele tinha alguns assuntos importantes para tratar com Aro.

Quando ela disse a ultima parte da frase, tudo se clareou em minha mente – Demetri havia ido revelar tudo sobre nós.

-           Sozinho? – eu surtei – você deixou ele ir procurar Aro sozinho? Ficou louca?

Meu corpo instantaneamente começou a tremer. Tremer e tremer como se algo precisasse sair de dentro dele – um monstro provavelmente.

“Satine se acalme!” – disse a voz em minha mente – “ou se acalma, ou vai acabar matando um dos dois!”.

Eu reconhecia de onde a voz vinha. Reconhecia seu timbre rouco e reconhecia o carinho por trás das palavras duras – Jacob! Ele estava em minha mente mais uma vez.

Fechei meus olhos e me concentrei nos tremores, apertando minhas mãos em punho.

“Isso garota! Muito bom! Continue assim e será uma alfa!” – ele me provocou.

“Bobo!” – eu pensei sorrindo.

            Bem ao fundo, longe de todo o conforto que conversar mentalmente com Jacob me dava, eu podia ouvir meu pai e Kate conversando.

-           A garota enlouqueceu de vez, Carlisle. Veja em um minuto estava quase me matando, agora sorri!

      Meu riu.

-           Deve haver uma explicação, Kate. Além disso, eu prefiro ela assim.

      Kate concordou.

      Quando abri meus olhos, eu estava mais calma e Jacob havia ido.

-           Kate, como pode deixar Demetri ir sozinho procurar por Aro? Porque não me avisou?

      Kate segurou seus ombros suavemente.

-           Satine, querida, ele sabe o que fazer. Essa era uma conversa que Demetri deveria ter sozinho. Ele precisava encarar este fantasma. Além disso, garota, o cara tem mais de duzentos anos, sabe se virar, não é?

            Eu ponderei por alguns minutos e depois assenti – não havia nada que eu pudesse fazer mesmo.

-           Agora me responda pelo amor de Deus – Kate insistiu – o que aconteceu com você? Ficou louca? Quase me mata e depois fica rindo sozinha! Eu tive medo.

      Meu pai sorriu novamente e eu o acompanhei.

-           Não sei porque perco o controle, mas sei que não posso evitar, ou não podia, até encontrar o garoto.

-           Que garoto? – ela me perguntou encarando meus olhos.

      Eu levantei uma sobrancelha, fazendo a entender de “qual garoto” se tratava.

-           Ah não! Não me diga que além de ser apaixonada por assassino você ainda tem alguma ligação com aquele cachorro pulguento?

-           É o que parece.

-           Ai meu Deus! Ai meu Deus! – ela gritava, andando em círculos – Carlisle, pelo amor da nossa segurança, dê um jeito nessa sua filha!

            Meu pai quase gargalhou. Depois, estendeu a mão em minha direção e encarou meus olhos.

-           Vamos? – ele me perguntou.

-           Para onde?

-           Para sua família.

      Um novo nó se formou em minha garganta.


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