ANNABETH

Dessa vez tive uma noite sem sonhos, mas também sem sono. Não conseguir fechar o olho com essa possibilidade de eu conversar com Percy sozinha, invadir o quarto dele? Fora de cogitação, definitivamente Thalia enlouqueceu, mas não foi só isso que não me deixou dormir, o ronco de Thalia também era persistente, parecia que a garota em vez de comer jujubas engoliu um trator, por isso acordei mais cedo e resolvi tomar um banho. Dessa vez, eu deixei que a água fria descesse sobre a minha pele, talvez isso poderia me ajudar a pensar melhor, minha mãe sempre fazia isso para pensar em um novo projeto de arquitetura. Minha Mãe. Faz tempo que eu não ligo para ela, e nem ela para mim, só percebi agora que estava com saudades, talvez um conselho de mãe me ajudaria, ou o seu abraço se ela estivesse aqui.

Quando saí do chuveiro , eu sabia exatamente o que fazer. Peguei o meu celular e disquei o número dela, demorou cinco toques até que ela me atendesse.

– Alô? Annabeth, minha filha, são duas da madrugada aqui. O que aconteceu? Annabeth? - Nem percebi quando eu comecei a chorar, tinha tanto tempo que eu não ouvia a voz dela, e era tanta coisa para dizer e pedir para minha mãe.

– Annabeth meu bem, está chorando? Está com saudades? Ah minha filha, eu juro que se eu pudesse eu estaria aí com você.

– Mãe... - Foi tudo o que eu conseguir dizer. As palavras estavam engasgadas em minha garganta, várias palavras brigando entre si para ver qual saía primeiro mas tudo o que saiu foi mãe.

Eu queria contar tudo para ela, sobre Percy, sobre a invasão a casa, sobre meu dia com Luke, tudo, mas não consegui. Até mesmo sobre a primeira vez que sair com amigos eu queria contar, a festa que os primos de Percy estavam planejando do dia das bruxas...mas não saía.

– Querida, está com problemas? Está acontecendo algo? Me diga Annabeth. Está me deixando angustiada. Seu pai fez algo? Sua madrasta? - Com as últimas perguntas, a sua voz assumiu um tom diferente, quase como se ela estivesse aqueles colapsos de não conseguir ter uma ideia nítida do seu mais novo projeto.

– Não eu...eu... tem tanta coisa mãe! - Apesar de minha tentativa de segurar o choro ele saiu e eu não conseguir mais conter ele, apenas estava jorrando com se meus olhos fossem uma fonte de água salgada.

– Tudo bem querida, olha que tal me falar do começo. Me conte tudo. - Sua voz estava mais suave, e pela primeira vez, ela parecia realmente me entender o que já era bem estranho.

– Tem... tem um garoto. - Silêncio.- Ele, ele... eu acho que gosto dele mãe, e parece que ele gosta de mim, mas aí ontem eu passei o dia fora com outro, mas era meu amigo, agora este garoto parece está com raiva de mim, e ainda tem o que aconteceu aqui em casa, os meus sonhos, tudo mãe! Não estou conseguindo controlar mais nada!

Fiquei despejando tudo sem nem mesmo eu entender minha mãe ficou apenas me acalmando, e, apesar de ela não estar pessoalmente aqui comigo, eu pude sentir a sua presença. Só desliguei o telefone quando percebi que Thalia havia acordado, o que significa que já estava bem tarde. mas não me importei, a conversa com a minha mãe realmente havia me ajudado, e antes de desligar, ela me prometeu que faria o possível para voltar rapidamente para casa.

Enquanto Thalia tomava o seu banho, reclamando de eu ter colocado a temperatura do chuveiro no frio, eu comecei a me arrumar. Meu cabelo já havia secado enquanto estava enrolado na toalha, então só fiz o árduo trabalho de desembaraçar ele e enrolar em uma simples trança, e vestindo meus bons e velhos jeans.

Para matar mais um pouco a saudade de casa, resolvi usar uma camiseta cinza com a barra de renda que a minha mãe me comprou em uma viagem que fizemos no Texas. Eu havia a vestido poucas vezes, mas eu precisava vesti La agora. Peguei os meus All Star vermelho e o calcei rapidamente e Thalia como esperado estava totalmente de preto, menos a sua camiseta do Black Veil Brides e sua mecha azul no cabelopreto epicado.

Quando descemos o meu pai que se encontrava lendo mais um dos seus livros sobre a Guerra Civil, nos chamou para tomar café, então como já estávamos atrasadas e Thalia sem carro, não ia dar nem cinco segundos para comermos nada.

– Anda Pinheiro! Vamos ter que ir a pé! - Disse enquanto afastava a minha amiguinha do bolo de cenoura.

– Eu não vou a pé a lugar nenhum! Vou ligar para Jason. O cara me deve muitas obrigações.

–De...

– Eu sou a irmã mais velha, o garoto é obrigado a me obedecer.

Com essa o meu pai começou a rir e convencida ,me obriguei a sentar na mesa e engolir um pedaço do bolo. Thalia por outro lado, assim que ligou para Jason, logo começou a devorar o bolo.

Não demorou muito para o garoto chegar, e ainda com as rotineiras rosquinhas da irmã. Ainda tudo estava correndo normalmente, Thalia ofendendo e ameaçando Jason, Jason reclamando dela e eu tentando pacificar tudo.

Quando chegamos ao colégio a primeira coisa que tentei avistar foi um certo Mercedes azul, e o vi, com o dono encostado nele e cercado de dezenas de garotas. Ele estava cercado de garotas! Mas como? Com essa, não sei por que, acho que fui impulso, eu comecei a ir em direção ao automóvel e agir como nunca havia agido antes. Eu o puxei com toda a minha força para longe daqueles urubus com saia e o levei até o local mais reservado que conseguir achar: atrás da parede do prédio 6.

– O que era aquilo? Aquele tanto de garotas de rodeando!Pensei que você tivesse mudado que.. que..

– Para de fingir que se importa comigo Annabeth! Falando desse jeito parece que você é mais que mais uma das minha amiguinhas. - Amiguinhas?– Me deixa okay. Olha Luke está lá, perto da lanchonete, vai conversar um pouco com ele.

– Eu não quero conversar com ele, quero conversar com você!

Quando disse isso eu o cerquei em mais uma das tentativas do garoto de sair de perto de mim, sem pensar eu o prensei com o máximo de força que existia em mim na parede e fiquei lá fintando aqueles olhos verdes, igual como havia acontecido na biblioteca, mas dessa vez, quem queria prender alguém, era eu.

Eu queria chegar mais perto dele, fazer como já havia imaginado algumas vezes, passar as mãos em seu cabelo, beijá-lo, e foi aí que eu realmente soube o que sentia por ele, eu o amava, eu realmente estava amando alguém.

Eu via que ele também queria me beijar, o seus olhos verdes da cor do mar, foram tomados pelo desejo, suas mãos antes sem movimentos, estavam se aproximando da minha cintura, eu sabia que ia acontecer, ele ia me beijar, o meu primeiro beijo ia ser realmente com alguém que eu amava.

Quando os seus lábios iam chegar perto dos meus, eu ouvi uma voz que antes me soara agradável, mas agora irritante, nos interrompendo.

–Uau, sabiam que existe quarto para isso? Existe também um motel bem perto daqui.

– Vai embora Leo! - Gritou Percy, e foi aí que percebi que o meu corpo estava próximo demais do dele e logo me afastei completamente envergonhada.

–Calma...calma...

– Sai agora... ou que tal eu contar certas coisas para Bianca?

– Calma, Percy, meu priminho legal... sei que você não é assim cara. Bem ahã eu to indo, foi bom ver vocês.

– Contar o que para Bianca? - Perguntei depois que Leo já havia se afastado.

– Nada. Eh olha Loirinha eu tenho que ir.

– Ir para onde? Percy!

– Tenho que falar algumas coisas para Rachel.

–Rachel?

– É, Rachel. Estou indo ta.

Eu não sabia se esfaqueava ele ou a Rachel, parece que nós nem tínhamos quase nos beijado. Ele pensava o que? Que poderia me usar? Mas não é assim vai ter volta. Quando cheguei na sala de aula já atrasada, me sentei ao lado de Thalia que havia expulsado uma menina de tranças para eu me sentar.

– Onde você estava?

– Aquele seu plano.

– Que plano? - Perguntou a garota.

– De invadir a casa de Percy.

– Sei, e o que isso tem haver?

– Já temos algo para fazer hoje a noite.