Conseguimos voltar para o orfanato. Não disse, mas meu lar se chama Seimenryo. Com a ajuda de um ônibus de turismo, todos chegamos bem. Porém nem tudo foi positivo para mim.

– Masumi, preciso saber se foi você. Não temos nenhum outro suspeito, mas também não queremos te acusar sem provas. - disse Sra. Naru séria.

– Te garanto que não fui eu, além do mais eu fiquei dentro do templo Manpuko-ji todo o tempo não se lembra? - respondi nervosa.

– Bom, não prestei a atenção por onde você andou, mas vou confirmar se é verdade o que disse. Até que seja provada a sua inocência, você irá perder alguns direitos, precisamos ficar de olho em você.

– Tais como...?

– Bom, não frequentará mais as aulas de karatê, até que essa história seja resolvida.

– Mas, Mas...

– Sem mas, está decidido. Agora vá para as suas aulas.

Saí de sua sala bufando, eu nunca queimaria os ônibus do orfanato, ainda mais porque meus pais morreram queimados. As aulas sempre eram chatas, os professores pareciam se arrastar para darem aula. Quando chegou a hora do intervalo passei o tempo com Asuka. Ela é muito madura para sua idade, me sentia uma criança perto dela, talvez seja porque minha vida parou depois do dia em que houve o incêndio.

Quando chegou o final do dia, fiquei sabendo que minha colega mudara de quarto e que Asuka agora é que o dividia comigo. Não entendi porque ela não havia dito a novidade, mas resolvi não falar nada.

Durante o jantar, não consegui fugir de Hajime. Mas parece que ele aos poucos está se dando conta de que falar muito não é legal. Ele parecia mais adulto, estávamos enfim conversando sobre coisas maduras, ou quase. A comida era pouco interessante, como quase todos os dias. Hajime parecia sempre mais bonito e sempre gastava seu tempo comigo.

Foram se passando os dias e estávamos cada vez mais próximos. Asuka também andava conosco, se encaixava muito bem às nossas conversas apesar de ser 4 anos mais nova que eu.

Sentia muita falta das aulas de karatê, mas a história da queima dos ônibus não estava resolvida. Um dia, quando estava perambulando pelos corredores durante à noite, Asuka me seguiu.

– O que você está fazendo?- ela me perguntou preocupada.

– Fique calma Asuka, sempre faço isso, é bom para pensar.

– Ah sim. Vou voltar para o quarto. Tome cuidado Masumi.

– Pode deixar.

Me sentei no chão. Eu não fazia aquilo sempre, na realidade era a primeira vez. Pensar no rosto de minha mãe no silêncio me deixava tranquila, me sentia bem. Todo aquele sofrimento acabaria, só preciso esperar mais dois anos. O orfanato é um eterno lembrete de como meus pais morreram, não estaria aqui se tudo fosse diferente.

No outro dia, quando estava no meio de uma aula, Sr. Naru me chamou. Fomos para a sua sala, o clima estava pesado.

– Masumi Nakamura, encontramos o culpado. Sentimos muito por termos te acusado.- disse ela num tom áspero.

– Tudo bem, mas quem foi? - perguntei curiosa com mil coisas passando em minha cabeça.

– Foi Asuka.