Portgas D. Anne? escrita por Neko D Lully


Capítulo 3
Treinamento e cólera?!


Notas iniciais do capítulo

Demorei né galera. Mas bem, por algum motivo me animei de escrever essa fanfic, acho que é a mais atrasada que tenho. Mas bem, acho que agora ela vai pra frente... Acho. Ah bem, espero que gostem do cap ^^



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Suspirou aliviado assim que se viu fora da tormenta. Nunca pensou passar por um mar tão agitado e como era o único tripulante do navio sem contar o velho maluco que seguia controlando o timão, acabou tendo que fazer todas as atividades devidas para se controlar o navio durante uma tempestade.

E isso sim que havia sido um exercício!

Correu de um lado para o outro. Abaixou e recolheu as velas, puxou corda ali e soltou lá, teve vezes que escorregava no piso de madeira molhada, rolando convés a fora como uma pequena bola até finalmente ser detido por alguma estrutura do navio. Pancadas que, aliás, deixaram suas costas e cabela extremamente doloridas. Sem contar as vezes que quase foi mandado para fora do navio por uma onda ou sacolejada.

Mas afinal, que diabos de mar era aquele para ter de tudo muito em desastres?!

Haviam se encontrado, em meio a uma terrível tempestade com direitos a trovões e relâmpagos, rei dos mares, redemoinhos, granizo, tufões e mais alguns outros desastres que nem ao menos se recordava o nome! Lidar com tudo aquilo sem ter se quer mais dez pessoas era quase impossível!

Mas de alguma forma estava inteiro, respirando e encarando aquele belo céu azul claro que tinha sobre sua cabeça. Quanto tempo haviam passado dentro da tempestade? Onde estavam agora? Estariam no caminho certo? Tinha perdido completamente a noção de mundo depois dos acontecimentos e como se isso já não bastasse teve que se recordar o tempo inteiro que seu corpo já não era mais o de um homem forte e preparado para qualquer tipo de situação, mas sim o de uma pequena garota sem músculos muito fortes e com um alcance bem inferior ao que tinha antes.

Foi obrigado a calcular cada uma de suas ações, pensar nas atuais dimensões e limites de seu corpo atual e adequar seus movimentos para cada uma de suas atividades. E isso em meio a toda a confusão de acontecimentos que havia se desencadeado a partir do momento que entrou naquele navio.

Já não aguentava mais! Queria seu corpo de volta!

Mas como poderia fazer isso? Como poderia voltar ao normal? Tudo em sua vida já não fazia o menor sentido, como se alguma coisa naquele mar do demônio pudesse fazer. Apenas queria voltar a seus companheiros, a sua família e esquecer te todo esse pesadelo. Mas, aparentemente, isso demoraria mais do que imaginava.

– Vamos! Ânimos garota, uma tempestadesinha dessa não pode ter gasto todas suas energias! Você é ou não uma pirata veterana desse mar?! - exclamou o velho, rindo de sua terrível condição.

Ace havia se esparramado no chão, jogado de qualquer jeito com os braços e pernas abertos para poder descansar. Minutos atrás sua respiração estava agitada, seu cabelo negro ainda estava empapado de água salgada ao igual que suas roupas, pregando em seu corpo de forma a destacar as curvas que agora possuía. Nada agradável, definitivamente nada agradável.

E, com toda a certeza que aquele mundo ainda poderia ter, aquele velho não ajudava em nada!

– Calado Jiji!! - esbravejou, erguendo-se em um salto e apontando desafiadoramente para o velho que ainda permanecia no timão com um sorriso no rosto. O sorriso se alargou, no entanto, ao perceber que o rosto da jovem a sua frente, outrora um rapaz, cheio de sardas, agora estava completamente vermelho de raiva. Era tão engraçado irritá-la! Não teve tempo para isso enquanto tentava escapar da tempestade. - É um saco ter que lidar com esse corpo! Não consigo fazer nada direito com ele e isso acaba me tirando o triplo de energia! Sem falar que nunca vi uma tempestade como aquela, por acaso está me levando para o inferno?!

O velho riu, arrancando mais um grunhido raivoso da, atual, garota.

– Calma, minha jovem! Não deveria ser tão dramática. Logo chegaremos em nosso destino e você começará seu treinamento para se acostumar com esse corpo. - e sem dizer mais nada girou o timão, regulando o navio para a direção que queria, encarando o horizonte ainda com um pequeno sorriso.

Tudo que o pobre Ace conseguiu fazer foi suspirar, ainda irritado, e se contentar com o que tinha. Agora que já estava em pé decidiu por seguir seu caminho até a beirada do navio, apoiando-se na madeira e encarando o mar que se revolvia calmo debaixo do navio.

E quanto mais teria que esperar? Quanto seu treino poderia demorar? E como faria para explicar sua situação para todos? Eram muitas perguntas para pouco tempo, cada minuto uma nova se apresentava em sua mente e as outras continuavam sem respostas. Era frustrante não ter informações dos outros também, do que tinha acontecido depois da guerra, se seu irmão estava bem, se seus companheiros estavam bem.

Seu coração se apertou ao trazer de volta esse tema, sentindo como as emoções dobravam de força por estar nas condições que estava. E por que raios sentia vontade de chorar?! Ser mulher era um saco, era definitivamente extremamente irritante! Mas que podia fazer? Estava preso naquela forma e não poderia mais voltar a ser como antes...

Suspirou, erguendo-se do lugar em que estava escorado. Determinado a simplesmente distrair a mente para não pensar nesse tipo de assunto até chegar onde deveria chegar. Todavia seu corpo parecia pensar em uma forma diferente de lidar com a situação e sem que esperasse sua narcolepsia atacou.

Em um momento estava acordado, no outro já tinha perdido a consciência.

Não soube quanto tempo havia se passado nem ao menos quais acontecimentos sucederam nesse meio tempo, se é que aconteceu alguma coisa. Apenas voltou a si quando alguém lhe sacudiu o ombro, chamando-o algumas vezes para que despertasse por fim.

Todavia, deveria dizer, que seu corpo agiu mais rápido que sua própria mente e em poucos segundos estava sentado. O rosto ainda amassado e sonolento encarando tudo a sua volta, com um pequeno filete de baba escorrendo pelo canto da boca, o cabelo bagunçado sobre a cabeça, corpo ainda mole. Uma cena deveras engraçada para o velho que observava.

– Chegamos dorminhoca. - Ace encarou o velho que tinha a frente, o olhar ainda meio morto pelo cochilo que acabava de ter. Demorou um tempo para processar a informação que tinha acabado de receber. O velho então se afastou. - Se apresse. Temos que comprar sua roupa para que possamos começar o treino. Sem falar que você deve estar morrendo de fome.

Assim que seu cérebro recebeu a informação referente a comida não demorou muito para que se encontrasse completamente desperto, já fora do navio a fazer alguns alongamentos para aquecer os músculos relaxados pelo sono. Estava pronto para o que viesse na frente se fosse para conseguir comer alguma coisa, seu estomago já não aguentava mais ranger e reclamar de tanta fome. Jurava que qualquer um em um raio de cinco metros conseguiria escutar os barulhos que ele fazia.

Hanry soltou uma rápida gargalhada, não era tão difícil descobrir as manias da garota que havia trazido para dentro de seu navio.

Deu uma rápida olhada na paisagem envolta, um sorriso nostálgico tomando conta de seu rosto antes de finalmente levar uma garrafa de rum a boca, tomando alguns goles e só então começar a caminhar pela areia da praia até a vegetação. Ace apenas o acompanhou de perto, observando tudo que tinha a sua volta.

Aquela ilha era estranha. Chegou a essa conclusão a partir do momento que chegou a vegetação e percebeu que as árvores deveriam chegar a mais de vinte metros de altura. Mal conseguia enxergar o topo de cada árvore, sendo que as copas de todas elas fundiam-se uma na outra junto a seus galhos, mesmos que cada tronco estivesse distanciado por não menos de quatro metros um dos outros. Algumas raízes, enormes assim toda a árvore, esgueiravam-se para fora do solo, formando verdadeiros ninhos de madeira que formavam obstáculos pelo caminho. Como se a caminhada em si já não fosse cansativa.

Agradeceu, todavia, pela área ser completamente sombreada e não ter que se preocupar com o forte sol sobre sua cabeça. Seu precioso chapéu parecia ter sido deixado na ilha, nem ao menos questionou o velho quando percebeu sua falta, já era tarde para qualquer medida, de qualquer maneira. Tratou apenas de conformar-se sobre o assunto.

Saltou um nova raiz, sentindo seus pés machucarem-se com os cascalhos que tinham espalhados pelo chão desprovido de grama. Era estranho, porém, sentir a terra fria debaixo de seus dedos. Fazia tempo que não sabia mais como era a sensação do frios. Uma das propriedades da Mera Mera no Mi era aquecê-lo em qualquer circunstancia, mesmo quando nevava não era afetado como ocorria com outras pessoas. Sentir aquilo novamente era... Estranho.

Estava preparado para perguntar a Hanry porque tudo naquele lugar era tão grande e onde afinal estava a cidade naquele lugar que mais parecia uma ilha deserta. Normalmente as cidades eram portuárias, já conseguia vê-las desde a costa, todavia, naquele caso, não era assim e questionava-se até quando teria que andar para chegar no lugar que Hanry queria.

Todavia, não teve tempo.

O homem parou de andar, obrigando-o a parar também. Encarou a todos os lados como se procurava algo em especifico e então se aproximou do que parecia ser um cipo mais fino, que estendia-se desde o mais baixo galho da árvore em que estava preso até o chão. Não teve tempo de perguntar.

Em um instante estava parado ao lado do homem, encarando-o com a duvida no olhar e pronto para perguntar o que estava acontecendo e no outro tinha sido carregado pela cintura, colocado debaixo do braço do homem como se fosse um cobertor enrolado, e então o puxão para cima.

E quem diria! Toda a vila daquela ilha era construída sobre os galhos das árvores, erguendo-se metros do chão e camuflada pelos diversos galhos e folhas que enchiam a paisagem. Ace não teve palavras para descrever o que via diante de seus olhos enquanto era arrastado, ainda como se fosse uma bolsa velha, pelas ruas de madeira que ligavam as casas.

Hanry cumprimentava as pessoas daquele lugar, chamando-os pelo nome e sorrindo de maneira amigável, demonstrando que já tinha familiaridade com o lugar. Ele não parecia se importar com os olhares que direcionavam a garota que tinha nos braços, muito menos respondia as perguntas com relação a aquele assunto. Apenas gargalhava e seguia seu caminho, sem maiores complicações.

A loja que pararam era pequena, feita de madeira assim como a maioria das outras casas. A parte frontal era, em grande maioria, composta por uma vitrine de vidro exibindo o interior e uma porta logo ao lado, que se encontrava aberta convidando qualquer um a entrar.

E o velho assim o fez. Jogando Ace em uma cadeira que encontrou por ali perto.

A mais nova o encarou com desconcerto, mas não disse uma palavra. Não teve a chance de dizer.

Uma senhora já de idade apareceu de um cômodo qualquer da parte de trás da loja, o sorriso amigável e acolhedor estampado em sua face. Ace não teve coragem de proliferar nenhuma palavra rude depois que a viu entrar. Seus cabelos grisalhos estavam bem presos em um coque alto, o vestido longo e de cor clara tampava-lhe todo o corpo, com mangás bem compridas e um robe por cima dos ombros, branco e delicado. Poderia muito bem confundi-la com uma avô, do tipo que sempre lhe recebia com um prato cheio de biscoitos quentes.

– Oh, Hanry-san! É tão bom vê-lo de novo na vila! - exclamou a senhora, o rosto transbordando de felicidade, demarcando ainda mais as rugas que tinha no rosto, apesar de Ace jurar que ela havia rejuvenescido com toda aquela felicidade. O velho fez uma pequena reverencia, segurando a mão da senhora e levando-a aos lábios com delicadeza. Em um cumprimento deveras cavalheiro. - O que o trás aqui? Já lhe falta roupas?

– É bom vê-la também, minha cara. - respondeu o velho com um sorriso afável no rosto. - E não foi por isso que vim, pode ter certeza que as roupas que comprei com a senhora outra vez ainda estão em perfeito estado. São tão fortes quanto a madeira que compõem meu navio. Vim aqui para comprar algumas roupas para essa jovem. A encontrei em minha viajem e ela não tem nada que não seja sua própria teimosia.

Foi apenas então que a senhora reparou na presença de Ace no lugar. O moreno... Ou melhor dizendo, morena, não estava muito contente com o que havia acabado de escutar. Não poderia negar que era teimoso, sim, mas não era algo que poderia usar em apresentações como essas. Não poderia dizer simplesmente que lhe faltavam roupas? Precisava ter acrescentado com aquela ultima parte? Onde havia ido parar a costumeira apresentações com trocas de nomes e cumprimentos?

– Ó pobre menina! - exclamou a senhora, aproximando-se da jovem que a observou um pouco hesitante. Ainda não tinha se acostumado com as falas femininas direcionadas a sua pessoa, e talvez nunca se acostumaria ainda tendo uma consciência masculina. A senhora, por sua parte, ignorou o rosto inseguro da garota e segurou-lhe a mão, puxando-lhe para mais adentro da loja. - Venha, vamos achar uma roupa para você.

E como descrever o que se decorreu depois?

Ace não teria problema nenhum com roupas, poderia muito bem escolher qualquer uma que já lhe vinha bem. Apesar de não mais poder exibir adequadamente a tatuagem que tinha em suas costas por ter que colocar algo sobre seus, agora, avantajados seios, ainda não via problema em pegar algo simples.

E seria realmente simples se não a senhora não insistisse sempre em lhe colocar algo mais "decente e digno de uma garota" e os comentários desnecessários e com duplo sentido do velho que apenas observava.

Ace podia jurar que tinha de volta os efeitos de sua antiga Akuma no mi, porque seu rosto estava em chamas. Tanto pela raiva quanto pela própria vergonha. Jurava que se continuasse assim, além de acertar o velho com um chuto bem no meio de seu rosto, ainda iria pegar qualquer coisa que lhe aparecesse pela frente, nem que fosse uma saia, apenas para sair logo daquela situação!

– Chega Hanry! Está envergonhando a pobre! - exclamou a senhora depois de um tempo. Era visível sua irritação para com o homem que permanecia sentado comodamente em uma das cadeiras da loja tomando despreocupadamente seu rum. Com as mãos na cintura e uma pose que deveria ser intimidadora a senhora continuou: - Saia e espere ela do lado de fora!

– Mas o que estou fazendo de errado? Apenas estou dando minha opinião sobre as roupas que coloca nela. - defendeu-se o velho, sorrindo de maneira que deveria ser dita como inocente, mas por causa da embriagues que já começava a lhe afetar o tal sorriso acabou por sair falho.

A senhora, no entanto, não mudou sua opinião, mantendo a pose até o momento que o velho a sua frente compreendesse que não tinha chances de ganhar aquela discussão e se retirar.

Assim que se viu sozinho com a senhora naquele estabelecimento, Ace suspirou um pouco mais aliviado. Assim talvez seria mais fácil escolher uma roupa que lhe fosse melhor. Não queria nada muito feminino. Mesmo que tivesse aquela forma ainda eram um homem, por assim dizer. E era pedir de mais para seu orgulho colocar qualquer coisa que se assemelhasse a uma saia ou um vestido.

A senhora também suspirou e voltou-se para ele novamente, pegando mais algumas peças de roupa para que experimentasse. Não precisando comentar que Ace já estava farto de toda essa troca de roupas. Queria apenas alguma para que pudesse se sentir mais cômodo com a situação atual.

Mas pelo visto isso seria impossível.

– Como o encontrou, pequena? - perguntou a senhora depois de um tempo, passando mais algumas peças para Ace. O mesmo apenas deu de ombros.

– É mais certo dizer que ele me encontrou. - respondeu a morena encarando-se no espelho. Será que nada poderia simplesmente agradar? - Ele simplesmente me levou para seu navio, sem nem ao menos o meu consentimento. Também não é como se eu tivesse muito escolha no momento, mas aquele velho realmente é bem ousado! Arg! Que raiva que eu ainda tenho daquele cara!

A senhora riu de seu comentário, passando-lhe mais uma muda. Estava realmente complicado, mas não desistiria até a garota estar bem vestida.

– Não seja tão dura com ele. Ele apenas esqueceu-se o que é cuidar de alguém que não seja dele mesmo. Então ainda pode ser um desafio para ele te tratar da maneira correta. - respondeu a velha e Ace a encarou sem entender muito bem. - Mas todos da ilha ficarão feliz em saber que agora ele voltou a ter companhia. Cuide muito bem dele, criança.

– Não entendo o que a senhora quer dizer...

A senhora riu novamente, deixando o assunto findar por ali. E depois de mais alguns minutos Ace finalmente encontrou a roupa que realmente lhe agradasse. A senhora torceu o nariz em desgosto, mas nada podia fazer, a garota estava determinada a ficar com aquela roupa.

Não passava de um curto colete que não lhe tampava mais do que os ombros e os seios, deixando seu plano ventre completamente a mostra junto com boa parte de sua tatuagem. Mangas curtas e zíper na parte frontal, com um gola ligeiramente alta, a cor escura de um preto com detalhes em vermelho. Nas partes de baixo vestia um bermudão muito parecido com o que costumava usar quando ainda era homem, todavia que se ajeitasse a suas corvas femininas, com um cinto bem apertado para que ficasse firme no lugar, pegando apenas do inicinho do quadril para baixo. Em seus pés botas também muito parecidas com as que usava quando ainda tinha um corpo masculino. Aquela roupa estava perfeita!

Agradeceu a senhora e saiu da loja, encontrando-se com Hanry logo do lado de fora. Ele nenhum comentário fez sobre sua escolha, apenas ergueu-se, um pouco tonto, e caminhou cidade a dentro. Ace até tentou perguntar o que fariam, mas não obteve nenhuma resposta do velho que tinha a frente, por isso desistiu e apenas o seguiu.

E foi então que veio a pior parte. Porque ninguém o havia avisado que tudo naquela ilha era enorme, porque ninguém o havia avisado que ficar no chão era perigoso, porque ninguém, absolutamente ninguém, o havia avisado que o velho com quem estava era doido o suficiente para jogá-lo no meio de uma floresta cheia de animais gigantes com apenas as instruções de sobreviver e caçar sua própria comida! Sendo que a única arma que o havia entregado era a pequena adaga que antes havia usado para atacá-lo.

E, cara, como foi difícil sobreviver durante toda a tarde até o anoitecer naquela floresta do demônio. Todos os animais deveriam ter praticamente dez vezes o seu tamanho! Como caçaria algo assim com apenas uma adaga?! Com o corpo do jeito que estava?!

E novamente aquela sensação de quando estava no Reino de Goa, sendo apenas uma reles criança criada por bandidos das montanhas, com dois loucos irmãos, precisando caçar sua própria comida para conseguir sobreviver, sendo que todos os animais eram extremamente ferozes e fortes.

A adrenalina o tomou assim que essa costumeira sensação de nostalgia o tomou. Seus olhos brilharam e uma assustadora confiança tomou seu corpo, fazendo-o tremer.

Já tinha os joelhos ralados, sua roupa nova estava suja e as mãos arranhadas. Seu cabelo estava bagunçado e poderia se ver algumas folhas e gravetos pregados nas madeixas negras. Tinha alguns cortes no rosto já suado pela corrida desenfreada que teve que fazer durante aqueles momentos iniciais. Todavia, assim que sentiu a corrente de adrenalina tomar seu corpo, sabia que suaria por outro motivo.

Estava pronto para o ataque.

Esperou que o enorme animal se aproximasse de novo. Parecia um enorme javali com presas que tinham três vezes o seu tamanho, preparadas para destroçar qualquer coisa que estivesse em seu caminho. Os olhos vermelhos encarando atentamente o pequeno ser que erguia-se confiante próximo a seus pés. O pelo castanho escuro confundindo-se com as sombras que tomavam aquela floresta onde o sol não batia por culpa das copas das árvores. Os enormes cascos poderiam esmagar Ace com facilidade, o focinho fungando e bufando próximo a garota que apenas sorria em pura excitação.

Esperou que a criatura fizesse seu ataque, correndo até onde estava com a intenção de esmagá-lo com suas enormes patas. Todavia Ace foi mais esperto. Ele tinha reparado que o corpo que tinha agora era mais rápido e flexível, o tornando mais hábil para esquivas.

Não foi difícil escapar da primeira investida, prendendo-se ao pelo que crescia no estomago da criatura. A adaga agora em sua boca, bem presa pelos dentes tencionados contra o metal. Suas mãos agarravam desesperadas o pelo crespo e oleoso da criatura, cheio de sujeiras que tinham na floresta. Todavia não se incomodou nem um pouco com aquele fato e começou a escalar o animal.

A pobre criatura procurava desnorteada o paradeiro de seu pequeno adversário, sem perceber o movimento que existia em seu pelo. Tinha certeza que não havia pisado no pequeno ser, então onde ele poderia estar?

Ace, por sua parte, acomodou-se sobre a coluna do animal que ainda se agitava de um lado para o outro a sua procura. Isso o fez sorrir vitorioso e encarar as opções que tinha.

Com a pequena adaga não conseguiria terminar com aquilo em um golpe só, precisaria de mais de uma chance. Sem falar que precisava ser preciso, ainda não tinha o domínio completo daquele corpo, um pequeno erro e já estaria morto. Aos poucos precisava ir se acostumando com cada extensão nova de seu corpo, aprendendo a lutar com o que tinha, mesmo que aparentemente tudo no corpo de uma mulher era frágil.

Calculou que seria melhor atacar a gargante, um dos pontos vitais da criatura. Respirou fundo e se esgueirou pelo pelo oleoso e sujo até onde se encontrava a garganta, tentando prender-se o máximo possível para que não caísse. Sabia que se caso ocorresse quebraria alguns ossos do corpo na melhor das hipóteses. Teria que ser cuidadoso dessa vez, por mais que seus impulsos quase o ordenasse que simplesmente saltasse de onde estava para o pescoço do enorme javali e o cortasse como desse com a faca que tinha em mãos.

Ajeitou-se como pôde e afastou um poucos dos pelos da região que queria. A adaga que tinha era pequena para desferir um golpe direto, precisaria abrir espaço e fazer um corte suficientemente grande para ser letal. Se apenas perfurasse seria igual a um pequeno arranhão para aquela criatura enorme.

Voltou com a adaga para sua mão, já que em todo percurso ela havia permanecido em sua boca, e, ignorando as sacolejadas do animal, cravou com um pouco de dificuldade cravou a lamina na carde que conseguia enxergar por entre os pelos grossos.

Como havia pensado, apenas aquilo não causaria muitos danos no animal, precisava abrir mais a ferida. Todavia, a pequena picada de dor em seu pescoço chamou a atenção do animal, que de tudo fez para tirar o que quer que fosse que estivesse em seu ombro. E um dos meios que encontrou para aquilo, para o desespero de Ace, era bater seu próprio ombro contra o grosso tronco da enorme árvore que tinha perto.

Ace não conseguiu se firmar a tempo, seu corpo escorregou para fora do animal, acertou o tronco da árvore com brutalidade e acertou a costela em uma das raízes protuberantes que tinha erguendo do chão.

Perdeu o folego por alguns instantes, erguendo-se com um pouco de dificuldade e agora com o corpo ainda mais dolorido. A adaga havia se perdido de no corpo do animal, provavelmente não conseguira recuperá-la mais. Pela dor em suas costelas mal conseguia se mexer, imagina escalar aquela coisa novamente!

Estava definitivamente em maus lençóis agora.

Grunhiu com raiva e encarou a criatura que se preparava para mais um ataque. Pensou mais uma vez no que poderia fazer agora. Nocauteá-la seria o melhor, mas não sabia se um pouco daquela força sobre-humana que tinha ao igual que seu irmão havia sobrado naquele corpo.

Bom, não era como se também tivesse perdido a pratica. Só tinha que deixar de achar que estava inútil. Talvez as várias derrotas que teve com o decorrer desses ultimos tempos o tivessem deixado inseguro e isso era frustrante!

Era Portgas D. Ace! Hiken no Ace! Um grande tripulante dos piratas do Barba Branca! Se não conseguisse nem ao menos ganhar de um simples animal então não poderia carregar todos aqueles títulos. Definitivamente não!

Ignorou todas as dores que tinha por seu corpo, ajeitou-se de modo a esperar pacientemente e preparado para o próximo ataque da criatura que, com os olhos brilhando como fogo, avançou em sua direção. Era o momento, deveria pensar em si mesmo novamente como uma criança a aprender como se defender e atacar. Sempre foi mais forte do que muitos adultos, então porque como mulher não poderia ser mais forte do que muitos homens?

Saltou assim que a criatura estava bem perto de onde se encontrava. Segurou uma de suas enormes presas salientes e usou toda sua força para puxá-lo para o lado, desviando sua trajetória e obrigando a criatura a perder o equilíbrio. Depois disso não precisou de muito mais, simplesmente deixar que aquela coisa acertasse o firme tronco da árvore a frente com toda a velocidade e força de impacto possível.

Sorriu ao ver que o tinha desnorteado. Estava tonto e demoraria um bom tempo para se recuperar, mas definitivamente não deixaria isso acontecer!

Escalou uma das árvores, subindo até um ponto em que ficasse bem maior que o próprio animal contra quem lutava. Encarou desde cima e seu sorriso se alargou. A noite já recaia sobre sua cabeça e seu estomago implorava por comida. Somado ao seu estresse do dia e dos acontecimentos que se desencadeavam durante aqueles dias saltou com toda essa cólera acumulada, acertando os dois pés sobre a cabeça do animal.

E deveria admitir que ainda tinha força! Com todo aquele impulso somado a sua fúria e excitação, mais sua própria força natural e absurdamente grande, a cabeça do animal foi ao chão, os olhos quase a saltar das orbitas. Acertou o solo terroso sem mais remédios e desmaiou por ali mesmo. A oportunidade perfeita para Ace matá-lo com tranquilidade e assim poder devorá-lo como seu estomago pedia.

Mas a maior questão era: como arrastar essa criatura enorme para a praia onde Hanry o esperava?


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Notas finais do capítulo

Queria ter terminado isso ontem, mas que se dane! Muito mais tretas pela frente gente! Espero que continuem de olho que acho que agora eu empurro isso daqui para mais uns caps a frente (eu acho)

Bye bye



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