Sabo não tinha problema de confiança com relação a seus irmãos.

Quer dizer, ele sabia que poderia contar com aqueles dois desesperados para qualquer problema que por ventura chegasse a ter, em qualquer momento ou em qualquer lugar. Todavia, o problema em questão não era bem esse. Meter-se em confusão era natural tanto para Luffy como para Ace, agora Anne, mas fazê-los ficar longe deles era a questão mais complicada que poderia enfrentar. O loiro sabia que Anne nunca quebraria uma palavra, era teimosa e orgulhosa de mais para isso, entretanto, o que realmente extrapolava, eram seus ideais para com algumas situações que eventualmente apresentavam-se a sua frente.

Como um imã para situações desagradáveis.

Sabo compreendia esse lado, ele também não conseguia ficar parado perante determinadas situações de injustiças que muitas vezes eram presentes naquele mundo naturalmente injusto. Mas Sabo também compreendia a delicadeza da situação de sua irmã. Não que mudar seu primeiro nome poderia tirar de sua reta perigos que posteriormente iria enfrentar, principalmente sendo uma pirata e persistindo em ser, mas pelo menos a livraria de problemas bem maiores que poderiam surgir carregando seu nome original. Se o almirante de frota, Akainu, ou se quer o atual Yonkou, Barba Negra, soubessem que Portgas D. Ace, de alguma forma milagrosa, tivesse sobrevivido a guerra de dois anos atrás, com toda certeza não mediriam esforços para encontrá-lo e acabar com o que haviam começado.

E obviamente não poderia permitir algo assim.

Mesmo assim, Anne continuava sendo um imã para problemas. Talvez, quando voltasse para sua "família", ela pudesse sossegar um pouco e permanecesse mais protegida. Afinal, duvidava que seus antigos companheiros arriscariam sua vida depois de já tê-la perdido uma vez. Sabo compreendia bem esse sentimento. E mesmo assim, sabia que, de algum jeito, Anne arrumaria algum tipo de encrenca por sua impulsividade e cabeça quente.

E não apenas no futuro, naquele exato momento, depois de alguns minutos, talvez chegasse até mesmo a uma hora, estavam separados e Anne perambulava sozinha por aquela cidade até o momento em que se reuniriam para zarpar. Se ainda conhecia bem sua irmã diria que deveria estar causando algum tumulto por aí naquele curto período de tempo. Mesmo que não tivesse escutado nada ainda, não duvidava que já tinha aprontado alguma.

Todavia não era apenas Sabo a encontrar-se preocupado naquele momento. Koala, em meio a suas compras com o loiro, também mantinha uma inquietação incomoda no peito. Mas a sua não era para com a morena que perambulava sozinha, ela sabia bem que Anne poderia se virar sozinha, afinal, não para nada ela tinha sido a segunda no comando dos piratas do Barba Branca e conhecida no mundo inteiro, claro que não com o mesmo nome, mas ainda assim era a mesma pessoa. Sua preocupação tinha como foco o loiro postado distraidamente a seu lado, encarando um ponto morto do lado de fora da loja sem realmente parecer prestar atenção em alguma coisa. Era extremamente raro os momentos em que Sabo ficava quieto, suas atitudes impulsivas e solitários o faziam desaparecer nos momentos mais inoportunos, fugindo de seus deveres para que pudesse fazer o que lhe desse na telha.

A garota suspirou, erguendo-se de onde se encontrava a olhar algumas mercadorias qualquer para dirigir-se a seu companheiro, acertando-lhe com um fraco, mas ainda assim eficaz, soco no topo da cabeça. Poderia ser menor que Sabo, mas ainda conseguia alcançar onde queria.

– Sabo-kun, poderia levar esse trabalho mais a sério? Não podemos ter em falta nenhum dos mantimentos necessários para sobreviver nesse mar, você sabe. - repreendeu, em um tom calmo, para mostrar que realmente não estava muito incomodada. Todavia, Sabo nem ao menos havia lhe dirigido o olhar.

– Hum... tá, desculpa. - murmurou, sem realmente aparentar ter algum conhecimento de suas palavras ou do assunto tratado. Seus olhos permaneciam perdidos em um canto qualquer do lugar, seu tom de voz foi baixo e arrastado, morrendo com o findar da frase, nem ao menos parecia ter conhecimento da presença de Koala a seu lado ou de seu olhar preocupado e triste.

A pequena morena dedicou-se apenas a suspirar, escorando-se na parede ao lado de seu companheiro e voltando seu olhar para o céu, um pequeno sorriso triste desenhando-se em seus lábios.

– Está pensando na Anne-chan, não está? Sinto inveja dela. - os olhos de Sabo finalmente direcionaram-se apara sua companheira, prestando atenção em suas palavras. Não compreendeu completamente a qe vinham elas, todavia, sabia que era melhor esperar pelo resto do discurso antes de ter qualquer pensamento inapropriado. Sua mente apaixonada já começava a bolar teorias que talvez não tivessem nada haver com o assunto. - Você se preocupa tanto com ela... Mesmo sabendo que ela é totalmente capaz de cuidar de si mesma. É por que agora ela é uma mulher? Acredita que não vai dar conta por causa do corpo que tem agora?

– Mas é claro que não! Eu só... Não é como se... Quero dizer... Arg! - se embolava nas palavras, tentando arrumar um jeito de explicar a situação sem que acabasse ofendendo Koala ou Anne. Não era como se não soubesse da capacidade assustadora de mulheres superarem desafios e serem extremamente fortes. Koala era uma prova, conseguindo colocar medo até no homem mais forte, às vezes até mesmo Hack tinha medo dela. Mas também não sabia como explicar porque seu peito oprimia-se por tanta preocupação. Deixou seu corpo cair ao chão, acocorando-se em desanimo. - Eu que ela é forte, que é capaz... Mas acho que... Depois de perdê-la uma vez, não quero passar pelo menos. Não posso impedi-la de ser uma pirata, é errado tentar, principalmente sabendo que é seu sonho desde pequena. Eu apenas... Não quero que aquilo aconteça de novo.

– Você acha que Anne-chan, por ser como é, vai cometer os mesmos erros do passado? Não confia nela? - Sabo se retesou, a ultima pergunta fincando em seu peito como uma adaga de culpa. Koala estaria certa? Sempre acreditou que confiava plenamente em seus irmãos, nunca duvidou de sua força ou qualquer poder que poderiam ter. Mesmo quando crianças, quando lutavam contra adultos muito maiores e mais fortes do que eles, nunca conseguiu, principalmente com relação a Ace, se preocupar demasiadamente pois sabia da força que possuía. Tinha plena confiança que nunca perderia. Quando começou a duvidar dessa certeza? - Sabe, Sabo-kun. Eu até admiro o carinho que vocês tem um com o outro, mas admiro bem mais a liberdade que se dão, mesmo sabendo o caminho que escolheram trilhar. Por isso, faça igual fez com Luffy-san. Deixe Anne seguir seu caminho, acredite em sua força e no seu desejo de viver, deixe-a ser livre. Esse não era o maior desejo de vocês?

Sabo engasgou novamente. Toda essa sua proteção estava ameaçando a liberdade que Anne tanto almejava? Estava exagerando? Perdendo a confiança nela? Seria por culpa do estado em que ela se encontrava? Ou pelo que havia acontecido em Marinford? Tinha medo, tinha muito medo de passar pela mesma coisa que há dois anos atrás. Seus punhos se apertaram ao igual que os dentes, sabendo que mesmo que tivesse medo deveria confiar. Agora tinha suas memórias de volta, se tanto Anne quanto Luffy tivesse algum perigo não duvidaria nem em um só segundo em ir atrás deles. E se era assim, com a força que seus irmãos tinham agora, realmente deveria estar se preocupando tanto?

Deixou escapar uma gargalhada amarga, reparando o quão idiota estava sendo. Respirou fundo, erguendo-se com um sorriso no rosto dirigido a sua companheira, já mais animado. Era tão bom tê-la a seu lado, sempre podia confiar que ela o ajudaria a seguir o melhor caminho, seja ele qual for. Ela era sua razão, e ele era sua loucura.

Koala retribuiu o sorriso.

– Arigato, Koala. Me sinto bem melhor agora.

– Ótimo! Agora me ajude a terminar com essas compras, que ainda temos muito que fazer! - Sabo soltou um resmungo em reclamação, seguindo sua companheira para a próxima loja. - E não reclame! Se fizer tudo certo posso até pensar em pagar seu almoço.

– Não pense que vai me comprar com comida!! - a garota riu com a expressão irritada do loiro, mesmo sabendo que no final, ele sim poderia ser comprado com comida.

– E... Sabo-kun. - a garota parou de andar, as mãos atrás das costas sem se virar para encarar seu companheiro, que apenas esperava a continuação da frase. - Não se preocupe com a Anne-chan. Tenho certeza que ela vai estar bem. Não vi marinheiros nessa região, mesmo que ela arrume algum tipo de confusão não acredito que seja reportado.

– Eu não queria me meter em assuntos que não são meus, principalmente porque estou de carona, mas não posso ficar parada vendo um bando de idiotas fazendo o que bem entendem. - enquanto isso Anne realmente entrava em uma nova confusão. Depois da apresentação de seu nome todos haviam se calado, uma enorme tensão espalhando-se por entre os bandidos por causa de seu sobrenome. Todavia, Anne ignorou, deixando a garotinha novamente com os pais. - Tudo bem?

A pequena assentiu, um enorme sorriso em seu rosto que prontamente foi retribuído por Anne. Era bom ter a certeza de que a pequena estava bem, agora, tudo o que deveria se preocupar era com os bandidos que tinha a sua volta. Não seria complicado, no entanto, se livrar deles. Seus olhos percorreram o lugar, confirmando suas suspeitas de que se tratava apenas de um grupo pequeno de bandidos desordeiros. Nada com o que se preocupar devidamente.

– Portgas?

– Igual a Portgas D. Ace?

– Ei, olhem a marca nas costas dela.

– Barba Branca.

– Quem diabos é ela?

– Olhando bem, tem semelhanças com o falecido Hiken.

– Só pode estar brincando comigo.

Os múrmuros explodiram pelo lugar, forçando Anne a sorrir pela confusão que se desprendia dos que estavam ali. Seu nome realmente havia ficado bem famoso depois de sua morte, apesar de não mais poder usá-lo, ainda poderia dar um pouco de continuidade a seu legado. Conseguir seu sonho de ser conhecido pelo mundo todo e ser respeitado. Era divertido também ficar ouvindo sobre si mesmo como se não fosse você, apesar de no começo ter sido demasiadamente estranho.

– Parem de choramingar, seus idiotas! Depois que o nome do Punhos de Fogo se espalhou pelo mundo, muitos se interessaram em imitá-lo para dar medo e ter mais fama! Ela deve ser só mais uma impostora! - Anne não conseguiu evitar a cólera. Um sorriso irritado apareceu em seu rosto e um 'tick' de nervos começou em suas sobrancelha. - Agora, não sejam covardes que é apenas uma garot...

Caros leitores, se por algum motivo vocês cheguem a insultar alguém que já tem o histórico de "cabeça-quente", tenham em mente a possibilidade de um nariz quebrado ou mandíbula deslocada. O pobre bandido nem ao menos viu o que o havia acertado, Anne havia atravessado o espaço que se impunha entre os dois, o punho erguido e os pés firmes no chão. O punho tinha acertado em cheio a lateral do rosto do homem, alguns dentes escapulindo para fora de sua boca no processo, corpo sendo empurrado para trás como se não tivesse atrito contra o chão. Estava inconsciente antes mesmo de acertar a parede de madeira do barraco atrás de seus companheiros.

– Mais alguém... - sua voz não saiu mais do que um silvo irritado, os olhos erguendo-se em chamas para os que estavam envolta, obrigando-os a se afastar pelo medo. Uma aura escura tinha a sua volta e talvez se estivesse como um homem não teria sido tão assustadora. Mulheres tinham uma capacidade divertida de assustar quando queriam. - Tem alguma coisa a dizer sobre minha identidade?

Os homens recuaram, tremendo. Alguns chegaram a escapar, outros, mais confiantes de lutar contra uma garota, avançaram com as armas em mãos. Todavia, diferente de tempos atrás, Anne estava mais preparada. Acostumada com seu corpo e com a força que conseguia extrapolar a perspectiva humana, deixou que cada um dos meliantes se aproximassem, o corpo cheio de aberturas óbvias com os braços caídos ao lado do corpo, apenas esperando.

Desviou das investidas com laminas afinadas, dançou por entre os corpos que se amontoavam a sua volta prevendo cada ataque que chegaria. Os olhos reluzindo com um brilho perigoso e poderoso, aproximando demasiadamente de um dos meliantes, encarando-o olho no olho, um sorriso ladino contornando seus lábios enquanto conseguia ver refletido seu próprio reflexo nas orbitas assustadas. Bastou um golpe na parte de baixo da mandíbula e o homem já estava no chão e Anne se direcionando a outro.

Desviou de mais uma investida como uma espada longa e aproveitou a própria velocidade do homem para dar-lhe uma rasteira, mandando-o para o chão e acertando sua cabeça com a sola da bota, afundando seu rosto no chão. Retirou a arma de outro ao mesmo tempo que quebrava seu pulso e lhe acertava uma cotovelada no rosto, arrancando sangue de seu nariz. Em seguida desviou de dois ou três tiros e dirigiu-se para o pistoleiro, segurando sua mão que carregava a pistola e a girando para ele, atirando em seguida em uma de suas pernas, obrigando o homem a ajoelhar-se pela dor, aproveitando o momento para dar-lhe um bom chute no rosto.

Devia admitir que foi entediante, o resto que tinha sobrado com coragem de enfrentá-la se acovardaram assim que perceberam que não teriam chance contra ela, mesmo estando em maior numero. Anne apenas tinha brincado, nem ao menos se divertir tinha conseguido. Soltou um estalo com a língua, irritada por não ter ninguém melhor para lutar. Bom, pelo menos Sabo não implicaria tanto.

– Anne nii-chan, foi incrível! - gritou a pequena, correndo até seu encontro com um enorme sorriso no rosto. - Você acabou com todos eles sem o menor problema! Você é realmente uma pirata forte!

– Muito obrigada pela ajuda, nem sabemos como lhe agradecer. - o que parecia a mãe da pequena garota se aproximou, um sorriso hesitante em seu rosto. Talvez, pela gritaria da pequena em dizer que era uma pirata, não estivesse muito confiante que Anne não cobraria nada por seus serviços. Mas Anne simplesmente sorriu.

– Não foi nada. Não suporto pessoas como esses caras, de qualquer forma. - a mulher pareceu relaxar um pouco, mas Anne não se importou. Aproveitou a chance de ter dois adultos para tentar recuperar o tempo que havia perdido com a pequena. Afinal, sua busca deveria continuar. - Mas aqui, por um acaso vocês não saberia de alguma informação sobre os Piratas do Barba Branca? Mesmo que for apenas sua passagem por alguma ilha.

Os dois mais velhos se encararam, uma expressão triste e confusa ao mesmo tempo. Ambos negaram e os ombros de Anne caíram em decepção. O quão difícil poderia ser encontrar seu antigo bando?

– Você está perdida também? - questionou a pequena, os olhos preocupados. Todavia Anne sorriu com tristeza acariciando sua cabeça.

– Um pouco.

– Não se preocupe! Você me ajudou a achar meus pais, tenho certeza que vai achar sua família também! - exclamou a pequena cheia de empolgação. Sua inocência e rosto de criança tornando a frase mais animadora do que Anne poderia imaginar.

– Espero que tenha razão. Bem... Eu vou indo, espero vê-la de novo um dia Kendy-chan!

O resto do dia havia se transcorrido tão normalmente quanto o possível. Anne tinha se reencontrado com seu irmão e Koala no cais onde o navio estava ancorado, Sabo estranhamento mais relaxado do que imaginava que estaria, todavia a morena nem ao menos se preocupou em perguntar. A noite passou, mais pesadelos a serem enfrentados, sem nem ao menos ter ciência das noticias que começariam a correr no dia seguinte e que Anne foi insuportavelmente despertada por elas.

O grito de Sabo reverberou por toda a habitação, forçando Anne a levantar-se com pressa e correr para o deque superior. Assustada e sem saber o que acontecia pensou ser um ataque da marinha, entretanto, diferente do que esperava, não foi recebida por sons de tiros, espadas ou explosões, mas sim por um forte e terrivelmente doloroso soco de seu irmão loiro.

– Por que fez isso?! - gritou indignada, os olhos fuzilando o rapaz a seu lado que permanecia com a enorme folha amassada em suas mãos. Se Anne havia conseguido ver direito diria que era o jornal matinal.

– Não me venha com essa! O que me diz dessa notícia?! - Anne pegou o jornal que havia sido jogado em sua cara com brutalidade, mas a primeira coisa que viu a fez sorrir.

– Oh! A recompensa de Luffy e dos seus companheiros aumentou! 500 milhões? Está quase chegando no mesmo valor da minha!

– Não essa notícia sua besta! Essa! - Sabo apontou para um artigo próximo a folha que falava sobre os acontecimentos em Dressrosa, uma pequena foto sua estava estampada, com um pequeno testo logo ao lado. No testo conseguia se ler as seguintes palavras:

Ontem, em um pequena ilha do novo mundo, uma estranha garota fez sua primeira apresentação em uma luta contra um grupo de bandidos. Ao se apresentar, afirmou possuir o nome de Portgas D. Anne. Coincidencia ou estaremos prestes a presenciar a continuidade da linhagem do falecido Hiken no Ace? Quem será essa garota que, além de se assemelhar com o falecido comandante da segunda divisão, ainda afirma ter tanto seu sobrenome como a marca de seu antigo banda pirata. Como a marinha irá reagir com essa notícia e, ainda mais importante, continuaremos a ouvir seu nome pelos mares da Grand Line como os do Punhos de Fogo ou ela apenas será uma passante por esses mares?

– Caramba, destacaram até mesmo minha tatuagem. Que engraçado, não me lembro de ter nenhum repórter por perto naquela hora... Mas por que tanto estardalhaço, Sabo? Esse texto é minúsculo, duvido que alguém realmente vá prestar atenção nele. - foi então que Anne parou para pensar, um enorme sorriso surgindo em seu rosto. - Isso é ótimo! Talvez assim isso chame a atenção de meus antigos companheiros! Por que não pensei nisso antes?! Ao invés de ir atrás deles, eles virão atrás de mim!

– Anne, pense bem. Quem mais teria certeza que existiria alguma coisa por trás do seu sobrenome? Alguém que conheça sua origem. - Sabo esfregou a parte do nariz entre os olhos, como se estivesse cansado depois de pensar sobre aquilo.

E Anne realmente não tinha se dado conta, mas existia uma pessoa, um pessoa realmente assustadora, que poderia desmascarar tudo por trás daquele nome. Uma pessoa que conhecia Ace desde pequeno, que acompanhou seus passos e sabia sua origem. A única pessoa que os três irmãos realmente tinham pavor desde que eram pequenos.

O sangue de Anne gelou, bem sabendo que era bom estar em uma boa forma física, porque teria que correr muito...

As notícias desbravaram os mares do Novo Mundo. Aqueles que realmente prestavam a devida atenção no jornal tiveram uma fagulha de interesse pela nova visitante que de repente havia se pronunciado. Por que agora? Era o que todos matutavam, tentando desvendar o quebra cabeça que havia se montado. A tatuagem em suas costas mostrava que fazia parte dos piratas do Babar Branca, eles ainda estavam juntos? Não tinham se desmantelado depois da perda de seu capitão?

Perguntas e mais perguntas rondavam o ar, o coração de alguns tremendo pela ansiedade dos acontecimentos que sucederiam nessa era tão conturbada e cheia de surpresas. Se já não bastasse a derrota de um dos shichibukais, Donquixote Doflamingo, pelas mãos de dois capitães da pior geração, ainda tinham a notícia de que a linhagem maldita ainda poderia estar forte, ardendo em chamas apenas esperando o momento de abalar o mundo mais uma vez.

Aqueles que mantinham uma relação estreita com o suposto falecido Hiken reverberavam com a notícia, cada um por motivos distintos. O tão animado Chapéu de Palha vibrava e ria a montes com a notícia que seus companheiros lhe relatavam, mal conseguindo segurar-se para reencontrar seus irmãos mais uma vez, lutarem juntos e verem quem era o mais forte. Memórias que antes tinham sido um pesar para sua mente, agora estavam leves, felizes novamente. Tinha seus dois irmãos de volta. Enquanto isso, em um navio escondido dos olhares alheios, um grupo se encarava curioso, a notícia sendo recebida com certa tensão.

– Tem certeza que quer ir? Qualquer um de nós poderia... - a figura encoberta pelas sombras do navio foi interrompida por um aceno de mão, seu companheiro já colocando suas coisas nas costas para partir. Não era como se fosse levar muito tempo, seu sangue fervia apenas de imaginar que aquele nome poderia estar sendo usado por algum farsante. Se fosse esse o caso faria questão de silencia-lo para sempre.

– Já deixei vocês no comando enquanto estou fora, não vou voltar atrás em minha palavra. Se isso for uma brincadeira de mal gosto farei questão de acabar com ela assim que a vir. - o tom de voz do homem foi sombrio, seu companheiro sabia que não poderia fazer mais nada para mudar sua cabeça, por mais que estivesse preocupado. Dignou-se apenas em suspirar e deixar que ele fosse em sua missão tão pessoa.

Sentia até um pouco de pena da garota do jornal.

A notícia também reverberava pela marinha. Alguns sem acreditar que realmente fosse verdade, desmerecendo o jornalista, outros a tremer, acreditando que realmente poderia ser o retorno de uma verdadeira dor de cabeça. Mas, obviamente, ninguém ousava abrir a boca, poucos eram loucos de fazer isso sendo que um certo velho permanecia com a cabeça quente desde que tinha lido o jornal. O mesmo se encontrava amassando em algum canto de sua sala, logo depois de ter se erguido com fúria, sem dizer mais nenhuma palavra, encaminhando-se para um dos navios, seus passos ecoando por todos os lados da base em que se encontrava.

Alguns tentavam contê-lo, mas sabiam que era inútil, aquele velho cabeça-dura faria o que queria e quando queria, principalmente com relação a essa notícia.

Afinal, ninguém usava o nome do seu falecido neto sem ter permissão e saia impune!