Portgas D. Anne? escrita por Neko D Lully


Capítulo 11
Reencontro. De volta para casa?


Notas iniciais do capítulo

Hello Guys!
Bem, primeiro de tudo agradeço as duas que comentaram no capitulo passado, me deixou muito feliz. Mas to meio desanimada que de 35 acompanhando 2 comentam. Bem, vamos ao cap, nas notas finais desabafo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/506300/chapter/11

Aqueles que, naquela manhã, dedicassem um segundo de seu tempo para apenas observar o vasto céu do novo mundo teriam deslumbrado uma bela luz azul cortando o céu com voracidade, dilacerando nuvens e avançando por um caminho que apenas ele poderia ter em mente. Seu destino estava fixado em seus olhos cansados e preguiçosos, as longas asas impulsionando o esguio corpo para frente em uma linha já predeterminada. Em suas costas uma pequena mochila se alinhava entre suas penas flamejantes cujo objetos dentro eram dedicados sua viajem. A qual esperava que não durasse muito.

Havia partido naquela manhã, tão prontamente quando havia lido a notícia. Não poderia perder nem mais um segundo, sua fênix se revolvia em seu interior apenas de pensar em deixar que as coisas se desencadeassem sozinhas. Precisava de certezas, respostas e explicações. E se por acaso fosse alguma cosa que não gostasse ou desrespeitasse aqueles que amava, não duvidaria em eliminar.

Seus olhos então deslumbraram uma pequena ilha, tornando-se visível por entre as nuvens nas quais escondia sua forma. Lá, esperava, começaria a encontrar as respostas para esses recentes e estranhos acontecimentos. Até onde sabia Ace não tinha irmãs, Ace era filho único de Roger, seus irmãos era de consideração, não compartilhavam laços de sangue. Ele era um rapaz reservado com relação aos seus pais biológicos, sua dor era muito profunda com relação a tal fato, chegando a detestar sua própria existência. Todavia, ele sabia, Ace sabia exatamente quem eram seus parentes.

Se recordava bem de quando o próprio companheiro havia lhe contado, com pesar, sobre esses segredos que o atormentavam e o puxavam para baixo, ofuscando sua luz. Se recordava como vê-lo tão... "apagado" o havia afetado. Ace nunca foi, e nunca imaginou que seria, uma pessoa que deveria ser melancólica, que deveria amaldiçoar sua própria existência, pois, por mais que sua vida fosse a de um fora da lei, ele ainda era luz, bondade, esperança. Ele trouxe ao Moby Dick uma alegria que nunca poderia descrever. E não apenas ele pensava isso, todos os seus companheiros sentiam terrivelmente sua ausência, não somente dele como também de outras figuras marcantes. Afinal Oyaji e Thatch também os havia deixado. Não permitiria a ninguém menosprezar seu nome, brincar com sua memória. Porque Ace foi uma luz que brilhou forte no Moby Dick, independente do que as pessoas pensassem dele fora de sua família. Eles sabiam quem tinha sido Ace, sabiam quem ele era realmente.

Seu corpo deu uma guinada em direção a ilha, procurando manter-se oculto o tempo inteiro. Seu nome e sua forma eram conhecidos, ao igual seu rosto e não poderia se dar ao luxo de deixar fragmentos de notícias para trás. A marinha ainda não os haviam deixado em paz, seus aliados por algum motivo caiam um por um e eles precisavam de força para se erguer de novo. Precisava ser discreto, o máximo que conseguisse naquela jornada que, esperava, não demoraria muito.

Tirou de sua bolsa uma capa que usaria para tampar seu rosto enquanto procurava informações.

Esgueirar-se pela cidade não foi complicado, conseguia ver alguns marinheiros ali e aqui, talvez procurando a mesma informação que ele, principalmente pela especulação da garota recentemente aparecida ser de seu bando, mas não teve problema em despistá-los. O verdadeiro problema foi saber o paradeiro daquela infeliz. Todos pareciam saber de quem falava, mas ninguém parecia ter qualquer informação relevante sobre seu paradeiro. Descobriu que ela procurava informações sobre eles, pulou de comercio em comercio procurando algum tipo de informação concreta, mas ele bem sabia que assim ela nunca conseguiria.

Depois da guerra de dois anos atrás entrou em um acordo com o comandantes restantes. Acreditaram que seria melhor "desaparecer" por um tempo, mesmo que com isso perdessem alguns territórios ou um pouco de poder, mas era melhor do que ter a marinha ou até mesmo Teach correndo atrás do resto que sobrava deles. E não poderia, nunca em sua vida, descrever a emoção que sentiu ao descobrir que todos, mesmo com a morte de Oyaji, estavam determinados a ficar, a seguir suas ordens, a continuar sendo uma família. Era uma felicidade, uma emoção tão grande que quando deu por si estava chorando, junto a todos os comandantes, bem naquele momento em que deu a todos a liberdade de escolher ficar ou partir.

Mas agora não era momento para pensar nessas coisas. Precisava resolver esse problema e retornar para sua tripulação. Claro que havia deixado os comandantes no comando e confiava que eles fariam um bom trabalho, mas isso não significava que poderia ficar muito tempo fora. Sem falar que quanto mais essa garota continuasse a perambular pelo novo mundo com suas confusões, pior seria para controlá-la. Se não soubesse exatamente quem era e o que queria com o nome de seu antigo companheiros tinha certeza que a sensação inquietante que incomodava seu peito não desapareceria.

Precisava encontrá-la.

Seus olhos normalmente de aspecto cansado deslizaram pelas ruas da cidade, a procura de mais alguém que pudesse ajudá-lo. Tinha perambulado de um lado para o outro naquela cidade portuária onde supostamente tinha sido o ultimo destino daquela garota, mas aparentemente as chances estavam a seu contra e ela não tinha passado mais do que uma tarde no lugar. Não a viram acompanhada de ninguém desde que desembarcou de um navio desconhecido, ninguém sabia de onde ele veio ou para onde ia, apenas que estavam atrás de mantimentos. A garota, se mal se lembrava seu nome era Anne, havia se distanciado do grupo e começado uma busca incessante pelos piratas do Barba Branca.

Em sua caminhada por informações e sua esquiva da marinha acabou por encontrar-se no porto, seus olhos a encarar as embarcações que por ali estavam ancoradas. O frescor do ar salpicado pela maresia o fazia sorrir instintivamente, seu corpo embalando-se com o vento fresco que se decorria daquele final de manhã. Todas as preocupações daquele dia esvaindo-se de seu corpo.

Talvez esse fosse o efeito que o mar tinha sobre aqueles que o amavam.

– Estou dizendo! Ela acabou com todos com facilidade, parecia saber qual seria o próximo golpe que viria! Os bandidos estavam morrendo de medo! - era a voz de uma criança, exaltada por entre a multidão que passava. Estava perto de onde se encontrava, e a elevação do timbre de sua voz incomodou seus ouvidos sensíveis. Seus olhos pousaram-se então em um pequeno grupo, três meninos e uma pequena garota, a qual era exatamente a dona da voz. Parecia estar extremamente irritada.

– Como se uma garota pudesse espantar bandidos! - zombou um dos garotos. Conseguia ver seu sorriso debochado, a única que não poderia ver o rosto era a da pequena garota, que baita os pés tentando convencer seus companheiros da veracidade de suas palavras. - Admita que você inventou essa história toda só pra tentar impressionar.

– Não estou inventando! Ela fazia parte dos piratas do Barba Branca! Obviamente ela ia dar medo em bandidos! Garotas podem sim ser fortes para isso! - os garotos riram, deixando ainda mais furiosa a pequena garota. Todavia, algo no que ela disse havia chamado sua atenção. Nunca havia imaginado que uma criança poderia ter a resposta para as perguntas que tinha.

– Esses piratas não existem mais! Barba Branca morreu na guerra, não tem um bando sem seu capitão! - gritou outro dos garotos, virando as costas com seus amigos para se afastar da pequena. A pobre tinha os ombros trêmulos, parecia estar prestes a chorar.

– Eles ainda existem! Eles ainda estão juntos! São a família dela! - gritou a garota de volta, a voz embargada pela tristeza e desespero que apenas uma criança poderia sentir por outra pessoa. E aquelas palavras o comoveram, afinal era para as pessoas os odiarem, era para que todos os detestassem e estivessem comemorando a morte de seu pai. Mas aquela garota chorava por eles, chorava na expectativa de eles não existirem mais. Talvez fosse o momento de se aproximar. - Eles tem que existir... Eu prometi que ela os encontraria de novo...

– Não tem que se preocupar, pequena. Eles estão juntos, ainda são uma família, yoi. - a criança o encarou, os olhos cristalinos pelas lágrimas que haviam acabado de se formar. Todavia, a confusão também estava neles e o encarou com certa desconfiança.

– Quem é o senhor?

– Apenas um passante. Estava procurando essa garota que você mencionou, qual era seu nome?

– O nome dela era Anne! Portgas D. Anne! - a garota parecia animada que alguém a estava escutando. Ela também parecia ter adquirido algum tipo de orgulho para com aquele nome em especial, seu sorriso quando o pronunciava era radiante. - Não conte para ninguém, senhor. Mas ela me falou que era uma pirata e estava atrás de seus antigos companheiros, os piratas do Barba Branca! - sorriu ao ouvir aquilo, aquela atitude tão infantil, aproximando-se dele que havia se ajoelhado próximo a ela como se contasse um segredo. - Eu não contei para os marinheiros, é claro. Ela me disse como é ser um pirata e ela é bem forte. Quando crescer quero ser um pirata como ela!

Aquele sonho tão inocente... O fazia ter diversas recordações. Era sempre assim que começava, sempre com a fagulha de um incentivo, de um exemplo e crescia com os sonhos de enormes aventuras, de uma vida de riscos em um mundo que desconhecia. Aqueles que pensavam assim normalmente eram excluídos da sociedade em que viviam, desapegavam-se quase por completo de sua terra e preparavam-se para não ter um lar. E aquela garota acabou por ter aquela pequena fagulho plantada em seu interior.

Estava feliz que, dessa vez, aquela que possuía o nome de seu amigo não o havia usado de forma desonrosa. Pelo menos por enquanto.

– Estou a procura dela. Ela tem o sobrenome de um companheiro meu e queria conhecê-la por isso.

A garota pareceu pensar por alguns instantes, encarando-o com desconfiança. Teve a impressão de ver um certo instinto protetor para com a sua inspiração. Não era para menos, com certeza aquela pequena tentaria alcançar Anne em algum momento de suas viagens, quando começassem. Ele compreendia, mas precisava daquela resposta.

– Ela não disse exatamente para onde ia, aparentemente estava de carona com as pessoas do navio. - a pequena pensava, seus olhos voltando-se para o céu. - Eles não partiram há muito tempo, ontem quando sol se punha, eu lembro que corri para o cais para me despedir corretamente, mas eles já tinham partido. Dava para ver apenas um pouco do navio.

– Para que direção foram?

– Para lá. - a pequena apontou para algum ponto do oceano, bem ao leste. Sabia que aquilo não ajudaria muito, mas tinha a ínfima possibilidade de ainda conseguir encontrá-los. Todavia, ainda era tudo o que possuía e não desistiria ali.

Acariciou os fios escuros da garota como uma forma de agradecimento e então ergueu-se. Existiam poucas pessoas no cais naquele horário, os marinheiros estavam ocupados na parte central da cidade e o navio deles estava distante, não teria problema se desaparecesse a partir dali.

Chamas azuis escaparam de sua capa, seus pés adquiriram fortes garras que arranharam impiedosamente o piso. Bastou um impulso para desaparecer nos céus, suas asas completamente estendidas mantendo-o no alto, o corpo recoberto por penas flamejantes, de um azul que quase combinava-se com o céu daquela tarde, salpicado de detalhes amarelados. A longa calda sacudia-se com o vento que soprava do alto das nuvens, encobertando-o enquanto preparava-se para tomar seu caminho, torcendo para encontrar aquilo que procurava.

Seus sentidos afiados ao máximo para encontrar qualquer barco pelo lugar. Seus olhos afiados tentavam distinguir em cada onda o que poderia ser a mancha de um navio, uma ilha ou uma pedra. Não sabia como era a embarcação, poderia se confundir. Também havia o risco de os tripulantes a protegerem, mas isso era uma chance pequena. Pelo que a garotinha o havia contado, Anne estava atrás dos piratas do Barba Branca. E bem... Eles estavam indo atrás dela.

Conseguiu então vislumbrar um barco de tamanho razoável, bem abaixo de onde se encontrava, navegando tranquilamente pela imensidão azul que se estendia para todos os lados, sem ilhas por perto. Conseguia sentir as pessoas que estava ali, não eram piratas, nem marinheiros, poderia muito bem dizer também que não eram comerciantes. Também conseguia sentir alguma força... Flamejante. Talvez uma Akuma no Mi tipo fogo. Se mal se recordava a Mera Mero no Mi estava a premio não há muito tempo, seu novo usuário poderia estar agora naquele navio.

Talvez, quem procurava estava naquele navio, tinha um forte pressentimento sobre isso e não costumava duvidar dos instintos de sua fênix. Novamente seu corpo guinou para baixo, descendo com velocidade, deixando o navio crescer e crescer diante de sua visão, até o momento que ficou tão perto que conseguia enxergar as fissuras na madeira do deque. Usando o próprio vento que havia criado, ergueu as asas, puxando seu corpo para trás de deixando que a velocidade diminuísse, possibilitando que aterrissassem sem muitos problemas.

Assim que suas garras tocaram a madeira seu corpo voltou a sua forma humana, os olhos azuis procurando em todos os espectadores aquela que procurava. Ela não estava, mesmo que conseguisse ver o detalhe de espanto no rosto de cada um dos tripulantes, preparados com armas em mãos, sabia que era por sua chegada repentina e não por proteção a alguém.

Um louro alto, com os cabelos compridos e cicatriz em um dos olhos se aproximou junto a uma garota, de cabelos castanhos lisos nem curtos e nem cumpridos, rosto gentil e rosado, mas com uma aura perigosa, podia sentir que não deveria se deixar enganar por sua aparência. O loiro acalmou os outros tripulantes e o encarou com cautela, conseguia sentir seu nervosismo, mas diferente dos outros não era por surpresa, ele sabia de alguma coisa, conseguia sentir isso e sua fênix piava em sua cabeça, exigindo respostas. Mas sabia que deveria agir com calma.

– Você é...

– Onde ela está?! - não esperou que o rapaz terminassem, seu tom exigente o cortou com facilidade, pois sabia muito bem quem era, mas não sabia quem era aquela que eles transportavam. Sabia que ela estava ali, sua fênix sentia isso, e pela reação do rapaz suas certezas apenas haviam sido confirmadas.

– Irei chamá-la, ela também quer te ver. - o rapaz falou com calma, seus olhos ainda cautelosos sobre o homem que tinha a sua frente. - Deve estar no ninho do corvo, sempre fica cá nesses horários.

Sabo subiu apressado o mastro, pulando para dentro do ninho do corvo apenas para encontrar a morena esparramada de qualquer jeito, uma perna jogada para cima e outra dobrada para o lado, a boca meio aberta deixando escapar uma fina linha de baba, os cabelos bagunçados e o chapéu laranja meio jogado para o lado. E o loiro só conseguiu suspirar, sem conseguir entender como alguém que dormia tão pesadamente poderia ter acordado, pouco tempo atrás, de forma agitada e apavorada.

– Ei, Anne. - sacudiu seu ombro, de modo suficiente para arrancar o que pareciam um gemido de desconforto, indicando seu despertar. Sabo sorriu com carinho, mas sabia que agora não era o momento para isso. - Marco, A Fênix está aqui te procurando. E não parece muito animado.

– Marco?!

Anne ergueu-se em um salto, quase derrubando seu irmão do ninho do corvo. A animação a preenchia junto com a forte expectativa de rever sua família depois de ter voltado a vida enchendo seu peito de tal maneira que mal conseguia se controlar. Todavia, um medo, bem escondido dentro de seu subconsciente, trouxe para fora questões que tinha preferido não pensar, questões que agora faziam seu corpo tremer e o sorriso deixar seu rosto.

E se não a reconhecessem? E se não acreditassem nela? E se acreditassem, mas a quisessem de volta? Foi por sua culpa e somente sua culpa que Oyaji morreu, que diversos membros da família morreram, que eles tiveram que passar por um momento tão desesperador. O próprio Marco foi algemado com Kairouseki durante a guerra, atacado por Kisaru e socado por seu avô. Eles tinha todos os motivos para não aceitá-lo de volta. Entretanto eram sua família, assim como Sabo e Luffy, não teria para onde ir se eles não a aceitassem, se não a amassem mais.

Era desesperador, estava com medo de descer, de ver nos olhos que um dia a encararam com tanto carinho vendo-a agora com raiva e ressentimento. Se não tivesse cometido o erro de ir atrás de Teach, se não tivesse se deixado levar pela raiva... Nada disso estaria acontecendo, Oyaji ainda estaria vivo, como outros membros da família. Ela não teria sido a única a voltar.

Droga, estava terrivelmente com medo, não queria mais descer, tinha medo de descer. Foi ela que os procurou, ela que incitou isso tudo, e mesmo assim... Agora que estava tão perto... Que quase poderia sentir-se de volta ao Moby Dick...

– Anne, sei o que está pensando. - Sabo sentou ao seu lado, seu braço forte passando pelos ombros estreitos da morena com carinho. Anne era fácil de ler, sua expressão mostrava exatamente o que sentia e Sabo não estava disposto a deixar que continue assim. Anne ganhou um grande sorriso, ganhou uma vontade de viver, coisas que não possuía quando era mais nova. Ela tinha uma família que a amava, além dele e Luffy, e ela precisava acreditar que ela poderia ser feliz com eles assim como era antes. - Mas ficar aqui sem encarar seus medos não vai ajudar. Onde foi parar aquele rapaz cheio de coragem e impulsividade que eu conheci?

– Cale a boca, Sabo! Vamos descer logo antes que Marco comece a ficar impaciente. - agora terrivelmente injuriada pela provocação Anne esqueceu todas as questões que tinha em sua mente, mas seu corpo ainda hesitava, temendo a rejeição.

Ninguém queria ser rejeitado e enquanto descia do mastro principal a morena conseguia sentir suas mãos suarem e tremerem pelo pavor. Todos a rejeitavam quando era mais nova, ninguém queria que o filho de Roger fosse real, falavam isso sem saber que ele estava ali escutando, que sempre esteve escutando suas proclamações de ódio contra ele e seu pai, sem nem ao menos conhecer a criança que crescia envolta de todo esse desprezo, querendo apenas ser livre. Mas ele encontrou apoio onde menos esperava, com garotos que viveram com ele e com os inimigos de seu pai. Ser desprovido de qualquer um desses apoios o jogaria no chão, com toda certeza.

Seus olhos encontraram-se com os azuis, ansiosos por respostas. Fazia tempo que não via aquela expressão, assim como esperava Marco não havia mudado nada em dois anos e se sentia bem assim. Um rosto conhecido, que encheu seu peito de um calor reconfortante e familiar.

– Marco...

– Quem é você e porque está usando o nome de Ace? - as palavras foram duras e ansiosas por respostas. Por instantes Anne não compreendeu, pois afinal ela era Ace, todavia recordou-se de que não estava em seu corpo, sua aparência havia mudado e precisava convencer o homem a frente de que dizia a verdade.

Para Marco aquilo era perturbador. A garota era idêntica a Ace. O cabelo, sorriso, rosto, apesar de formas femininas Marco sentia como se estivesse com seu antigo companheiro diante de seus olhos naquele exato momento. E a sensação tanto o incomodava como o agradava. Incomodava pois sabia que não era ele, Ace tinha morrido, ele o viu morrer, mas o agradava pois mesmo que fosse uma "replica" ainda o fazia sentir na presença que pensou nunca mais ter diante de si.

– Vai ser um pouco difícil de acreditar, mas esse nome realmente é meu. - começou a garota, um sorriso tenso em seu rosto.

– Não minta. Sei muito bem que Ace não tinha parentes de sangue e não deixarei que manche sua memória, yoi. - advertiu, olhos faiscando em aviso.

– Não estou mentindo. Eu sou Ace. - Anne não precisou de muito para perceber que os olhos de Marco se tornavam raivosos, apesar de sua mascara de calmo. Ele mais do que ninguém conseguia decifrá-lo, era bem fácil depois da convivência. - Sei que não acredita, mas escute: Thatch tinha mania de usar apelidos de pássaros com você, costumava usá-los para te irritar quando estava entediado e um dia ele passou da conta e vocês dois brigaram feio. Izo e Jozu tentaram parar a briga, mas a coisa saiu do controle e Thatch acabou me empurrando para fora do navio, já que eu estava na beirada. Pensei que ia morrer aquele dia, quando dei por mim estava no deque, com todos preocupados e você e Thatch quase surtando de pedir desculpas. Você foi o mais exagerado, Izo me contou depois que você quase pirou quando viu que eu tinha caído no mar.

Por instantes tudo ficou em silêncio, o nervosismo de Anne subindo a cada passar dos segundos. O rosto de Marco mudou pouco a pouco com cada detalhe que contou, tentou pegar o máximo que conseguiu se lembrar para convencê-lo, um jeito que apenas Ace poderia saber. Suas mãos suavam e tremiam, ansiosas para saber se tinha conseguido ou não.

Chegou o ponto que não conseguiu sustentar o olhar que tinha sobre si, seu corpo tremendo pela insegurança e medo. A aceitaria? Acreditaria? A odiaria? Qual seria a reação? O tempo transcorria e não sabia o que fazer.

Braços fortes a envolveram, pressionando seu corpo de forma tão convidativa e surpreendente que quase ambos caíram ao chão. Anne não compreendia, Marco a abraçava com força. Ele sempre foi mais alto, isso era verdade, mas agora, com o corpo que tinha, sentia-se minúscula entre seus braços, pequena, magra e indefesa. Como uma garotinha que era embalada nos braços de seu pai depois de se perder.

Os ombros do loiro tremiam, Anne sabia que ele estava chorando, mas não conseguia ver seu rosto. Estava escondido na curva de seu ombro.

– Como? Como ainda pode estar vivo, yoi? - a voz era fraca, mas Anne conseguia ouvir perfeitamente. - E seu corpo! Desde quando você virou uma mulher, yoi? Como isso aconteceu, yoi? Desde quando está vivo?

– Muitas perguntas, mas vou responder cada uma delas. - um pequeno sorriso apareceu em seu rosto, agradecida por todo aquele carinho. Mas novamente a sombra de seus medos desceu para seu rosto, atormentando-a de forma insuportável. - Não está com raiva? Não me odeia?

– Como poderia?! Você está viva! Não poderia ter raiva disso, yoi.

– Mas por minha causa Oyaji e muitos outros estão mortos! Por minha causa perdemos membros de nossa família, vocês se machucaram e...

– Ei! Faríamos isso de novo e de novo, arriscaríamos nossas vidas por cada um de nós, por qualquer um de nós. Você deveria saber disso, é membro da família afinal, yoi! - um enorme sorriso do loiro foi dirigido a morena, tão caloroso, tão familiar que as lágrimas saíram antes que percebesse.

Isso quer dizer que seria aceita de volta? Poderia voltar para sua família sem medo? Estava tão feliz, mas tão feliz! Se sentia incrivelmente realizada, com as chamas tomando seu corpo mesmo que não tivesse a Mera Mera no Mi. Um enorme sorriso se desenhou em seu rosto, sem conseguir conter toda aquela felicidade que se desenhava em seu interior, aumentando ainda mais a ansiedade que sentia em ver seus antigos companheiros.

– Espera até os outros saberem, yoi. Tenho certeza que vai elevar as esperança de todos!

Anne teria respondido, teria pulado de alegria, perguntando quando partiriam, como iriam e muitas coisas mais. Todavia sua narcolepsia atacou novamente. Não estava dormindo direito, seu corpo estava cansado e dolorido pelos pesadelos que a rodeavam todas as noites e talvez por tal motivo acabava por cochilar mais vezes durante o dia. Todavia seu corpo tinha criado uma resistência, um medo tão fervente de deixar sua consciência divagar para lugares mais distantes de sua mente que seu cochilo não durava mais do que alguns poucos minutos.

Marco a segurou, um sorriso gentil desenhado em seu rosto ao perceber que realmente nada tinha mudado. Ainda era Ace, por mais que seu corpo estivesse diferente, por mais que teoricamente era para estar morto. Era tão reconfortante saber que ele estava ali novamente, se bem que agora deveria dizer ela.

– Marco. - seus olhos se pousaram no loiro que se aproximava, e ao invés de se encontrar com um olhar tranquilo, como era de se esperar por não os estar mais ameaçava, encontrava um olhar cauteloso, preocupado. Marco sabia, instintivamente, que as notícias não seriam reconfortantes e teria que adiar sua volta ao Moby Dick por mais alguns minutos. - Preciso falar com você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

GENTE!! Vcs, meus caros lindos leitores, sabem bem que não exijo reviews, não tem motivos para isso, entretanto sua autora aqui é movida com eles. Quanto mais mandam mais rápido ela faz os capitulos, pois ela é movida a felicidade que eles trazem. são 35 acompanhando, gastar um segundo do tempo de cada um para ir nessa partizinha, no final da página sabem, lá no finalzinho, pra escrever umas poucas palavras não vai matar ninguém.
Façam essa autora feliz, que ela ta desanimando dessa fic, e sinceramente ela quer continuar escrevendo ela com toda a dedicação como sempre faz.
Obrigada por ouvir o desabafo. Até ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Portgas D. Anne?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.