Os Viajantes escrita por MFR


Capítulo 2
Salazar




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Tento correr o mais rápido possível para debaixo da ponte, o que era difícil, eu estava congelando. Chego até a ponte quando os cavalos e seus cavaleiros entram na vila matando todos os que vêem pela frente.

Meu nome é Salazar, tenho dez anos, sou inglês e órfão, meus pais morreram a alguns meses durante essa maldita guerra, depois que eles morreram eu fui mandado a um orfanato, não gostei deles, tinha comida e calor, mas todos tratavam a gente com tanta indiferença e nos batiam por qualquer coisa, era insuportável viver lá, por isso fugi, me arrependo dês de então. Adoraria dizer mais sobre mim, mas agora eu tenho que me esconder desses soldados infernais e ainda tentar não congelar.

Aperto o casaco velho e puído mais ao encontro de meu corpo esquelético e tento ignorar o frio e a fome, fazia dias que eu não comia e só bebia a água que eu conseguia derretendo a neve.

Paralizado e totalmente apavorado, eu mantenho os olhos abertos observando todos da vila sendo mortos, eu não conhecia ninguém muito bem, mas também não queria que ninguém fosse morto. Eu queria salvá-los.

Naquele momento minha inutilidade me irritou profundamente.

Eu observo uma mulher correndo em direção a uma menina que gritava. Um soldado percebe e, rindo, atiça seu cavalo e mata a mulher, indo depois em direção a menina.

Sem perceber eu já corria para a garota, o soldado não me percebe. Ele ergue a espada e a abaixa em direção a menina. Eu ia salvar alguém, eu ia, eu não podia mais ser um covarde qua corria do perigo, EU NÃO PODIA!

Empurro a garota e recebo o golpe.

Uma dor inexplicável começa em minhas e se espalha pelo meu corpo, eu caio.

Acho que grito, acho que eu choro, acho que ouço a voz de meu pai e o grito da minha mãe ao ser morta. Eu tenho certeza que vou morrer.

Tento me concentrar no que estava acontecendo. O soldado saíra a galope e de alguma forma a menina consegue me arrastar até um beco. Eu também tinha uma leve noção do rastro de sangue que eu deixara na neve.

– Vo-você me salvou. - A menina diz entre soluços fracos.

– Não podia deixar... Você morrer. - Digo.

Abro os olhos e encaro a garota.

Ela devia ter uns sete anos, a pele era bem clara e o rosto largo,

cabelos loiros e lisos e como eu ela é muito magra, esquelética.

– Qua-qual é o seu nome? - Ela pergunta.

Eu ainda estava no chão, com o rosto na neve, minha visão estava escurecendo e minhas costas doíam insuportavelmente.

– Salazar. - Sussurro.

Ficamos em silêncio um momento.

Eu estava morrendo, eu sabia disso, nada podia me salvar.

– Obrigada, Salazar. - Ela agradece.

São as últimas palavras que ouvi.

Acordo em um lugar totalmente branco, sem nada, apenas branco. A dor, a fome e o frio sumiram. Meu corpo não estava mais em pele e ossos e eu vestia uma roupa simples e pretas.

Estava confuso, será que é aqui que vamos quando morremos?

Me sento lentamente, esperando que a dor apareça, ela não aparece.

– O-olá? - Gaguejo para o vazio. Não ouço nada, mas me levanto. - Por favor! Tem alguém aí? - Pergunto, nada. - POR FAVOR! - Grito.

Eu não queria chorar, mas não me seguro e começo a soluçar.

Aperto os olhos, bem fechados e ouço um quase inaudível som de vento seguidos pelo som de passos.

– Não chore, meu caro. - Uma voz doce diz.

Abro os olhos e vejo três mulheres. Três lindas e maravilhosas mulheres, peles brancas como a neve, dois metros de altura, magras e com poucas curvas.

– Que-quem são vocês? - Gaguejo.

Elas sorriem. Uma delas se aproxima e se ajoelha ficando da minha altura. Ela tinha cabelo vermelho, em ondas, olhos verdes como a grama que eu a tanto tempo não via e lábios cheios e rosas.

Parecia a mais doce de todas.

– Meu nome é Vid e essas são minhas irmãs, Tempi e Espaci. - Ela diz apontando para cada uma.

Encaro as outras, o cabelo de Tempi era branco como sua pele, os olhos eram castanhos claros, parecia a mais séria. Espaci tinha o cabelo cor de terra molhada, olhos azuis parecia ter dificuldade em manter um sorriso discreto.

– O que vão fazer comigo? - Pergunto.

As duas que estavam afastadas se olham.

– Nada. - Espaci responde. - Queremos ajudá-lo.

– Eu estou morto. Não podem me ajudar. Ninguém pode!

Vid pega minha mão e se levanta, as outras duas andam até ficarem ao lado dela.

Como elas são altas! - Penso.

– Sim, você morreu. - Espaci concorda.

– Mas te escolhemos. - Tempi diz.

– E agora queremos te dar uma vida nova e te ensinar. - Vid diz.

Continuo olhando para aquelas mulheres estranhas. Elas admitiram que eu estava morto, eu sabia que tinha morrido, eu estava em um lugar desconhecido e totalmente fora de lógica.

– Eu estou confuso.

– Te julgaria um gênio se não estivesse - Tempi sorri.

Então elas começam a explicar. Sobre elas (as Amazonas), sobre seus poderes, sobre a ALFA, sobre seus falecidos companheiros, sobre as dimensões, as histórias dessas dimensões viraram livros e sobre o que eu ganharia ao viver com elas; poder, força, carinho e a imortalidade.

– Você não precisa aceitar, mas quero que saiba que não o machucaremos. Seremos como mães para você...

– Eu já tive uma mãe e ela me protegeu até sua morte, não quero outras. - Interrompo.

Espaci, que eu percebera - pelo pouco tempo de convívio - ser a mais impaciente, estreita os olhos, mas Vid - a mais doce - apenas ri delicadamente.

– Você tem razão, ninguém pode tomar o lugar de uma mãe...

– Não que tenhámos ou sejámos mães, não é, Vid? - Diz Espaci, implicante.

– Cale-se, Espaci! - Vid grita. Me assusto com a explosão repentina de raiva da Amazona, mas me acalmo quando ela me olha se desculpando. - Como eu dizia, nínguem pode tomar um lugar de uma mãe, o que acha de nos ver como... Como madrinhas?

Olho para essas mulheres, eu não as conhecia, eu desconfiava dela, mas alguma coisa, uma sensação morna me fazia já gostar delas, gostar do jeito que elas conversavam tão liberalmente umas com as outras, como falavam comigo e como pareciam ser boas. Elas poderiam ser poderosas, tendo poderes subrenaturais, mas elas não me mataram uma outra vez por eu ter desrespeitado-as. Eu poderia aceitar ser um "Viajante", mas...

– Se eu não aceitar, o que acontecerá comigo? - Pergunto desviando o olhar.

– Você nunca saberá a não ser que rejeite ser um Viajante. - Tempi diz.

Suspiro, é claro que elas não responderiam.

– Por que vocês me escolheram? - Pergunto.

– Você salvou àquela garota. - Espaci responde.

– Apenas isso? - Pergunto.

– "Apenas isso", você diz? - Tempi pergunta, não lhe respondo.

– Por que salvara ela?

Penso por um momento.

– Eu ia morrer cedo ou tarde, daquele jeito eu pelo menos salvei alguém. - Respondo.

Tempi sorriu.

– Você a salvou sendo fraco e podendo morrer. E se você ajudasse muitos e não pudesse morrer? - Tempi questiona.

– Achei que eu pudesse morrer na dimensão BETA.

Obviamente, me foi explicado que eu nascera na segunda dimensão, a BETA, e que lá e na ALFA - a primeira dimensão - eu poderia morrer.

– Você será poderoso o bastante para ganhar de qualquer pessoa na BETA e existe outras dimensões com guerras.

– Há guerras em outras dimensões? - Pergunto.

– É claro, menino! - Espace diz impaciente - Enquanto existirem pessoas, existiram guerras! Faz parte da natureza de todos!

– E vocês não podem parar essas guerras? - Pergunto.

– Somos fortes o bastante para isso, é claro, mas acreditamos firmemente no livre árbitro, criamos as dimensões assim, não podemos mudá-las. - Tempi diz e Vid concorda com a cabeça.

Por algum motivo isso não me pareceu egoísta ou maldoso, pareceu apenas... A realidade.

Olho demoradamente para cada uma das Amazonas. Espaci me encarava impacientemente, Tempi me olhava com calma e Vid apenas mexia em seu cabelo com um sorriso nos lábios.

– Eu aceito, senhoras, já que não podem impedir as guerras, eu posso ajudar nelas, lutando por quem mais merecer.

Não consigo explicar direito o que aconteceu. Tudo simplesmente girou. Eu não sabia o que era em cima, o que era em baixo, o que era atrás, frente, direita, esquerda, mas quando tudo acaba, eu caio de joelhos.

– Bem-vindo à sua nova casa, Salazar. - Vid diz estendendo sua mão para me ajudar a levantar.

Olho em volta, estava em um enorme círculo feito de um material que deveria ser alguma pedra preciosa branca, acho que só mesmo as Amazonas para terem algo tão grande e feito de um material tão nobre.

Em volta, uma floresta com diversos tipos de árvores, algumas bem estranhas e desconhecidas por mim, se estendia até que eu não pudesse ver o final. Também tinha uma casa, três andares, feita de paredes de tijolos cinzas, marrons e beges.

– É ali que vou viver? - Pergunto apontando para a casa.

– Não, essa é a casa dos hóspedes. - Tempi responde.

Uma casa inteira só para hóspedes? Será que eu me acostumaria com enormes placas de pedras preciosas e casas só para hóspedes?

– Então onde? - Pergunto.

– Temos uma casa construída para você, mas agora vamos mostrar toda a ALFA. - Vid responde com seu costumeiro tom doce.
Temp e Vid seguraram cada uma das minhas mãos. Lentamente saímos do chão voando. Sorrio muito enquanto nos erguemos acima de todas as árvores. Olho para cima e vejo um céu azul, nem claro e longe de ser escuro, sem nuvens e com um sol branco e que parecia ser menor do que o da BETA.

Subimos até que eu conseguisse perceber que a floresta era uma ilha retangular. Um rio enorme se estendia quase de um lado para o outro e o mar se ia até perder de vista.

– Ali - Tempi diz apontando para o canto sudoeste - é uma praia tropical.

– Ali é a nossa casa. - Aponta Espaci para canto nordeste.

– Sua casa é ali. - Vid diz acenando para o canto sudeste.

E continuaram assim, apontando para um monte de lugares; Jardins, poço, áreas de treinamento, espelhos de água que permitiam que observássemos as dimensões. Tudo na dimensão.

– Agora, quer conhecer sua casa? - Espaci pergunta.

Apenas sorrio de volta e começamos a descer na direção a campina que antes elas apontaram. Com as árvores e a altura eu não pude ver as casas, apenas uma enorme campina que ia até o mar, mas agora eu conseguia ver as três casinhas. Elas tinham dois andares, eram estreitas e pareciam extremamente novas, mas as semalhanças paravam aí.

Uma era feita totalmente de tijolos grandes e negros, com alguns pilares de madeira preta e lustrosa e com janelas grandes feitas de metal prata e vidro que mostrava cortinas de um cinza claríssimo. Outra era feita com os mesmo tijolos só que brancos, pilares e janelas de madeira branca. A ultima era de tijolos menores de um marrom terra, parecia que os tijolos eram grudados juntos por finíssimas camadas de bronze, as janelas também tinham o metal laranja em volta dos vidros.

– Qua-qual é a minha? - Gagueijo.

– Cada uma das casas é para um Viajante diferente, a preta é do Viajante da prata, a amarela para o de ouro e a marrom para o de bronze. - Tempi explica.

– A sua é a preta. - Vid diz.

Olho para a casa preta, ela me parecia imponente demais para um simples garoto como eu.

– Por que a preta? E por que Prata é o meu elemento? - Pergunto.

– Quando você morreu resgatamos sua alma e ligamos com um grande espírito.

– Vocês continuam falando de Espíritos, mas não me explicam o que é.

Me surpreendo com minha coragem em dizer isso.

– Cada tipo de coisa que racional tem uma alma e o que não é racional, plantas e minerais, tem um tipo de espírito, esse espirito é diferente das almas, não é inteligente. - Tempi diz.

– Criei todos os metais baseados no Ouro, na Prata e no Bronze, por mais diferentes que alguns sejam, no final eles descendem dos três principais metais, todos os metais que descendem do ouro compartilham o mesmo espirito, assim como o bronze e a prata. - Espaci ensina.

– Com sua alma ligada a prata, ligada até que ou se você morrer, você poderá controlar tudo que tiver o espírito da Prata na dimensão em que estiver, por que agora você tem o espiríto dela com você. O espírito agora é parte da sua alma. - Vid conclui.

Demoro um minuto para tentar absorver essas informações, mas depois pergunto:

– E meu corpo, como fica?

– Como nós, - Espaci começa, fazendo um gesto abrangente para as irmãs - você poderá ficar na forma física ou na forma de Espírito. Agora você está na física, com o tempo te ensinaremos e mudar para a forma de Espírito, que é mais poderosa. Em sua forma física, você pode comer e dormir como qualquer pessoa, mas você não terá a necessidade de você fazer isso, faça se quiser. Nesse forma você pode fazer coisas que em Espírito não poderá... Você entenderá quando se transformar.

Isso explicava minha mais importante pergunta: por que eu me sentia forte tanto mentalmente quando fisicamente?

– Podemos entrar? - Pergunto apontando para a casa que agora não me parecia tão mais imponente que eu.

Por dentro a casa era em todo preto, prata e cinza, tinha alguns detalhes mais coloridos, como na estante de livros e nas porcelas da pequena cozinha. Fico boquiaberto por tudo aquilo ser para mim, sem dizer nada eu subo a escada em caracol feita de metal negro. No segundo andar eu encontro um grande banheiro, com ducha, uma banheira gigante e uma pia enorme tudo feito de uma mistura de porcelana em tons de cinza, o banheiro não tinha sanitário, eu não precisaria. Abro outra porta e encontro um quarto muito bonito decorado em cinza e preto, não dou atenção a esse quarto, parecia que o outro me chamava, saindo do quarto encontro as Amazonas no corredor, sorrio para elas eu entro no outro quarto.

Uma das parede, a que tinha uma porta para uma sacada, era pintada de preto, mas o preto quase não era visível pela cortina enorme e cinza que cobria a enorme porta. As outras paredes eram do mesmo tom calmante e escuro de cinza que a cortina. O quarto tinha mesa, sofá, uma estante vazia e um lustre rústico que pendia do teto.

Eu não sabia por que esse quarto me chamava, ele era mais bonito do que o outro na minha opnião, mas parecia que não era isso... Eu me mais sentia ligado a esse quarto, algo dentro de mim me puxava para cá, era a mesma sensação que me fizera gostar das Amazonas.

– Esse quarto tem alguma coisa de especial? - Pergunto para as Amazonas.

– Não. - Vid nega, mas parece incerta.

Continuo olhando para o quarto quando de repente, como se saindo de um rasgo no ar, uma espada aparece no meio do quarto flutuando.

[Espada: http://images.uesp.net/2/22/SR-icon-weapon-EbonySword.png ]

Era uma espada com um aspecto sombrio, era preta, curta e trabalhada. Embora ela me assustasse um pouco eu não podia deixar de perceber o quanto ele era bonita.

As Amazonas pareciam surpresas, sem falar nada eu vou até a espada e a pego. O peso dela me dá, por um momento, a mesma sensação que me puxava para o quarto, só que mais forte, mas depois desse momento, toda a sensação acaba, a do quarto, a das Amazonas e a da espada.

– Que espada é essa? - Pergunto me virando para elas com a espada na mão.

Elas continuam encarando a espada até que Espaci suspira:

– É a espada de Ênio.

Ênio, o falecido marido de Espaci.

Volto a olhar a espada, se ela era de um homem que morreu a milhares de anos como ela pôde aparecer?

Percebo "Pro Herede" escrito bem pequeno no punho da espada, numa letra estranha e como se tivesse sido escrita arranhando.

– O que significa Pro Herede? - Pergunto.

Tempi suspira e se adianta até a minha frente tomando a espada delicadamente de mim.

– Significa "Para o Herdeiro". - Tempi diz.

– Esse não é o nome da espada de Ênio. - Espaci diz.

Ela parecia não querer acreditar que a espada era do antigo Espírito da Prata.

– Mas é com certeza a espada dele. - Tempi afirma. - Eu sinto os traços dele nela, irmã.

Espaci trinca os dentes e só abre para pergunta:

– Então por que ela só apareceu agora?!

A raiva transbordava em seus olhos, me seguro para não me afastar mais dela, por que afinal, eu precisava tentar ser forte de agora em diante.

– É obvio, irmã. - Vid diz. - A espada apareceu com um nome novo, um nome que sujere claramente que é para o herdeiro dele, Salazar é o novo espírito da Prata. A espada é para ele...

– Não faz sentido nenhum isso! - Espaci interrompe - Ele morreu! Procuramos essa espada por anos! Ela não pode ter simplesmente sido colocada numa bolsa interdimencional só para aparecer quando ele tivesse um herdeiro! Ele não teria uma herdeiro! E ele estava lutando com essa espada quando morreu!

Bolsa interdimencional, uma bolsa que segue os donos dela por todas as dimensões.

– Espaci, se acalme! - Tempi grita. - Você esta assustando Salazar!

Ela estava realmente me assustando, mas não só isso a forma como ela gritava desesperada me deixava triste.

Espaci fica quieta, se segurando.

– Ele pode ter achado que um dia vocês iam ter alunos. - Murmuro.

Minha coragem em falar pegou as Amazonas de surpresa e acalmou Espaci que suspirou ficando quieta um momento.

– Façamos como esta escrito na espada. - Espaci começa retomando a pose imponente - Essa espada, Salazar, agora é sua. Cuide bem dela.

Dito isso, a Amazona deixa o quarto.

– Eu posso realmente ficar com a espada? - Pergunto torcendo para receber um sim.

Vid e Tempi trocam um olhar e depois um sorriso.

– Pode sim. - Vid concorda.

– Que você seja tão bom espadachim quanto o antigo dono. - Tempi diz me entregando a espada de volta.

Sorriu para elas e olho para a espada por um momento. Depois eu volto a observar o quarto, provavelmente o quarto deveria ter sido feito na intenção de ser uma sala, talvez um escritório, mas eu o via de outra forma.

– Posso pedir uma coisa? - Pergunto.

– É claro, Sal. - Vid concorda. - O que quer?

– Uma cama. - digo - Nesse quarto.

Tempi levanta as sobrancelhas, mas balança a mão e uma enorme cama feita de metal negro e coberta por um lençol cinza aparece.

– Assim? - Ela pergunta.

– Perfeita! Muito obrigado! - Agradeço.

As duas Amazonas riem.

– Não há de que.

– Com o tempo você poderá terminar de organizar a casa e o quarto de seu gosto, mas por enquanto, descanse sua mente. - Vid aconselha bagunçando meu cabelo.

– Tudo bem. - Concordo. Quando as Amazonas estavam saindo do quarto eu digo rapidamente - Muito obrigado! - Elas se viram e eu continuo - Por tudo, obrigado mesmo. Obrigado por me escolherem, por me salvarem e por...

As duas Amazonas sorriem e Vid me interrompe

– Nos agradeça aprendendo tudo o que ensinarmos e ajudando os outros. - Vid diz para enfim saírem.

Espero as Amazonas saírem e vou até o banheiro para jogar água em meu rosto.

Agora eu não viveria mais nas ruas frias da Inglaterra, agora eu aprenderia. Viveria em uma casa confortável e usaria uma linda espada negra.

A casa e a espada eram na cor preta, não é? Olho para o meu reflexo, eu tinha cabelo loiro que, de tanto tempo sem cortar, estava quase nos ombros, tinha olhos verdes claros e minha pele era bem branca.

Assim que eu visse as Amazonas eu pediria outra mudança.

Que elas me dessem um cabelo e olhos da cor da minha casa e de minha espada para mostrar que eu mudara, para mostrar que agora eu sou forte. Que agora eu sou digno de usar essa espada e de morar nessa casa. De que agora, eu era um Viajante.


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Notas finais do capítulo

Resolvi postar logo esse capítulo, mas aviso que não sei quando posto o próximo