Lisbon estremeceu ao ver aquela imagem, a mesma descrita por Amy, sentiu seu sangue se esvair e um frio tomar conta de seu corpo.
– O que é isso?
Dan estava de costas quando Lisbon reparou no animal tatuado entre os demais desenhos.
– Lisbon? Tudo bem? - indagou ele percebendo a reação da colega.
Lisbon se afastou e postou sua mão no quadril involuntariamente.
– O que é isso? - repetiu lentamente
– Isso o quê? - aproximou-se Dan
Lisbon rapidamente sacou sua arma e Dan levantou os braços em sinal de rendição.
– Eu vou perguntar mais uma vez: O que é isso? - disse Lisbon pausadamente
– Okay, Lisbon. O que está acontecendo? Do que você está falando? - novamente ele se aproximou
– Fique ai. - ordenou Lisbon segurando mais firme a Glock - Amy me contou o pesadelo de ontem, disse que dois homens atacavam o pai dela, e um deles tinha um escorpião tatuado no pescoço. Você também tem um. Coincidência?
Dan fechou os olhos e soltou um suspiro, baixou os braços e começou:
– Olha... Vamos manter a calma, tudo bem? Se eu quisesse fazer alguma coisa com a Amy eu já teria feito, você não acha? - Lisbon o olhava fixamente - Abaixa essa arma, por favor.
Lisbon não o fez.
– Qual é a do escorpião?
– Eu era do Cartel... - Lisbon engatilhou a arma e Dan reergueu os braços - Eu ERA. Meu pai era traficante, cresci no meio deles, fiz parte da equipe "de elite" deles. Está vendo isso aqui? - Ele mostrou uma rosa com um longo ramo espinhento tatuado da costela até o meio do abdômen - Foi na minha primeira missão, TINHA 15 ANOS - Enfatizou ele com ódio - uma facada que me tirou tanto sangue que fiquei em coma por cinco dias. Três anos atrás soube que minha namorada estava grávida e resolvi sair, porque não queria filho meu tendo que tatuar o corpo por uma cicatriz.
– E o escorpião? Como entrou para o FBI? - continuou Lisbon sem mover um músculo
– O escorpião é uma marca, você faz quando completa o seu décimo assassinato pelo cartel. - Explica Dan paciente - Com o escorpião você ganha respeito e outros te contratam como assassino de aluguel. Depois do décimo quinto pelo cartel você faz essa cobra - mostrou uma serpente enrolada pronta ao bote entre o ombro e o braço direito, próximo ao escorpião - e passa a trabalhar só pelo cartel. Quer baixar essa arma?! Por favor?!
– O FBI - responde Lisbon séria
– E se a Amy entrar aqui agora? Vai apontar uma arma para ela também?! - Se irrita Dan
– Onde ela está? - pergunta Lisbon preocupada
– Deixei ela na banheira com um pouco de água morna, para evitar o resfriado.
– Deixou ela sozinha?! - Lisbon baixou a arma - E se ela se afogar?
– Eu deixei bem raso, não cobre nem os pés, só para aquecer um pouco - contou Dan, de volta a paciência, tirando as meias molhadas - Devia trocar de roupa, ou você quem vai pegar um resfriado.
Lisbon respirou fundo, deu alguns passos para se acalmar e voltou os olhos para o chão.
– Pode me contar como foi parar no FBI? - pediu ela, agora mais calma.
– Quando quis sair do cartel eu já tinha... bem... cuidado de muitos alvos. Em um deles um agente do FBI quase me prendeu, mas ele não tinha provas e só achava que era eu porque tinha... instinto. Noan, foi ele quem me ajudou. Me ofereceu um acordo de liberdade se eu colaborasse. Mas na época eu não aceitei, só tinha 17 anos. Foi ele quem eu procurei quando soube da Iven, me ofereceu a liberdade e ajuda, em troca... só queria que eu fizesse o mesmo que fazia pelo cartel, além de uma ajudinha aqui ou ali quando precisasse de alguém que saiba como ele funciona. Por que acha estou aqui?
– Eu vou ver a Amy
Foi só o que Lisbon disse depois de absorver as informações imóvel, era verdade que ele teve oportunidades de machucar Amy e não o fez, mas como confiar nele? E ela nem mesmo tinha contado ao resto da equipe sobre o escorpião, somente para Jane, ou seja, ninguém para confirmar a história de Gruber. Em resumo: dormir essa noite seria impossível.
Lisbon se levantou e foi até o banheiro buscar Amy. Dan continuou na sala se secando. Contudo a tensão e desconfiança já estavam instaladas naquela parceria e Amy não demoraria a perceber.