Jane bateu na porta e esperou pacientemente por alguns segundos demorados. Lisbon tinha voltado a dormir com Amy nos braços e Dan foi quem atendeu.
Boa Tarde, em que posso ajudar você? - perguntou Dan desconfiado
Oi, Dan. Sou eu Patrick Jane, Teresa avisou que eu vinha?
Ah... Ela falou alguma coisa sobre isso - Dan estendeu a mão a Jane - Me chame de Gruber, as duas devem estar dormindo, faz um tempo que elas subiram para o quarto.
Obrigado, eu vou chamar as duas - sorriu Jane indo em direção aos quartos.
Não acorde a Amy! - Lembrou Dan - Ela... ela é muito ativa não dormiu muito essa noite
Tudo bem... Vou lá
Jane foi até o quarto de Lisbon e lenta e silenciosamente abriu a porta, viu as duas dormindo e Amy com os olhos ainda úmidos. Ele se aproximou e depositou um beijo suave no rosto de Lisbon, que se mexeu levemente.
Bom dia, Bela adormecida - sussurrou Jane
Que bom que você chegou - sorriu Lisbon - e vivo - acrescentou se levantando
Xiiii, Gruber pediu para não acordar a menina
Mas ela tem que comer... Droga! - rosnou Lisbon - Esqueci da comida.
Eu percebi que você anda dormindo muito mesmo. Vamos, vou levar vocês duas para comer e até o grandalhão lá fora - brincou Jane
Não acho uma boa ideia sairmos com ela. É muita exposição. - advertiu Lisbon
Meh! Estamos a quilômetros de distância de Laredo, nem desconfiam que estamos aqui. Além do que - Jane se aproxima de Amy - Ela precisa se distrair um pouco, para amenizar o que aconteceu. Você disse que ela teve pesadelos, talvez levar ela para passear faça eles sumirem um pouco.
Tem razão... Ah! O pesadelo. - Lisbon pegou o bloco de papel e mostrou a Jane - Um dos bandidos tem um escorpião no pescoço. Amy sonhou com o assassinato do pai. - acrescentou ela desviando o olhar e pondo a mão no bolso.
Hm... Na volta avisamos o Cho. Vamos? - perguntou ele pegando a pequena no colo com clara intenção de a acordar, o que não aconteceu.
Sorvete... - balbuciou Amy ainda no reino dos sonhos.
Ei, Amy. Que tal nós irmos tomar sorvete? - Perguntou gentilmente Jane pondo-a de frente para si
Amy esfregou os olhos e só então percebeu o que aconteceu.
Teresa - procurou ela desesperadamente.
Calma, calma. Eu estou aqui. É o Jane, lembra? - tomou-a para si Lisbon
O que tem nome de menina, não é? - bocejou ela
Sim - respondeu Lisbon em meio ao riso
Ah, é assim que você me conhece? - brincou Jane
Por que seu nome é de menina? - indagou Amy agora esperta
Meu nome é Patrick Jane, mas algumas pessoa me chamam só de Patrick outra só de Jane. Qual você prefere?
Qual o nome que a Teresa te chama?
Aí depende. - sorriu Jane
Do quê?
De nada, como você quer chamá-lo? - interviu Lisbon
Patrick, porque você é um menino. - Respondeu a menina passando o dedo indicador na barba de Jane.
Amy, você queria tomar sorvete? - A menina afirmou com um enorme sorriso - o que me diz, Teresa?
Ei, por que você chama ela de Teresa? Eu que chamo ela assim
Jane sorriu assim como Lisbon
Você deixa eu chamar ela de Teresa? - pede Jane sem resposta - Por favor? - insiste.
Só se eu ganhar sorvete.
Ah, mas isso você tem que pedir dela. Se ela não deixar... sem sorvete - Explicou Jane fingindo-se sério.
Amy olhou para Lisbon com muita empolgação e lhe pediu com o maior dos sorrisos gulosos que ela permitisse, o que aconteceu. Alguns minutos depois estavam todos saindo da casa de Lisbon: Lisbon com Amy segura na mão direita, Jane com seu terno aberto e Dan com um blusa social fechada até o pescoço, que foi posta no lugar de seu terno igualmente sufocante a pedido de Jane que argumentou dizendo: "Você parece um soldado de chumbo. Queremos sair como amigos que estão passeando pela rua, não como o embaixador da França, que precisa de seguranças. Troque de roupa e relaxe, sim?"
Jane levou a todos para um restaurante e lá almoçaram tranquilamente. Dan, como sempre, muito calado só se tornava menos focado quando Amy o convidava a ser assim. Jane reforçou a confiança com a pequena conquistada no dia anterior, quando ajudara em seu salvamento.
Depois do almoço, Jane estava determinado a tornar o dia de Amy inesquecível, sabia que, vendo Amy feliz, Lisbon também ficaria assim. Levou-os em um parque de Austin, onde ficaram dispersos das horas e se divertiam em três. Enquanto isso, Dan ficava de longe, apenas observando. Ele achou melhor assim, pois sabia que perto deles iria se distrair e não queria por em risco a vida de sua protegida, mesmo que Jane, por diversas vezes, tenha dito para não se preocupar tanto com isso.
Não foi nem um pouco difícil para Dan perceber que Jane e Lisbon eram mais que bons amigos ou colegas de trabalho, visto que Jane por várias vezes acariciou Lisbon no rosto e até mesmo lhe roubou uns beijos. Beijos que receberam duras críticas de Amy, que se sentia enciumada com aquela intimidade com a sua protetora.
Ah, eu também quero esse carinho todo. Amy tem que aprender a dividir - protestou Jane ao ver que Lisbon se dispunha mais à Amy que a ele.
Oh, Fique quieto! - ordenou Lisbon rindo.
Eu vou - obedeceu Jane roubando outro beijo
Para com isso - repreendeu Amy o empurrando
Os dois riram e Amy se pôs no colo de Lisbon que estava sentada na grama. Jane se deitou de olhos fechados e sentiu uma gota d'água em seu rosto e depois outro e outro. De repente a chuva desabou e os três, atordoados, se levantaram e correram para o carro. Dan chegou no meio do caminho e os seguiu. O carro estava longe e por isso chegaram nele ensopados, Lisbon tentou proteger Amy da chuva e Jane à ela, em vão tentaram os dois.
Então, Amy! Gostou de pegar chuva? - brincou Jane ligando o carro
Sim! Vamos fazer de novo?! - perguntou a menina empolgada com água escorrendo nos olhos
Nem pensar! Temos que enxugar você antes que fique resfriada. - proibiu Lisbon do banco do passageiro.
Não trouxe nenhuma toalha e nem roupa. Droga! Suzzane sempre lembra disso e eu sempre esqueço. - se culpou Dan tentando, inutilmente, secar Amy no banco de trás.
Calma. Ninguém aqui lembrou - consolou Jane rindo da aventura
Quem é Suz... Suz...
Suzzane - interrompeu Dan a Amy - É a mãe da Iven, minha esposa.
É aquela que está na foto junto com a Iven? - perguntou Amy
Quando você mexeu na minha carteira?
Depois que você me mostrou a Iven.
Depois de você ter quebrado o ovo? Mas... você é muito rápida para a sua idade mocinha. Como fez isso? - surpreendeu-se Dan
Jane apenas ria da situação. Após meia hora no carro, todos chegaram com a chuva distante e a roupa apenas úmida. Desceram do carro, Dan entrou com Amy para secá-la e Lisbon fez questão de que Jane voltasse para Laredo e continuasse a investigação.
Não tem por que eu voltar. Cho me avisa se precisarem de mim - argumentou Jane
Mas não é a mesma coisa. Patrick, aqui você não ajuda tanto quanto lá
Quem disse? Eu posso ser bem mais útil conversando com a Amy. Eu posso até fazer ela lembrar de mais alguma coisa.
Sem chance! Você não vai fazer ela lembrar de nada! Muito menos hipnotizá-la, entendeu? - repreendeu Lisbon indignada
Tudo bem, não vou hipnotizá-la. - concordou Jane arregalando os olhos.
Prometa que não vai fazer ela lembrar de nada. - insistiu Lisbon
Tudo bem, tudo bem. Prometo. Isso é muito importante para você não é?
Você precisa voltar... - continuou ela - Precisa prender quem fez isso e impedir que machuquem a Amy. - suplicou ela fúnebre
Eu sei. Não se preocupe - aceitou Jane se aproximando e tocando em seu rosto - Eu volto depois de amanhã.
Ok - disse Lisbon o beijando leve e rapidamente.
Os dois ficaram inertes por alguns segundos, apenas sentindo o calor um do outro que emanava com o vapor proveniente das roupas úmidas.
Eu sou mais útil que o senhor músculo aí - acrescentou Jane quebrando o silêncio.
Tchau - se despediu Lisbon não contendo os risos.
Jane saiu rindo também e Lisbon se virou para entrar em casa. Ainda sentindo o gosto dos lábios de Jane, Lisbon abriu a porta se deparou com Dan terminando de tirar sua blusa molhada. Foi impossível não perceber, no pescoço do colega, um escorpião preto tatuado.