Novo Mundo escrita por Mi Freire


Capítulo 10
Pegos no flagra.


Notas iniciais do capítulo

Notei que o número de leitores aumentou nos últimos dias. Gostaria muito que vocês se manisfestassem de alguma forma. Só para eu ter certeza que vale mesmo a pena continuar.



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— Que bom que você veio, Brad. – Alison correu para abraça-lo, quando ele finalmente chegou. — Eu pensei que...

— Shhhh – ele a calou com o dedo, sorrindo lindamente. — Você me pediu e eu vim. Não te deixaria na mão em um dia tão importante.

— Nem mesmo se sua irmã nos matar quando nos ver juntos?

Ela riu descontraída.

E ele pegou sua mão gentilmente.

— Nem mesmo por isso.

Alison o conduziu até o pátio central da Universidade onde havia uma multidão de pessoas por lá. Sentadas ou pé conversando e tomando champanhe. Era uma noite importante. O dia do evento beneficente. Evento que todos os anos a Universidade organizava, doando os trabalhos acadêmicos dos principais cursos para instituição carentes. A maioria dos alunos participavam daquela longa cerimônia de entrega, trajados elegantemente em looks formais.

Alison usava um longo vestido preto com decote V profundo alugado, sandálias pratas, os cabelos ruivos presos de lado e a maquiagem forte. Já Bradley usava um smoking simples azul-marinho e sapatos preto social. Os belos cabelos claros penteados pra cima.

Ele estava lindo.

Os dois andaram entre os convidados, sorrindo simpaticamente. Alison o apresentou a alguns colegas de classe e aos seus professores prediletos. Um garçom passou entre eles e Brad pegou duas taças.

— Eu não....

Ela ia dizer que não bebia em hipótese alguma. Apesar de ter cometido alguns deslizes desde que conhecera David. Mas então desistiu e aceitou a taça de champanhe assim mesmo. Pois aquela noite tinha tudo para ser um fiasco, mas agora que Brad estava ali sendo seu acompanhante tudo mudara e se tornou melhor e agradável.

Ele salvara sua noite.

Os dois fizeram um brinde.

— Você é a mais bonita essa noite.

— Obrigada, Brad. Você também não está nada mal.

De longe abraçada com Tony, Margo os observava atentamente.

— Vamos aproveitar a noite, querida.

— Eu não posso! Não posso permitir que eles fiquem juntos!

Por dentro Tony ria vitorioso.

— A Margo está passando dos limites. Eu deveria acabar com a cara daquele moleque. – Brad se referia a Tony, agora que ele já sabia toda a verdade através de Alison. — Eu vou agora mesmo falar com ela.

— Não! – Alison o puxou pelo braço. — Não faça isso! Não agora. A entrega já vai começar. Deixe isso pra lá. Eles parecem... Felizes. Não estrague essa noite. Converse com ela em casa.

— Você tem razão. – ele virou-se de frente para ela, tocando seu rosto novamente. Não era a primeira vez aquela noite. Alison podia sentir seu coração fraquejar com a aproximação. — Você sempre tem razão, Alison. Eu não quero e nem devo estragar a sua noite.

— Obrigada! Eu sabia que podia contar com você. – ela sorriu, desviando o olhar. Olhando em volta. Evitando Margo e Tony. — Olha lá a Meredith e o marido dela. Vamos falar com ela! Lembra-se dela? Ela costumava ser a minha professora predileta.

— Como eu poderia esquecer? – ele a acompanhou, sorridente. Os dentes certos a mostra. — Daquele tempo poucas coisas eu esqueci.

≈≈≈

A noite estava sendo melhor do que o esperado. Ela e Bradley estavam se dando muito bem. Conversaram, se enturmaram, se divertiram, tiveram um tempo a sós e agora ela deu uma pausa para ir ao banheiro. Sentia que a noite ainda poderia a surpreender de muitas formas e apesar de ter garantido a Lucy de que daria um tempo de homens em sua vida, Brad aos poucos estava conseguindo a convence-la do contrário. Ele a atraia. Essa era a verdade. Sempre a atraiu.

A volta dele despertou nela sentimentos adormecidos.

Alison cruzou o pátio com sua bolsinha em mãos, indo até o banheiro mais próximo. Precisava retocar a maquiagem. Entrou no banheiro que estava vazio, um raro milagre, e se dirigiu até o imenso espelho. Da bolsinha tirou o rímel e seu gloss de framboesa quando ouviu alguns ruídos esquisitos saindo de trás de uma das cabines.

O que poderia ser? Ela se perguntou. Sua imaginação ou alguém passando mal? De qualquer forma ela precisava conferir. Caso alguém que abusou do champanhe e dos petiscos precisasse de sua ajuda.

Com cuidado levou a mão até a porta da cabine e com a ponta dos dedos a empurrou devagar. Nem se deram a luxo de tranca-la, assim foi mais fácil. Mas quando viu o que estava escondido ali quase caiu para trás. Era tudo que ela não precisava ver aquela noite.

≈≈≈

— Você precisa parar com isso, Margo. – pediu Brad na primeira oportunidade. — Que infantilidade! Ela era a sua amiga. E por causa de um homem você nem ser dar o luxo de ouvir o lado dela?

— Você disse certo Brad: nós éramos amigas. Até ela resolver dar em cima do meu namorado! Você se deu conta disso? Se eu fosse você tomaria cuidado com a carinha de ingênua dela! Aquela ali é uma vaca e me decepcionou muito.

Brad abriu a boca para defender Alison, mas Margo não deu tempo e continuou:

— Eu nem sei porque você faz tanta questão de defende-la! Na verdade, eu nem porque você voltou. Se vai ficar por uns tempos na minha casa, pelo menos tente não se meter na minha vida. Porque você não tem nada a ver com isso!

— Eu tenho sim, mocinha. Eu sou o seu irmão! E mais velho, por sinal. Você me deve respeito. E isso não é sobre a Alison, é sobre você e esse seu namoradinho. Eu não quero mais vê-la com ele.

— O quê? – ela riu, sem humor. — Você só pode estar de brincadeira! Eu namoro o Tony há um tempo já e você nunca se importou, até aquela lá dar uma de coitadinha quando na verdade ela queria rouba-lo de mim! Quer saber? Por hoje chega. Eu vou embora.

— Ah, não vai não. – ele a puxou pelo braço, ela horrorizada olhou assustada pra ele. — Me escuta aqui Margo. Você pode não acreditar em nada do que eu diga agora, mas amanhã vai me agradecer por isso. Amanhã quando a verdade vier a tona você vai procurar um ombro para chorar toda a sua infelicidade e adivinha só quer vai estar lá por você? Sim, isso mesmo. Sua amiga Alison. Porque ela sim se importa e ama você há um tempão já. Nem sei como ela te aguenta. E não esse seu namoradinho folgado que só se aproveita de você.

Depois de muita relutância ele a deixou ir, já havia dito tudo que queria, tudo que ela precisava saber. Ele só esperava que aquilo não durasse muito e que logo ela descobrisse a verdadeira face de Tony.

≈≈≈

E lá estavam eles: David e Meredith.

Ela sem a parte de cima do elegante vestido cor-de-rosa, os cabelos louros despenteado e a maquiagem levemente borrada. Ele com a calça jeans preta aberta, a camiseta amarrotada e as mãos de baixo da saia do vestido dela. Pegos em flagrante, aos beijos e agarramento, escondidos, dentro do pequeno cubículo. Alison estava chocada demais para acreditar no que estava vendo. Não podia ser real.

— Alison? Eu posso explicar...

Meredith colocou o vestido no lugar e passou a mão pelos cabelos desalinhados, estava vermelha de vergonha.

— Não. Não pode. Eu já estou vendo tudo. – ela riu sem humor, dando um passo para trás. — Quer saber? Vamos fazer assim: eu finjo que eu nunca presenciei isso e vocês podem continuar com a brincadeira. Eu já estava de saída mesmo.

Ela fechou a porta que abriu. Sentia-se no modo automático, perplexa. Pegou suas coisas sobre a bancada em frente ao espelho e saiu.

— Alison? Aconteceu alguma coisa? – Brad foi logo perguntando quando ela foi de encontro a ele. — Você está pálida!

— Não estou me sentindo muito bem. – ela estava começando a sentir náuseas e uma vontade tremenda de vomitar. — Que tal irmos embora daqui? Por hoje chega! Eu quero comer alguma coisa.

— Vamos. Vamos sim. – ele pegou sua mão, firme. — Com você eu vou para qualquer lugar. – ele sorriu, beijando os cabelos dela.

≈≈≈

Alison entrou em seu apartamento a uma hora da manhã. Acendeu a luzes, foi recepcionada por Gael como sempre e tirou os saltos. Nem se quer se deu conta de que um alguém a esperava sentado no sofá de sua sala com os cotovelos apoiados sobre os joelhos.

— Como você entrou aqui?

— Esqueceu-se de que a chave reserva que ficava com a Margo agora está comigo? Você mesma me deu não faz muito tempo.

Então ela se lembrou. Ele estava certo.

— Estou muito cansada. Podemos ter essa conversa depois?

Ela não conseguia olhar pra ele. Sentia uma espécie de repulsa depois do que viu. Mal podia reconhece-lo. Aquele não era o seu David, não o David que ela conheceu e amou desde o primeiro instante com seu jeito encantador de ser. Onde estava seu David? O que havia acontecido com ele? Seu David jamais se envolveria com uma mulher... Casada.

— Olha pra mim, Ali. Vamos conversar. Por favor. Eu quero que você entenda. Não é exatamente o que você está pensando.

— Você quer que eu entenda o que, David? Que você não é como eu imaginava que fosse? Que você me decepcionou? Ou que você é como todos os outros? – ela olhava pra ele, os olhos cheios de raiva. — Ah, por favor. Qual é? Você não precisa me dizer nada. Eu vi tudo. Não foi ninguém que me disse. Isso não tem explicação, David. Não tem!

— Eu nunca quis que você me achasse diferente dos outros! – ele se levantou, elevando o tom de voz. — Eu não sou assim. Eu sou como todo mundo: falho, cheios de defeitos, erros e que faz estupidez, que quebra a cara, que aprende, que se recupera, que sobrevive.

— Ah, então tá bom. – ela ergueu os braços, rendida. Sua voz transbordava ironia. — Então agora eu sou a errada por ter criado expectativas em relação a você? Eu sou a idiota por ter acreditado e confiado em você mais do que um dia já confiei em alguém? É tudo minha culpa agora? Nossa, parabéns! Muito obrigada, David. Obrigada por me fazer sentir pior, como se eu sempre fosse a culpada por tudo, inclusive pelos erros dos outros.

— Você não está entendendo, Ali. Não foi isso que eu quis dizer. O que eu quis dizer é que eu te avisei, eu te avisei diversas vezes pra você tomar cuidado. Porque você sempre criou muitas expectativas e que uma hora ou outra você poderia acabar se magoando quando percebesse que a realidade é bem diferente do que você imagina.

— Ei. Isso não é sobre mim! E sim sobre você. Você me conhece bem o suficiente para saber que eu sou assim. Eu sempre fui assim. Uma grande sonhadora com tudo. Não é como se eu pudesse evitar, legal? Eu realmente espero muito das pessoas, mesmo que isso vá me magoar no futuro. Eu só queria que por um momento – seus olhos se encheram de lágrimas muito depressa. – elas se importassem comigo tanto quanto eu me importo com elas. Mas você tem razão: na real não é bem assim.

Alison estava segurando ao máximo suas lágrimas de raiva, ela era péssima em tudo. Em mentir, como amiga, namorada, como filha e até mesmo péssima para discutir com alguém de quem muita gosta. Basta elevar um pouquinho a voz para seus olhos se encherem de lagrimas de tanta raiva. Raiva que ela raramente consegue controlar.

— Eu precisava ter certeza. – disse ele, mais para si mesmo do que para ela. Voltando a se sentar. Certo de que havia ido longe demais e era hora de recuar um pouco. — Precisava saber se o que eu senti por ela foi mesmo real ou também foi só algo da minha cabeça. Eu também era assim, Ali. Exatamente como você. Dava tudo de mim e esperava o mesmo em troca. Até o dia em que... Brincaram com os meus sentimentos como se eles não passassem de uma grande nada.

Ela suspirou forte de onde estava, ouvindo-o com atenção.

— Eu fui até a Universidade para falar com você, me desculpar por ter sido um babaca com você. Eu tenho agido feito um imbecil ultimamente e não me orgulho disso. – ele explicou, a cabeça baixa. — Eu procurei você por toda parte entre aquelas tantas pessoas. Foi quando ela me viu e me puxou para o canto para puxar conversa. Até aí tudo bem, eu tentei ser o mais simpático possível. Ficamos conversando por um tempo, como dois velhos conhecidos. Mas aí eu me dei conta de que enquanto ela falava, eu não ouvia absolutamente nada. Estava concentrado demais nos olhos azuis dela e na boca se movendo delicadamente. O mundo havia parado e eu demorei muito para perceber. E então eu soube que havia algo de muito errado e eu precisava tirar aquela história mal resolvida a limpo.

David deu uma pausa, para recuperar o folego.

— Quando dei por mim, estávamos nos agarrando loucamente. Eu não conseguia entender como e nem quando tudo começou. Ela deve ter sentido o mesmo para corresponder. Mas não podíamos simplesmente ficar ali, correndo o risco do.... Marido dela nos ver. Tivemos a ideia de ir ao banheiro. Eu queria muito só conversar com ela. Era tudo que eu tinha em mente. Mas meu corpo reagia de outra forma, querendo toca-la, sentir aquilo outra vez, aquela paixão, o amor, a chama....

Enquanto ele narrava sua versão, Alison imaginava tudo.

— E você sentiu? Digo, conseguiu sentir tudo aquilo outra vez depois de tanto tempo separados?

— Sabe o que é pior? – ele não a respondeu, como se não tivesse ouvido sua pergunta. — Eu arrisquei tanto por nada. Pois mesmo tocando-a, beijando-a, sentindo-a junto a mim eu, nem por um momento, nem por um segundo, consegui sentir aquilo outra vez. E dentro de mim, enquanto uma parte de mim se perdia com o calor da situação, a outra parte sã se perguntava se algum dia, algum tempo atrás, eu realmente tinha sentido o que eu acreditava ter sentido: o amor. Ou se eu só me enganei, iludido com a ideia de poder amar alguém pela primeira vez. E até agora, mesmo aqui contanto tudo isso pra você, eu não sei bem a resposta. E talvez nunca vá saber.

Tocada por suas palavras, Alison se aproximou dele descalça. Tinha todos os motivos do mundo para não acreditar em nenhuma se quer palavra de David. Ele de certa forma havia traído sua confiança e despedaçado suas expectativas. Ela já estava meio que se acostumando com isso: ser deixada para trás pelas pessoas que amava. Mas algo no som da voz dele agora bem mais calma, em seu tom normal, fazia com que ela acreditasse em tudo. Pode parecer loucura, mas ela acreditava, sabia que ele estava sendo verdadeiro. E mesmo estando todo errado, ele também estava magoado. E precisava dela. Por isso, nem recitou em sentar-se ao seu lado e abraçá-lo de lado.

— Não faça isso nunca mais.

— Eu não farei. Não se isso for ter magoar outra vez.

Eles se entreolharam, com um meio sorriso cada um.

— Seu idiota.

— Eu sou, admito. Um completo idiota. Mas sou um idiota que detesta te decepcionar. E que está cansado de te magoar. Por isso, me desculpe. Eu sinto muito. Muito mesmo. Por tudo.

— Eu também sinto. Sinto muito.

Os dois se abraçaram e ficaram um bom tempo apenas assim.

≈≈≈

O inverno tomou conta das ruas em dezembro, assim como o espirito natalino. As calçadas recobertas por uma fina camada de neve estavam decoradas com papai noel de todos os tamanhos e tipos, renas, árvores de natal e luzes coloridas por todas as partes.

Era uma das épocas do ano preferidas de Alison, onde as pessoas geralmente ficavam mais sensíveis, sorridentes, alegres e comunicativas. As lojas sempre lotadas de pessoas querendo comprar presentes para a família e as calçadas transtornadas por crianças com suas tocas, luvas e cachecóis impressionadas com a decoração das casas, lojas e prédios. Nada poderia se comparar ao prazer de ver uma criança sorrindo, admirada, fazendo boas ações aos mais necessitados com o auxílio dos pais mais presentes.

Corine estava dando uma festa intima em seu apartamento aquela tarde, na segunda semana de dezembro. E ela fez questão de pedir a Alison que chamasse todos os seus amigos para fazer parte. Assim, Alison pôde convidar Lucy, David e Bradley.

Corine recebeu todos com um abraço caloroso, principalmente Lucy por quem simpatizou imediatamente. Os homens acompanharam Jason até a cozinha, para pegarem mais champanhe. E as meninas sentaram no sofá para conversar.

Alison estava cada vez mais próxima de Brad, seu mais novo companheiro nas últimas semanas. Eles saem com frequências e conversam muito sobre diversas coisas. Diante dele ela se sente estranhamente tímida. Ele, por sua vez, faz questão de faze-la sorrir, elogia-la, mesmo que isso, a deixe um pouco envergonhada. Ele adora o jeito doce dela. Sua maior caraterística.

E nesse momento, mesmo sentada enquanto Lucy conversa com Corine como se fossem amigas de longa data, Alison troca olhares com Brad, que sorri, do outro lado da sala ao lado de Jason e David.

Lá fora faz frio, as janelas do luxuoso apartamento do casal estão todas fechadas. O aquecedor está ligado. Todos bebem champanhe, exceto Alison que preferiu o refrigerante diet mesmo. A àquela altura os seis estão bastante entrosados em uma conversa agradável, enquanto toca um jazz suave de fundo. Mais tarde, Corine com a ajuda de Alison distribuem os petiscos e docinhos.

A grande árvore de natal no canto da sala foi acessa com o chegar da noite.

— Eu acho que você está perdendo tempo, amiga. – comenta Corine, aproveitando que ela e Alison estão a sós na cozinha.

— O que você quer dizer com isso? – ela pergunta sem jeito, depositando a bandeja vazia sobre a bancada de granito.

— Ele está totalmente afim de você! Olha só pra ele, não para de flertar com você nenhum um minuto. – Corine solta uma risadinha, olhando para Brad sentado em sua poltrona.

— Eu não quero me envolver com ele. – explica Alison. — Eu não quero ter que me machucar de novo.

— Você não tem como evitar isso. – Corine vira-se de frente para ela novamente. — E além do mais, você nunca vai saber se não tentar. Eu não acredito que ele seja o tipo de homem que irá partir seu coração propositalmente. Ele é adorável, Alison. E lindo.

— Eu não sei se quero correr esse risco. – Alison torce os lábios. — Eu estou bem assim do jeito que estou. E também, ninguém nunca tem a intensão de partir o coração de alguém. Por muitas vezes eu acreditei que seria diferente e não foi.

Alison desviou o olhar, tinha a intensão de dar uma última olhada em Brad antes de pegar a próxima bandeja para ajudar Corine. Mas acabou olhando para David e.... Lucy. Juntos. Isso mesmo. Os dois meio que estavam tendo alguma coisa nos últimos dias. Não era uma novidade para ela. Apesar de estranho ver David com outra, ainda assim, pelo menos era uma amiga sua e não uma qualquer.

Os dois estavam abraçados e trocando beijinhos em um canto afastado, aproveitando que Jason havia ido ao banheiro.

Até que eles formavam um casal bonitinho. Combinavam de certa forma. Só queria que eles fossem felizes. Mesmo que pra isso tivessem que ser muito mais que amigos.

— Atenção! – Corine tomou a frente da sala quando todos sentarem-se no único sofá de frente a ela. — Eu tenho algo muito importante a dizer. – todos olhavam atentamente para ela. — Não faz muito tempo em que eu e o Jason desejamos ter um filho. Por várias vezes nós tentamos, mas nunca dava resultado. Até que...

Ela fez ar de suspense, propositalmente.

Nesse momento, Jason que não sabia de nada começou a ficar emocionado. Acreditava que aquela festinha era só mais uma das que Corine adorava dar para os amigos, mas não, ele esteve enganado. Era muito mais que aquilo. Não era uma festinha qualquer para comemorar nada. Sentia que as lágrimas de emoção dificultavam a visão. Alison percebeu a mudança de comportamento dele e sorrindo, também surpresa assim como todos os outros com a novidade, segurou a mão dele e os dois trocaram um olhar cumplice.

— Deu certo! Eu estou gravida.

David levantou-se no mesmo instante, empolgado demais, erguendo a taça de champanhe para um grande brinde.

— Vamos comemorar!

≈≈≈

— O que foi? – Brad pegou a sua mão. — Você está pensativa, quando na verdade deveria estar feliz pela uma amiga. Ela vai ter um bebê! Eu sempre sonhei em ser pai.

— Jura? – ela olhou curiosa para ele. Esperava por qualquer coisa vindo dele, menos aquela confissão.

— Sim, é verdade. Eu quero ser pai um dia. – ele começou a acariciar as costas da mão dela com o polegar, Alison enrubesceu. — Eu ainda preciso percorrer um longo caminho até lá, claro. Conseguir muita coisa! Mas falta o principal: uma mãe. A mulher dos meus sonhos.

Ele olhou fixo para ela com seus olhos claros, como se quisesse insinuar alguma coisa. Ao perceber isso, Alison sentiu as bochechas queimarem. Ela desviou os olhos, constrangida.

Era somente ela e ele no apartamento dela naquela mesma noite.

— Não precisa ficar vermelha, Alison. – ele riu. — Eu não queria te assustar. Só estou brincando! Tirando a parte que algum dia ainda quero ser pai. Mas não agora. Isso leva tempo e toda uma preparação. Eu não ando por aí a procura da mãe do meu filho. Mas se você....

Para cala-lo, ela o beijou. Um beijo de verdade. Com a mão em sua nuca, acariciando seus cabeços. Puxando-o para mais perto.

Era o que ela queria fazer há muito tempo, e, finalmente havia encontrado o momento certo. Corine tinha razão, ela não poderia simplesmente parar de viver por medo de sofrer. Não daria esse gostinho ao Caleb. Precisava arriscar e sentia-se preparada. Ele tinha esse feito sobre ela. Bradley poderia ser o cara certo. Ele até pensava em ter uma família algum dia, assim como ela. Tinha os pés no chão. Além de bonito e inteligente.

O sentimento era recíproco.

— Eu nunca pensei que ter voltado pudesse valer tão a pena. – ele sussurrou com a boca ainda próxima da dela. — Eu teria voltado antes se soubesse que ainda estaria tão apaixonado por você.

Os dois sorriram no mesmo instante.

Com a mão no rosto dela, ele finalizou aquele curto diálogo com mais um beijo. Um beijo mais urgente. Pressionando o corpo dela contra o dele. Aos poucos os dois deitaram no sofá. Ele puxando ela por cima, e, continuaram a se beijar. Acarinhando um ao outro. Primeiro, ela se livrou do casaco de lã e depois da camisa dele, desabotoando os botões.

Não demorou muito para que os dois começassem algo ali no sofá mesmo e terminassem aquilo no quarto dela.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que têm a me dizer sobre esse capítulo?