Inominável escrita por Sir Andie


Capítulo 9
Sodomo e Gomorra




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/505922/chapter/9

Desajeitado ele deu um passo para o lado para desencaixar dela. A cara de Sam olhando os dois não era muito amigável.

– Como você soube que era a luxuria? – continuou Dean maneando a cabeça afirmativamente. Algo que ele fazia quando estava nervoso.

– É uma teoria minha. – ao contrário dele ela era perfeitamente capaz de agir como se nada tivesse acontecido há alguns minutos atrás.

– Então você chega aqui e diz tudo isso de algo que você inventou? – Sam escolheu não tocar no assunto dos dois encaixados. Em sua cabeça focar na crise de pecados era o mais sensato pelo menos naquele exato minuto.

– Você tem alguma teoria melhor? – ela o desafiou sentando-sena cama e mais uma vez cruzando os pés para cima.

– Não existem precedentes de... Ataques de pecado. – informou Dean em apoio a Sam. Por mais que Elle fosse sexy ele estava tentado, com ainda mais força, se manter racional no caso. – Pelo menos não dessa maneira.

– Fora Sadomo e Gomorra? Acredito que não. – Elle confirmou sarcasticamente - Mas as coisas andam estranhas. Você não tem tido a impressão que nos últimos meses os impulsos são diferentes? – agora o tom sussurrado dava a impressão estranha de uma teoria da conspiração.

Os Winchester trocaram olhares não satisfeitos.

– Os impulsos? – perguntou Dean desconfiado.

– Monstros têm motivações comuns. – Elle começou a explicar calmamente, mas muito empenhada na própria defesa - Vingança, fome, domínio de território, imposição da raça. Certo? Mas ultimamente os impulsos estão fora de ordem.

– Monstros são monstros. – Dean não deixou que ela concluísse o pensamento - Não espere um sentido neles. Eles são distorções humanas. Erros, falhas.

– Dean. – ela começou claramente incomodada com a última declaração do outro - Qualquer ser vivo existe por algum motivo. Mesmo que a gente não saiba ou não entenda que motivo é esse.

– Você acredita mesmo nessas baboseiras? – Dean riu. Mas ela não.

– Você acredita mesmo que tudo seja apenas o caos? – o tom incrédulo dela soava como um desafio. Que não foi correspondido por Dean como ela esperava.

– O caos me parece ter mais sentido. – ele respondeu movendo as sobrancelhas para cima com um toque de desdém.

– Na verdade é mais confortável não ter que entender do que procurar por respostas. – agora sim ela o estava insultando, ainda que fizesse aquilo com classe e educação.

– Deixa ela concluir o que estava dizendo sobre os impulsos estarem bagunçados – interpôs Sam se metendo na conversa que começava a se tornar um duelo. Dean já não a olhava tão calorosamente.

– Mesmo as coisas fora de ordem demonstram uma linha de sentido organizado. O que quero dizer é que as novas maneiras de agir dos monstros podem indicar um novo acionador de impulsos.

Mais uma vez a garota se encantava com as próprias palavras, defendia suas teorias perdida nas próprias palavras.

– Não lutaram com nada estranho ultimamente? – Elle continuou - Há algumas semanas encontrei um caso em que lobisomens não eram passionais, selvagens e impulsivos como costumam. Todo o bando era meticuloso e sádico.

Os rapazes continuaram olhando para ela esperando ela continuar. A garota rolou os olhos tentando entender se eles eram lerdos ou faziam aquilo como técnica de interrogatório. Apesar da segunda alternativa fazer mais sentido, ela não gostava de voltar ao posto de prisioneira.

– Eles sequestravam as pessoas e as comiam enquanto elas ainda estavam vivas. O processo levava horas, às vezes dias. Os caras tinham o cuidado de comer as pessoas primeiro em partes que não seriam vitais. Os malditos chegavam a cauterizar ferimentos para poupar hemorragias e inflamações e fazerem as pessoas durarem mais assim. E quando braços, pernas e outras partes assim já tinham acabado se juntavam para partilhar o resto do corpo em uma refeição feita. Basicamente cozinhavam as pessoas. As comiam enquanto eles mesmos estavam em forma humana. Os outros capturados observavam a pessoa morrer conforme bifes eram tirados dos peitos. Um dos caras que eu consegui salvar disse que um homem sobreviveu tempo o suficiente para ver seu coração ser mordido já na mão dos lobos. – ela já estava de joelhos na cama virando o foco de um para o outro que arredios com as descrições se mantinham em silêncio – Ouvi casos de Shtrigas que fizeram um banquete de bebes e desfilaram em uma cidade em sua forma original, sem a preocupação de se enturmar. Um grupo de familiares que passaram a controlar seus mestres para quem fizessem as magias que queriam.

– Os Wendigos canibais – sussurrou Dean dando o braço a torcer. Elle os olhou sem entender o que Dean queria dizer com aquilo e logo Sam explicou.

– Antes de vir para cá lidamos com Wendigos que trabalhavam em conjunto. Temos indícios para acreditar que eles se tornaram almadiçoados em épocas diferentes e que decidiram se unir depois de já serem monstros. Eles também... Eles se alimentavam uns dos outros. E não esperavam pelo tempo de hibernação. Comeram durante três anos seguidos.

– Estão vendo? – enérgica ela saltou da cama ficando de pé – É isso que eu estou dizendo. Os monstros estão fora do seu normal. – e então encarou Dean – mesmo que sejam monstros.

– E como uma epidemia de pecados se encaixa nisso? – perguntou Dean sem dar o braço a torcer. Agora ele focava Sam ignorando Elle de maneira quase que infantil.

– Eu não sei - respondeu Sam suspirando, ele apertou os olhos como se admitir aquilo o deixasse irritado – É só algo novo e bizarro, solto...

Alguém bateu na porta. Os três se entre olharam e Dean gritou um “já vai, homem nú” quando a mesma começou a fazer barulho de fechadura. Do outro lado alguém a estava destrancando.

– Eu disse homem nú! – berrou Dean já com a pistola na mão. Sam deu um passo até a mesinha para pegar a própria. Elle, muito calma, apenas virou a cabeça para a porta onde surgia a senhoria.

– O que é isso? – berrou a velha gorda ao ver as armas. Atrás dela a filha magrela parecia ainda mais chocada e se fosse possível ainda mais interessada com o fator periculosidade sendo somado ao grupo.

– Calma! – pediu Sam que apontava a arma para o teto e com a outra mão tateava a mesinha atrás do distintivo falso – Agente Especial Smith. Ele também. Estamos na cidade para analisar a série de atentados violentos.

– E eu lá quero saber disso? – mais uma vez a voz estridente da velha gorda encheu o quarto. Ela não parecia intimidada com a arma de Dean que ainda estava apontada para a cabeça dela. Estava mais preocupada em brandir sua faca em movimentos firmes como se apontasse para os três de maneira acusadora – Não me importa quem vocês são! Estão debaixo do meu teto e debaixo do meu teto não aceito prostitutas e surubeiros.

– Ah não de novo não... – gemeu Elle que a essa altura já estava calçando suas botas.

– Não adianta reclamarem. Vamos lá. Peguem suas coisas. Peguem suas coisas agora. – Dean e Sam trocaram olhares enquanto Elle enfiava o que via no quarto dentro da mochila que encontrou em cima da cama.

– Hey boys. Ela ta doente. – anunciou Elle dando ênfase no doente para que eles entendessem. A velha gorda não gostou do termo dito de forma tão clara.

– Doentes são vocês pervertidos. Não me venham com essa história de Agentes Especiais. Minha filha me contou que os três estavam se beijando no bar. Um nojo! É isso que vocês são.

A velha estava ficando vermelha. O rosto redondo e flácido ganhava um tom vinho intenso. As veias que conseguiam aparecer por trás da gordura saltavam roxas de raiva. Ela estava mesmo doente.

Os três tiveram uma opção melhor do que sair de lá.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Inominável" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.