Meu destino é você escrita por Cecília Mellark


Capítulo 15
Capitulo 15 Gale -2


Notas iniciais do capítulo

Curiosos? Eu estou, então... vamos lá!



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Às vezes eu acho que gosto do escuro.

Mas é que eu já fiquei aqui tanto tempo. Mais uma vez sinto alguém ajeitar meus travesseiros. Mas desta vez eu sinto algo novo, é o cheiro da pessoa. Um cheiro cítrico. E então segura minha mão, eu sinto o calor. A escuridão diminui um pouco, mas meus olhos permanecem fechados, eu não consigo abrir. Ainda segurando na minha mão a pessoa começa uma oração. Eu ouço sua voz, é a Jo.

– Querido Deus, se o senhor realmente existe, eu peço que nos faça este milagre. Traga Gale de volta. O senhor sabe que eu tenho que me redimir antes de partir deste mundo. Amem. Gale, ouça-me. Volte!

Eu quero voltar, quantas vezes eu já a ouvi me chamando, algumas vezes eu acho que quase voltei. Eu sinto ela se afastar, ouço a TV ser ligada, isso é inédito. Ouço a musica de um seriado começando. E de repente acontece. Meus olhos me obedecem. A principio só enxergo alguns vultos, meu olhos doem com a claridade, porém eu sei que é questão de tempo eu só não quero voltar para o escuro. Então pisquei um milhão de vezes, aos poucos tudo foi ganhando foco. Eu estava em um quarto com paredes pálidas, e com detalhes azuis próximos ao teto. Tem uma TV relativamente pequena sobre uma bancada, onde eu vejo porta retratos, mas ainda não tenho foco suficiente ainda para identificar as pessoas. Então vejo uma mulher raquítica, de cabelos curtos sentada na poltrona.

Não consigo focar seu rosto ainda. Então fecho os olhos mais um pouco, e abro novamente, agora consigo vê-la. É Johanna. Pelo menos parece a Jo, porque esta mulher aqui está pálida como as paredes do quarto. Ou ela está doente demais ou eu estive no escuro por muitos anos. Agora que meus olhos me obedecem eu começo a pensar na minha voz. Faço um esforço para chama-la, mas ouço apenas um som esquisito, e minha garganta arde. Eu preciso estar acima do volume da TV. Olho para a TV, a jornalista usa umas roupas estranhas. A passagem do tempo fica um pouco mais obvio, eu me lembro da jornalista e ela também era mais jovem. Ela esta anunciando um terrível acidente aéreo próximo a capital da África do Sul. Vejo famílias desesperadas aguardando por noticias enquanto uma extensa lista de vitimas passa no canto da TV.

A ultima informação é que até agora não há relatos de sobreviventes. Então Jo desliga a TV e me olha. Eu imaginei que ela estava pálida antes, mas agora me vendo olhando para ela, ele perdeu toda a cor realmente.

– Gale? Você pode me ver? Você está me ouvindo? – ela disse isso chegando perto aos poucos como se temesse alguma reação.

Como minha voz provavelmente não vai sair ainda eu balanço a cabeça afirmativamente. E então ela sai correndo, posso ouvi-la de longe gritando para chamarem meu médico. Logo duas enfermeiras entram no quarto e ficam com a mesma expressão de choque que Johanna, e quando elas começam a conversar eu reconheço suas vozes. Eu já as ouvi antes.

Dentro de minutos vários médicos chegam e me levam dali falando sobre realizar exames para verificar a lesão no meu cérebro, Jo segura minha mão e me diz que vai ficar tudo bem. Jo tinha um olhar vazio, começo a temer o que pode ter acontecido para ela ficar assim tão destruída.

Faço exames, os médicos me explicam que eu sofri uma lesão muito seria no cérebro e que fiquei em coma por quase 6 anos. Eu não consigo mover ainda as pernas, mas eles dizem que é uma questão de tempo e fisioterapia. Assim como a minha voz. E eles me pedem para falar bastante, logo minha voz voltaria ao normal. Quando volto para o quarto não encontro mais Johanna, e nos próximos dois dias ela não aparece. As enfermeiras me trazem comida, me ajudam com o banho, eu pergunto por Jo e elas me dizem que logo ela estará aqui. Elas me trazem jornais e me deixam ler e voz alta. E a primeira noticia da minha volta é a que mais me comove. Porque eu sei como é perder pessoas queridas. Assisto avidamente o jornal, esperando que encontrem alguém vivo.

Entre as vitimas está o filho de um do campeão de natação olímpico Finnick Odair. A mídia foca muito nele. O corpo do filho e da esposa não foi encontrado. O avião partiu ao tentar um pouso de emergia e apenas uma parte explodiu, na outra parte encontraram pessoas mortas amarradas as poltronas, e muitos corpos pelo chão. Tudo indica que o filho dele estava nesta parte e o sumiço dos corpos é um mistério. No final da terceira tarde minha voz ainda era rouca, eu estava praticando lendo uma entrevista do Sr. Odair em voz alta no jornal quando Johanna chegou. Antes que eu disse alguma coisa para ela, ela correu e me abraçou. Ela chorava compulsivamente, e acabei chorando também. Eu não sei tudo o que aconteceu, mas sei que ela estava aqui do meu lado.

– Joh, o que aconteceu com você? Você parece doente.

– Gale, você é a melhor pessoa que conheço no mundo. Acabou de acordar de um coma de quase 6 anos. Não tem movimento nas pernas, está com uma voz horrorosa e ainda se preocupa comigo?

Esta era Jo, desviando atenção de seus problemas para apontar problemas dos outros que eram maiores.

– Sério, eu não posso falar muito mais hoje, já estou com a garganta ardendo então me diz logo o que você tem.

– Ok, gato. Eu estou doente sim. Um tipo de câncer eu não apareci nos últimos dias, porque estava internada. Estou fazendo tratamento, mas sei que meus dias estão acabando. Agora com você acordado, eu posso finalmente me redimir e morrer em paz.

– Morrer? – Jo estava sendo ela mesma. Cruel, sem amor. Mas ela não podia fazer isso comigo agora... eu nem sei quem restou para mim no mundo. – Jo, você não pode morrer. Quem mais eu tenho? Todos esse tempo eu só reconhecia a sua voz aqui.

– Eu sinto muito querido, é assim que as coisas são. Eu sei que você tem um milhão de perguntas para fazer então eu vou começar com duas informações mais básicas.

Ela me olhou fazendo aquela cara de ‘não me interrompa ou eu não conto mais’. Então eu apenas concordei com a cabeça.

– Ok, vamos lá. Madge está viva. Ficou com algumas sequelas é claro. Mas ela esta viva e criando seu filho o Marlon. Um ano depois do acidente encontraram uma medula compatível com a dele, e ele se recuperou. Ele é incrível. Uma extensão de você caminhando sobre a terra. Mas meu tempo pode não ser muito longo como o deles, então dentro de alguns dias acredito que todos estarão aqui. O que eu preciso de te contar é que a culpada por você e Madge terem passado por tudo sou eu!


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Notas finais do capítulo

Pessoal uma duvida, vocês gostam das postagens diárias?
Bem e sobre o capitulo. O que vocês acham que a Johanna fez? :O
Eu garanto que é um escândalo! hahaha Beijinhos



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