- Desculpa por isso, mas você não sabe fazer nada. –Começou Ruivo, ela o olhou de canto – Assim nenhuma profissão. – Explicou-se o rapaz segurando o riso.

 - Eu aprendo, nem que seja de faxineira eu vou trabalhar. – Riu a moça – Serio preciso de uma guitarra nova, e ainda quero ter meu próprio dinheiro e não depender mais da minha mãe. – Disse a moça decidida.

 - Agora que falou me lembrei meu tio é gerente de um hotel, se quiser falo com ele e ele te arranja um emprego de camareira. – Sugeriu Léo ás gargalhadas.

 - Por que não? Pode falar com ele. – Continuou a moça seria.

 - Ta falando serio. – Indagou Léo parando de rir aos poucos.

 - To sim, preciso trabalhar. – Respondeu esta decidida – Fala com ele?

 - Ta eu falo. – Disse Léo se afastando dos outros e puxando Luan ao canto da garagem enquanto Ruivo e Mirelly faziam as pazes “de vez”.

 - O Lu, a My ta bem que historia de trabalhar e essa?  - Perguntou Léo preocupado.

 - Não sei a família dela é rica, mas acho que vai ser bom pra ela. – Respondeu Luan ainda meio confuso com as atitudes repentinas de sua amiga.

 - Eu falo com meu tio então? – Disse Léo indeciso.

 - Fala sim. – Disse Luan decidido.

 Já se passava das três da madrugada a pizza acabara e começaram a ver um filme na sala da casa de Luan. Eram dois sofás juntaram os dois e se amontoaram os quatro como de costume. Sempre foi assim.

 - Luan posso pegar seu Cd do Ofra Haza emprestado? – Perguntou a tímida e envergonhada irmã de Luan, a Lara ao entrar na sala vestida tradicionalmente como israelense.

 - Pega, nunca ouvi aquilo mesmo, nem sei por que você,a mamãe, e o Lucas ainda seguem estes costumes. Estamos no Brasil á séculos. – Comentou Luan á irmã que o observava com olhar de reprovação.

 - Podemos estar no Brasil, mas nossas origens são israelenses, devia respeitar isso – Disse a irmã firmemente – E você é prometido não podes ficar deitado com outra garota. – Disse a moça ao reparar que My e Luan estavam deitados no sofá muito próximos.

 - Isso é loucura da mamãe, não vou me casar com alguém que não conheço, não vou seguir esses costumes e eu tenho vergonha de vocês. – Disse Luan irritado.

 - Você é a desonra da família. – Disse a moça subindo as escadas rapidamente.

 -  Pega leve com ela Lu, ela só quer seguir as tradições. – Comentou Ruivo.

 - Tradições? Se eu deixar eles vão e me casar com uma tal de Alana que nunca vi na vida. – Falou o Luan se benzendo.

  - Ela é meio estranhinha não é? Nunca quis se aproximar de ninguém tem nossa idade, mas parece ser séculos mais velha, alem disso queria muito ver o rosto dela e ela nunca deixou – Comentou Mirelly rindo seu humor estava bem melhor ao lado dos amigos.

 - É mesmo My, qualquer dia agente arranca aquele véu dela. – Disse Léo também rindo.

 - Se fizerem isso ela vai se achar “impura” – Falou Luan rindo.

 - Cadê o Ruivo? – Indagou Mirelly ao dar por falta do amigo.

 - Sei lá. – Respondeu Luan dando o “play” no filme.

A pequena israelense não entendia nem aceitava o desrespeito do irmão do meio aos costumes da família. Sempre os seguiu e por isso era uma excluída tal como o irmão mais velho Lucas, Luan era o único da família que não seguia os costumes israelenses com influências marroquinas. Mas Lara não era feliz queria abandonar todos os pudores e ser quem realmente é, mas isso era difícil para ela, pois respeitava os valores passados por sua mãe, e este conflito era o que a fazia chorar por vezes, tal como se encontrava no momento encostada na parede gélida do quarto com pouca iluminação, chorava como alguém sem esperanças era um choro silencioso mais não o suficiente pois Ruivo ouvira enquanto saia do banheiro logo resolveu por impulso entrar no quarto.

 - Lara você ta bem? – Perguntou Ruivo sentando-se ao lado da moça.

 - Sai daqui eu vou gritar! Um homem não pode entrar no quarto de uma moça, saia! – Falou Lara assustada se levantando rapidamente.

 - Calma eu só queria ajudar. – Explicou-se o outro saindo do quarto.

 - Ninguém pode me ajudar. – Falou esta voltando a chorar.

 - Poderia se você se deixasse ser ajudada. – Falou Ruivo na porta do quarto.

 - Como assim? – Indagou a outra observando o rapaz por debaixo do véu.

 - Se você tentasse se aproximar das pessoas, se deixasse que as pessoas te vissem. – Falou este se aproximando da moça.

 - Não pode as tradições não permitem. – Disse esta se afastando.

 - Tradições e tradições! – Exclamou Ruivo – Isto foi designado á séculos por pessoas que são de milênios passados, não é obrigada a seguir pensamentos tão atrasados, por que não tenta fazer o que você realmente quer apenas uma vez? – Disse este se aproximando ainda mais.

 - Não devo. – Disse esta, mas sem recuar.

 - Por que não? – Ficaram alguns minutos em silencio, Ruivo aproximou-se ainda mais retirando o véu que cobria o rosto de Lara revelando uma linda mulher, sua pele era clara seus olhos azuis, cabelos dourados e lábios carnudos. Ruivo paralisou-se ao ver tal beleza os olhares de ambos se cruzaram em sincronia. Ele aos poucos se aproximou acariciando a face delicada da moça que não recuava. Aquele toque era mágico, único, nunca se sentira de tal forma que não permitiria a si mesma recuar. Seu coração acelerava-se cada vez mais não queria que aquilo acabasse. Quando Ruivo se aproximou para beija – lá foram surpreendidos pela entrada repentina de Lucas.

 - Lara? Esse rapaz esta abusando de você! – Gritou Lucas puxando Lara para detrás de si.

 - Não é isso apenas estávamos conversando. – Explicou-se Ruivo.

 - O que ele diz é verdade Lara? – Indagou Lucas á irmã.

 - Sim – Respondeu esta de cabeça baixa.

 - Então por que  esta sem o véu? – Indagou Lucas mais uma vez.

 - Por que algo irritava minha pele creio que esse tecido me causa alergia, o senhor Gonçalves entrou aqui apenas  para ver se eu estava bem. Ele me ouviu reclamar a irritação da pele á mim mesma. – Explicou-se a outra.

 - Muito mal explicado Lara, trate de por outro véu sabe que não podes mostrar seu rosto á ninguém e você rapaz nunca mais entre no quarto de minha irmã. – Determinou Lucas.

 - Sim, perdão. – Falou Ruivo saindo do quarto.

 -  Que gritaria era aquela? – Perguntou Luan entrando no corredor onde Ruivo estava.

 - Não, eu  tirei o  véu da sua irmã ai... – Começou Ruivo.

 - OQUE? Você  tirou o véu dela, ta maluco?  Não pode as tradições não permitem! – Berrou Luan enfurecido.

 - Na hora de dar o Rebeldezinho sem causa e não seguir as tradições você sabe, mas a hora de fazer sua irmã sair desse mundo alienado você não me deixa nem tentar? – Falou Ruivo segurando Luan que tentava estrangular-lo.

 - É pensando por esse lado... Mas se você der uma de galã e se engraçar com a minha irmã eu te mato! -  Gritou Luan soltando o amigo.

 - Relaxa tua maninha ta em boas mãos te garanto. – Falou o outro com um sorriso enigmático.

- Vai vendo. – Disse o outro com uma expressão de “toca nela e eu te mato”.